Adotada Pela Loucura

Capítulo 41- Férias de família- Pt.4- Hotel 276


" Porque sempre demoram tanto?" Me perguntei cruzando os braços por causa do frio.

" Adultos. Sempre escondem algo..."

Me virei bruscamente para Smile, conseguindo ouvir meus ossos estalarem.

" O que quer dizer com isso?"

" Nada... Mas se fosse você, eu tomaria cuidado. Jeff anda estranho desde a volta de Jane."

Franzi minha testa olhando para o sorridente. Os olhos dele estavam maiores, mais amarelados e só focados para frente.

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" Porque olha tanto pra frente?"

" Olhar para trás e ver tragédias? Desgraças? Tudo? Não, muito obrigada. Algumas coisas devemos esconder, e uma delas é o passado, ele machuca."

" Sábio para um filhote." Sorri para ele mas ele não tirava os olhos dela.

" Tanto faz... Já estou cansado de tudo. Passado e presente? Pra que isso?"

Olhei pra baixo olhando pra neve. Ele tinha um pouco de razão. Olhei bem ao meu redor e me questionei como minha vida deu uma volta.

" Smile... como foi parar no meu caminho? Digo... você era um filhote adorável, como foi chegar na minha casa?"

" Zalgo. Era um de seus servos... eu sei todos os segredos dele e tudo mais... um dia ele me expulsou de Scary. Disse que eu não era digno do trabalho dele. Eu tentei pedir para ficar e ele sorriu. Eu sabia muito bem que aquele sorriso não era bom. Então ele me fez a proposta de cuidar de você, e te empurrar para Scary para ser... Morta. Ele queria os poderes dele de volta."

" Mas... eu já tinha nascido naquela época?"

" Eu não sou tão velho. Sim, já tinha. Deveria ter 10 anos... Ele viu que era ruim ter dado metade dos poderes dele pra você, então é por isso que estou aqui. Mas... você me tratou tão bem que... eu me recuso a te dar a Zalgo. Você foi a família que eu nunca tive." O cão me observou sério e aumentou o sorriso.

Acariciei a cabeça do mesmo, e na tempestade de neve vi Jeff vir com o braço sangrando.

– O que aconteceu?- Disse me levantando e o seguindo.

– Jane é uma maluca.- Ele disse olhando pro corte.- Ela deu aquela crise de novo.

" Ah que ótimo mais tortura pro meu lado." Disse.

– E... porque o corte?

– Eu disse sobre oque nós falamos no carro... de você achar que é um erro. No mesmo instante que disse isso ela sorriu, e eu disse que... você era ótima. Ela desmanchou o sorriso na hora, retirou uma faca da blusa e cortou o meu braço.

– Va...- Eu queria ter completado a frase mas não podia. Se conta-se a Jeff o que aconteceu eu estaria morta.

– Eu só preciso ir até o carro e pegar algumas coisas para tapar o corte.- Ele começou a tossir e ele olhou para a sua mão com os olhos mais abertos que o normal.

– O que foi?- Disse sem obter resposta.- Jeff!

Ele me mostrou sua mão que contia uma pequena mancha de sangue.

– O que é isso...- Ele disse.

– Ah que ótimo. Infecção. ÓTIMO!- Eu gritei.- Jeff eu vou até o carro pegar algum remédios e algo para tapar isso fica aí.

Eu pisei na neve e tapei meu rosto.

" A todos os visitantes do parque, estamos com uma tempestade muito forte, sugerimos não sair de onde se encontram pois podem se perder ou acontecerem danos piores. Agradecemos desde já."

Ouvi o megafone e fiquei frustrada. Como eu iria ajudar Jeff?

– Eu vou morrer hoje.- Disse Jeff.

– Não se eu poder te ajudar.- Eu me sentei e fiz Jeff se sentar também.

– O que você vai fazer?

Uma ideia que daria muito pouco certo veio em minha mente. Eu olhei como uma maluca para Jeff. Abri um sorriso e ponta a ponta.

– Espere e verá.

Caminhei um pouco indo para perto do balcão. Lembrei que avia uma espécie de agulha, prendendo os papéis de pedidos de comida. Eu retirei um deles e furei em minha blusa, o pregando.

Eu suspirei e olhei para o atendente que estava com uma cara de exausto.

– Você... poderia me dar um pano e gelo? Mas muito gelo?

– Tanto faz. Já volto.- Ele disse indo até a cozinha e revirando os olhos.

