Ai Chikara

Capítulo - XVII - Errado!


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Capitulo XVII: Errado!

Tudo deveria estar mais que normal depois daquela “aventura”. Estavam de volta à mansão, de volta à “realidade”, pois quando se afastaram de lá, o tempo parecia ter parado, a vida parecia ter se transformado em outra coisa. Foi como se tivessem esquecido quem eram, como se tivessem perdido a noção da realidade.

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Mas então, por que Sakura se sentia da mesma maneira?

Kuso! Errado! Errado!

Em alguns minutos, sua mãe cruzaria aquela porta à sua frente. Deveria estar no seu “normal” de frente ela. Deveria estar ansiosa para vê-la.

No entanto sua cabeça estava em outra galáxia.

Lembrava-se do que havia acontecido dois dias antes. Daquele descontrole emocional, daquele desespero só de pensar em entrar tão perto de Sasuke. E principalmente daquele momento...

Quando Sasuke reagira estranhamente, assim que ele se deitou ao lado dela. No momento Sakura não raciocinava, ela não pensava no motivo. Jamais imaginaria que Sasuke poderia se descontrolar daquela maneira, tocando-a de um jeito que nunca foi tocada na sua vida por garoto nenhum; provocando aquele calor intenso por todo o seu corpo, aquelas sensações demasiadamente prazerosas.

Será que ele... Será que Sasuke sente alguma coisa por mim...?

Sua cabeça estava uma bagunça naquele dia e temia não conseguir fazê-la voltar ao normal, antes de reencontrar a mãe.

Por isso estava à quase um metro de distância do Uchiha, se afastando dele desde que voltaram da “mini cidade”. Tentava esquecer aquela noite, do mesmo jeito que tentava esquecer aquele beijo.

Porém parecia impossível. De fato era impossível, afinal estava perdidamente apaixonada por ele. Toda vez que perdia para esse sentimento e olhava para os ônix, ora se encontravam, ora os fitava sem resposta, as lembranças atacavam-na como uma torrente de água fria.

Lembrava-se de como dormira abraçada, aconchegada, confortavelmente entregue aos seus braços, como se não se importasse com sua companhia. De fato não se importava naquela noite, naquele momento. Só quando avistou a luz do sol invadir o quarto naquela manhã, sua consciência voltou ao normal. As palavras “seu meio-irmão” martelaram sem piedade na sua mente corrompida pela paixão intensa por Sasuke. Quando abriu os olhos, percebeu que o que fazia era errado, o que sentia era errado. Ela o queria mais que qualquer coisa, sabia disso. Queria ser beijada novamente como naquela noite fria, mas...

Errado!

Errado!!

ERRADO!!!

Sasuke estava sentado no outro sofá, de frente para ela. Os olhos no celular em suas mãos, uma hora ou outra, olhavam para a garota nervosa.

–O que você tem? - perguntou ele sem fitá-la. Sakura secou as mãos suadas na calça jeans, depois olhou para ele.

–Nada... - sorriu levemente. - Estou um pouco ansiosa, eu acho... - ruborizou-se pela mentira. Sabia exatamente que não era isso. Sua mãe estaria do mesmo jeito da última vez que a viu. Não estava nervosa por isso. Estava nervosa por não conseguir tirá-lo da cabeça. Pela dúvida que ardia em sua mente. Por que Sasuke a beijou naquela noite no alto do mirante? Por que a tocou daquela maneira?

Como queria perguntar à ele! Como queria esclarecer tudo de uma vez!

Mas sentia-se covarde demais para isso...

Sasuke notara o afastamento da Haruno. Tudo começou naquela manhã, em que acordou, respirou profundamente, sentindo aquele perfume inebriante mais uma vez. Enxergou a claridade do quarto sob as pálpebras, mas não se atreveu a abrir os olhos naquele momento. Ainda não era a hora para abri-los. Gostaria de sentir mais um pouco daquele conforto, só mais alguns segundos daquela tranqüilidade que sente ao lado de Sakura.

No entanto a cama parecia mais espaçosa. Abriu os olhos bruscamente quando percebeu que Sakura não estava ao seu lado. Seus orbes arderam pela claridade intensa dos raios de sol dentro do quarto, mas ele continuou a procurá-la. Sentou-se na cama, então percebeu que estava sozinho.

