Alien Panic
Crise 90 - O Garoto Perdido
No meio de nosso emocionante passeio por uma plantação de batatas, o alarme de alienígenas de Estrela soou e encontramos um misterioso garotinho loiro adormecido no meio do mato. Ao acordar, a primeira coisa que fez foi abraçar Mabi. Repito: abraçar a Mabi. Até aceito que Eduardo a abrace por ser o namorado dela (contra a minha vontade, claro!), mas como um garoto assim do nada chega e faz isso?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!—Ei, garoto! O que está fazendo? - perguntei.
—Calma, Vitor. É só um garotinho – disse Eduardo, com toda a calma do mundo. Mas o garoto não parecia querer soltá-la bem cedo.
—Ei, garotinho – disse Mabi, com sua voz meiga de sempre – O que está acontecendo? Está perdido?
—Perdido, eu? - disse ele, olhando para Mabi – Na verdade..
—Afaste-se – disse Estrela, apontando seu Portal Gun para ele – Afaste-se dela. Apenas diga de onde você é para que eu o mande de volta por um buraco de minhoca. Espécies alienígenas fora desse ecossistema não são permitidas.
Bem, ter uma arma esquisita apontada para sua cara é o tipo de coisa que traumatizaria qualquer criança. O garoto apenas olha para Estrela que, por sua vez, não muda seu olhar sério. A reação do menininho foi apenas uma:
—Moça bonita! - disse ele, correndo para abraçar Estrela e, dessa vez, ela ficou sem reação.
—O que está fazendo? - perguntou ela.
—Mas será possível? Ele vai abraçar qualquer uma mesmo? - reclamei.
—O que posso fazer? - disse ele – Gosto de abraçar garotas bonitas!
Como é bom ser criança! Se eu fizer um negócio desses na minha idade serei linchado em praça pública.
—Você não parece muito preocupado para alguém que está longe de casa – reparou Mabi, se abaixando para falar com ele – Qual o seu nome?
—Antoine – disse ele, com um sorriso.
—”Antoane?” - repeti – Isso é francês?
—Pelo menos no nosso francês, sim – disse Eduardo.
—Não importa. Apenas diga de onde veio para que eu possa mandá-lo de volta – falou Estrela, soltando-se do garoto.
—Ah, não precisa fazer isso – ele disse – Eu vim para cá por conta própria.
—Conta própria? Não caiu aqui por conta de um buraco de minhoca? - perguntei.
—Buraco de minhoca? - repetiu Antoine – O que é isso?
—É tipo um portal que faz você aparecer em outro lugar em um instante – falei – Se a entrada de um estiver na minha frente e a saída dele estiver atrás de mim consigo coçar minhas costas colocando a mão na entrada dele.
—Que legal! - disse Antoine – Posso ver como funciona?
—Estrela...pode demonstrar? - perguntei.
—Por que devo gastar bateria do meu Portal Gun por uma bobagem dessas? - respondeu ela.
—Por favor! Por favor! Por favor! - dizia ele.
—Veja, a questão aqui é...
—Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! - insistia o garotinho.
—Mas...
—Por favor! Por favor! Por favor! Por favor! Por favor, moça bonita – continuou Antoine, aproveitando para abraçar Estrela de novo.
—Tá, tudo bem. Depois disso eu te mando de volta – disse ela, abrindo um pequeno portal à frente com uma saída no chão. Estrela coloca a mão no portal e a mão dela sai do chão.
—Caraca! Que demais! - admirou-se ele.
—Viu? Não foi assim que você veio para cá? - perguntei, mas o garoto estava muito ocupado brincando com o buraco de minhoca.
—Isso é muito legal mesmo! - disse Antoine, empolgado.
—Chega! Chega de bagunça – falou Estrela, fechando o portal – Apenas se explique. Como conseguiu chegar aqui?
—Do mesmo jeito que eu viajo por aí, ué – falou ele.
—E como você viaja por aí? - perguntou Estrela.
—Achei que todo mundo viajava por aí do mesmo jeito – ele disse – Montando em estrelinhas viajantes.
—Estrelinhas viajantes? - repetiu Estrela.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!—O que é isso? - perguntei.
—Não tenho a menor ideia – disse ela – Mas como você pode montar em corpos celestes de alta temperatura gerada por fusão nuclear?
—Não sei do que está falando – falou Antoine – Apenas monto quando um deles passa pelo meu planeta e visito os lugares por aí.
