Capítulo 15 - A tão esperada Festa dos Deuses

Meu lindo problema era que, eu não tinha nenhuma roupa para usar, e todo o que a Yasmin me emprestava, ficava largo de mais em mim. A roupa para a apresentação já estava pronta, mas era óbvio que eu não iria ficar a festa inteira com ela, além de pinicar, era dourada de mais, brilhante de mais e chamativa de mais. Era uma blusa dourada reluzente com uma calça do mesmo tecido e um salto altíssimo, também dourado.

E enquanto eu quase tinha um chilique porque queria poder ir logo para a festa para encontrar com os outros, Cristal e Yasmin brigavam. Já era oito da noite e a festa começava às oito e meia! As duas estavam discutindo por que a Yasmin queria que a Cristal colocasse um vestido dela e não a camisola que ela queria colocar. Yasmin estava quase pronta, tinha só que se maquiar, então ela não estava tão desesperada quanto eu.

_Eu não vou com isso, eu já disse!

_ Eu não vou deixar minha melhor amiga ir parecendo uma mendiga na festa! Você vai colocar sim!

_ Não, eu não vou!!!

Então dei um berro, o que fez as duas meninas pararem de brigar e cobrir os ouvidos, não derreti o cérebro delas, pois eram necessário no mínimo dois filhos de Atena, mas as deixei com uma boa dor de cabeça.

_ Obrigada pelo, finalmente, silencio._ Falei._ Ótimo, Yasmin preciso de um vestido, vou embora e deixo as duas discutirem em paz, não quero nada de mais, OK?

_ Tá bom._ Falou Yasmin irritada.

Ela pegou a “bolsinha” dela e ia tirando vestido e mais vestido dela. E a cada um, ela o rejeitava, o atirando na cama.

_Perfeito._ Falou ela finalmente, a cama já era um montanha de vestidos.

E Yasmin atirou um vestido preto para cima de mim, era curto e parecia ter sido banhado em sangue, já que na barra e nas mangas era completamente vermelho, como se alguém tivesse colocado as mãos cheias de sangue no vestido.

Não curti muito o vestido e fiquei secretamente feliz ao ver que não tinha servido em mim.

_ Desculpe, Yasmin, mas ficou grande.

_Ah, que coisa, to começando a achar que sou gorda, nada te serve.

Yasmin estava furiosa, e eu ri. A morena parou por um momento e pensou. Depois estalou os dedos e disse:

_Já sei! Pega lá uma pedra qualquer para mim.

_Mas…?_Falei.
_Você quer ou não o vestido?

_ Quero, é claro!

_ Então pega a pedra!_ ordenou Yasmin.

OK, odeio ser mandada, gosto mesmo é de mandar, mas percebi que Yasmin estava quase explodindo o chalé de novo.

Então, a contragosto, fui para fora do chalé de Yasmin e peguei uma pedra, voltando em seguida.

_ Toma aqui.

Ela pegou a pedra e sorriu.

_Ótimo, é carbureto!

Carbureto é uma pedra que quando entra em contato com a água libera acetileno, conforme a equação:

CaC2 + 2 H2O C2H2 + Ca(OH)2

O acetileno obtido entra em combustão produzindo uma chama com temperatura acima de 3.300ºC, liberando uma quantidade de energia de 11.800 J/g. Essa energia da chama é utilizada para soldar ou cortar metais.

Se você não é filho de Atena ou Hefesto ou não entendeu o que eu falei (o que o torna burro) deve achar que eu estou falando em outra língua, e é verdade, estou falando em inteligentês. Então deixa eu tentar traduzir para você com poucas palavras:

É uma pedra que quando entra em contato com a água pega fogo.

Ainda não deu para entender? Vou tentar só mais uma vez:

É uma pedrinha malandra, sô, que quando caí na água pega fogo igual a mula sem cabeça.

Entendeu?

Se não, problema é seu, não vou explicar de novo.

_E daí que é carbureto?_Perguntei para a Yasmin.

_ É mais fácil de manipular, vamos ver. Fala uma cor.

_Dourado._ Era a cor favorita do Art.

_Hum, mas a roupa da apresentação já é dourada, pode ser amarelo?

_ Vou parecer um raio de sol.

_ Vai parecer uma filha de Apolo._ Riu Yasmin.

_ E não é assim que se conquista um filho do mesmo?

