Affectum Serpentis

Before the storm


Uma semana havia se passado desde o baile. Tom e Amelia não poderiam estar mais felizes do que aquilo. Ela havia voltado a falar com os amigos, estava com o garoto que se apaixonou e, pela primeira vez em muito tempo, não sentiu falta de seu tempo. Nem dos gêmeos, nem de nada. Ela era verdadeiramente feliz.

Era mais uma sexta feira à noite quando Amelia estava sentada com suas amigas. Minne era a única solteira, mas porque queria. Dorea e Potter estavam mais do que felizes juntos.

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O único problema era a mentira. Gillian já não suportava mais mentir para as amigas. Porque não lhes contar a verdade. Ou parte dela, de qualquer maneira. Ela se pegava imaginando qual seria a reação delas. Quanta surpresa. Se iriam voltar a odiá-la. Quando Potter perguntasse se, conhecendo seu neto, ela conhecia seu filho ou filha. O que responderia? O futuro era tão belo quanto terrível, tão maravilhoso quanto perigoso. Mais uma vez em apenas um dia, Amelia balançou a cabeça, jogando a ideia o mais longe possível. Não poderia de maneira alguma contar aos amigos. Já estava brincando de mais com a sorte.

– Então amanhã ainda está de pé, certo Amy? - Dorea, Charlus, Tom e Amy iriam ao Três Vassouras sábado à tarde. Tom não ficou muito feliz com a ideia, claro, mas Amelia o convenceu. Você me quer? Você ganhou meus amigos também.

– Sim! Está de pé. Tom - ela se lembrou do rosto torcido do atual namorado quando o falou sobre o encontro duplo - está feliz com a ideia. - As amigas deram risada do rosto de Amy, que tentou esconder a diversão falando sobre Tom. Para a loira que nunca havia se apaixonado, estar apaixonada parecia quase como estar no céu. Era quase como um sonho.

Tão logo os pensamentos felizes lhe passaram a cabeça, veio o futuro para estragar. Tom era Lord Voldemort no futuro. E ela não sabia se podia ao menos mudar o futuro, porém estava lá, tentando. Lutando contra todas as probabilidades. Fazendo tudo que um dia seria contra. Fazendo qualquer impossível possível.

– Amelia! - Minne a chamou. - Você viaja às vezes. Gostaria de saber para onde. - A loira riu. Ah, como desejava contar a ruiva. Vomitar tudo. Não lhe esconder nada. Desejava que a ruiva lhe desse um tapa e questionasse o que diabos ela estava fazendo? Como ela poderia estar namorando aquele monstro? Ah, ela só queria que tudo desse certo. Queria passar por tudo como em um filme, onde o final, seja qual fosse, seria bom. Porque tal ideal lhe parecia tão distante? Céus. A cabeça de Amelia Jessica Gillian estava cada vez pior.

– Minne, se um dia você entrasse em minha cabeça, nunca mais iria sair. Ficaria presa nos caminhos escuros do labirinto que tenho aqui dentro. - Ela respondeu apontando a cabeça e abrindo um sorriso.

Houve alguns minutos de um silêncio constrangedor. Foi quando Potter apareceu sujo de lama do trio de Quadriboll. Weasley provavelmente não estava junto. Deveria estar em algum lugar com Lysandra. Dorea Black pulou da poltrona, correndo até o namorado. Ele a recebeu com um sorriso e ela lhe deu um selinho.

– Gostaria de saber como eles podem ainda parecer recém apaixonados depois de todo esse tempo. - Disse McGonagall.

– Fico feliz por eles. Imagino como serão os filhos. Já imaginou um mini Potter? Tenho pena dos futuros professores de Hogwarts. - A ruiva concordou, dando risada.

– E você? - Ela perguntou. - Quando vai parar de mentir para nós? - Aquilo pegou Amy de surpresa.

– Como?

Minerva pensou em como abordar as coisas que vinha pensando sobre Amy. Ela juntou fato sob fato, fez a matemática. Ela estava escondendo algo grande de seus amigos sobre o passado. Minne tinha a impressão que não era apenas o fato dela não ter tido pais. Contudo, a ruiva tinha medo que qualquer coisa que falasse, ativasse a poção, caso ela ainda estivesse ali.

– Eu quero dizer: - a ruiva começou cautelosa - quando você vai contar a verdade sobre quem é? De onde veio? E qual é o grande problema em revelar a verdade?

