Agatus - A Descoberta

À Luz das Estrelas


Ao voltarmos à fronteira mágica de Richard, eu parecia completamente sem vida. Raj me carregava em seus braços delicadamente. Ainda tremia-me como no deserto de Edra. O frio tomava conta do meu corpo, embora estivesse suando.

– As profecias? - indagou ansiosamente Christine.

Raj balançou a cabeça, mas foi Jake quem falou.

– Edra nos recebeu com seu exército de areia - disse Jake relatando em seus olhos a raiva que sentira por Edra. - Ela dizimou a tropa com apenas uma palavra.

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Jake apontou-me o dedo indicador, trêmulo. Christine semicerrou os olhos fitando-me. Raj me repousou ao seu lado.

– Diana. Jake. Descansem - disse ela. - A floresta negra os espera. Andem.

Os mesmos se entreolharam, logo, ambos, se ausentaram.

– Como se sente? - perguntou Christine.

– Bem - menti claramente. Eu estava entorpecia e tonteada, o mundo girava em sombras e formas sem senso. - Apenas sinto uma leve náusea.

– Raj, cuide dela.

Raj apertou minha cintura, fazendo-me andar. Hesitei.

– Espere - Christine me fitou com seus olhos claros - Christine. Você disse que apenas existem duas cópias da original. Uma com Alaris, a outra está perdida no tempo e a original não se sabe ao certo com quem se encontra, sim?

Christine assentiu.

– Katharine, não iremos discutir sobre esse assunto agora... Você necessita repousar.

– Edra a dominou - disse Raj ainda apertando minha cintura. Minha respiração permanecia ofegante, e eu lutava para respirar. Talvez, Raj não estava ajudando-me com isso. - Ela quase a levou. Mas eu...

– Se as profecias estão com Alaris - arquejei - por que não vamos atrás dele?

– Acha mesmo que Alaris possuí o livro? - Christine cerrou os olhos se arqueando. - Não acredite em contos de feiticeiros menores, Katharine.

– Mas...

– Alaris é poderoso, porém não tão quanto Agatus.

– Se você ir a seu covil, não irá encontrar as profecias? - indagou Raj.

– Acham que se no covil de Alaris estivessem as profecias, Victoria não estaria se matando para tê-las?

– Ela já teria as pego - ponderou Raj. - Agora podemos ir? - perguntou a mim.

– Tudo bem, eu posso ir sozinha.

– Kat. Você não parece bem.

Mas segui o corredor difuso e escuro, só. Raj deu de ombros.

...

Ao chegar a meu quarto, ouvi certa conversa. Uma mistura de murmúrios e zumbidos. Diana e Jake discutiam na mesma sala em que Richard, certa vez, nos trancou, Raj e eu, quero dizer.

– Não devemos confiar neles - sussurrou Jake. - Victoria nos mataria.

– Acha mesmo que ela tem pena de nós? – a voz de Diana soava tão baixo, que desconfiava do que eu teria ouvido. - Vamos apenas fingir que estamos do lado deles. Raj é um idiota, mas a ruivinha... Ela é feroz.

– Se os enganar poderemos, no final, ganhar o jogo e possuir todo o poder merecido.

– Mas a ruivinha é poderosa. Não sabemos qual é o seu real poder, mas digamos que não é pouca coisa - disse Diana.

– Então esse é o plano. Tente ao máximo controlar o indiano, tente o manipular.

– Esse não é o meu trabalho. Não sei fazer isso.

Escute– o murmúrio tornou-se um grito. - Victoria está enganando Richard. Temos que se aliar a ela.

– Por quê? Para matar o meu tio?

– Richard não é nosso tio! - Jake se controlou abaixando a voz rígida. - Vamos encontrar as profecias e deixá-los na pior.

– Mas Raj, praticamente, não fez nada - retrucou Diana, causando uma breve irritação no irmão.

– Não sinta pena desse garoto, Diana. Ele, no final, vai acabar conosco se não nos concentramos.

Não pude ouvir mais nada. Jake cessou a conversa, quando pensei que ele iria abrir a porta. Voltei-me ao meu quarto, tomando um longo banho, meditando sobre o que os dois teriam dito um ao outro. Richard poderia querer nos matar, mas não nos deixou sem um magnífico lugar para descansar. Tombei na cama como uma pedra. Perdi-me em pensamentos loucos, mas, enfim, estava descansando confortavelmente.