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Ele não a culpava por isso. A culpa foi, com toda certeza, unicamente dele. Sentia que Sakura fazia o certo, mas não desejava ficar totalmente longe dela. Não queria que tudo mudasse, que tudo voltasse a ser o que era no começo, inclusive por sua culpa.

Na verdade gostaria de saber o que ela sentia a respeito de tudo. Talvez se desculpar mais uma vez, traria a rosada antiga de volta, talvez não...

Talvez falar com ela sobre isso só pioraria tudo...

Merda!

A pior coisa que odiava sentir, desde que começou a ter consciência de que Sakura se magoava por culpa dele, era essa maldita dor de culpa!

A fitou do outro lado da sala, os ombros tensos, o corpo meio encolhido sobre o sofá, os olhos nas portas da mansão.

Por que ela não dizia uma palavra? Alguma teoria científica para o atraso de seus pais; algum mico do seu passado; alguma coisa sobre a escola; qualquer coisa!! Por que Sakura estava tão diferente? Depois do beijo ela não ficara assim...

Queria vê-la como antes. Queria saber onde a cabeça dela estava. Queria ter acordado com ela ao seu lado naquela manhã, para ter certeza de que essa mudança não foi por seu descontrole!

Nunca fez questão de acordar ao lado de uma mulher, o que geralmente fazia. Ele sempre ia embora no meio da noite ou as expulsava da sua cama. Mas dessa vez era uma situação totalmente diferente. Ele havia de fato dormido com Sakura, mas de uma maneira diferente. Nada, nenhuma noite sequer poderia se comparar àquela. Gostaria de ter abertos os olhos e encontrar o semblante pleno, a pele alva e delicada, os cabelos róseos ao seu lado.

Será que isso mudaria alguma coisa? Idiota...

Um motor rugiu do lado de fora da mansão. Um carro acabara de entrar e parar de frente a porta. Sakura se levantou, ficando de pé ao lado do sofá e Sasuke não moveu um músculo.

Ela respirou fundo. Tentaria ser a mesma Sakura de sempre, pois sua mãe era tão analítica quanto ela. Qualquer expressão suspeita, ela sabia que alguma coisa se passava com a filha.

Alguns minutos e a porta se abriu. Shizune, que fora até o aeroporto buscá-los, foi a primeira a entrar, carregando algumas malas com o motorista ao seu lado.

Então, bem atrás da morena, Sakura avistou uma cabeleira rosada, modelada num belo penteado. Haruno Yori, agora Uchiha Yori passara pela soleira da porta mostrando uma fileira brilhante de dentes branquíssimos.

–Sakura!! - a mulher abriu os braços para a filha que correu na direção dela.

Sakura sorriu, envolvendo os braços na mãe em um abraço apertado.

–Por Kami! É mesmo você?! - Yori segurou nos ombros da filha, fitando-a de cima à baixo. - Sakura você está tão... tão...

–Diferente? - ela arqueou uma sobrancelha.

–Linda, querida! Mais linda do que sempre foi... - a abraçou mais uma vez. - Que saudade...

Uchiha Fugaku estava parado na soleira da porta fitando as duas novas integrantes da família. Sasuke havia se levantado do sofá, mas estava parado ao lado do mesmo, afastado deles, olhando sorrateiramente para a Haruno.

–Quero que me conte tudo o que aconteceu! - disse Yori novamente fitando a filha inacreditavelmente linda.

–Isso terá que esperar... - Fugaku se aproximou sorrindo discretamente e beijando a esposa no rosto. - Temos reservas no Konoha Palace. Vamos comemorar o retorno seguro à Konoha.

Sakura fitou o pai de Sasuke por um momento. Como eram parecidos, reparou. Os olhos, a voz sedutora e autoritária, a expressão dura, que amolece em poucas ocasiões... Só agora notara aquilo, pois só o conhecera na noite do casamento e não estava analisando nada naquele dia.

–Como vai, Fugaku-sama? - ela sorriu levemente o cumprimentando.

–Eu que deveria fazer essa pergunta, minha querida. - ele se aproximou da rosada e a beijou no rosto, depois olhou para o outro lado da sala principal. Avistou o filho de pé, as mãos nos bolsos, o rosto inexpressível como sempre. - Sasuke! Venha aqui, filho!

Ele deu alguns passos até eles meio sem vontade, mas quem prosseguiu foi a sra. Uchiha. Ela caminhou até a metade do caminho e sorriu para Sasuke.

