Alien Panic

Crise 39 - Temos uma pista!


Crise 39 - Temos uma pista!

No mesmo dia em que descobrimos um agente de uma organização chamada CICE, o Kevin, estava em nossa sala investigando a origem dos buracos de minhoca em nossa cidade e, de quebra, ainda revelou que havia uma alta probabilidade deles serem criados em nosso colégio, também reencontramos um alienígena desaparecido pelo mundo, o Morgan, um rato, digo, um mouseano, que estava fugindo das dívidas em sua terra natal. Estrela queria mandá-lo de volta para casa, mas parece que ele sabia alguma coisa que não sabíamos.

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— Pois é...vi muita coisa nesses dias - disse Morgan, ainda sendo segurado pela cauda por Estrela - Mas preciso contar todos os horrores que passei nesse planeta.

— Não precisa, apenas diga o que importa: o que tem de estranho nessa escola? - interrompeu Estrela, sem a mínima compaixão pelo sofrimento do mouseano.

— Deixa de ser insensível! Meus horrores começaram desde que te encontrei! - reclamou Morgan.

— O que a Estrela tem a ver com isso? - perguntou Mabi.

— Vou começar do início - disse Morgan - Eu estava desesperado em meu planeta, cheio de dívidas, andando distraído de um lado para o outro em meu apartamento com o aluguel atrasado, quando, sem querer, acabei entrando em um portal que me trouxe para esse planeta. Estava em um lugar amplo, cheio de coisas por todos os lados, mas com comida aparecendo a toda hora. Achei que tinha chegado no paraíso acidentalmente!

Apesar dos olhinhos brilhantes, ele estava falhando do quarto do Veterano Caio, que havia atingido uma dose de bagunça tão grande que uma emprese de lixo espacial acho que podia ampliar o espaço do lugar para usar de depósito. Como restos de comida eram jogados lá o tempo todo, para um rato, digo, um mouseano, parecia um ótimo negócio.

— Mas aí essa garota de olhos puxados apareceu e me ameaçou mandar de volta! Não tive escolha a não ser fugir - reclamou Morgan.

— E você perambulou pela Terra esse tempo todo? - perguntei.

— Exato - disse ele, meio que cruzando as patas dianteiras (se fosse um humano, diria...cruzando os braços) - Foi terrível...achei que não iria sobreviver.

— Afinal, o que aconteceu? - perguntou Kevin.

— É, conta - disse Mabi.

— Ué? Não está mais com medo? - perguntou Eduardo.

— No começo achei que fosse um rato da Terra, mas agora ouvindo ele falar, achei fofo - disse ela, sem mais nenhum preconceito. Essa garota é ou não é um doce? Seja como for, a jornada do mouseano continuava.

— Eu me escondi perto de uma casa próxima - prosseguiu Morgan - Fiquei lá por algumas horas e depois saí para ver se achava alguma coisa para comer. Nessa hora, uma mulher maluca apareceu no meu caminho e começou a gritar. Eu tentei falar alguma coisa, mas ela não me entendia..

— Por que não? - perguntou Mabi.

— Ele só consegue falar com a gente agora por causa do alcance da rede sem fio de um tradutor que tenho instalado na cabeça - disse Estrela - Esse aparelho consegue traduzir qualquer diálogo em qualquer língua por uma certa distância, mas fora desse raio é impossível manter uma comunicação.

— Que demais - Mabi ficava cada vez mais admirada com as coisas que via. Já Morgan apenas se mostrava mais nervoso só de lembrar do que passou.

— Acabou que não consegui conversar com ela e, do nada, a mulher pegou uma vassoura e correu atrás de mim furiosa - disse o mouseano - Eu não entendo...eu não fiz nada para ela, mas mesmo assim queria me matar.

— Ratos não são muito bem-vindos na casa de humanos - explicou Eduardo - Ela pensou que você fosse um rato.

— Quando você diz ratos...está falando dessas criaturas parecidas com mouseanos que vivem na Terra? - perguntou Morgan.

— Isso mesmo - respondeu Eduardo.

— Sim, eles também fizeram parte do meu pesadelo - prosseguia o pobre Morgan - Na minha fuga das vassouradas, acabei encontrando um monstro feroz, com bigodes, orelhas pontudas, garras afiadas e muito pelo...

— Será que é um gato? - ponderou Mabi.

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— Provavelmente - disse Eduardo.

— Não sei o que era, mas ele também começou a me perseguir sem razão. Corri o máximo que pude até entrar em um buraco no chão. O bicho desistiu de me perseguir e acabei ficando por ali. O cheiro era horrível, mas com o tempo consegui me acostumar.

— E depois? - agora eu realmente estava curioso para saber o que houve.

— Bem, depois de descansar mais um pouco, meu estômago estava totalmente vazio. Eu precisava comer alguma coisa, qualquer coisa. Foi aí que eu vi algo que parecia um mouseano.

— Foi aí que você descobriu os ratos do nosso planeta, não é? - questionou Eduardo.