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...

– Katharine! - as batidas de Raj ecoaram elevadamente em meu ouvido. Levantei-me rapidamente ajeitando meus cabelos engrenhados.

Abri a porta.

– Katharine, que bom que acordou - disse ele, o sorriso era estampado em seu rosto. - Pensei que não despertaria...

– Quantas horas eu dormi?

– Dois dias - disse ele esquecendo a hesitação que costumava usar.

– Dois dias? - eu estava boquiaberta. - Por que não me acordou?

– Bem, eu iria, mas Christine não permitiu. Ela disse que você precisava ficar um tempo sozinha, mas já devíamos estar a caminho da floresta.

– Entendo. Quando?

– Amanhã - disse ele. Mordeu o lábio inferior indiscretamente. - Eu vim para lhe mostrar algo, você...

– Estou indo - disparei, logo me arrependendo de ter o interrompido. - Apenas me dê um segundo, tudo bem?

Raj sorriu.

– Claro, estarei na sala de treinamento.

...

– Para onde quer me levar? – perguntei a Raj.

– É uma surpresa – disse.

– Alguém já lhe disse que eu odeio surpresas? – ele riu enquanto abria a porta ao fim do corredor sombrio. – Você vai me matar?

– O que? Não – outra risada escapou de seus lábios. – Isso não é como nos filmes, Kat.

– Por favor, Raj – falei não notando a seriedade em minha voz. – Não me chame de Kat.

– Pensei que odiava ser chamada de Katharine – disse ele retirando uma pequenina vela de seu bolso enquanto adentrávamos no local tomado pela escuridão.

– E odeio – admiti. – Mas Richard me nomeou assim, não quero lembrar disto.

– Entendo – Raj acendeu a vela com apenas um toque, como fizera no templo. – Pronto.

– Que lugar é esse?

– É um esconderijo misterioso que encontrei – disse ele manejando a vela. – Venha. Logo a frente há uma escada.

Subimos as escadas, praticamente adotada pela escuridão da noite, embora a vela estivesse acesa. Raj abriu a próxima porta, que nos esperava quietamente, revelando uma noite tomada pelo crepúsculo feroz. Uma sacada, prateada à luz do luar, se sombreava à nossa frente.

– Meu Deus ou... Por Agatus. Isso é magnífico.

Raj sorriu se pondo ao meu lado.

– Mudou de ideia sobre surpresas?

– Sim. Você tem toda a razão do mundo.

– Está certa sobre isso? – perguntou ele. O céu era um lençol negro bordado com pontos prateados em seu centro. Raj me fitava como se as estrelas no céu não existissem.

– Talvez sim. Ou talvez não.

– Decida-se, Katharine. Olha isso – Raj avançou em uma pequena pedra, deixando de lado a vela. – Preste atenção – apontou para o horizonte negro, atirando a pedra. Esta colidiu com o que me pareceu uma barreira invisível.

– Nossa. Richard está mesmo preso aqui.

– A fronteira foi posta pela corte, e pelo visto, nunca será retirada.

– E como você consegue sair?

– Meus poderes são úteis apenas para passagens rápidas – disse ele gesticulando com as mãos. – Se eu realmente sair, irei morrer, pois não suporei a tanta pressão.

– Preciso lhe contar algo – falei incisando a sua conversa. Apoiei-me na pilastra prateada, fazendo-me o fitar com mais precisão.

– Diga.

Respirei fundo a procura do que eu deveria falar. Raj me fitava intensamente, não desviando de mim. Era completamente difícil se concentrar.

– Diana e Jake não são nossos amigos.

– Disso eu já sabia – disse ele.

– Eu sei, mas... Jake disse que eles não deviam confiar em nós. E Diana... Ela disse que você é um idiota.

– Quem se importa? Eles não nos querem aqui. Apenas nos toleram, pois Christine é a única que nos defende. Sem ela, acho que já estaríamos mortos.

– Você tem razão. Mas ainda temo que...

– Você não deve temer – se aproximando mais, Raj tocou meu rosto levemente. – Já disse que estou com você.

Tão próximo que... Eu estava com Raj, mas David pairava em minha mente. Seu toque lembrava-me, freneticamente, de David. Poderia sentir sua respiração misturando-se com a minha.

– Raj – sussurrei. – Não.

– Por que não? – murmurou em meu ouvido. – Você é tudo o que eu tenho nesse momento, Katharine.