—Impossível. Você morreria no espaço – falou Estrela.
—Como? Vivo viajando por aí e não sofro nada. Não sei de onde você tira essas coisas, moça bonita – falou ele, colocando as mãos atrás da cabeça e andando de um lado para o outro sem nenhuma preocupação.
—Ele deve ter um organismo diferenciado – hipotetizou Eduardo – Mas que interessante. Um alienígena que não veio para cá por buracos de minhoca.
—Adoro viajar por todos esses lugares que tem por aí – falou ele – Meu planeta é meio chato às vezes. Lá só tem minha casa, três vulcões que uso de fogão e meu amigo cacto com quem converso. Mas não tem muito mais o que fazer. Consigo dar a volta no planeta inteiro em menos de cinco minutos. Por isso espero estrelinhas viajantes aparecerem e visito o povo por aí. Resolvi dar uma passada por uns lados que não conhecia e acabei caindo nesse planeta aqui. Achei legal. É raro encontrar planetas com tanta diversidade.
—Um planeta tão pequeno que você consegue dar a volta nele em cinco minutos? - perguntei.
—Acho que já ouvi uma história parecida – lembrou Mabi.
—E o que você faz nos lugares que visita? - perguntou Eduardo.
—Apenas converso com quem encontro por lá. Na maioria das vezes são pessoas legais e em algumas querem me matar. Eles atiram coisas em mim, mas nada faz efeito – disse ele – Daí quando enjoo, simplesmente espero alguma estrelinha viajante e volto para casa. Elas circulam pelo universo todo.
—Você já ouviu falar disso, Estrela? - perguntei.
—Não tenho a menor ideia do que ele está falando – disse Estrela, ainda muito confusa com tudo aquilo – Isso não parece ter base científica alguma.
—Sério que vocês nunca viram nada assim? - disse ele – É só assobiar com os dois dedos que logo, logo aparece uma.
—Eu...não sei assobiar com os dedos – confessei.
—Sério? Achei que todo mundo conseguisse fazer isso – falou Mabi, assobiando com os dedos.
—Isso – disse ele – Agora é só olhar para o céu.
Olhamos e não apareceu nada.
—Não aconteceu nada – falei.
—É que vocês precisam esperar um pouco mais – explicou Antoine – Normalmente elas aparecem depois de uns dez minutos. Desde que você continue olhando para o céu.
—Mas quem vai ser bobo o bastante para ficar esperando dez minutos olhando para o céu depois de assobiar? - perguntei.
—É por isso que vocês nunca viram uma – disse ele. Tá. Aquele garoto já estava me irritando. Mas até que fazia sentido. Só morando num planeta pequeno e entediante para ficar olhando para um mesmo lugar depois de assobiar com os dedos.
—Ele não parece uma ameaça – disse Eduardo – Acho que não tem problema deixá-lo andar pela Terra um pouco, não acha?
—Mesmo assim, é melhor ficarmos de olho nele – disse Estrela, cruzando os braços.
—E aí? O que vocês fazem aqui nesse lugar....é...Terra, não é? - perguntou ele.
—No momento, estamos visitando uma plantação de batatas – respondeu Mabi.
—Batatas? - ele perguntou – O que é batata?
—É um vegetal – disse ela – É amarelo e você pode preparar muitas coisas gostosas com batata.
—Tipo batata-frita – expliquei.
—Legal! Adoro experimentar comida de outros lugares! - disse ele.
—Então você vai adorar batata-frita – falou Mabi – Só não pode comer muito ou não vai fazer bem para você.
—Relaxe. Posso comer qualquer coisa – disse ele – Já experimentei comer praticamente tudo que encontrei em outros planetas e nunca sofri nada.
—Consegue montar em estrelas...consegue comer qualquer coisa...ele é mais poderoso do que eu pensava – disse Estrela.
—Mas não parece ser mal – falei.
—Posso abraçar mais um pouco? - disse Antoine, abraçando Mabi novamente.
—Ah, que fofo. Claro – disse ela, correspondendo ao abraço.
—Quer dizer...só é meio abusado – reclamei.
—Bom, vai ser difícil andar por aí junto com ele – disse Estrela – Principalmente se..
—Ei, o que estão fazendo? - disse Kevin, chegando de repente – Meu radar detectou que tem alienígenas por aqui.
—Principalmente se certas pessoas se meterem nisso – completou Estrela.
—Oi – disse Antoine para Kevin.
Acho que esse dia vai ser mais longo do que eu pensava...
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