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Amy segurou a respiração. Uma raiva incabível lhe subindo o sangue. Tinha uma vontade enorme de lançar uma maldição imperdoável na ruiva. E então se lembrou de Marcus lhe falando: isso, essa massa de raiva, bola de ódio, não é você. E repetiu aquilo uma, duas, três, dez vezes, mentalmente. E quando finalmente a raiva desapareceu, olhou a amiga que parecia apavorada.

– Eu... Queria poder lhe contar tudo Minne. Ah como queria. - Ela viu o brilho dos olhos castanhos aumentarem. Ela estava em êxtase por ter realmente acertado no que disse. Havia algum segredo.

– Você pode. Sabe que não vou lhe odiar se me falar que é uma nascida trouxa, não sabe?

– De onde tirou que sou uma nascida trouxa? - Amy a questionou. Minne deu de ombros, como quem dizia, foi óbvio, um cego poderia ter visto. - Está tão na cara assim?

– Não sei como Tom não percebeu. - Amelia não gostou de escutar aquilo. Só de pensar o que Tom faria se soubesse a verdade. Ele já sabia demais. Não gostaria de dar-lhe mais novidades.

– Eu não sou exatamente uma nascida trouxa. Eu falei a verdade quando disse que não sabia. Fui criada em um orfanato trouxa por toda minha vida e descobri sobre esse mundo muito tempo depois.

– Mas sendo assim, deveria ter vindo para Hogwarts muito antes. E você sabe mágica. Sabe de muitas coisas. É uma sabe-tudo! - Amelia sabia que, contando a verdade sobre sua mãe, também abriria a pergunta de: onde aprendeu as coisas de nosso mundo? Seria a hora certa para contar? Quem sabe uma meia verdade?

– Eu aprendi em uma escola. E, por favor, não me peça mais nada Minne. Há coisas que não posso lhe contar ainda. Coisas que, quando faladas, podem mudar o curso da história. - Aquilo apenas deixou a amiga mais curiosa do que já estava. Mas, respeitando a melhor amiga, concordou e foi em direção ao dormitório. Amelia apenas ficou ali, encarando o fogo da lareira e cogitando o que essa conversa poderia lhe trazer de conseqüência. As alternativas que se formavam em sua mente não lhe eram nada agradáveis.

*

– Porque me chamou Alvo? - Marcus entrava no escritório do velho professor de Transfigurações. Alvo Dumbledore estava sério. Mais sério do que o costume.

– Há coisas sobre Amelia Gillian que precisamos discutir.

Marcus logo imaginou que a amiga teve outro ataque. Mas não. Se fosse algo nesse sentido Dippet estaria ali também. Havia algo mais preocupante no semblante de Alvo. Mas também havia sinal de piedade.

– Eu andei pesquisando sobre ela. Tentando encontrar uma família com o sobrenome Gillian no mundo trouxa. Eu não tive nenhum sucesso. Não sozinho pelo menos. - E ele retirou um objeto do bolso. Era um espelho dourado. Contudo ele brilhava mais que o normal, mesmo que fosse feito de ouro. - Em busca de saber se o que suspeitava era real, eu usei um velho espelho e o pó do vira-tempo que trouxe Amélia para cá e contatei uma pessoa de nosso futuro.

– Alvo... Você sabe que mexer com o tempo pode ser desastroso. - O professor concordou. E, quando o fez, tinha um triste semblante.

– Me arrependo velho amigo. Mas foi necessário. Creio eu que esse era o planejado. - Black não estava gostando nem um pouco do caminho da conversa.

– Dumbledore, quem Amy é?

– Ela é sua neta Marcus. Ela é uma Black. - Marcus não conseguiu acreditar. Deixando-se cair de joelhos ao chão. Amy não teve uma família... O que isso significava sobre seu filho?

– C-co-como?

– Eu não sei. O que sei é que ela foi criada em um orfanato e quem lhe deixou lá foi um homem. Definitivamente trouxa e pai de Amelia...

– O que significa que Irina tinha uma doce menina em seu ventre. O que aconteceu com minha filha? - Alvo não respondeu. Ele não queria. Porém não mudaria o futuro. Marcus não reencontraria sua família. Foi assim que aconteceu e, agora de Alvo sabia, era assim que iria acontecer.

