10. Pijamas

Eu desviei antes que ele me beija-se, sorri sem graça, não queria ferir seus sentimentos, sabia que ele estava muito interessado em mim, ele era bonito, não tão bonito quanto o Ítalo, mas não podia beija-lo, ele colocou as mãos em meus ombros e foi até a porta.
— eu sei que você ainda não está pronto — ele ainda achava que eu era heterossexual.
— não posso — dei de ombros — me desculpe.
— você ainda vai me dar uma chance — ele virou-se piscou para mim e saiu.
Sentei-me na cama e comecei a refletir sobre o que tinha acabado de acontecer, meu celular tocou era Ítalo.
— já está com saudades de mim? — perguntei.
— sinto sua falta assim que você vai embora — ele me falou com a voz rouca.
— o que você está fazendo? — perguntei.
— acabei de acordar e você? — perguntou.
— a festa ainda está rolando aqui — respondi olhando para meus pés.
— quer dormir comigo? — ele perguntou.
— seria ótimo — respondi surpreso.
— tudo bem então, ninguém vai desconfiar aí na sua casa — perguntei.
— Léo eu não moro com meus pais, pode vir tranquilo — ele respondeu rindo.
— tudo bem, me passa o endereço — pedi, ele me falou seu endereço e quando me despedi vi Sofia encostada na porta.
— já vai embora? — perguntou sentando ao meu lado.
— vou sim — respondi — beijou a loira?
— beijei — ela riu.
— vamos combinar algum almoço, jantar, ou o que você quiser — respondi me levantando.
— claro — ela parecia triste.
— eu sinto sua falta — respondi a abraçando — está tudo muito corrido e difícil para mim.
— então desabafa comigo — ela pediu.
— depois nós conversamos — dei um beijo em sua bochecha e sai em direção ao portão, pedi um Uber e fui em direção ao apartamento do Ítalo.
Fui recebido com um beijo carinhoso e muito tranquilo, ele sorriu ao ir em direção da cozinha, seu apartamento era muito grande, o segui e ele estava cozinhando.
— vai ser o seu prato preferido — disse mexendo o molho branco.
— você é incrível — não acreditei no que estava vendo.
— não diga isso, senão vou me achar — ele riu.
— mais? — falei em tom debochado ele me olhou e eu sorri.
— vou me vingar depois — ele deu um sorriso maléfico.
— estou torcendo por isso — respondi indo até a sala.
— já estou terminando aqui! — ele gritou.
— tudo bem! — respondi no mesmo tom.
Fui até os portas retratos, Ítalo parecia ser bastante próximo a família, na última fileira encontrei um retrato já empoeirado, era Ítalo criança sem os dentes da frente sorrindo, ele sempre foi bonito isso eu não podia negar.
Meu celular tocou era Gabriel.
— desculpa — já atendi lamentando por não ter ficado até o fim da festa.
— você conheceu alguma garota na festa e tratou de levar ela pra casa né? — perguntou.
— claro — ri, eu estava mais uma vez mentindo para meu melhor amigo.
— tá bom, aproveita aí e se cuida viu? — ele ia se despedindo.
— você também cara — respondi cabisbaixo.
Quando me virei encontrei Ítalo colocando a mesa, não consegui esconder minha tristeza.
— o que foi Léo? — perguntou.
— queria ter coragem pra dizer ao mundo inteiro quem eu sou de verdade — sentei-me no sofá.
— isso leva tempo — ele disse sentando-se no chão e me admirando.
— como foi com você? — perguntei.
— foi uma época em que eu estava dando muitos problemas aos meus pais, acho que eu procurava os problemas para descontar a raiva que eu sentia de mim mesmo, por que eu não me aceitava — os olhos dele começaram a lacrimejar — então um dia eu cheguei cansado de tudo e acabei falando tudo de uma vez só...
— e seus pais? — perguntei me aproximando.
— disseram que já desconfiavam, mas brigaram comigo quando eu contei as confusões que me metia por não me aceitar — ele sorriu embora uma lágrima descia pelo seu rosto incrivelmente bonito.
— e quais eram essas confusões?
— o jantar está pronto! — ele estava fugindo da minha pergunta.
Enquanto nos jantávamos, só conseguia pensar nos problemas que ele tinha se metido, a cada garfada ele sorria, eu estava completamente apaixonado por aquele sorriso e pelo dono dele.
— gostou? — perguntou quando dei a última garfada no meu macarrão ao molho branco.
— você é um ótimo cozinheiro... já pode casar — provoquei.
— se for com você eu topo na hora — ele falou e meu rosto corou.
— o que você planejou para nossa noite? — perguntei dando um beijo em sua testa.
— vamos assistir um filme, comer pipoca e fazer o que você quiser — ele fez um biquinho e entendi que ele queria um beijo na boca.
— que romântico — beijei sua boca.
Assistimos um filme de terror bem clichê no qual a protagonista se muda para uma casa assombrada, mas mesmo assim toda vez que eu tinha oportunidade de fingir que estava com medo ou assustado para segurar seu braço ou abraçá-lo e sei que ele estava gostando porque ele sempre sorria quando eu fazia isso, antes do filme acabar ele já estava adormecido, e dormia igual uma criança, com respiração pesada, levantei-me devagar para não acorda-lo e fui até a cozinha tomar um copo d’Água, quando voltei ele já não estava mais deitado no sofá e sim vindo na minha direção.
— achei que tivesse ido embora — ele veio até mim e me beijou, abracei-o seu cheiro era tão doce, seus braços me davam muita segurança e sua presença me trazia calmaria.
— vamos para cama? — perguntei — você deve estar exausto.
— estou sim — ele sorriu me deu a mão e me levou até seu quarto que era pintado em um tom de azul marinho, os móveis e a cama eram pretos, a televisão de 50 polegadas presa a parede.
Ítalo foi ao banheiro e voltou já de pijamas, e me trazendo uma sacola.
— o que é isso? — perguntei.
— abra — ele me entregou, abri o pacote que estava dentro e comecei a rir ao ver que Ítalo tinha comprado um pijama igual o que ele usava para mim, a camisa na cor cinza e a calça xadrez com tons pretos e cinzas — você não gostou? — perguntou triste.
— eu amei! — respondi rindo — foi muito fofo amor!
— amor? — ele perguntou confuso, dando um passo na minha direção.
— é o que sinto por você — respondi sorrindo e dando um passo também.
Ele me deu um beijo feroz, tirei minha camiseta, senti seus lábios beijarem meu pescoço enquanto eu levava minha cabeça para trás, fomos nós beijando até sua cama, onde estávamos prestes a ter nossa primeira noite de amor.

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