Ônix permanecia em seu lugar, mas nem por isso estava imóvel. Defendia-se de todos os ataques de água com sua rabo rochoso, algumas vezes concentrando a energia nele, fazendo-o brilhar acinzentado e manifestando algo que o líder do ginásio invocava como Rabo de Ferro, outras vezes um brilho beje surgia fazendo um tornado de areia surgir e este era a Tempestade de areia.

Meu coração pulsava todo o tempo e eu tentava não piscar para não perder nada. Ônix era um pokémon serpente formada por grandes pedras de pedra enfileiradas. Parecia possuir um chifre petrificado na cabeça, que até aquele momento não havia visto em ação e começava a achar que era apenas uma protuberância qualquer. Era grande e media cerca de quatro metros e meio para cinco, mas diziam existir alguns que poderiam chegar a dez.

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Eu não sabia dizer porque o adversário estava tão exausto, afinal ele era um pokéon aquático em forma de um girino azul escuro que pulava de um lado para o outro de forma muito enérgica.

— Desculpe, mas precisarei encerrar a batalha, pois tenho outros desafiantes querendo a insignia da rocha e claramente, você hoje ainda não está pronto. - Era um homem dos olhos um pouco fechados um cabelo alvoroçado e roupas amarronzadas. - Ônix, esmagar! -

Eu vi o jovem que comandava o girino arregalar os olhos como se um fantasma tivesse surgido. A serpernte de pedra se movimentou rápido enrolando-se ao redor de poliwag que ficou cercado pelo corpo de pedra e sentiu que o espaço estava diminuindo e logo ele seria esmagado. Tentou por conta própria cuspir água várias vezes, em todos os pontos do corpo de pedra, mas parecia seu adversário não estava sentindo nada.

O desafiante ficou imóvel e calado, tão assustado que eu duvidava que ele estivesse vendo seu pokémon ser esmagado pelo ônix. Sinceramente eu esperava que estivesse realmente em choque para que nunca se lembrasse dos berros de dor de seu pokémon ou mesmo do som de esmagamento.

Alma de Coordenadora Pokémon
— Fita da Vida -
Episódio 12: Brock

Eu não tinha muitos planos para o dia e tudo o que eu ainda podia fazer estava sendo retirado de mim. Aries chegou ao centro pokémon as sete horas da manhã todo marcado de batom e com a roupa bem amarrotada. Beta estava acompanhando-o e dizia que precisavam me levar junto na próxima para ver se eu ganhava algum brilho na vida. Era a segunda vez que ele dizia que eu não tinha muita personalidade e precisava me descobrir, mas ignorei já que estava curiosa sobre a noite.

Eles resumiram as coisas da noite com uma discussão de cinco minutos e uma aposta que parece ter unido-os em uma estranha amizade. Eles pareciam ter disputado quem pegava mais pessoas naquela noite. Confesso que eu escutava aquilo horrorizada, Beta havia agarrado quinze caras e Aries doze mulheres, até que parou para ajudar Beta com décimo sexto cara que Beta calculou mal a abordagem e parecia ser mais homofóbico que Aries.

Aries era esse tipo de pessoa que parecia saber tudo, ter seus conceitos e fazer a coisa certa de uma forma muito estranha. Largou a disputa para defender Beta que ele mesmo agredira horas atrás.

No final, eles eram amigos após uma noite de balada. O que me deixava surpresa, já que achei que Beta fosse vingar-se de Aries de alguma forma e não fazer o cara preconceituoso virar seu melhor amigo de balada. Afinal, se compete para ver quem agarra mais pessoas com amigos, não? Bem, nunca presenciei isso.

Beta havia ido para coletar meu sangue e pegar Audino para uns testes de sangue e físico. Entreguei a pokebola, após uma dolorosa coleta de sangue, chateada com aquilo. Meu único plano era ficar com Audino, eu sabia que precisava estreitar os laços com ela e imaginei que agora que tudo estava resolvido as coisas estavam encaminhadas eu poderia fazer o que todo treinador e coordenador faz, conhecer mais os pokémon.