– Eu não sei. Mas meu eu-futuro tem a teoria que ela tenha morrido quando Amy nasceu. Provavelmente o pai de Amelia, algum homem com o sobrenome de Gillian, descobriu a verdade sobre nosso povo e abandonou a própria filha para morte. O que sei de certeza Marcus, é que... Bem, você nunca mais reencontrou Irina. Nem a criança. Meu eu... Ele não me concedeu detalhes, nem disse onde você estava, ou o que aconteceu com você. O que ele me disse, transformando o fato em algo escrito em pedra, é que você não reencontraria Irina e que sua filha não iria lhe conhecer. Sinto Muito.

Black já estava no chão. Ele não tinha outro lugar para chegar. Mas a dor em seu coração lhe era tão forte. Nunca mais. Nunca mais veria Irina. Ele nunca saberia o nome da filha ou saberia se ela se parecia mais com Irina ou com Black. Ele não pode a ensinar voar em uma vassoura. Nem lhe comprar a primeira varinha. Ele não lhe contou as histórias de Beedle, o bardo para dormir. Ele não lhe protegeu.

Mas ele tinha Amelia. O destino lhe deu uma segunda chance.

– Eu preciso... - Marcus começou a falar, sobre as lágrimas. - De tempo.

– Meu querido amigo não posso dizer que sei o que está sentindo nesse momento. O que posso lhe dizer é: ela cresceu para ser uma grande mulher e ter uma grande filha. A qual você teve o prazer de conhecer. E a qual talvez destrua o futuro mais sombrio para o mundo bruxo. Eu sei. Sei que isso não substitui uma vida com Irina e sua filha. Mas precisa levar isso em conta. Não se esqueça que nada é por acaso. Que tudo tem um motivo. Que em toda queda, há uma maneira de se levantar.

Marcus não respondeu, indo em direção a saída. Ele precisa pensar. Precisava... Precisava de um milagre.

*

– Você está linda. - Era tão diferente escutar aquilo da voz de Tom Riddle. Algo doce. Não rude ou mortal. Amelia precisava se acostumar a isso. E, para ser sincera, não era algo tão difícil assim.

– Você não está nada mau também. - Ele riu, estendendo o braço para que Amelia enganchasse.

– Espero que Potter e Black consigam se controlar. Eles parecem o tipo de casal... Meloso.

Amy riu e concordou com a cabeça. Eles iam em direção a Hogsmeade mais cedo do que o planejado. Estava frio e tinha um vento cortante no caminho para o vilarejo. Amelia tremeu quando uma rajada de vento extremamente gelada passou pelo casal. Tom subitamente passou o braço esquerdo sobre o corpo da garota. Nem ele e nem ela falaram alguma coisa pelo caminho. A proximidade ainda desconhecida pelo casal, o medo, as decisões que haviam tomado quando escolheram viver esse amor, eram ainda muito recentes. Tom estava disposto a deixar tudo que lutou por ela. Por uma mestiça.

Mas o sacrifício de Amelia era muito maior. Ela estava disposta a viver o resto da vida no passado, sabendo que nunca mais veria os amigos, se aquilo significasse que estaria com Tom. E que Tom nunca se transformaria em Lord Voldemort. Que nunca mataria ninguém, que seria um jovem bruxo brilhante com um futuro promissor. Aquilo que lhe era de direito.

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Logo o casal chegou à vila. Olharam para o Três Vassouras, mas caminharam na direção oposta. Indo em direção a filial da Floreiros e Borrões que havia em Hogsmeade. Tom tinha intenção apenas de olhar, mas Amelia estava em busca de algum livro que falasse sobre viagem no tempo. Se decidisse mesmo ficar naquele tempo, deveria ter consciência das conseqüências que colocaria sobre si e sobre o mundo bruxo. Não estou querendo explodir o mundo, afinal de contas. Imagina se acontece algo parecido como naquele seriado trouxa...

Infelizmente Amelia não encontrou nada do que buscava ali, mas viu Tom ficar fascinado por um livro sobre poções e, no impulso, o comprou escondido. Seria um ótimo presente futuramente.

– Acho que está na hora de irmos até o Três Vassouras. Não queremos que Potter e Black tenham a impressão que fugimos do encontro.

– Sei que você não ficaria nada chateado com a ideia. - a loira respondeu sorrindo.

– Com toda certeza. - Tom torceu o rosto mostrando o desgosto com o encontro. Amelia era a única leoa que havia lhe conquistado. Mas em respeito à recente namorada, aceitou, de mal grado, o encontro duplo. Apenas esperava que não durasse a tarde toda.

