Alvo Potter e a Sala de Espelhos

Capítulo 7 — A decisão do Chapéu Seletor


— TODOS ACOMODADOS? Então... EM FRENTE!

Alvo, Rose e Wayne já estavam em um dos barquinhos. Um menino de maçãs rosadas tinha perguntado se podia se juntar a eles; sem pensar, os garotos o acolheram.

— Oi — cumprimentou o menino. — Sou Ross Gindemor.

— Prazer, sou Wayne.

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— Sou Rose Weasley e este é meu primo, Alvo Potter.

Os olhos de Ross pareciam dois galeões de tão arregalados que ficaram ao ouvir os nomes dos colegas. Um pouco constrangido, apenas apertou as mãos dos companheiros, o que tranquilizou Alvo. Já bastava Elias Howe e seu comportamento nem um pouco discreto.

A flotilha nadava na mesma esteira e o castelo ia se agigantando à medida que eles avançavam. Hagrid gritou para que todos abaixassem as cabeças e, logo em seguida, uma cortina de heras bloqueou a visão deles, mas Alvo reparou que haviam atravessado um túnel escuro. Uma onda de perguntas surgiu na cabeça dele. O que ele deveria enfrentar antes do Chapéu Seletor?

Os barcos iam cada vez mais ao subterrâneo, onde eles desembarcaram em um cais, apoiando-se em pedras.

— Todos aí? — perguntou Hagrid, erguendo a sua lanterna e fazendo com que a luz atingisse os olhos de alguns alunos, que chiaram. — Desculpem. Acho que estamos todos aqui, quem não estiver, foi pego pela lula gigante.

A maioria dos estudantes, incluindo Alvo, ficaram estupefatos com a declaração de Hagrid, que riu baixinho. Apressados para não serem engolidos por alguma criatura, os primeiranistas seguiram no encalço de Hagrid por uma abertura na rocha e acabaram transpostos em uma grama fofa e meio enlameada. Sentindo a adrenalina tomar-lhe por inteiro, Alvo subiu a escadaria de pedra celeremente até que o grupo de alunos novos se depararam com uma enorme porta de carvalho.

— Agora, um dos meus momentos prediletos — disse o meio gigante, batendo na porta. — Me lembro como se fosse ontem o seu pai entrando neste castelo, Alvo. — E fungou.

Alvo não conseguiu encontrar nenhuma palavra inteligível para falar e apenas fez um “hum” que poderia significar qualquer coisa. A porta se abriu com um pouco de atraso. Um bruxo alto, de cabelos castanhos surgiu. Vestia um colete e uma robe de veludo que não combinavam nem um pouco com suas unhas sujas de terra. Alvo viu também suas expressões tensas, porém alegres, e aquele rosto redondo inconfundível. Era seu padrinho, Neville Longbottom.

— Obrigado, Hagrid. Acho que você já pode descansar agora.

Hagrid colocara de novo o jorro de luz nos olhos dos estudantes.

— Alunos do primeiro ano, para quem não conhece, este é Neville Longbottom, professor de Herbologia de vocês e vice-diretor — apresentou Hagrid.

Neville, ou Professor Longbottom, escancarou a porta e o saguão irrompeu-se tão magnífico e grande quanto Alvo imaginara. Não tinha tempo para esquadrinhar cada canto do local, embora quisesse muito. Contudo, quanto mais caminhava, mais percebia que ele demoraria anos para conseguir explorar todos os lugares do castelo. Os archotes iluminavam as paredes de pedra e o teto parecia estar muito distante deles. Era tudo tão maravilhoso que, se Wayne e Rose não tivessem segurado as axilas de Alvo, ele teria ido de cara contra o chão por estar embevecido. Algumas garotas riram e Alvo não conseguiu esconder o rosto avermelhando.

Os primeiranistas marchavam juntos do Prof. Longbottom, mas já estavam impacientes como fato de ele ter errado o caminho acidentalmente pela terceira vez — o que para Alvo era maravilhoso, pois poderia aproveitar mais um pedacinho do castelo. Eles atravessaram mais degraus até uma porta que guarnecia um enorme aposento de onde saíam vozes loquazes. Possivelmente era o local que os demais estudantes estavam, o que deixou Alvo muito mais leve. Contudo, o seu coração acelerou quando o professor desviou da porta e os agrupou numa sala vazia e apertada. Era agora que os primeiranistas enfrentavam os testrálios?