Após o café eu tentei me enturmar com os hospedes do centro, mas a minha infeliz surpresa era que quase todos eram coordenadores e estavam ali para o concurso. Chegaram cedo para descansar e fazer seus pokémon se acostumarem com o ar cheio de minério. Eles estavam concentrados em suas atividades e anos luz de análise e planejamento. Eu precisava fazer algo a respeito, mas sem minha Audino eu não tinha como evoluir no que eu mais precisava, minha relação com ela.

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Existiam apenas outras duas coisas para fazer: turismo que não consegui fazer devido ao valor do ingresso do museu e a politica de sem gente autorizada no centro de criação; comprar roupas novas já que agora eu tinha apenas a que estava usando, a que ganhei de Kenan e não tinha sequer aberto o embrulho com medo do que aquilo poderia significar, a roupa de domir e o conjunto de moletom cinza que usei na apresentação em Tin e que acabaria sendo o que eu usaria caso eu conseguisse participar. Mas, a rápida olhada pelas vitrines por uma parte da cidade indicavam que eu não tinha dinheiro para comprar nada que eu gostasse e nada que eu realmente conseguisse aproveitar num dia a dia de jornada.

Quando eu estava voltando para o centro, desiludida, vi uma pessoa com cinto de pokebolas correndo animado dizendo que estava atrasado para a batalha. Uma batalha. Eu havia visto poucas batalhas até aquele momento e era certamente uma das coisas que eu precisava melhorar para nunca mais fazer Audino passar por aquele fiasco. Eu deveria ser uma pessoa idiota por querer fazer a primeira luta de minha vida direto no concurso. Resolvi seguí-lo e acabei parando dentro do ginásio de Pewter.

O ginásio era curioso. Sua entrada era um misto de aparência de caverna de mineração com uma estrutura de construção. Mas, dentro era um local amplo, quase que escavado e com arquibancada. Eu via um pequeno caminho com placa de residencia do líder, indicando que por ali ninguém poderia passar e então percebi que a fachada que eu via escondia uma construção enorme.

Sentei nas arquibancadas e assisti a batalha do jovem atrasado, quase que torcendo por ele. Mas, não adiantou ele foi derrotado.

— Bom dia! -

O líder aproximou-se de mim saudando-me.

— Bom dia! - Respondi um pouco envergonhada. Era um homem com seus trinta anos e só ali percebi que havia invadido seu local de trabalho. - Tem problema eu assistir algumas lutas? -

— De forma alguma. - Ele riu. - Até porque essa foi a sétima batalha que assistiu, se houvesse problema agora da era tarde. -

Realmente eu havia assistido todas as batalhas que se seguiram depois do rapaz atrasado. Em nenhuma o líder cujo nome era Brock veio a perder, apesar que em algumas passou perto. Ele usou quase sempre o Çonix, exceto na que quase perdeu onde usou um Rhydon que era um bípede de pedras com rabo e força incrível.

— E então? Pretende me desafiar antes do almoço ou ainda vai gastar a tarde analisando-me? - Ele perguntou sorrindo, mas aquilo pegou-me de surpresa.

— Não sou treinadora. - Eu disse rápido envergonhada por ele ter percebido que eu o analisava. - Eu... Estou apenas tentando aprender sobre batalhas. -

— Sabe que o melhor jeito de aprender é praticar, não é? - Ele comentou. - Mas, se não é treinadora porque quer aprender sobre batalhas? - Ele parou de falar e espalmou a mão no ar. - Não me diga que isso é apenas uma desculpa para analisar a esse líder moreno gostoso. Eu adoraria ter sua idade para podermos conversar mais sobre isso, mas sei como é ter paixão platônica por ícones masculinos. -

Tentei segurar o riso, mas acabei não conseguindo. Ele deveria atrair alguma mulher por sua beleza e posição social, afinal era líder de ginásio, criador pokémon e diziam que também era médico. O que significa que deveria ser um bom partido, mas certamente era muito convencido.