– Talvez eu possa dizer o mesmo – falei, mesmo sabendo que Peter estava comigo.

Eu estava em seus braços. Seus lábios eram macios, não como os de David, mas... Nossos corpos se afixaram enquanto o vento no local se avivava a casa instante, embora tudo estivesse protegido pela barreira mágica. Talvez não tivesse restrições para o vento. Sua mão circundava levemente minha cintura, enquanto eu tentava alcança-lo. Sim, eu me entreguei a ele. Eu não deveria pensar em David, mas era a única pessoa que me assombrava. Era terrível, mas sucumbi a Raj. Ele era um pouco atrapalhado, mas podia sentir um breve sorriso se formando em meio ao beijo e uma afabilidade inigualável tomando conta de mim. Eu pensava que nunca iria ocorrer algo do tipo, porém não poderia negá-lo. Eu poderia, ao menos, aproveitar o momento. Raj se separou de mim lentamente, como se não quisesse que tudo aquilo acabasse.

– Desculpe-me – disse ele, completamente pasmo. – Eu não devia...

– Não – o interrompi. Não pude deixar escapar um sorriso envergonhado. – Não devia. Raj, tem toda a certeza de que você não ouviu o que eu disse?

– Meu amor – riu ele. – Não. Mas, por que insiste que eu saiba?

– Não é por nada. Eu apenas... – hesitei. Não poderia dizer a ele que eu estava pensando em David. Todas as noites, a ilha de Solaris, Richard, Peter e David, eram assombros que infernizavam meus pensamentos. – Raj, estou feliz por estar comigo – e foi isso o que eu realmente disse.

Raj sorriu, o rosto completamente enrubescido.

– Eu te amo, Katharine – disse ele. – Não me deixe, não agora.

– Raj, eu não irei te deixar. Nunca.

Sorri enquanto Raj se aproximava para outro beijo, mas ele não completou sua ação. Franziu o cenho com olhos cerrados.

– Raj? Tudo bem?

– Katharine, Victoria quer nos ver.

– Por que ela persiste em fazer isso com você? Ela sabe o que é um telefone celular?

Raj riu avançando em meu rosto.

– Talvez não saiba – disse ele deixando um beijo em minha testa. – Ande, ela não gosta de pessoas que se atrasam.

...

Raj puxou-me pelo pulso esquerdo, adentrando rapidamente na sala de Victoria. Christine e Victoria rodeavam o local como loucas.

– O que houve? - perguntou Jake surgindo com Diana arquejando.

– A corte - Christine cessou o seu passeio, frenético, pela sala. - Está em chamas.

– O que? - Jake se pôs na frente de Diana, ambos com expressões pasmas. - Alanis sabe o que aconteceu?

– Sim. Ela nos avisou – Christine parecia normal, ao contrario de Victoria. – Tudo foi perdido, as varinhas, os livros... Não restou nada.

– Como assim a corte pegou fogo? - indaguei. - Deve ter alguma explicação obvia para isso - encarei Victoria em busca de alguma resposta. Fora ela quem destruiu minha antiga casa, por que não a corte também?

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– Eu não sei! - gritou ela. - E não olhe para mim, ratinha.

– Por favor, Victoria - disse Christine elevando a calma. -Acalme-se

– Por que deveria me acalmar, Christine? A corte pegou fogo, isso não é...

– Por que está se preocupando com a corte? Devia estar ignorando a mesma.

Victoria olhou-me com certa adversidade em seu olhar.

– Não lhe devo explicações, ratinha – resmungou ela, em seguida, se retirou, ainda praguejando.

– Por que ela sempre faz isso? – perguntou Raj. – Sempre que a desafiamos, ela se irrita e sai praguejando.

– Isso é verdade – concordei, sem olhar para Raj. Depois de tudo o que aconteceu, prefiro não o olhar por muito tempo, sem corar.

– Mas por que ela está tão insegura com a corte?

– Não faço ideia – disse Christine. – Vocês irão à floresta amanhã. É melhor se prepararem. Agatus não se mantém lá, mas haverá surpresas ao longo do caminho. Tomem todo o cuidado do mundo, entendem?

Raj e eu assentimos em um movimento único. Nós nos entreolhamos, ambos com sorrisos.

– Vão precisar de muita magia, não sabemos o que Agatus oculta naquele lugar.