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Ele voltou com uma sacola de gelo e um pano grande.

– Obrigada.

– De nada.- Ele disse desviando o olhar.

Fui até a mesa que Jeff se encontrava e ele não disse nada apenas olhava boquiaberto. Puxei o braço dele o deixando reto e embaixo dele envolvi um pano. Nos lados do pano coloquei o gelo. Ele mordeu a boca pelo gelo estar queimando sua pele.

– Essa é minha ideia, costurar seu braço amadoramente.

– Você quis dizer amputar meu braço né porra?!

Eu olhei para Jeff séria.

– Você pode morrer com a temperatura deixando seu braço infectado e levanto ele a amputação. Ou, a até amputar muito mais que só o seu braço. Além de já estar com uma infecção na garganta que é preocupante e pode fazer você perder a voz. Você que escolhe.-Ele ficou boquiaberto e apenas balançou a cabeça positivamente.- Ótimo.

Retirei a agulha de minha blusa e a coloquei em cima da mesa.

– Está faltando mais algo?- Perguntou Jeff.

Eu sorri loucamente.

– ATADURAS! Como pude esquecer?!-Me sentei e arranquei parte de minha manga da blusa, que daria um grande pedaço de pano.- Agora... a Linha.

Eu olhei em volta e vi a Coleira de Smile com um grande pedaço de linha, me aproximei do mesmo e arranquei.

" Oque..." Smile disse.

" Desculpa."

" Tá...bem."

– Você vai sentir um pouco de dor, então aguente firme. Vai ser a mesma queimação que a de quando queimou suas pálpebras.

– É... eu lembro da sensação. Eu aguento.

– Ótimo.- Disse passando a linha no buraco da Agulha.- Pronto?

– Sim... Eu acho.

Examinei o corte por poucos segundos e vi que ela não tinha chegado a veia, oque era uma boa notícia. Nada de sangue pra todo lado e... Jeff morto. O corte era grande, mas a linha daria conta. Teria de ser rápida ou o gelo derreteria.

Coloquei a agulha na pele de Jeff e juntei com a outra parte, fazendo o processo seguidamente até que me desconcentrei e furei a carne de Jeff, o sangue jorrou por alguns instantes.

– Ah, perfeito.- Disse.

– O que... MEU DEUS.

– CALMA.-Eu peguei um dos pedaços de gelo e pressionei contra o furo.- Que funcione...Que funcione.

Vi o sangue parar de jorrar quando tirei a pedra quase derretida. Eu sorri feliz por ter conseguido ter feito o sangue parar de correr.

– Ufa.

– Vou continuar...- Eu continuei o processo calmamente, quando acabei dei um nó firme na linha.- Em provavelmente 1 mês está melhor... ou não.

Coloquei o pano e fiz um laço, o envolvendo no braço.

– Obrigada... Mas agora... oque vamos fazer? Os outros podem estar na nevasca.

– Vamos ter que sair na nevasca.

– OQUE?! Você tá maluca? Eu estou com um puta corte no meu braço, estou com infecção na gargante, E VOCÊ QUER QUE EU MORRA?!

– Primeiro, sua infecção é culpa sua, seu corte levou a uma infecção grave. Segundo, pega um pedaço de gelo e mastiga ele, eu sei que é difícil, mas vai melhorar sua garganta. E terceiro, é isso ou acampamos aqui.

– Am... é eu vou ficar com a opção de ir na nevasca.- Ele disse pegando uma pedra de gelo e colocando na boca.

– O.k... Eu e Smile vamos na frente, você um pouco atrás, e sem muito esforço físico.

– Mas eu vou estar andando isso já não é um esforço físico?- Ele disse fazendo careta pelo gelo na boca.

– É pode se dizer... Não quero você correndo, entendeu?

– O.k... Pronta?

Eu sorri de canto e coloquei meu capuz.

– Sempre.

Me levantei e vi Smile me seguindo, pelo jeito ele já tinha ouvido tudo.

Tapei meu rosto pisando na neve que engolia minhas pernas cada vez mais. Jeff ficava do meu lado tossindo cada vez mais forte. Smile andava normalmente, como se tivesse feito isso várias vezes. Minha cabeça ficava pesada, o frio me afetava um pouco. Sempre achei frio estranho, pois minha pele o absorvia. Digamos que se o frio cortar meu rosto, não sentirei, pois meu rosto absorve o frio. Eu sou gelada demais, mas naquele instante ele tinha me dominado.