— Sou coordenadora. Minha pokémon levou uma surra da última vez que lutamos... Na verdade, da primeira vez que lutamos. - Não adiantava mentir. - Ficou ferida para não poder entrar nos palcos por dois meses. Então eu estou tentando aprender algo sobre batalhas observando você e seus adversários. -

— Entendi. - Ele apenas sorriu e olhou em volta. - Fique o tempo que desejar nesse caso. Acho que a batalha das seis da tarde será mais interessante para você do que qualquer outra. -

Ele começou a caminhar e o vi indo em direção a porta da residencia. Parou alguns instantes, conversando com duas pessoas, uma que havia atuado como juiz durante as batalhas e outro que aparecera a pouco. Ambos eram parecidos com Brock. Depois de um tempo cada qual foi para seu lado e Brock virou-se para mim.

— Dizem que o Centro Pokémon está lotado. Talvez almoçar aqui seja mais tranquilo. Gostaria de almoçar conosco? -

E demorarei muito em compreender esse costume estranho da hospitalidade que as pessoas tinham para com os viajantes. Kanto tinha isso em sua cultura de uma forma tão enraizada que mesmo sem um pedido de ajuda as pessoas já estavam se oferecendo a ajudar, a abrigar. Claro, aquele era um líder de ginásio e entendia que fazia parte do serviço dele ajudar os treinadores, mas eu não era treinadora e ele bem sabia disso.

Claro que aceitei o convite e caminhei com ele pelos corredores do ginásio que nos levariam até a casa dele. Por um pedaço de tempo fiquei pensativa quando ao que ele me falou, a batalha que ele teria as seis seria a mais interessantes para mim. Jurava que quando entrei vi o horário de funcionamento do ginásio e dizia das oito as onze e meia e de uma as cinco da tarde. Mas, ele puxou papo perguntando sobre minha pokémon e seu ferimento e compreendi que era curiosidade médica.

A família era grande, falavam todos ao mesmo tempo e eu percebi que ele não morava ali. Aquela era a casa do líder, mas sua família morava ali e todos cuidavam do ginásio e sua casa ficava no centro de criação que eu tentei pedir para visitar e ganhei um não sonoro. Agradeci pela comida e fiz o que aprendi até ali, um viajante tinha que pagar pela hospedagem, mesmo que tivesse sido um convite. Lavei a louça que parecia ter sido usada por um batalhão de cem pessoas.

— Nunca vi alguém lavando como você. - Havíamos voltado a arena do ginásio enquanto Brock esperava por outro desafiante. - Eu sempre levei trinta minutos lavando tudo e você lavou em dez. -

Eu ri. Estava recebendo um elogio por uma habilidade caseira? Aquilo era novidade. Imaginei que tipo de pessoa era aquele médico, líder de ginásio e criador. Foi então que me lembrei de meu plano original, explorar os líderes de ginásio para conseguir a vantagem deles para o concurso.

— Então... Você sabe algo de concursos? - Resolvi arriscar sondá-lo. - Alguma dica que poderia me dar? -

Ele me encarou durante alguns instantes e me perguntei se havia dito algo errado. As vezes ele seria o jurado e todos deveriam saber disso e eu, como sempre, era a desinformada. Se isso fosse verdade agora eu estaria sendo a idiota, de novo!

— Eu não sou especialista em concursos, mas posso te dar algumas dicas pois passei alguns anos da minha vida acompanhando coordenadoras de sucesso. Por sinal sou médico de seus pokémon. - Ele sorriu. - Posso dizer com toda a certeza que algumas começaram como você, no fracasso e falta de jeito para coisa. -

Os dois rimos. Eu deveria parar de ser sincera com as pessoas quanto a minha falta de habilidade. Mas, havia decidido não mentir e ele perguntou. Felizmente ele não perguntou porque eu queria ser coordenadora ou teria que ter contato a história de minha mãe.

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— Então eu diria a você que não precisaria se preocupar que você vai pegar o jeito. - Ele olhou para uma direção e vi um dos irmãos dele, que era juiz, acompanhado de uma menina que nitidamente era desafiante. - Mas, você não é como elas. Elas vinham de uma família tradicional do mundo pokémon e possuíam personalidade. -

Ele se afastou de mim após isso, ele precisava ser líder de ginásio. Eu fiquei parada onde eu estava por alguns instantes até que o juiz veio falar comigo, pedindo para eu ficar nas arquibancadas onde seria mais seguro. Eu não estava no meio da arena, mas era um local próximo e que golpes poderiam atingir-me.