_Bom, nesse caso…

Ela pegou o carbureto e começou a recitar um encantamento, a pedra começou a flutuar no ar e ficou brilhante, então Yasmin começou a moldá-lo, quando terminou, eu vi o vestido mais lindo que eu já vira.

Era um vestido amarelo com brilhinho como raios de sol, que iam da base até a cintura. O vestido parecia ter sido cortado por uma criancinha de uns 5 anos, era completamente irregular, ora era mais comprido ora mais curto, o que fazia com que um dos lados fosse mais longo que o outro.

_ Ah, Yasmin, é lindo!!_ Eu dei um gritinho._ Eu amei!

Ela sorriu. Peguei o vestido e o coloquei, diante do espelho, me senti uma princesa, meus ombros estavam nus e o vestido batia no joelho na parte mais curta, então Yasmin prendeu metade do meu cabelo no alto e metade ficou solta. Ela também fez minha maquiagem com a ajuda da Cristal e pronto, eu seria a mais linda do baile.

_Ai, que pena que eu seja a primeira, vai estragar tudo tão rápido…

_ Relaxe, uma vez feito, conheço uma magia que pode te fazer ter a mesma aparência depois.

_ Ah, obrigada. Vocês são as melhores!!_ Dei um abraço nas duas e sai feliz do chalé, na porta, virei para trás e disse:

_Agora podem voltar a brigar.

E fechei a porta, nem bem fiz isso e ouvi os berros lá dentro:

_Já disse que não!

_Você não quer ficar bonita igual a Alice?

Dei uma risadinha discreta, mas duas eram realmente as melhores do mundo.

O meu salto prata afundava na grama fofa, mas apesar de às vezes quase cair de cara no chão, caminhei até o novo teatro que havia sido construído há 2 anos para comemorar a vitória dos meio-sangues. No caminho, passei na frente do chalé de Afrodite.

_Me passa esse batom.

_Não, eu já usei ele, usa outro._ disse outra garota.

_Mas eu também já usei, você vai ter que tirar!_ falou uma terceira.

E as três começaram a brigar, gritar.

Sei que eu não devia ter parado, eu já tinha passado pela porta do chalé, mas me obriguei a dar dois passos para trás para falar:

_Ei! Sabiam que batom é feito de cérebro de vaca?

Então, todas as meninas, começaram a passar a mão na boca, tirando o batom. Ri da cena e foi até o teatro.

Lá estava lindíssimo, tudo decorado com o tema “Festa de Arrasar” parecia uma das festas do colégio, mas tinha um palco em um dos cantos. Os deuses ainda não haviam chegado, o que era ótimo e ruim. No intimo, estava louca para conhecer minha mãe, mas estava nervosa de mais.

Fui até a mesa de bebidas e peguei um ponche, estava ansiosa de mais. Não tinha idéia de como eu reagiria, estava simplesmente enlouquecendo.

Senti quando alguém caminhou às minhas costas, na minha direção. Virei-me devagar e vi Diana e Sunny sorrindo para mim.

Sunny estava… Amarela! Quer dizer, a pele dela não estava amarela, mas tudo o que ela vestia e os cabelos eram amarelos. Ela estava parecendo um sol, já que o vestido era infestado por brilhos e no rosto, mais amarelo e brilho. Estava usando uma sombra amarela chamativa e um brilhinho discreto no rosto todo. Tirando a sombra, ela estava linda.

Diana estava usando um vestido curto azul petróleo reluzente, uma bolsa prata estava atravessada em seu pescoço. Sei que as filhas de Afrodite tinham um nome melhor para essa bolsa, e quem sabe depois eu pergunte para elas, mas eu não sei. A maquiagem da morena era bem mais fraca e bem menos chamativa.

_Oi, meninas! Vocês estão lindas!_ cumprimentei as duas meninas.

_Obrigada._ Disse Diana._ Você também está.

_Ah, meu Apolo!_ Era Sunny._ Onde você conseguiu esse vestido?

_ É segredo!_Falei com cara de sapeca.

_ Esse seu cabelo…_Diana pegou uma mecha do meu cabelo. Yasmin o achava horrível, falava que era muito oleoso, então ela tinha me dado um xampu que eu havia usado e ele tinha ficado lindíssimo.

_ É natural, não fiz escova nem nada

_Uau!_ exclamaram as duas ao mesmo tempo.

_ Parem, parem meninas que já estávamos chamando atenção!

As duas pararam e ficaram a minha frente, uma do lado da outra.

