Respirei fundo. Toquei minha aliança, que brilhava em meio a todo aquele desastre. Retirei-a do dedo, e pus em cima do envelope em sua mesa, negando-me a olhar em seus olhos, mas sabendo que sua expressão deveria ser a pior possível.

Me perdoe por ter feito com que você perdesse seu tempo comigo. Espero que seja feliz. De verdade. - disse, dando as costas a ele e caminhando em direção à porta.

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Desejo o mesmo a você. - ele rebateu.

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Cap. 17

Uma iminente crise de choro me fez correr e me esconder na minha sala. Laura, que me viu passar com as mãos no rosto (e com certeza estava ouvindo minha conversa com Guilherme por trás da porta) se apressou e entrou junto comigo na sala, onde agora ela tentava me acalentar.

É certo que nós estávamos totalmente errados se continuássemos com esse relacionamento, mas magoar Guilherme, e eu sabia que o tinha feito, era terrível e doía muito em mim também. Apesar do fim, nós tínhamos passado muitos momentos bons juntos, e a última coisa que eu queria era apagá-los com o nosso término tumultuoso.

Mas era tarde. Lavei meu rosto, refiz a maquiagem, respirei fundo e pedi a Laura que autorizasse a entrada dos meus primeiros pacientes do dia.

–*-

Mais tarde, ao meio-dia, lembrei-me do encontro com David. Deixei o escritório e passei rapidamente pelos corredores antes que Laura me visse e viesse a fazer mais perguntas. Por hoje bastava.

Quando cheguei à porta do restaurante, olhei em volta em busca dele. E lá estava, numa mesa ao lado da janela, olhando os carros passarem. A perna mexendo era um sinal de sua ansiedade, o coração acelerado era o meu. E quando me aproximei de sua mesa e ele me viu, toda a tensão explodiu num sorriso aberto com seus dentes perfeitos.

– Você veio! - ele disse, levantando da cadeira para puxar a minha.

– Você achava que eu não iria vir? - falei, agradecendo depois pelo seu gesto de cavalheirismo.

– Não sei, eu só... achei que você pudesse pensar que eu estava louco, ou algo assim...

– Louco? Imagina... - disse, sorrindo. - Na verdade, estou pensando o mesmo que você. Tudo o que aconteceu com a gente foi no mínimo... estranho.

– É isso o que eu penso! Veja bem, se formos analisar as informações, você perdeu a memória duas vezes, eu não me lembro de nada na noite em que tudo ocorreu, mas depois me lembrei do tempo em que eu estava aqui no hospital e você era encarregada de cuidar de mim, mas é justamente tudo o que você não lembra... - ele fez uma cara como quem não estava entendendo nem suas próprias palavras. Isso fez com que ríssemos juntos mais uma vez.

– Apesar de tudo, eu acho que a questão mais importante é: o que nós dois estávamos fazendo juntos naquela noite? - eu questionei, e, quando percebi o conteúdo de minhas palavras, senti meu rosto corar. Percebi as bochechas de David um pouco mais rosadas que o normal também.

– Bem, isso é realmente relevante. Talvez a gente tenha apenas se encontrado, talvez uma triste coincidência...

– Ou destino. - eu disse, e vi quando os olhos azuis dele pairaram sobre os meus com uma dose a mais de atenção.

– Hum... pode ser. - ele sorriu, me passando o menu do restaurante. E naquele instante, eu me senti estranhamente familiarizada com aquele sorriso.

Depois de muitas conversas, almoço e suposições, David foi me deixar na porta do hospital. Antes, dei uma bela olhada nas pessoas ao nosso redor para não deixar espaço para fofocas. Só assim então pudemos nos despedir.

– Eu adorei o almoço. Gostaria de repeti-lo algum dia, se possível. - ele falou, animado.

– Eu também adorei. E seria muito bom discutir nossas suposições novamente. - disse, rindo.

David ainda parecia um pouco sem jeito para pedir meu telefone. Mas eu não poderia negá-lo tal coisa, quando a mais interessada em um próximo encontro era eu mesma. Entreguei-lhe um papel com o número anotado e xinguei mentalmente minhas mãos por tremerem tanto nesse momento.

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– Então, até a próxima. - ele disse, agarrando a mão que ainda tremia e a beijando no dorso.

– Até. - respondi, extremamente envergonhada com o seu gesto antiquado, mas que de alguma forma fez meu estomago revirar mil vezes.

E antes que eu entrasse no hospital, lembrei de algo que eu precisava lhe dizer.

– David! - gritei já perto a porta de entrada, e quando o vi dar a volta pra me ouvir continuei: - Muito prazer em conhecê-lo! De novo!