Caminhei e sentei-me para voltar a assistir as batalhas que correram durante a tarde toda, uma atrás da outra. Apesar de dois adversários terem derrotado Brock, eu não consegui prestar atenção. Eu simplesmente não conseguia entender o que ele havia me dito.

Não era novidade para mim que muitos acreditassem que não possuir tradição familiar ou alguma proximidade com alguém famoso no mundo pokémon fazia o caminho ser longo e complicado. Mas, novamente estavam me dizendo que eu era insossa, sem personalidade, apagada.

Como podiam estar dizendo isso de mim sem nem me conhecerem direito? O que eles queriam dizer realmente com isso? Que tipo de imagem será que eu estava passando para as pessoas? Por que ninguém entendia que eu era coordenadora e espantavam-se com o fato? Qual era o tipo de personalidade que a maioria dos coordenadores possuíam afinal?

— Você está legal? - Olhei assustada para a voz. Brock havia se aproximado de repente. - Ficou parada a tarde toda pensativa. Espero que não tenha sido o que falei sobre tradição e personalidade. -

O relógio marcava cinco para seis e eu acabei suspirando ao ver aquilo. Fiquei tão abalada com o que ele falou que acabei não me dando conta que o tempo havia passado. As luzes locais estavam todas acesas e lá fora já deveria estar escurecendo.

— Por que acha que eu não tenho personalidade? - Perguntei diretamente.

— Não é que não tenha personalidade, todos tem. O problema é que sua personalidade pokémon não existe. - Ele sentou-se do meu lado olhando a arena de batalhas na qual ele trabalhou durante todo o dia. - Quando entro na arena sinto-me uma pessoa responsável por contribuir com o crescimento dos jovens que buscam por seus sonhos. Quando estou no centro de criação, sinto um prazer imenso em ver pokémons alcançado seus potenciais ocultos, sonhando com o momento que terão um humano ao lado deles. Como médico eu rejubilo ao ver o paciente levantar-se curado e decidido a seguir seus sonhos. -

Eu o olhava e via os olhos dele brilhando, mesmo diante ao fato eles serem fechadinhos. O cansaço não estava ali, mesmo depois de um dia inteiro de batalhas. Aquele homem ao meu lado era alguém realizado e que bebia da fonte da felicidade sempre.

— Qual é o seu sonho? - Ele virou-me perguntando e ficou a me encarar. - Por isso não tem uma personalidade pokémon. A personalidade pokémon tem haver com seu sonho. Você não sonha com nada disso e suas ações e forma de olhar para as batalhas indica isso. - Ele sorriu amenizando seu rosto. - Sei disso pois você até agora só tem um pokémon, não pensa em capturar nenhum ainda e mesmo a sua pokémon estando ferida e abalada com você, deixou-a com um estranho por um dia todo. -

— Eu... tenho motivos para estar sendo coordenadora. - Eu disse gaguejante.

— Todos temos motivos para fazer algo. Mas, motivação não é inspiração, não é sonho. - Ele disse levantando-se. - Eu te perguntaria qual a sua inspiração, mas também sei que você ao estar coordenadora, não está inspirando-se em ninguém ou teria falado sobre isso enquanto conversávamos. -

Realmente eu não tinha inspiração no mundo pokémon. Um top coordenador que admirava, um coordenador que sonhava em conhecer ou enfrentar ou mesmo uma apresentação que queria replicar. Imagino que sonhar em participar de um concurso especifico adiantaria, mas nem isso eu conseguia fazer.