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Para seu alívio, o Prof. Longbottom começou a discursar.

— Como manda o protocolo: bem-vindos à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Logo, logo, haverá um banquete de início de ano letivo. Contudo, antes de mais nada, serão selecionados para suas Casas. Lufa-Lufa, Sonserina — Alvo gemeu e Rose colocou a mão sobre seu ombro. —, Corvinal e Grifinória serão um de seus destinos. É por isso que a Seleção é tão importante, porque enquanto estiverem neste castelo, serão suas... como posso dizer… famílias!

“Vocês assistirão as aulas com os alunos de suas Casas, dormirão no dormitório de lá e passarão o tempo livre na sala comunal. Independentemente de onde caírem, lembrem-se de que cada Casa tem uma história muito honrosa e já produziu bruxos fantásticos! Ou seja, esperamos que todos aqui se tornem um orgulho para a Casa que forem selecionados.

“Espero não estar esquecendo de nada... Ah! Aos mais engraçadinhos, não se esqueçam de que, enquanto estiverem em Hogwarts, suas falhas farão sua Casa perder pontos, enquanto seus sucessos a farão ganhar. No final do ano letivo, a Casa com mais pontos irá receber a Taça das Casas, uma grande honra. Acho que é só. A Cerimônia de Seleção já vai começar. Enquanto isso, vocês podem ir se conhecendo, hein?”

Alvo tentava achatar inúmeras vezes os cabelos na testa, olhando para o cadarço desamarrado de Wayne ou focando nos sussurros de alguém no fundo da sala.

— Volto daqui a pouco. Não façam algazarra, por favor. — Neville suspirou e secou o suor da testa com a manga das vestes. Abaixou-se até Alvo e sussurrou: — Como me saí? Decorei cada pedacinho do discurso para novatos.

Alvo falou extremamente baixo para não chamar mais a atenção.

— Melhor impossível. — E curvou o canto dos lábios.

O padrinho se retirou da sala, deixando os alunos sozinhos. Alvo sentiu a garganta arranhar.

— Ora, ora, parece que temos um queridinho do professor — ironizou uma voz feminina. Uma garota muito branca de cabelos negros se aproximou de onde os três amigos estavam. — Ah, tinha de ser o Potter!

Ela estreitou seus olhos azuis. O coração de Alvo deu um pulo.

— E aí, Potter, o gato comeu sua língua? — disse um garoto mais alto, mas com os mesmos cabelos negros e longos da menina. — E aquela ali é a filha da Hermione Granger. Alícia, veja que o cabelo dela parece uma Comet!

Um grupinho atrás deles riu de chacota. Os outros alunos permaneceram quietos.

— Ignorem. — Wayne segurava as vestes de Rose e Alvo.

Alvo, porém, não se conteve.

— Caiam fora — disse com aspereza.

A garota chamada Alícia apontou para alguém escondido no meio das outras crianças.

— Diga-me, Scorpius, não vai ser um prazer enfiar a cabeça dele no vaso sanitário?

Malfoy revezou o olhar entre Alvo e Alícia e forçou um sorriso, sem dizer nada.

— Vocês têm esse rosto por estarem com bosta em baixo do nariz ou porque não se olham no espelho? — rebateu Alvo. — Eu duvido que se vocês lessem um livro de magizoologia, encontrariam a si próprios lá. Aposto que nem sabem ler.

Uma onda de risos prorrompeu no local. Alvo sentiu os membros enferrujados pelo estupor, despreparados para um revide corporal. O garoto e a garota ficaram desconcertados e Alvo até jurou ver um risinho no rosto de Malfoy. Um outro menino, de ombros largos e cabelos curtos, emparelhou em Alvo. Rose puxou as vestes do primo para afastá-lo.

— Vocês já foram humilhados demais, eh? — disse o garoto de ombros largos. — Deixem o Potter, ele não tem culpa se o pai dele salvou o nosso mundo. Vocês, patetas, deveriam beijar os pés de Harry Potter, ou não estariam aqui. A menos que os seus pais estivessem do lado de Voldemort.

O menino e a menina bateram em retirada, torcendo o nariz. Não ousaram retrucar a provocação. Malfoy os acompanhou. Os demais estudantes voltaram a conversar entre si. O outro garoto virou-se para Alvo.