— Imaginei que ele pudesse entender o que eu falava, mas parecia um ser irracional. Tentei gestos, mímica, mas nada deu certo. No fim, ele acabou saindo da minha frente e, como era minha única esperança, resolvi segui-lo. Quando ele parou, vi um monte de outros da mesma espécie dele, mas ninguém entendia o que eu falava.

— Deve ser difícil viver num lugar onde ninguém te entende, né? - comentou Mabi.

— Quando eu finalmente estava desistindo, um deles chegou perto de mim e me ofereceu um pedaço de melancia - disse Morgan - Parece que finalmente alguém percebeu minhas necessidades!

— Um pedaço de melancia mordido, imagino - falei - Isso é desagradável.

— Era comida, meu filho! A fome é o melhor tempero! - retrucou Morgan.

— Mas até que você não se deu tão mal assim - disse Mabi.

— De fato, com o tempo fui me acostumando com a convivência entre eles. Todos saíam para procurar comida em lugares com vários sacos de lixo e viviam em harmonia. Apesar de não conseguir me comunicar com ninguém, pelo menos aprendi a me virar com eles - explicou Morgan - O problema...o problema foi aquela criatura. Ai, aquela criatura foi um karma na minha vida!

— Que criatura? - perguntou Kevin.

— Após alguns dias, percebi que uma delas ficava atrás de mim o tempo todo. Bem...era fêmea, isso dava para saber, mas...mas não fazia o meu tipo de jeito nenhum. Poxa, não chegava às patas das mouseanas do meu planeta.

— Ah, entendi, ela queria namorar com você - disse Mabi, sorridente - Olha só, arrasando corações.

Bem ou mal um mouseano tinha uma anatomia de rato perfeita. Acho que não era impossível que uma rata tivesse interesse por ele.

— Mas parece que um dos outros ratos não gostou muito disso e mesmo eu argumentando que não tinha interesse nela, ele não me ouviu. Acabei sendo perseguido de novo, afinal...era o maior rato do lugar! - explicou Morgan.

— Então você arranjou briga com o líder do bando - ponderou Eduardo - É, isso é um problemão.

- Só essas coisas acontecem comigo. No fim, tive que fugir de novo.

— E o que aconteceu depois? - perguntou Eduardo.

— Bem ou mal, a temporada com os ratos foi um ótimo treinamento para aprender a me virar - disse Morgan - Adquiri agilidade, discrição e já podia entrar e sair de vários lugares sem ser visto. Minha inteligência de mouseano, somado à minha anatomia parecida com a dos ratos me ajudou a melhorar minhas habilidades. Sobrevivi por todos esses dias até chegar nesse colégio, onde a oferta de comida era bem razoável.

— Quer dizer que tinha mais lixo - comentei.

— Já falei, para quem está com fome qualquer lixo comestível é luxo. Meu paladar não é muito exigente - disse ele - E então, sorrateiro como um ninja, comecei a ver o que acontecia nessa escola.

— Ah, então agora sim vem uma informação importante - disse Estrela, que enquanto segurava a cauda de Morgan com uma mão, via alguma coisa no seu celular com a outra.

— Tu não prestou atenção em uma palavra do que eu disse, né?! - reclamou Morgan.

— Apenas diga, o que você viu de estranho? - insistia Estrela.

— Bem, eu não conheço muito da Terra, mas...acho que humanos não costumam tirar e colocar as próprias mãos com muita facilidade - disse Morgan, com um olhar misterioso. Agora todos nós ficamos de olhos arregalados e atentos.

— O que disse? - falou Kevin - Um humano, tirando e colocando as próprias mãos.

— Sim. Foi o que ele fez. Como se fosse encaixada por um pino - disse ele - A menos que a tecnologia da Terra já tenha avançado para ter seres robóticos nesse nível...

— Não, com certeza, não - disse Estrela, dando muita ênfase no fato da tecnologia da Terra não ter avançado tanto - Essa coisa deve ser alienígena.

— Mais precisamente, um tipo de robô alienígena - completou Kevin - Agora as coisas estão se encaixando.

— Entendo - disse Eduardo - Seus detectores só reagem com seres alienígenas orgânicos, pois precisam detectar as vibrações do DNA para se ativarem. Se o invasor for um robô, não teria como ele ser detectado.

— Como é que é? - perguntei.

— Quer dizer que nossos detectores não funcionam com robôs - explicou Estrela.

— Mas quem é essa pessoa? - perguntou Kevin.

— Não sei quem é - disse Morgan - Mas estava com um avental azul, sozinho em uma sala cheia de computadores.

— Avental azul...é o avental dos monitores de informática - falei - Você lembra mais ou menos do rosto dessa pessoa, Morgan?

— Sim. Era um cara branquelo, óculos, cabelos curtos e meio magricela - disse o mouseano.

— Parece o monitor da tarde, o Paulo - disse Mabi.

— Tarde, heim? - disse Kevin - Isso é ótimo. Significa que poderemos pegá-lo hoje mesmo.

Deixa eu ver se eu entendi...o nosso monitor de informática era algum tipo de robô disfarçado? E ele tinha alguma coisa a ver com os buracos de minhoca? Bem, teremos que ver isso de perto. Só espero que não aconteça nada de muito perigoso...ai, ai...