" Não Malennie! Nada de ficar tonta agora!"

Eu senti um floco de neve entrar em meu olho e arder. Ter os dois olhos "cegados", não era a melhor coisa naquele momento.

– DROGA!- Gritei.

– O que ouve?- Jeff perguntou.

– Estou cega graças a toda essa neve!

– Eu te guio.

– Mas você está machucado.

– Não importa, vem.

Ele segurou meu braço com força e eu senti ele ir me puxando cada vez com mais força.

– Minha cabeça dói.- Disse.

– Você precisa aguentar mais um pouco.

– Eu acho que consigo.

Ouvia o vento soprar cada vez mais forte e meu tênis ficar gelado. Os passos pesados de Jeff iam me assustando a cada segundo pensando que não poderia sair daquela zona de neve. Jeff riu de leve com emoção.

– O que ouve?

– Eu acho que encontrei a saída.

– Sério?!

– Sim.- Ele disse em tom baixo.- Acha que consegue abrir os olhos?

– É, dá pra abrir um pouco.

– Então tente ver onde estamos porque eu fiquei cego agora.

Suspirei e esfreguei. A visão embaçada, se transformou na visão normal e eu sorri vendo a placa de sinalização da saída. Era a uns poucos passos, e poderia chegar lá facilmente.

– E então?- Perguntou Jeff ainda com os olhos abertos.

– Am... é estamos a poucos passos da saída.- Disse olhando pros olhos dele. Estavam avermelhados e mais escuros.- Você... está com os olhos abertos?

Ele bufou e mirou a cabeça pra mim, me assustando.

– Eu já te expliquei isso. Agora vamos logo...

Jeff caiu duro no chão e vi seus olhos começarem a sangrar.

– JEFF! LEVANTA!- Me ajoelhei perto do mesmo.- Nada de bancar o panaca AGORA!- Gritei socando a barriga do mesmo.

– Meus olhos...

– O que têm eles?!

– Eles ardem... Muito.

" A Neve. É isso... As pálpebras dele estão cada vez mais frágeis... preciso tapá-las!"

Eu retirei meu cachecol e envolvi nos olhos do mesmo. Ele logo ficou vermelho pelo sangue.

– Acha que consegue caminhar? Nem que seja mancando.

– A-acho... que sim.- Ele respondeu sem forças.

Eu suspirei.

– Eu vou tentar te levar nas minhas costas, ou pelo menos como apoio.

– Acha que consegue?- Ele disse.

– Acho... que sim.- Disse ironicamente.

Ele abriu o sorriso de leve e tentou se levantar, agonizando um pouco de dor. Coloquei ele de lado em meu ombro e comecei a caminhar.

Era pesado, mas eu conseguiria chegar... eu acho. Cada vez mais tentava não pensar de que acabaria morta na neve, sem poder ajudar Jeff.

Olhei para o alto depois de horas pensando e vi a placa de saída. Abri um enorme sorriso.

– Jeff chegamos.

– Ó...timo.- Ele disse ajeitando o cachecol nos olhos.

– Onde fica o hotel?

– Não me lembro a rua... só me recordo do hotel. Ele é o Park Hotel... o número é 276.

– Ok... onde está as chaves do carro?

– No meu bolso.- Ele disse colocando a mão no bolso e retirando.

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– Está bem, vou pegar ataduras para seus olhos, colírio, as malas e no hotel ligamos para todos ok?

– O.k... Já consigo caminhar sozinho.

Ele cambaleou até adiante com as mãos na frente do corpo.

Eu apertei o botão do carro e fui até o porta-malas, pegando as malas e uma pequena bolsa com remédios. Fechei o carro e toquei Jeff.

– Pode tirar o cachecol. Aqui não neva tão forte.-Ele tirou calmamente e vi que seus olhos ainda estavam vermelhos.- Nada que um bom colírio não resolva seu problema.

– Tá... Obrigado. Agora vamos pro hotel?

– Sim.- Coloquei minha mala nas costas e a ajeitei. Dei a mala de Jeff para ele, que fez o mesmo que eu e levei a de Jane.

Caminhamos um tempo enquanto eu olhava para a rua.

" Ainda bem que estou viva."

" É."

" Caramba onde você estava?!"

" Eu consigo ser despercebido facilmente na neve."

" Ah. Isso explica muita coisa."

– Chegamos!- Exclamou Jeff.

