capítulo 16 - wanted dead or alive

Ponto de vista: Poseidon

- Nós podemos conversar? – perguntou Apolo entrando no quarto.

- Ah – franzi o cenho – Claro.

Ele assentiu e esperou do lado de fora.

- O que será que ele quer? – perguntou Athena.

Sim, os seguranças do hospital conseguiram conter aqueles caras malucos da imprensa e nós ainda estamos inteiros depois de mil autógrafos e fotos.

- Não sei, deve ser importante. Já volto. – beijei sua mão e sorri.

Saí e segui Apolo até o estacionamento do hospital.

- O que houve? – disse Percy, afobado, enquanto parava de correr.

- Eles estão aqui. – Apolo disse sério e levantou o celular que usava pra se comunicar com a empresa. – Hefesto acabou de me ligar.

- Como assim ‘eles estão aqui’? – perguntou Percy.

- Eles vieram de Las Vegas. Estão aqui; Hefesto captou imagens de câmeras de trânsito.

- Não pode ser possível.

- Eles são incansáveis, Percy – falei, olhando para o sol que nascia – Não vão sossegar até nos pegarem.

- Mas... E elas?

- Não sei. Talvez... Bom, nós podemos concluir a missão sozinhos, mas...

- Se bem eu conheço Athena, ela iria nos matar por isso. – Apolo disse – E Annabeth também. Ainda mais depois do que aconteceu.

- Sim, elas não iam concordar. – falei.

- Mas elas não precisam saber. – disse Percy, Apolo o olhou irônico. – Eu sei, má ideia.

- Muito. – eu disse. – Temos que contar pra elas.

- Droga. Justo agora... – começou Percy.

- É um momento de fraqueza. O puto do Frederick deve ter avisado aos outros.

- O que vamos fazer então? Elas ainda não receberam alta. – Apolo falou, se desesperando.

- Podíamos distraí-los, talvez.

- Boa Percy, e depois? Deixamos que eles nos peguem e então tentamos suicídio? – perguntou Apolo, sarcástico.

- Não Apolo, a ideia dele é boa... Mas, como distraí-los? Eles nos querem, mas não podemos nos entregar, isso só daria mais confusão.

- A situação está crítica. Poderíamos tentar um acordo, sei lá, uma trégua?

- Apolo, vai ver se eu estou no topo do Everest. Deus, isso não é brincadeira, não há possibilidade de um acordo, muito menos uma trégua. Nós devemos matá-lo, só. Bem que Zeus disse que essa missão seria pior que as outras.

- Estamos atrás de Cronos, certo. – ele suspirou. – E o resto? Anfitrite, Rachel... Além dos capangas que ele deve ter com certeza.

- E não se esqueça de colocar Frederick e Michael nessa sua lista. – falei, agressivo.

- Mas o que...?

- Foi Frederick que fez aquilo à Annabeth. – Percy rosnou.

- E eu quero o tal de Mike morto, ele matou o meu filho Apolo.

- Que tenso...

- Tenso nada, isso é justiça. – falei.

- Não adianta discutirmos, nesse exato momento eles estão nos procurando, precisamos de um plano. – Percy disse, encostando-se num carro.

- E só há uma pessoa que consegue planos brilhantes de última hora.

[...]

- Certo.

- Poseidon, isso é perigoso, eu não vou deixar você ir. – suplicou ela.

- E eu não vou deixar Percy fazer isso.

- Eu existo, sabem? – disse Apolo.

- Apolo, não precisamos meter mais ninguém nisso. Annabeth e Perseu nem eram pra estarem aqui. – Athena falou, séria.

- Mas maninha, eu não aguento ficar só olhando.

- Se vira – ela falou enquanto ele fechava a cara. -, você é meu irmão mais novo. Papai me mataria se soubesse.

Quando Apolo ia revidar, Percy tira um caderninho do bolso da calça e entrega à Athena.

- Annie disse que era pra eu te dar.

Athena ficou um tempo olhando a capa de couro e lágrimas brotaram de seus olhos.

- Athena?

- Hm?

Segurei suas mãos.

- Eu estou indo.

Ela assentiu, sabendo que não teria outro jeito.

- Prometa que vai se cuidar.

- Você sabe que sim.

Acabo de levar um tapa no braço.

- Estou falando sério, eu não vou me perdoar se algo acontecer à você.

- Não vai acontecer nada, você vai ver. Tudo vai ficar bem outra vez, essa é só uma fase.

Beijei sua testa de leve e saí pelo corredor sem olhar uma só vez para trás.

Eu tinha dito aquilo à ela, mas eu próprio não acreditava que as coisas pudessem se ajeitar realmente.

Aquilo não era só uma fase.

Muitas coisas tinham acontecido até aquele momento.

Muitas coisas nós tínhamos descoberto.

Muitas pessoas tinham se revelado verdadeiramente.

E, andando rapidamente por aquele estacionamento, com o sol fraco da manhã da cabeça, eu estava nervoso.

Porque eu sabia que aquela poderia ser minha última missão.

Porque eu sabia que aquela poderia ser a última vez que eu encararia o perigo.

Porque eu sabia, que por mais que eu ou todos os outros lutassem, aquele poderia ser o fim.

Mas se fosse pra tudo entrar nos eixos mais uma vez, ou pelo menos na medida do possível, eu faria o impossível para aquilo acontecer.

Eu não me perdoaria se desse um passo em falso.

E eles não me perdoariam se eu fizesse de tudo.

Se eu morresse, eles sofreriam, mas se eu desse minha vida, eles ficariam furiosos.

Isso está no juramento que nós fazemos quando entramos na Buddies. Nos proteger acima de tudo, mas proteger os parceiros acima de nós.

Se acontecesse algo comigo, Athena iria ficar fula da vida; Apolo iria se culpar e culpar Athena por não ter ido no meu lugar; Percy pelo que conheço não iria saber o que fazer; e Annabeth não iria acreditar.

Mas, mesmo sabendo tudo aquilo, eu ainda tinha consciência de que era o certo.