— Desculpe a dura com eles, Potter. — Esticou a mão que lembrava um presunto. — Sou Phillip Tyler. Se precisar de ajuda com eles, é só chamar.

Alvo retribuiu seu sorriso, mesmo que estivesse tenso com a situação. Ele lembrava um batedor dos Vespas de Wimbourne, um verdadeiro brutamontes. Wayne continuava rindo entre os dedos.

— Boa resposta, Alvo — disse ele, sem conter a felicidade. — Eles bem que mereceram. Aposto que nunca vão se esquecer disso.

— Nunca mesmo — disse Rose aborrecida. — Agora eles vão procurar vingança.

— E? — Wayne deu de ombros. — Rose, ele não podia deixar barato.

Rose balançou a cabeça, indignada.

— Fogo com fogo só aumenta o incêndio — A garota cruzou os braços.

— Até um engolir o outro — comentou Alvo baixinho.

As três crianças se calaram por um tempo. Alvo ficou encarando a porta pela qual seu padrinho saíra, esperando ele retornar a qualquer instante. Rose e Wayne cochichavam sobre os segredos que tinham lido em Hogwarts: Uma história, e Alvo não estava nem um pouco a fim de ouvir de como três campeões foram feridos por uma cocatrice no Torneio Tribtuxo de 1792.

Uma sessão de gritos irrompeu na sala e os alunos deram um salto. Uma figura que lembrava tanto um palhaço quanto um fantasma atravessou a parede dos fundos e cruzou as pernas, assistindo os alunos se horrorizarem com a sua entrada. Alvo ofegou, assim como a maioria — não era um fantasma, mas sim um poltergeist, que causara o arruaceiro no recinto.

— Então, quem são os caras-de-bunda com bosta no nariz?

Ninguém ousou abrir a boca.

— Ah, vocês são muito chatos! — Seu corpo adejou pelos alunos, atravessando um a um até chegar na frente de Alvo. — Foi você, não é, Potti? Vejam só, é igualzinho ao Potter-Pai... hum... falta uma cicatriz aí, que tal arranjarmos uma?

O poltergeits sorriu com malícia e Alvo recuou acintosamente.

— Saia, Pirraça! — trovejou uma voz e mais gritos aconteceram. Uma horda de quinze fantasmas adentrou na salinha, como se não houvesse ninguém no local. Conversavam entre si, a não ser um de aspecto austero. — Venha aqui, seu diabinho!

O poltergeist começou a nadar pelo ar na direção do exterior do local. Um frade baixo e gordo sobrevoou os alunos dançando um estilo irreconhecível. Um outro, de gola de rufos e gibão, reverenciou.

— Espero vê-los na Lufa-Lufa. Somos a melhor casa! — disse o frade que dançara entre os estudantes.

O fantasma de gola falou com certa irritação.

— Frei, não é hora de tentar fazer a cabeça dessas crianças! — Mais uma vez, ele fez uma reverência. — Mas é claro, se pudesse, colocaria todos vocês na Grifinória.

Mais um fantasma surgiu. Era sinistro: cara magra, olhos hipertrofiados, vestes cobertas de sangue prateado.

— Se não quiser terminar de perder a cabeça, Nick, sugiro que saia daqui. A cerimônia já vai começar.

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Sem objeções, os três fantasmas saíram, seguidos dos demais. Alvo os viu mais de perto: haviam cavaleiros, um grupo de coral, crianças e outras silhuetas incomuns que lhe causaram um grande arrepio.

— Aquele que reverenciou era Nick Quase Sem Cabeça — informou Rose, ansiosa.

O Prof. Longbottom voltou pela porta e o último fiapo dos fantasmas desapareceu. Seu rosto redondo brilhava de excitação.

— Peço que façam fila e me sigam, por favor.

As pernas de Alvo pesavam mais do que o normal quando ele resolveu dar o primeiro passo. Um garoto de aparência indiana estava na sua frente, Wayne e Rose logo no seu encalço. A fila de primeiranistas passou pelo portal de onde viera o Prof. Longbottom e por mais duas grandiosas e maciças portas de carvalho do Salão Principal.