_E como foi a aventura na Ilha de Polifemo?_perguntou Diana.

_ Você e Apolo se beijaram?_ Disse Sunny.

Ri da loirinha e menti, dizendo que não, as duas ficam desapontadas.

_Que peninha…_ Disse a Sunny.

_Vamos parar de falar de mim e falemos sobre vocês. Vocês gostam de alguém?

_ Eu não, acha._ A loira logo disse, mas Diana corou intensamente, desviou o olhar e concordou com a amiga.

Eu sabia que ela estava mentindo.

_ De quem você gosta?_Perguntei logo para Diana.

_ Ah, ela gost…_ Sunny tentou falar, mas a mão de dedos curtos e gordinhos de Diana cobriu a boca dela antes que ela pudesse dizer qualquer coisa.

_ De ninguém, já disse._ A filha de Zeus sorriu amarelo para mim.

_Me engana mais._ Falei com um sorriso divertido, as mãos na cintura e um dos olhos fechados.

_ Tá bom_ Diana se rendeu._ Sabe o filho fofo de Anfitrite, Danf Trite? _Neguei, mas pedi para ela continuar._ Eu gosto muito dele. Ele é muito lindo e… sei lá! Sei que gosto dele de verdade.

_Humm, que fofo! Filho da madrasta do Percy, certo? Anfitrite é a deusa do mar esposa de Poseidon, não é verdade?

As duas assentiram.

_ Olha, ele está ali._ Sunny apontou para um menino de cabelos castanhos e olhos verdes intensos.

_ Humm._ falei.

O garoto não era lá essas coisas. Era baixo e magrinho. Mas se a Diana gostava dele…

_ Ele é tão fofo!

Danf estava conversando com uma menina do mesmo tamanho que ele, com cabelos mais escuros e olhos mais claros.

_ Quem tá com ele?_Cochichei para Sunny.

_É a irmã mais nova dele._ Sussurrou de volta Sunny.

Então eu vi quem eu estava procurando. O Art. Ele estava usando um terno, o cabelo era desalinhado, como se nunca tivesse visto uma escova de cabelos na vida. E a gravata dele… Aquilo era uma gravata? Estava envolta do pescoço dele, então devia ser. Mas não parecia, parecia uma mistura amarela de nós maluca.

_ Licença, meninas.

Senti os olhos das duas nas minhas costas, quando viram para que lado eu iria, ouvi as duas falarem:

_Uhhhhh._ E depois caírem na gargalhada.

Ignorei as duas e continuei andando em passos firmes até ele.

_Oi, Art. Tudo bem?

_ Tudo bem sim. Mas você me deu um belo susto, em? _ Ele sorri._ Você costuma se meter em lugares mortais, assim, com freqüência?

Ri.

_ Só quando você está por perto para me salvar.

_ Então, da próxima vez em que for quase morrer, me avisa para que eu esteja preparado._ Ele tinha um leve sorriso no rosto

_Há há, muito engraçado, como se eu soubesse quando uma coisa destas vai me acontecer, se soube, pode acreditar, eu não estaria.

_ Você sabia que encontraria Polifemo._ O sorriso saiu de seu rosto.

_Mas também sabia que ia encontrar você.

_ Obrigado._ Ele deu um leve sorriso.

_ Amigo é para essas coisas.

Ele levou um susto e depois disse com um sorriso maroto.

_ Nós somos amigos? _ Se aproximou bem da minha orelha e disse:_ Mesmo depois do que aconteceu na enfermaria?

Oou! O clima estava ficando pesado, era algo intimo de mais para ser discutido em uma festa.

_O que é isso no seu pescoço? Uma gravata ou um monstro?

Ele riu.

_ Tá tão feio assim?

Assenti.

_ Deixa que eu arrumo. Moro com um irmão mais novo e meu pai, sei dar nós em gravatas.

_Tá bom.

Comecei a desfazer o “monstro” e enquanto isso nós íamos conversando. “Como está sua família?” um perguntava “Bem, obrigado” o outro respondia e fomos correndo de um assunto ao outro enquanto em ajeitava a gravata dele.

Mas estava tão perdida nos olhos dele, que não conseguia ajeitar a gravata. Vira aqui. Dobra. Não, dobra e depois vira. Isso está errado! Ok, não olhe para cima e arruma isso logo.

Quando finalmente consegui dar o nó, houve uma explosão no meio da sala. Fumaça branca para todo lado. Eram os deuses.