Alien Panic

Crise 27 - Sobrevivendo


Sim, um dos bots estava bem abaixo de mim e estava prestes a atirar. O que eu poderia fazer nessa ocasião? Fugir, é claro! Tratei de voltar pela tubulação onde estava a tempo de ver o inimigo começar a andar na minha direção, mas antes que ele se deslocasse mais alguns passos, ouço três tiros e vejo o bot cair no chão e sumir. Quem era? Olho com cuidado para baixo e vejo Estrela. Ainda bem que ela estava por perto. Ela se aproxima e olha para a tubulação.

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– É você, Vitor? - disse ela - Desça.

– E-Estrela! - gaguejei, impressionado - Você acabou com ele! Que demais!

Tentei empurrar a grade da tubulação e caí na cabine do banheiro. Ainda bem que a tampa do vaso estava fechada!

– Eu tô bem - falei rapidamente ao me levantar - Ah, graças a Deus. Você apareceu Estrela.

– Tive sorte dele ter visto você. Isso me deu a chance de atirar no ponto fraco do bot.

– Ponto fraco? Aquela coisa toda coberta com uma armadura tem mesmo um ponto fraco?

– Sim - disse Estrela, enquanto se dirigia para pegar a arma e a munição que o bot havia deixado - Aqui.

Ela falou isso apontando para a nuca.

– Na nuca?

– Sim - confirmou ela - É a única parte do corpo deles que está exposta. Eles são eliminados com três tiros de bolas vermelhas na nuca.

– Ah, sim. Bolas vermelhas são as mais fracas, pelo que eu me recordo das regras - falei, coçando a cabeça - Mas eu achei isso.

Mostrei para ela a bola verde que eu havia encontrado na tubulação. Ela não mostra muita emoção, mas parece ter ficado satisfeita.

– Ah, a bola verde. Pode eliminar com um único tiro. É melhor guardá-la. Podemos precisar disso aí em um momento mais crítico.

– Pelo menos um deles já foi - disse aliviado.

– Dois deles - disse ela - Como você acha que eu descobri esse ponto fraco? Assim que o jogo iniciou, vi que estava em um grande pátio cheio de colunas. Tratei de me esconder atrás de uma delas e observar os movimentos. Estava com minha arma em punho e, de longe, vi um dos bots. Ele estava de costas e percebi que a nunca estava desprotegida. Daí eu mirei o melhor que pude e percebi que, de fato, isso causava dano. Havia descoberto o ponto fraco deles.

– Isso é demais - comentei - Então estamos em vantagem!

– Eu não sei - disse Estrela - Nada garante que os outros estejam bem. Além disso, tive uma ligeira vantagem por ter um treinamento básico para esse tipo de situação.

É verdade. Estrela é uma ecologista intergaláctica. Deve ter um treinamento para situações de risco como essa. Talvez o cenário do jogo tenha se baseado justamente nisso.

– E agora? O que vamos fazer? - perguntei.

– Procurar o restante do pessoal - disse ela, enquanto passávamos por um corredor com cartazes estranhos. Um deles era de um cara loiro, musculoso e de óculos escuros segurando uma arma, enquanto em outro cartaz, uma figura amarela parecendo uma pizza com um pedaço cortado, andava por um labirinto escuro cheio de bolinhas brancas e fantasminhas. O cartaz dizia "labirintos podem ser perigosos". Mas Estrela estava prestando mais atenção nos barulhos ao redor.

– Não fale muito alto - disse ela, cochichando - Essa inteligência artificial só tende a aumentar com os próprios erros. Quanto mais ficamos na vantagem, mais eles vão jogar para valer.

– T-Tá - concordei. De repente, ouvimos um barulho. Estrela virou de repente atirando e quase recebemos um tiro também. Mas, por sorte, eram Eduardo e Mabi.

– Ah, vocês - disse Mabi, com um sorriso de felicidade em nos ver (e pode apostar que eu estava ainda mais feliz em vê-la) - Que susto! Achamos que era um dos inimigos.