O queixo de Alvo quase caiu. Em todos os anos de convivência com o mundo bruxo, Alvo nunca esteve em um lugar tão magnífico. A primeira visão que o menino teve foi de uma grande sala de teto abobadado e milhares de velas flutuantes que pairavam diante de quatro longuíssimas mesas, onde os demais estudantes estavam acomodados. Durante a procissão, Alvo localizou Tiago e seus amigos.

— Estão vendo aquele garoto baixo e magricelo? — Tiago disse em uma voz propositalmente alta. — É meu irmão... quer dizer, era meu irmão, porque ele vai para a Sonserina.

Alvo virou o rosto, acompanhado de risadinhas dos colegas do irmão. Do outro lado do salão, uma mesa igualmente comprida comportava o corpo docente, mas Alvo ficou gratificantemente satisfeito em saber de que não precisaria apresentar nenhuma mágica para eles antes do Chapéu Seletor, pois o Prof. Longbottom conduziu os alunos até a frente do Salão Principal, de costas para os professores e de frente para todos os alunos. Mesmo assim, a testa dele continuou a ressumar.

Wayne chamou a atenção dos amigos e apontou para as mesas. Alvo achou muito impertinente da parte dele em mostrar que obviamente haviam alunos circundando cada uma das mesas, mas então ele prestou mais atenção e viu que, misturados aos rostos iluminados por velas, fantasmas drapejavam em cada mesa — uma moça na Corvinal, o frade na Lufa-Lufa, o engomado na Grifinória e o fantasma horrendo na Sonserina. Alvo trocou um ou outro olhar com Tiago, que fazia caretas para o irmão, imitando um troglodita. Para aliviar a tensão, Alvo olhou para o teto encantado que refletia o céu noturno salpicado de estrelas. Era esquisito, ele pensou, lembrava uma espécie de portal para o infinito.

Alvo voltou a olhar para baixo quando ouviu um baque. O Prof. Longbottom havia tropeçado e derrubado o banquinho de carvalho. Todos, menos Alvo e Rose, riram, até mesmo o zelador no fundo da sala envolto por um tipo de gato espectral. Só pararam quando a bruxa de aspecto severo se ergueu. Alvo se virou e pôde ver claramente os cabelos prateados presos em um firme coque e os olhos faiscando por baixo dos óculos quadrados de Minerva McGonagall, diretora de Hogwarts.

— Eu exijo silêncio! — ordenou a professora. — Longbottom, pelo amor de Deus, ande depressa.

O Prof. Longbottom, corando um pouco, colocou algum objeto em cima do banquinho. Era agora que alguma criatura apareceria, delirou Alvo de novo. Assim que o professor se afastou, os estudantes tiveram a visão de um chapéu pontudo e muito remendado. O silêncio perdurou por um bom tempo, até que o frangalhado chapéu começou a se mexer (Rose apertou o braço de Alvo).Um talho abriu-se como uma boca e ele começou a cantar:

Há dezenove anos atrás,

Avistaram as luzes resplandecentes,

Da batalha que encerrou a Profecia,

Nossa Hogwarts tristemente destruída.

Mas com nossas forças se reerguia

Regressamos com glória e sede

De feitiços, história e poções!

Novos mestres e heróis nos inspiram

A lutar e vencer com nossos corações!

Quatro Casas, quatro fundadores!

Hogwarts, casa de conhecedores!

Sua cabeça é uma charada,

Mas o Chapéu Seletor aceita qualquer parada!

Não sou apenas um Chapéu que canta,

Nem um Chapéu Falador,

Não sou uma anta,

Sou um Chapéu Pensador!

Coloque-me na sua cabeça,

Eu tenho critérios,

Coloque-me na sua cabeça,

Que eu resolvo o mistério!

Quatro Casas, quatro fundadores!

Hogwarts, casa de fomentadores!

Verde e prata é a destreza,

Amarelo e negro, a labuta,

Vermelho e dourado, o coração,

E o azul e bronze é nossa conduta!

Quatro Casas, quatro fundadores!

Hogwarts, lar de idealizadores!

Ravenclaw é nossa mente,

Slytherin é a nossa ambição,

Com Gryffindor tomamos a frente,

E Hufflepuff acolhe irmãos!

Bem-vindos a Hogwarts, seu novo lar!

Vamos, me experimentem!

Estarão em boas mãos!