— Essa tal personalidade pokémon é tão importante assim para um coordenador? - Questionei. - Acha que eu posso adquirir? -

— Todos podemos. - Ele riu. - Viajei por ano com o atual mestre pokémon de Kanto e posso dizer que ele era uma negação e tirando o fato de que amava o mundo pokémon, mesmo não sabendo de nada, ele não tinha nada que lhe dava a personalidade pokémon que as pessoas que trabalham com pokémon precisam. - Ele olhou para a arena e viu que alguém se aproximava. - Você encontrar, mas não há como ensinar. Você saberá que é algo que a moverá sempre. Sua motivação te dirá aonde ir, mas essa personalidade é que vai dizer como ir e permitirá ser reconhecida pelas pessoas. Antes disso você vai andar, mas não se engane em pensar que irá longe sem algo que a inspire e tome conta de você nesse mundo. -

Inspiração. Personalidade pokémon. Tradição. Não achei que isso fosse realmente importante, mas percebo que aqueles que tem tradição nesse mundo já estão inspirados e ao menos possuem uma pseudo personalidade pokémon. Preciso de uma inspiração, preciso de uma personalidade pokémon, mas não sei nem ao certo o que significam essas coisas e onde achar. Nada nunca me atraiu no mundo pokémon quando vivia com minha mãe, amante de coordenação e que me fazia ver tanta coisa isso com ela e nem convivendo diariamente com Maurício, meu melhor amigo que sonhava em fazer jornadas.

— Você pode assistir se quiser. -

Olhei para a arena. O juiz não estava lá, Brock encaminhava-se para seu lado costumeiro enquanto o desafiante me acenava animado. Mas, eu fiquei surpresa, era Havard. O jovem de olhos amendoados e pele bronzeada do Centro Pokémon de Tin.

Meu coração disparou e sorri como boba ao vê-lo. Sentei-me e preparei para torcer por ele. Não achei que o veria novamente ainda mais em um ginásio pokémon. Brock liberou seu pokémon, Ônix a poderosa e defensiva serpente de pedra.

Havard olhou a serpente, ficou em uma posição ereta, deu um sorriso, esticou o braço direito segurando a pokebola e girou o braço para trás, em um circulo completo, jogando a pokebola para cima e para frente.

— Apresente-se, Dewott! -

O que é um Dewott? Sinceramente eu não sabia, apenas escutei-o chamá-lo. Assim. Eu um pokémon bípede azulado e forma humanoide. Sua altura estava chegando a um metro, possuía dois bigodes brancos de cada lado, patas, tantos inferiores quanto superiores, pretas, bem como protuberâncias que pareciam olheiras, da cor preta. Eu acho que ele possuía uma calda, mas era difícil dizer se era já que a parte de cima do copo era azul clara e parte de baixo azul escura a ponto de parecer que era uma espécie de calça.

Nunca havia visto e o pokémon tinha presença. Era como um guerreiro de filme que eu diria ser totalmente apto a domar aquela serpente.

— Vamos começar com Laminas de Água. -

A fala me surpreendeu. Eu não sabia que ataque era aquele, jamais havia escutado tal comando, mas o efeito visual do comando me chamou a atenção. Dewott cruzou as mãos a frente do corpo e pegou com a mão esquerda, presa na sua perna direita enquanto com a mão direita pegou a concha presa em sua perna esquerda. Elas se iluminaram e elas cruzou diante o seu corpo fazendo um rastro de luz azul incrível.

— Não se esqueça de ficar sempre em movimento e com velocidade. -

O comando de Havard foi atendido de imediato pelo pokémon que partiu correndo com suas conchas brilhando. E de repente ele passou por Onix passando a concha nele como uma espada e ouvi o grito de dor da serpente de pedra, como não havia escutado naquele dia.

— Rabo de Ferro! - Comandou Brock.

— Desviar usando Acrobático e não pare! -

Parecia planejado. Foi um comando para desvio perfeito. Um novo corte com a concha estava para atingir Ônix que movimentou seu rabo em um brilho acinzentado e a concha chocou-se com o Rabo de ferro. Era uma defesa perfeita. Mas, também um contra-ataque, já que a força corporal do pokémon de pedra prevaleceu e o duelo de Rabo de ferro contra Lâmina de Água pareceu por um segundo ser um duelo de forças. O Rabo de Ferro ia acertar o corpo de Dewott em cheio e então o pokémon de Havard saltou girando seu corpo por cima do Rabo de Ferro.