–Arigato por cuidar de Sakura... - Yori segurou no rosto dele, depois o beijou levemente na testa. Sasuke fitou dentro daqueles olhos verdes, tão verdes como os de Sakura, mas com um brilho diferente. Elas eram pessoas totalmente diferentes, embora fossem mãe e filha. Sasuke podia enxergar isso, podia reconhecer que ambas possuíam personalidades diferentes. Yori parecia ter um espírito mais jovem, um espírito de liberdade, como se uma fera indomável não estava mais presa dentro dela, enquanto Sakura era totalmente o oposto. Como se essa fera ainda estivesse dentro dela, apenas esperando alguém soltá-la...

Sasuke sorriu da sua interpretação quando a madrasta se afastou com a filha, murmurando que iriam trocar de roupa. Não sabia de onde havia tirado essa coisa de olhares, mas foi exatamente o que lhe pareceu quando lembrava o quanto Sakura escondia seus sentimentos para deixar outras pessoas felizes.

–Sasuke! - a voz autoritária de seu pai interrompeu seus pensamentos. - Muito bem, filho. A casa está inteira, Sakura está ótima, não recebi nenhuma reclamação de Shizune... Meus parabéns! Você provou que é responsável. - Sasuke bufou de insatisfação. Seu pai nunca o considerou responsável, mesmo que fizesse de tudo para provar o contrário. Mas vendo-o falar assim, é o mesmo que dizer que Sasuke explodiria a mansão! - Quer um carro? Vamos! Pode escolher o que quiser. Que tal um importado das concessionárias Uzumaki?

–Pai, eu já tenho três carros... - fingiu que não queria. Afinal, ter carros possantes era uma coisa que Sasuke não abria mão, mas aceitar um de seu pai, assim tão educadamente era suspeito. Mais tarde ele poderia querer alguma coisa dele e jogar na cara que lhe dera um carro.

–Mas isso nunca o impediu de pegar um dos meus, não é? - Fugaku estendeu o cheque em branco para o filho que não viu outra alternativa senão aceitar. Nem sempre seu pai era tão camarada, então aproveitaria, mesmo desconfiado.

***

Mais uma frescura de bilionários desperdiçadores, concluiu Sakura, ao entrarem no hotel mais chique de Konoha. O restaurante cinco estrelas estava entupido de pessoas engomadinhas, patricinhas, velhos podres de ricos, mulheres que muitos chamariam de “peruas”, senhoras bem vestidas, tudo chique demais. Quando Sakura fitou a mãe sabendo que elas duas não eram acostumadas com esse tipo de lugar, notou que Yori estava muito à vontade. Então lembrou-se que ela ficou noiva do Sr. Uchiha por muito tempo, já deve estar acostumada. A única estranha ali era ela.

Sentaram-se à mesa com vista para o imenso jardim do hotel. A noite estava um pouco fria, então Fugaku ordenou que fechassem a enorme vidraça ao lado deles. Uma suave música tocava ao fundo, onde Sakura reparou uma pequena orquestra. Alguns casais dançavam no centro ao lado dos músicos.

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Por um momento, Sakura esqueceu-se de suas preocupações e dúvidas quanto ao Sasuke. Estava um pouco apreensiva com aquele lugar, talvez fosse isso, talvez fosse a presença dos seus pais. O importante é que esquecera naquele momento, indiferente do motivo.

Os garçons, todos bem vestidos, usavam luvas branquíssimas, um smoking chique, uma postura como se servissem ao rei da Inglaterra. Três deles estavam à mesa, esperando o pedido dos Uchiha.

Sakura procurava uma comida conhecida dentro do enorme cardápio, mas não encontrava nada, mal conseguia entender o que estava escrito. Então teve uma idéia: pediria aquele que tivesse o nome mais bonito.

Passou os olhos pelas palavras, aparentemente francesas rapidamente, pois só faltava ela escolher, então encontrou:

Escargot*... - disse ela sorridente para o garçom.

Oui**. - sorriu o garçom. - Excelente escolha, manquer***...

Sasuke olhou de canto para a Haruno, que parecia perdida naquele lugar. Depois sussurrou, aproximando-se dela:

–Tem certeza que você quer isso? - o coração da garota a traíra. Acelerou violentamente com a voz dele. Ela o fitou com os orbes arregalados, depois olhou rapidamente para a sua mãe. Ela conversava distraidamente com o marido.

–Por que, Sasuke-kun?

–Por que o que? - ele arqueou uma sobrancelha.