Embora eu não possua um par!

Alvo ficou espantado e enlevado ao mesmo tempo. Em conjunto dos demais estudantes, aplaudiu fervorosamente o Chapéu Seletor; ele curvou a sua ponta para cada uma das quatro mesas e voltou a ficar imóvel.

— Parece que não vamos precisar enfrentar testrálios, Wayne — comentou Alvo, debilmente. — Tiago é um idiota mesmo, vamos apenas experimentar o Chapéu Seletor.

Alvo olhou para a mesa onde os seus primos estavam. Dominique jogou seus cabelos platinados para trás e Molly lhe deu um aceno encorajador. Lucy, no entanto, mirava um garoto do outro lado da mesa, totalmente desinteressada no que viria a seguir.

Naquele momento, queria afundar sua cabeça em baixo da terra. E se o Chapéu Seletor não o colocasse em nenhuma Casa? Afinal, ele não se sentia nem corajoso, nem ambicioso, nem altruísta, muito menos inteligente. Talvez ele pudesse ser reenviado para Godric’s Hollow, estudar com trouxas, como uma criança normal. Contudo, as palavras do pai ecoaram na sua cabeça: “O Chapéu Seletor leva em consideração a sua escolha.”

— Espero não cair na Lufa-Lufa — sussurrou um menino nas costas de Alvo. — Lá só tem otários.

Em seguida, o mesmo garoto soltou um gemido de dor.

— Não fale assim — praguejou uma menina, ainda atrás de Alvo. — Ou quebro seu pé da próxima vez.

Alvo segurou o riso por estar muito nervoso e concordou internamente com a garota. Como seu padrinho havia dito, todas as Casas tinham uma história honrosa e haviam produzidos grandes bruxos.

As atenções se voltaram para o Prof. Longbottom que se adiantou com um espichado rolo de pergaminho nas mãos. Ele pigarreou.

— Primeiranistas, eu tenho o nome de todos vocês neste pergaminho. Quando eu os chamar, colocarão o Chapéu Seletor nas suas cabeças e se sentarão no banquinho para a seleção. Comecemos com Emily Aing... Aing... Gre... Emily Aingremont!

Uma garota de cabelos negros e lisos com franja saiu da fila, pôs o chapéu — que engolira sua cabeça — e se sentou. Quase instantaneamente:

— CORVINAL!

A mesa dos corvinos soltou vivas e aplaudiu. A garota caminhou sorridente, como se já previsse o resultado. Alvo bateu na testa. Como não percebera: Aingremont! Era parente do Carl, embora não fossem muito parecidos. Um dos professores, Alvo pôde ver de soslaio, erguera sua taça vazia para Emily.

— Sandy Belby!

— CORVINAL!

E assim decorrera a seleção. Assim como as outras, Chloe Bridwell e Benjamin Bristow foram para Corvinal. Rhonda Byrne foi a primeira a ir para a Grifinória e Carlos Corner tornou-se mais um corvino. Alícia Crawford — a menina que tentou intimidar Alvo — foi chamada. Houve uma pausa momentânea.

— SONSERINA!

A mesa próxima à entrada do Salão Principal se encheu de aplausos.

— Não tinha lugar melhor para uma esquisitona como ela — sussurrou Wayne para os amigos. Houveram resmungos de concordância.

Como Alícia, Anguis e Charlotte — que eram parentes dela —, também foram para a Sonserina. Alvo ficou olhando a comemoração deles e foi desperto do seu transe ao ouvir o outro nome.

— Wayne Eviecraddle!

Alvo e Rose deram um tapinha no ombro do companheiro, que estava pálido, o coração ribombando no peito. Wayne fez o mesmo que os outros: pôs o chapéu, sentou-se e aguardou o resultado que não demorou a sair.

— GRIFINÓRIA!

Alvo mostrou o polegar para um Wayne sorridente e aliviado. Ele foi recebido com muito fervor pelos novos colegas, que lhe apertaram a mão. A cena fez com que Alvo desejasse mais ainda que ele se juntasse ao amigo na Grifinória.

Arnold Fint-Fletchey foi para a Lufa-Lufa, Fergus Finnigan, um garoto de cabelo cor de areia, filho de um amigo de seu pai, foi selecionado para a Grifinória. Ross também foi selecionado para a Lufa-Lufa, diferentemente de Doug Goldstein — o garoto que sofreu o pisão — que foi para a Corvinal.