Foi belo. O Rabo de Ferro e seu brilho acinzentado passando por baixo enquanto o Abcrobatico. aproveitava-se do brilho azulado das conchas criando espirais. Como já era noite a iluminação estava por conta dos holofotes, havia alguma penumbra e isso fez as luzes dos golpes se intensificarem.

Dewott tocou no solo muito levemente, pois já saltou para cima de Ônix, correndo por cima dele arrastando sua concha brilhante pelo seu corpo. Ônix urrou novamente! Tive a impressão de escutar Brock dizer algo, mas a voz do pokémon era muito mais alta.

Eu tive a impressão que era o fim. Dewott estava para chegar na cabeça da serpente de pedra e o golpe seria finalizador. Se o urro de dor era proporcional ao dano, um golpe naqueles na cabeça poderia ser decisivo. Aquele Dewott era realmente incrível, não sabia suas propriedades, já que estava vendo até então apenas dois ataques, mas sem dúvida que ele seria um pokémon perfeito para torneios com seus movimentos tão precisos e aquela agilidade.

Um tornado de areia surgiu. O famoso ataque Tempestade de Areia que Brock conseguia usar de formas diferentes. Nascia do rabo, nascia do chão rodeando, nascia da boca. Naquele momento nascia do chão em forma do corpo e Dewott simplesmente foi levado pelo tornado poucos centímetros antes de chegar a cabeça.

— Acrobático! -

O que ele esperava conseguir com aquilo eu não tinha ideia. Eu conhecia os movimentos de Brock naquele momento, bons movimentos usados para defender de forma precisa. Ele usara dois até ali e Dewott não conseguiu superar o primeiro, mas em um concurso teria ganho muitos pontos em aproveitar o Rabo de Ferro para sua pirueta acrobática. A tentativa do acrobático não pareceu ajudar muito ele só voltou a tocar o solo quando o tornado teve fim. Mas, algo interessante aconteceu ali, todas as vezes eu via o pokémon cair no solo de forma abrupta e Dewott caiu no solo de uma forma precisa, como se tivesse acabado de fazer uma acrobacia.

Os pokémon se encaravam. Ônix parecia bravo e um brilho branco aconteceu seguidas vezes, a defesa estava sendo aumentada por conta do próprio pokémon. Era algo que acontecia e Brock apenas sorria com aquilo. Dewott olhou para seu treinador que mantinha uma pose ereta e uma presença respeitável.

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— Jato de Água e parta novamente com suas Lâminas de água! -

Aquele comando era novo. Eu conhecia o movimento, mas aquilo só indicava que aquele pokémon não era um lutador como eu imaginava e sim pokémon de água. Eu precisava conseguir informações sobre ele.

Dewott abaixou-se e pegou suas conchas caídas no chão. Seus olhos fecharam-se e as conchas voltaram a brilhar. Ele abriu a boca disparou seu Jato de Água mirando a cabeça de seu adversário e em seguida voltou a correr indo para a calda.

— Tempestade de Areia! -

Eu esperava aquele comando por parte de Brock, era sua defesa total e ele estava sendo atacado por dois lados. Era uma ideia incrível, um treinador normal não conseguiria defender-se realmente daquilo. Mas, ali estava o tornado de areia saindo do chão, criando uma parede de vento e areia que protegia todo o corpo.

A água chocou-se no tornado e desapareceu, nada fazendo, enquanto Dewott cruzou as conchas laminas luminosas e um X azul de energia foi para frente e passou pelo tornado de areia e abrindo um pequeno buraco que durou apenas alguns segundos, mas que foi aproveitado pelo próprio Dewott que disparou seu Jato de Água.

A expressão de Brock mostrou que aquilo ele não esperava. Eu também não esperava, nada passou por aquela defesa e aquilo significava que aquele golpe inesperado que Dewott fez sem o comando de seu treinador foi realmente eficiente. De fato existiam diversas formas de executar um movimento, Brock mostrava aquilo e Havard mostrou-me que ele dominava bem o Lâmina de Água, mesmo eu não entendo o golpe sabia que aquele X azul era o Lâmina de Água sendo disparado no ar.

