Always

Se for esperto...


– Eu entendo o quão difícil vai ser para vocês, ouvirem o que vou dizer. - Dumbledore olhou diretamente para mim - Vocês já se enturmaram bastante, criaram novos amigos... Mas o vira-tempo foi consertado e de acordo com os estudos de um grande amigo meu, vocês terão que partir amanhã de manhã, ou não partirão nunca mais.

A sala ficou em silêncio. Eu sabia exatamente que Harry e Hermione não se importavam em partir, eles só estavam aqui ainda por minha causa. Porque eu havia sido uma idiota, inconseqüente, que se apaixonou por uma pessoa do passado. Não importava ser pelo futuro Lorde Voldemort, mas sim, por ele ser do passado.

– Então... - Engoli a seco - É o fim?
– Não exatamente, Mellody. Você irá encontrar Tom no futuro, claro, as coisas não serão fáceis... Mas você poderá ficar com ele no futuro. - Dumbledore disse, calmamente
– Não, não. O senhor... O senhor não sabe como ele é no futuro. Ele... Eu não posso ficar aqui? Não vejo motivos para ir para o futuro.
– Não pode, Mellody. Você pertence ao futuro e não ao passado.

Olhei para Hermione, como quem pede ajuda. Ela deu um sorriso fraco e encolheu os ombros. Olhei para Harry, e ele desviou o olhar.

– Que horas? - Sussurrei.
– Até as 11:00 da manhã, no máximo.

Assenti com a cabeça. Dumbledore continuou conversando com Harry e Hermione, mas não prestei atenção. Eu não queria ir embora, não queria deixar Tom. Ele iria se tornar pior do que já era, algo dizia isso em minha cabeça.

– Mel, vamos? - Hermione perguntou.

Percebi que os dois estavam próximos da porta e eu era a única - além de Dumbledore -, que continuava sentada, visivelmente perdida em pensamentos. Dumbledore deu um sorriso calmo. Me levantei da cadeira e fomos para o Salão Principal. Ainda dava tempo de comer alguma coisa. Assim que entrei, Tom e Abraxas vieram em minha direção.
Ver Tom com aquele sorriso no rosto, fez meu estômago revirar.

– Aonde estava? Abraxas disse que estava com Dumbledore e eu... - Ele parou de falar - O que foi? Está sentindo dor? Mellody, você está pálida!
– N-Não, eu estou bem.

Tom sentou do meu lado e Abraxas, na minha frente. Os dois lançavam olhares preocupados à mim enquanto eu comia.

– Tom, será que podemos faltar hoje? - Perguntei. Ele riu
– Aonde foi parar aquela garota estudiosa que não queria faltar uma única aula? - Ele brincou - Tudo bem, mas só se me contar o motivo.
– Eu vou contar, quando estivermos em um lugar seguro...
– Lugar seguro? Lugar seguro para quê, Mel? - Tom perguntou
– Eu.. Eu tenho que te contar a verdade, Tom. E não vou contar aqui.

Nem Tom, nem Abraxas, disse mais nada. Eu sentia Tom tentando entrar em minha mente, mas a bloqueei. Ele bufou, parecendo frustrado. Se eu não estivesse prestes à contar que ia voltar para o futuro, estaria gargalhando nesse exato momento. Comi a última colheirada de mingau, sentindo meu estômago girar e girar. Se eu comesse mais uma única colher, iria vomitar, com toda a certeza.
Levantei puxando Tom comigo. O guiei até a Sala Precisa. A porta se abriu, revelando uma grande e arejada sala. Me joguei no sofá, deixando espaço para Tom se sentar.

– Então... O que vai me dizer? - Ele perguntou hesitante
– Tom, eu preciso que você prometa que não vai tentar me matar ou algo do tipo.
– Te matar? - Ele riu - É claro que não! Por que eu faria isso?
– Porque eu conheço sua personalidade e sei muito bem que vai sentir uma raiva enorme de mim, quando eu terminar de falar.
– Você está me traindo? - Ele perguntou rapidamente
– O que? Não! - Quase gritei
– Então, não vou querer te matar, nem algo do tipo.

Respirei fundo. É, as coisas vão ser complicadas.

– Tom, hoje é meu último dia aqui. Eu acabei vindo para cá, sem querer. Meus amigos, Harry e Hermione, não eram meus amigos, sabe... E eles me trouxeram para cá e iam embora, me deixando aqui. Nós somos do futuro, mais precisamente de 1996. E... - Ele me interrompeu
– Eu estou preocupado com você, Mel. Acho que a marca afetou sua cabeça.
– Tom, eu não estou delirando. Eu... - Ele me interrompeu novamente
– Não quero ouvir mais nada, Mellody. Quando você estiver se sentindo melhor, nós conversamos.

E ele saiu, me deixando falando sozinha. Peguei um pergaminho e uma pena e comecei a escrever. Se ele não quis acreditar em mim, não tenho culpa, ele terá que acreditar depois de eu ter partido. Assim que terminei de escrever, saí da Sala Precisa e fui para o dormitório do Tom. Estava vazio e a mochila de Tom havia sumido, o que significava que ele tinha ido para as aulas. Coloquei o pergaminho em cima de seu travesseiro e respirei fundo.
Desci para o Salão Principal, atrás de Harry e Hermione. Os encontrei conversando com Dumbledore. Caramba! Esse Dumbledore não dá aulas não?!

– Professor! - Falei, me aproximando.
– Ah, olá Mellody. Achei que estaria nas aulas...
– Na verdade, Professor, eu queria saber. É possível partirmos hoje, agora? - Perguntei
– Bom, é sim. Mas pensei que você não queria ir.
– E eu não quero, mas é necessário. Acho que é mais fácil agora, do que amanhã. - Dei de ombros
– Se é isso que deseja, Mellody... - Ele disse, me observando
– Não é isso que eu quero, Professor, mas realmente não posso fazer nada.
– Sinto muito. - Ele disse, colocando a mão em meu ombro. - Sei como é perder alguém que se ama. Enfim, vamos à minha sala, por favor.

Fui com Hermione pegar meu malão e o dela, mas em poucos segundos já estávamos de volta à sala de Dumbledore. Ele dava algumas explicações, coisas que deveríamos ter cuidado. Mas minha cabeça estava longe.
Enquanto Hermione passava o colar do vira-tempo por nossos pescoços, eu não parava de ouvir uma voz em minha cabeça repitindo a última frase que havia escrito para Tom:

“Se for esperto, e sei que é, se equecerá de mim.
Com amor,
Mellody A. Slytherin”

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