Entraram no Três Vassouras quando Marcus estava saindo. Quando Amelia viu o amigo professor, sorriu em correspondência. Mas Black mau a olhou, desviando os olhos para a mão de Gillian que estava entrelaçada na de Riddle. Por um instante Amelia achou que o professor iria separá-los de propósito. Havia alguma coisa no olhar de Marcus que ela nunca havia visto. Era uma tristeza descomunal. Logo o professor balançou a cabeça, como se afastasse alguma ideia ruim e, sem corresponder o sorriso de Amy, saiu do bar. A loira fez uma anotação mental de que deveria descobrir o que havia de errado com Marcus. Ele era um dos únicos que ela poderia verdadeiramente contar nesse tempo, já que ele sabia a verdade sobre Amelia.

Mas Marcus não era o único dentro do Três Vassouras. Havia, além de Dorea e Charlus, sentados em uma mesa ao fundo, Abraxas e uma garota da Sonserina, um casal de Lufa-lufas e um grupo de amigas da Corvinal. Também havia alguns professores. Tom lhe lançou um olhar de desgosto quando viu o professor de poções, Horácio Slughorn, caminhar na direção do casal.

– Mas que beleza! - Disse o professor não escondendo a felicidade em ver Tom e Amelia juntos. - Sempre soube Tom, que bastava uma bruxa verdadeiramente inteligente e sedutora, para domar esse seu coração.

Amelia não conseguiu esconder o rubor que surgiu em suas bochechas brancas com a frase do velho professor. E tão pouco o professor deixou passar.

– Não fique envergonhada Srtª Gillian. Só estou estampando a mais pura verdade. - E então, colocando as duas mãos sobre as do casal disse:

– Que o futuro seja de estrema felicidade para vocês. Sei que será! - E se retirou sem deixar que o casal respondesse alguma coisa.

– Quanto tempo até o resto da escola ficar sabendo? - Amy perguntou entre os dentes para o namorado enquanto eles iam em direção a mesa de Dorea e Charlus.

– Algumas horas. - Ele respondeu igualmente chateado. - Foi bom enquanto durou.

– O que? - Ela pediu um pouco surpresa.

– O anonimato. O que pensou que fosse?

– Na-nada. - A loira respondeu.

Chegando a mesa que Potter e Black haviam escolhido para eles, os casais se cumprimentaram. Depois disso, Potter propôs que ele e Tom fossem à busca das Cervejas Amanteigadas enquanto Dô e Amy ficassem colocando as fofocas em dia. Tom esboçou uma risada educada. Mas Amelia lia por trás daquilo. Ela teria que recompensá-lo mais tarde.

– Então como está tudo? - Dô perguntou.

– Tirando que ele não está lá muito feliz com esse encontro... Eu diria que bem.

– Isso eu percebi. Bem, Tom nunca foi conhecido por ser o Sonserino mais sociável. Ainda mais com Grifinórios.

– Exato. Já me surpreende o fato dele estar namorando alguém com vestias vermelhas do que verdes. Acho melhor não forçar mais que isso.

– Ele irá se divertir! Charlus prometeu se comportar.

– Bom, se ele não cumprir ele terá que aguentar nós duas o torturando pelo resto da semana.

Dorea deu risada concordando com a afirmação de Amelia. Então as duas mudaram de assunto, falando de aulas e do baile da semana anterior. Quando os dois garotos voltaram, eles estavam conversando civilizadamente, e Tom até parecia estar gostando.

– Eu não sabia que seu aniversário já havia passado Amelia. - Tom comentou casualmente. Amy não gostou de lembrar-se daquele dia, mas passando rapidamente os fatos se lembrou de uma coisa. E então descobriu como a poção, se é que realmente haveria alguma, havia entrado no sistema. Segurando a raiva que começou a crescer dentro dela, abriu um sorriso.

– Não é exatamente minha data predileta Tom. E esse ano não foi muito diferente.

Ninguém mais comentou sobre o aniversário de Amelia. Ainda bem, Amy tinha a impressão que se alguém falasse alguma coisa ela explodiria como uma bomba de bosta. E não seria nada agradável.

A conversa dos casais ficou e amenidades. Não havia nada de importante e, no final, até mesmo o cético Tom Riddle havia se divertido. Os casais se separaram na volta para Hogwarts. Tom e Amelia queriam ficar para trás. Ter um tempo apenas deles antes de chegar ao castelo aonde tudo era vigiado pelos atentos olhares de colegas.