Eu olhei para o hotel. Grande e laranja. Uma placa cintilante dizia o nome do hotel.

– Ele é meio...

– Estranho? É, normal.- Jeff disse adentrando no mesmo, e eu o segui com Smile ao meu lado.

A sala de recepção era a mesma que do orfanato. Um quadro de rosas em um vaso azul bebê, cadeiras meio velhas, um tapete vermelho grande e um balcão com um pote de balas.

Me sentei na cadeira e Smile se deitou no chão, Jeff foi até o balcão e retirou a chave do quarto.

– Vamos?- Jeff perguntou.

– Sim.

Depois de uma escadaria extensa, chegamos a um quarto com o número "61".

Eu destranquei a porta e vi o recinto. Ele era até grande para um "apartamento". Fui até a sala e joguei a minha mochila. Jeff se direcionou ao telefone de uma pequena cômoda e eu fui procurar de porta em porta, um quarto para descansar.

Depois de achar um quarto que parecia ser o meu, me joguei na pequena cama e enfiei minha cara no travesseiro gritando. Me virei e comecei a olhar pro teto.

" Está tudo bem?" Perguntou Smile subindo na cama do meu lado.

" Sim perfeitamente. Só... Tédio. Deveria ter trazido algo como um livro."

" Mas e a sua pasta de desenhos? Por que não desenhar?"

" Desenhar me cansa fácil. Eu faço muitos detalhes. Eu não preciso descarregar minha criatividade, e sim tomar uma dose dela."

" Entendo."

Eu encarei o teto por um tempo, até olhar fixamente pra ele e ver vários rabiscos.

– O que...- Me questionei.

Fiquei em pé na cama olhando ainda para o teto. Rabiscos de sombras e "demônios" muito mal feitos.

– Quem faria isso e como conseguiria desenhar no teto?- Eu olhei para Smile e ele estava de olhos arregalados rosnando para o guarda-roupa do quarto. - O que foi?

Ele não respondia apenas continuava fixo. Eu tive a brilhante idéia de abrir o guarda-roupa. Se algo me atacasse, pelo menos Smile provavelmente tentaria matar aquela coisa.

" Não têm nada... Não têm nada... Não têm nada." Eu dizia me aproximando do guarda-roupa.

Eu o puxei e senti algo cair em cima de mim. Eu gritei caindo no chão.

– Mas que porra...- Olhei para Smile que estava sentado, ao meu lado.

" Uma boneca..."

– Ah claro, levei susto por causa de uma boneca!- Eu gritei e revirei meus olhos. Me levantei e peguei a tal boneca.- Deve ser do antigo hóspede daqui.

Ela era de pano. Pesada, empoeirada e com a pele meio alaranjada. Cabelos curtos de lã vermelhos que iam até os ombros. Um nariz triangular vermelho,olhos arregalados, e um sorriso que ia de ponta a ponta, feito com linha. Um vestido de pano azul e branco surrado. - Estranha.- Disse olhando para a boneca.- Bem, devo coloca-la no achados e perdidos.

" Não gosto dessa boneca."

– Porquê?

" Sinto algo estranho nela..." Ele disse observando a mesma.

– Ah, tanto faz! Vou joga-la no achados e perdidos pela manhã.

" Está bem, mas se livre dela logo."

– Tá, tá.- Eu joguei a boneca de novo no guarda-roupa e coloquei uma cadeira na frente da porta.- Acho que assim não têm risco dela sair do guarda-roupa.- Falei em tom de deboche.

" Só estou de protegendo. Demônios sentem presenças do mesmo tipo que eles, ou de outro tipo."

– Tá, vou me lembrar disso. Qualquer coisa eu queimo ela, pode ser? - Me abaixei perto do cão e acariciei a sua cabeça.

" Está bem."

A porta do quarto se abriu e vi Jeff com os olhos normais novamente.

– Já liguei para todos, eles estão vindo para o hotel. Não está com fome?

– Estou sim. E Jeff... pela manhã poderia me ajudar a ir no achados e perdidos?

– Por?

– Uma coisa do antigo dono.- Respondi.

– Claro. Você não vai comer?

– Vou...

Eu sai do quarto, peguei uma maçã da cesta que existia em uma mesa preta, escovei meus dentes, e fui me deitar. Pela manhã eu iria ver que tipo de tralha era aquela. Também gostaria que Smile não fizesse nada com ela como a rasgá-la, porque se ela tivesse dono estaria completamente perdida.

[...]