Variar a forma do movimento era algo de coordenadores intermediários, ao menos era o que minha mãe falava. Os movimentos normalmente era feitos de uma forma básica e cada pokémon tinha seu jeito natural de aplicá-lo. Mas, alguns coordenadores iniciantes e treinadores de nível intermediário ajudavam seus pokémon a modificar a forma de usar. No entanto, apenas coordenadores de nível intermediário e treinadores de alto nível conseguiam fazer seus pokémon manterem várias formas de usar o movimento.

— Novamente Lâminas de Água! -

Dewott partia novamente para o ataque quando Havard percebeu que o Tempestade de Areia estava diminuindo a força e se desfazendo.

— Rabo de Ferro. - Comandou Brock.

— Use o Acrobático antes da Lâmina! - Comandou Havard.

Era a parte que eu via na televisão e não entendia como era possível. Minha mãe e Maurício diziam ser tempo de reação, mas ainda assim eu não entendia. Se você comanda um golpe e o pokémon começa a executar, como ele pode simplesmente segurar o ataque, fazer outro e depois continuar o segurado? Não é fisicamente possível!

Mas, não importa o que eu sabia de física e do que eu achava ser possível ou não. Dewott correu em direção ao Rabo de Ferro que se formava, mantendo as conchas brilhando como sempre fazia. O movimento de que iria golpear com a concha foi feita, mas ele saltou escapando do confronto com o rabo de ferro. Girou no ar passando a lamina pela extensão do rabo e já caiu correndo pelo corpo do ser adversário, arrastando a concha.

— Tempestade de Areia e Rabo de Ferro! -

Foi difícil entender o que estava acontecendo. A Areia começou a surgir do corpo de ônix e jogou o adversário para cima pela pressão do ar e da areia. Dewott parecia surpreso e então o Rabo de Ferro acertou de cima para baixo com uma força que esmagou o pokémon azulado no chão.

Havard não se mexeu ou demonstrou preocupação, mas seu pokémon estava realmente abalado. Tremia e segurava apenas uma de suas conchas. Não encarava ônix ou seu treinador, arfava concentrado em se recuperar esquecendo as coisas em volta.

— Tempestade de Areia no campo e Cavar! -

Brock comandou uma nova variação do golpe Tempestade de Areia. Eu perdi a visibilidade e desconfio que Havard também, pois acho que ele perdeu a postura olhando de um lado para o outro. Um grito veio após escutarmos o rugir e o solo se romper. Dewott estava completamente perdido. Estava completamente atordoado e deveria ter sido acertado sem defesa alguma.

Quando a tempestade se desfez Dewott estava sendo esmagado por Ônix.

— Desisto! - Havard disse por fim.

Brock era incrível. Um verdadeiro líder e cheio de conhecimentos. Certamente aquela era uma das personalidades pokémon dele. Saber variar o golpe Tempestade de Areia entre defesa, ataque e ocultação de forma brilhante. Mas, Havard não ficou atrás, era um treinador brilhante e tinha movimentos de coordenação que eu invejei por alguns instantes. Acho que era isso que Blue procurava, esse diferencial.

— Fiquem a vontade! - Brock gritou para nós. - Vou ver como anda o jantar. Estão convidados! -

Caminhei para perto de Harvard que me olhava de uma forma enigmática. Não fez nada quando finalmente cheguei a ele, mas acho que talvez eu que precisava dizer algo.

— Que batalha! - Eu comentei. - Foi tão artística! Aquelas piruetas e a forma como atacou para vencer a defesa. -

— Obrigado! - Ele sorriu. - Eu tenho uma boa defesa, mas precisava treinar evasivas e passar pelas defesas. - Ele riu. - Basicamente eu precisava aprender a passar pela defesa, e pokémon de pedras tem a segunda melhor defesa e quando falamos de Brock, bem ele sabe usar essa defesa. - Eu ri porque não tinha ideia do que ele estava falando. - Mas, vamos ver se isso funcionará no concurso. -

Ele disse concurso?

— Desculpe-me Mirian, mas neste concurso eu serei seu adversário. -

Ele disse que será meu adversário?