–Por que você só disse isso depois que o garçom foi embora? - Sasuke não deixou de colocar no rosto o seu belo sorriso torto. Sakura estava de volta! Sentia falta daquela inocência que o fazia rir, mesmo que não fosse uma piada. O que acontecia naquele momento, pois ela falava sério. - É muito ruim? - sussurrou ignorando a expressão bem humorada do moreno.

–Você vai ver... - ele se afastou novamente, desviando os olhos para outro lugar, tentando disfarçar o sorriso discreto.

–Então... - disse a Sra. Uchiha, parando a conversa com o marido e olhando para os “filhos”. - O que fizeram durante esses dois meses?

Sakura engoliu em seco. Por que só apareceram as devidas “coisas erradas” na sua cabeça?

–Tantas coisas, mãe... - respondeu sem graça.

–Pode dizer... Temos muito tempo. - Yori olhava de Sakura para Sasuke. Sakura com uma cara um pouco assustada, tentando dizer alguma coisa. Sasuke sério olhando para longe, como se alguma coisa muito mais sem importância chamasse sua atenção.

–Bom, no meu segundo dia em Konoha, visitamos um museu... - sibilou meio receosa por dizer: visitamos. Sasuke estava longe, muito longe naquele dia. Aff! Por que não sei mentir como uma pessoa normal?

–É verdade... - lembrou-se sua mãe. - Lembro que Shizune nos ligou nesse dia dizendo que vocês foram em outro lugar depois do museu, porque quando chegaram, ela já estava dormindo.

Sakura engoliu em seco novamente. Um nó enorme na garganta que não queria descer.

–Fomos em outro lugar? - repetiu ela com uma voz um pouco fraca. - Fomos? - ela olhava para cima como se quisesse lembrar. Lembrava-se de Sasuke tê-la esquecido altas horas da noite enquanto ele fazia não sei o que com os amigos. Mas agora isso estava no passado. Ela não queria que sua mãe, principalmente o Sr. Uchiha soubessem dessa história. - Mãe, foi a tanto tempo... Ah! Nós fomos na fazenda! O lugar mais lindo que eu já vi! - ela tratou-se logo de mudar de assunto antes que entregasse a bandeira.

–Verdade. - disse o Sr. Uchiha. - Fazia anos que Sasuke não aparecia por lá... A propósito, sinto muito pelo Relâmpago, filho...

–Ele não foi sacrificado. - disse Sasuke olhando para o pai.

–Como? Não foi sacrificado?

–Sakura descobriu que ele tinha um graveto atravessado na perna, - respondeu Sasuke - Não era doença.

–Por Kami! Aqueles inúteis não viram isso? - perguntou Fugaku indignado. - Você os demitiu, certo?

–Não. - respondeu seco o Uchiha mais novo.

–O que? - Fugaku alterou a voz.

–Eu pedi para o Sasuke dar mais uma chance à eles. - Sakura interveio meia receosa, mas pareceu o suficiente para o Sr. Uchiha se acalmar.

–Você parece sua mãe... - disse ele agora sorrindo e fitando a esposa. - Em Paris ela me impediu de reclamar ao gerente sobre um carregador de malas que pisou em seu pé... Sakura parou de sorrir. Reclamar com o gerente só pelo pobre coitado descuidado ter pisado no pé de sua mãe? Que absurdo! Esses ricos tem cada uma...

–E para onde mais vocês foram? - perguntou Yori depois de um tempo. Sakura procurou dentro da cabeça novamente, qualquer coisa que não fosse preciso mentir.

–Fomos ao shopping, ao parque de diversões...

–Ao parque? - Yori interrompeu. - Você odeia parques, Sakura. Sasuke fitou a Haruno de canto. - Sempre dizia que tudo era alto demais... Sasuke não fazia idéia de que ela não gostava. Então por que diabos inventou essa história de parque? Daquele acordo maluco, de que se ele a levasse no parque, ela iria com ele ao bar sem reclamar.

Sasuke suspirou. Lembrou que não era para estar com ela no parque: Sasuke iria buscá-la no fim da tarde, mas ele mudou de idéia temendo esquecê-la novamente.

Então Sakura só queria ficar sozinha. Ela nem pretendia se divertir, afinal ele a encontrou com um livro nas mãos...

–Ah, sim... mas eu... Eu acho que superei esse medo, mãe... - sibilou a Haruno, percebendo que Sasuke agora não olhava para o nada como antes. Talvez soubesse que ela mentiu naquele dia. - Fui até na montanha russa! - sorriu um pouco incerta.