*

– E posso saber para onde você vai depois do horário de recolher? - Minne estava olhando Amelia que colocava uma calça jeans, um all star e um moletom gigantesco para ela.

– Pode. Eu estou indo para a torre de astronomia. E, se possível, eu gostaria que você não enchesse meu saco hoje Minne. Eu estou em humor ótimo! - Dô deu risada de Amy, que terminava de se arrumar para encontrar Tom na torre. Na torre deles.

Você sabe que não pode sair! - Minne reclamou.

– Minerva! - Dorea a olhou, séria. - Pare de ser tão certinha e deixe Amelia namorar em paz! - E então virou para a loira - Aproveite e não chegue tarde. Vamos querer o relatório amanhã de manhã.

Amelia sorriu em agradecimento para Black e mandou um beijo para as duas amigas. Saiu correndo do dormitório em direção a Torre de Astronomia.

Quando chegou lá, Tom estava encarando o horizonte. Amy não resistiu e chegou o abraçando pelas costas.

– Você sabe minha namorada não iria gostar nada de nos ver assim. - Riddle falou, dando risada.

– Ah - ela respondeu. Tom virou para encarar Amelia enquanto ela falava - ela é do tipo ciumenta?

– Com certeza! - Amy se fingiu de ofendida por um segundo e então o casal se beijou.

Tom e Amelia não eram o típico casal adolescente. De começo, um tinha planos de se tornar o maior vilão da história do mundo bruxo e a outra era uma viajante no tempo. Mas não era isso que os distinguia dos demais. Era como assistir a história de Platão se tornar realidade. Ah, você sabe que história estou falando, não sabe? Não? Por Merlin!

Em um jantar cheio de filósofos, um deles se levantou e começou a contar um mito. Para ele os homens nasceram seres completos. Duas cabeças, quatro braços e quatro pernas. Os homens, se achando completos e poderosos, decidiram atacar os Deuses. Mas os Deuses ganharam e Zeus decidiu separar os homens. Assim criando-se o mito da Alma Gêmea. Estamos fadados a buscar nossa outra metade por todo sempre.

Tom e Amelia eram Almas Gêmeas. Era impossível que qualquer um assistindo o casal discordasse dessa afirmação. Eles não estavam sempre sei beijando, ou sendo meigos um com o outro. Amy sabia o que Tom poderia fazer e se tornar. A diferença agora era que ele a tinha. Ela só precisou de uma viagem no tempo. E ele só precisou acreditar em tudo aquilo que negou por toda a vida.

Eles eram a prova que as diferenças nos unem.

Deitados olhando para o céu escuro, mais uma vez Amelia observava as estrelas. Mas dessa vez não sentiu saudades de “casa”. Ela não desejava voltar para seu tempo. O que lhe esperava lá? Nada. Quem lhe esperava lá? Ninguém. Amy esteve sozinha na maior parte de sua vida. Não seria agora, que finalmente encontrou alguém, que iria deixá-lo ir com tanta facilidade.

– No que está pensando? - Tom a questionou.

– Que, pela primeira vez desde que cheguei a este castelo, eu não sinto falta da minha casa. Da minha vida anterior a esta.

– Tenho certeza que ainda sente falta da sua mãe. Isso é algo que eu não posso dizer o mesmo.

– Tom... - Amy pensou em lhe contar a verdade, mas voltou atrás. O certo seria revelar essa mentira agora, de cara. Porém o relacionamento era novo. Não era forte ainda para receber tal verdade. - Tenho certeza que ela teria orgulho de você se pudesse vê-lo agora.

– Eu diria o mesmo de sua mãe. - Amy queria abraçá-lo, contudo continuou na posição que estava deitada ao lado dele no piso da torre.

– Você acredita que elas estão lá nos observando? Eu nunca realmente parei para pensar nisso depois do que aconteceu. Foi tudo tão rápido.

– Não acho que sou a melhor pessoa para lhe responder a essa pergunta Amy. - e então se virou para a loira - o que sei é que, se estão nos olhando, estão felizes com o que vêem.

A loira não pode deixar de sorrir com a frase e então o beijou de supetão. Tom a puxou para mais perto, subindo a mão por dentro do moletom. Amelia deu um risinho fraco por entre os beijos, entrelaçando as mãos entre os cabelos negros do namorado. A única coisa que conseguiu pensar foi que Minerva ficaria furiosa quando soubesse a verdade do que aconteceu naquela noite na torre.

E, para ser sincera consigo mesma, ela pouco se importava.