Alvo deu uma olhadela na mesa da Sonserina. Pareciam um grupo muito desagradável, ele pensou, talvez fosse porque Alícia e seus primos estavam lá. Arepadma Goshawk seguiu o caminho da Grifinória, como sua gêmea, Abhaya. Nolan Goyle se juntou aos amargos sonserinos. A mesa da Lufa-Lufa rugiu quando Rufo Hopkins foi selecionado. Clementina Higgs foi selecionada imediatamente para a Sonserina.

Mariam Langdon, a garota gordinha, ficou quase um minuto sentada no banquinho antes de ser selecionada para a Sonserina — seu rosto não demonstrava satisfação. Willow Macmillan saiu aos tropeços da fila e quase caiu de cara no chão. O Prof. Longbottom o ajudou e deixou o chapéu escorregar na sua cabeça.

— LUFA-LUFA!

Os lufanos, que era muito mais atrativos do que os sonserinos, soltaram vivas, que não duraram muito tempo até o Prof. Longbottom chamar:

— Scorpius Malfoy!

O Salão Principal mergulhou em um silêncio. Malfoy, indiferente, caminhou tranquilamente até o banquinho, onde recepcionou o Chapéu Seletor na sua cabeça. Demorou quase três minutos, mas veio o veredito:

— SONSERINA!

Os alunos da Sonserina aplaudiram, mas sem muita animação para o garoto. Ele pareceu não se importar e apertou algumas mãos que lhe esticaram.

— Deu a lógica — Alvo disse mais para si.

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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Anne Marie e Ryan McGonagall, parentes da Profa. McGonagall, não tiveram hesitação e foram selecionados quase de cara para a Grifinória. Velma Montague, pequena e de cabelos presos com uma tiara, foi selecionada para a Sonserina, Drika Owin, uma garota de marias-chiquinhas castanhas e maçãs rosadas foi selecionada para a Lufa-Lufa e saiu aos pulinhos até à mesa com seus novos colegas.

Alvo viu, Fred e Tiago entediados na mesa da Grifinória. Wayne abanava as mãos, como se estivesse espantando um mosquito quando, na verdade, ele estava alertando Alvo. O Prof. Longbottom precisou repetir:

— Alvo Potter!

Dessa vez o silêncio foi absoluto. Por quê? Ele era só mais um aluno como Carlos Corner ou Arnold Fint-Fletchey, possivelmente menos talentoso também. Os burburinhos correram de todos os lados.

— É o seu irmão, Tiago?

— É o outro filho do Harry Potter?

— Nossa, como eles são parecidos!

O Chapéu Seletor foi entregue nas mãos do garoto — Neville lhe deu um tapinha cas costas quando passou — e ele se sentou no banquinho de carvalho. Deixou o artefato cair sobre seus olhos, tendo o vislumbre de uma parcela de pessoas se espichando para vê-lo. Agora que o chapéu escorregara totalmente, somente o breu do chapéu restara.

— Ora, mais um Potter? — disse a vozinha reboando na sua cabeça. — Diferente. O seu irmão era mais fácil, agora você... hum, vejo muita ambição, mas vejo muita bondade também, como seu pai, o Menino Que Sobreviveu... Qual será o seu destino? É embaraçoso. Pensando bem, não é tão parecido com o pai. Você tem talento, mas é muito inseguro perante suas decisões. Poderia colocá-lo na Lufa-Lufa... ou que tal a Sonserina?

Alvo sentiu o estômago dar uma cambalhota e os docinhos já estavam prontos para voltar. Apertou os olhos, segurou nas bordas do banquinho e pensou fortemente: “Me coloque aonde mereço, mesmo que... mesmo que seja a Sonserina.”

— Você acha que merece a Sonserina? Vejo uma nobreza indômita no seu sangue, mas... hum... há algo que me deixa pruído... No fundo posso enxergar uma característica ímpar, que você poderia conquistar na Sonserina. Mas suas indecisões vão te atrapalhar nessa caminhada. É claro que vai falhar... Haverão muitos êxitos. O seu coração não diz a mesma coisa que a sua mente. Você vai precisar da ajuda da sua família, Potter. Acho que me decidi. GRIFINÓRIA!