–É mesmo? - sua mãe parecia assustada agora. - Você não passou mal?

–N-não! - ela tentou não hesitar, mas não esperava gaguejar ao responder. Sua mãe estava pronta para dizer mais alguma coisa, talvez se ela mudasse de assunto ficaria tudo bem. Droga! O que eu falo? O que eu falo?– Fomos ao Kusanagi e a Kunai Burges e...

–Kusanagi? - Fugaku quase cuspiu o vinho caríssimo que bebia. - Aquele bar? Sasuke você a levou num bar?

Não! Sakura tentou mudar o assunto do seu medo de altura, mas só piorou a situação.

–Eu não acredito! - Fugaku endureceu ainda mais a expressão para o filho. - Sakura é de menor, seu irresponsável!

–Não aconteceu nada demais! - mentiu Sakura sem pensar. - Esse bar é bastante tranqüilo. Eu encontrei um lugar aconchegante para ler, enquanto Sasuke se divertia com os amigos...

–Ficou jogada num canto enquanto ele enchia a cara?! - Sakura arregalou os olhos e balançou a cabeça negativamente. Não sabia mais o que dizer.

–Não, querido... Yori veio ao seu socorro. - Sakura gosta de ler escondida em algum canto, não foi culpa de Sasuke...

A veia que pulsava na testa do Sr. Uchiha pareceu se aquietar aos poucos. Yori se culpou por começar com aquela conversa do que eles fizeram durante só dois meses, então não tocou mais no assunto.

Por sorte a comida havia chegado. Os garçons serviram cada prato, super eficientes, silenciosos e sorridentes. Quando colocaram o prato de frente para Sakura, ela arregalou os olhos.

–Por Kami! O que é isso? - falou baixinho, mas Sasuke e o garçom a escutaram.

–Não foi o que pediu, senhorita? - o garçom falou alto o suficiente para sua mãe e o Sr. Uchiha olharem para ela.

–Ah... bom, eu pedi... Um tal de Escargot, e... - ela olhou para o garçom tentando disfarçar o rubor e o nervosismo.

–Sim... - respondeu o garçom sem o sotaque francês como o outro que anotara o pedido. - Escargots são caracóis em francês, senhorita... - explicou ele educadamente.

–Jura? - ela sorriu sem graça.- Pensei que fosse espaguete... - Ela riu olhando de canto para Sasuke ao seu lado. - Sabe... os nomes são parecidos... Por Kami! Que vergonha! Eu quero um buraco pra enfiar minha cara!

–Quer que eu traga outra coisa?

–Não! Tudo bem... - ela deu uma palmadinha no ombro do garçom. - Continue com o ótimo trabalho...

–Sempre ao seu dispor... - ele fez uma reverência, depois se retirou.

–Ainda bem que estou com fome... - murmurou ela com o rosto vermelho. Não ousava olhar para o resto da mesa, sabia que olhavam para ela.

–Sakura... - então ela olhou na direção da voz de sua mãe. Ela estava rindo?

–O que foi? olhou para o Sasuke também. Seu rosto com aquele bom humor de minutos atrás quando perguntou se ela realmente iria comer aquilo.

–Por que não me pediu uma sugestão do que queria comer, filha?

–Eu só não queria incomodar e...

Fugaku gargalhou com vontade junto de Yori. Sasuke estava sorrindo de canto e Sakura mais ruborizada, se isso ainda era possível.

–Não fique com vergonha, minha querida... - disse Fugaku depois que conteve o riso. - Gomene... Como eu adoro a companhia de vocês. Sempre me fazem rir...

Que ótimo virei humorista...

–Vamos dançar antes de comer, querida? - perguntou Fugaku para a esposa.

–Claro... - eles se levantaram e seguiram para o meio do restaurante.

–Que vergonha... - murmurou a rosada olhando para o prato cheio de caracóis de lesmas.

–Hn... Eu avisei... - Sakura o fitou.

–Tarde demais, não acha?

–Era só cancelar o pedido, Sakura... - ele dizia como se fosse fácil, mas sabia que Sakura não era como ele. Ela não pertencia àquela mordomia, ela não era uma pessoa que deixava os efeitos do dinheiro chegar à cabeça, querendo passar por cima de todos. Sakura era a mesma de quando mudou-se para a mansão. Ele sabia que ela não mudara em nada, mesmo que não a tenha conhecido antes.