– Escapamos por pouco de um deles - disse Eduardo - Assim que iniciei esse jogo, andei alguns corredores para frente e encontrei Mabi no chão assustada. Ficamos juntos desde então, mas um dos bots nos viu. Tentamos atirar, mas as bolas não fizeram efeito. Só nos restou fugir. Infelizmente, Mabi já foi acertada duas vezes enquanto escapava.

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– S-Sim - gaguejou ela - Eu não levo muito jeito para isso. Se for atingida mais uma vez, eu perco.

– Calma, gente - falei - A Estrela encontrou o ponto fraco dos bots.

– Mesmo? - indagou Mabi, com uma expressão esperançosa. Estrela consentiu com a cabeça e explicou mais uma vez que a nuca é a única parte exposta.

– Entendo - disse Eduardo, em modo pensativo - Então só poderemos acertá-los pelas costas.

– É a única forma - falou Estrela. Enquanto conversávamos, chegamos em um grande salão, com saídas para os corredores por dois lados - Mas precisamos tomar muito cuidado. Eles não vão facilitar para nós.

– Bem, mas pelo que você disse, dois deles já foram eliminados - disse Eduardo - Pelo menos estamos em vantagem.

– Mas creio que isso só vá deixar a inteligência artificial do SVT mais afiada - retrucou Estrela.

E assim que ela acabou de dizer isso, um bot entrou atirando por um dos lados. Estrela percebeu isso imediatamente e nos empurrou para o lado. Eduardo tentou fugir pelo outro lado, mas outro bot nos emboscou ali.

– Droga - reclamou Estrela - É como eu falei...eles estão bem mais espertos.

– Estamos cercados - disse Mabi.

– Eu sei! - exclamou Estrela - Precisamos distraí-lo de algum modo.

Distrair.Foi aí que vi algo e tive uma ideia que talvez desse certo. Bem, isso era um jogo, não? Acho que pelo menos nisso eu conseguiria fazer algo de útil. Resolvi sair correndo na frente dos bots.

– Vitor! - gritou Estrela - Isso é suicídio!

Nem tanto. É verdade que os bots me atingiram na perna umas duas vezes, mas consegui chegar do outro lado, onde um ícone com um kit de primeiros socorros estava disponível.

– Peguei - falei - E acho que vocês aí atrás sabem o que fazer.

Assim que os bots viraram, Estrela olhou para Eduardo e apenas com um olhar parece que os dois sabiam o que fazer. Cada um atirou sem piedade por trás dos bots. A mira de ambos era excelente e os dois inimigos caíram. Quatro deles já foram eliminados.

– Conseguimos - disse aliviado.

– No que estava pensando? - bronqueou Estrela - Um tiro a mais e você seria eliminado.

– Mas não fui - respondi - É verdade que fiquei com medo, mas...se eu os distraísse, eles virariam de costas e vocês poderiam atirar. Às vezes, sacrifícios são necessários para vencer nos jogos.

– Não sabia que você tinha um lado estrategista - comentou Estrela.

– Vitor gosta de videogames - comentou Eduardo.

– Bem, não tenho muitos amigos. Acabo gastando um bom tempo jogando - falei, meio encabulado.

– De qualquer forma, nós vencemos - disse Estrela - E agora, podemos pegar mais munição.

– Então só resta um bot para vencermos o desafio - disse Eduardo - Não é tão difícil quanto pensei.

– É agora que o desafio de verdade começa - falou Estrela - Um único bot encurralado. Ele lutará com todas as forças.

– Talvez ele esteja escondido - disse Vitor - Isso é comum em jogos de tiro. Um único jogador fica escondido em uma parte do cenário, apenas aguardando a chegada dos inimigos.

– É o que chamam de camper, não? - perguntou Eduardo.

– Exato - confirmei.

– Talvez - disse Estrela - Mas talvez ele seja do tipo agressivo.

– Será? - perguntei.

Mas minha pergunta seria respondida logo. Assim que terminei de dizer isso, o último bot entrou na sala, atirando para todos os lados. Estrela conseguiu me empurrar a tempo e acabou levando um tiro. Mas...

– Ah, não - infelizmente, Mabi foi atingida. Sim, o último bot era do tipo agressivo. Como Estrela havia dito, agora que o desafio começava de verdade!