–Eles parecem felizes, não? Sasuke seguiu a direção que os olhos dela apontavam. Viu seu pai dançando suavemente com a mãe de Sakura, sorrindo, sussurrando, beijando... Certamente pareciam felizes, principalmente seu pai. O homem carrancudo e irritado todo o tempo, sorria por causa de uma mulher que entrou na vida dele.

Sasuke não admitiria nunca, mas no fundo sentia-se feliz por seu pai.

Fitou a Haruno que ainda olhava naquela direção.

–Sakura. - a garota olhou para ele como uma criança pega numa travessura. Seu coração já batia forte, tarde demais. Errado... Errado... Errado...– Por que não contou ao meu pai o que eu realmente aconteceu?

Sakura o fitou confusa. Aquela sensação de borboletas no estômago incomodou um pouco, então finalmente ela processou a pergunta do Uchiha. O que realmente aconteceu?

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–Sasuke-kun... Não foi culpa sua eu ter ficado bêbada naquele dia. Na verdade, nem foi totalmente minha culpa também, foi o barman que me enganou com aquela história do...

–Não estou falando do bar, Sakura... - ele a fitou com aquele olhar profundo, do qual tirava o ar da rosada. Sasuke se referia ao abandono no museu, ao empurrão para dentro da montanha russa, tudo que ele a fez passar de ruim pelos primeiros dias de convivência.

–Isso está no passado, Sasuke-kun... - disse com o coração aos pulos, fitando novamente o prato de lesmas. Pegou o garfo e a faca, depois cutucou os caracóis, um pouco tímida. - Eu o perdoei... - Sasuke apertou os punhos. Naquele momento queria abraçá-la, sentir o seu perfume como na noite em que dormiram juntos... Por que aquilo estava acontecendo? Então era isso? Assim que era estar apaixonado por alguém. - Além do mais o que eu ganharia com isso? - completou agora fitando o moreno.

Alguma coisa iluminou a mente do Uchiha. Ele estava mesmo apaixonado por Sakura? Tudo aquilo que sentia, como querer protegê-la, de qualquer coisa até dele mesmo, era estar apaixonado?

Ele a fitou mais uma vez.

–Como se come essa coisa? - perguntou ela remexendo os caracóis no fundo do prato.

–Deixa isso. A gente pede uma pizza quando voltar... - Sakura olhou para a mesa e viu na frente de Sasuke, só um copo de refrigerante. Como ela não pensou nisso? Pedir só uma bebida pra evitar aquele constrangimento! Mas onde diabos estava escrito coca-cola naquele bendito cardápio? Sakura, sua anta!

–Tudo bem. Nem será um desperdício... - comentou ela sorridente soltando os talheres. - Eu não imagino alguém comendo isso... - perdeu-se nos olhos de Sasuke que não faziam questão nem de piscar olhando para ela.

Errado... pensou mais uma vez. Porém não desviou os olhos dos ônix.

Lembrou-se do beijo, lembrou dos braços dele apertando-a num abraço, lembrou-se das mãos acariciando seus cabelos, lembrou-se do calor do corpo dele, lembrou do perfume de sua pele, lembrou daquelas sensações de completo êxtase... Da falta de ar, do coração acelerado, das mãos trêmulas... Errado! Errado!! ERRADO!!!

Sasuke se aproximou sem se importar se seu pai estaria vindo ou vendo o que ele estava prestes a fazer. Ele segurou na mão da Haruno por baixo da mesa, depois a beijou no rosto.

Sakura fechou os olhos arfando, perdeu a noção da realidade novamente, depois Sasuke se afastou. Sim, estava mesmo apaixonado por Sakura... Por isso precisava daquilo, precisava senti-la, precisava inebriar-se com aquele aroma de cerejas.

–A sua mãe come essa coisa... - disse ele com um sorriso torto. Era capaz de ouvir o coração da Haruno batendo violentamente contra o peito.

Ela estava meio desnorteada, demorou um tempo para entender o que ele havia falado.

–Teremos uma conversa séria... Ela terá que me explicar por que come lesmas.

Se Sasuke jogasse sujo de novo, a palavra errado desapareceria do seu vocabulário e perderia todo o sentido.

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*Escargot: Caracóis: ^.^Credo!!

**Oui: Sim em francês;

***Manquer: Senhorita em francês.

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Continua...