Eu estava furiosa. Acabei de receber a notícia de que minha operação tinha sido um fracasso, o que era sem explicação, pois de acordo com meus cálculos o plano ocorreu como combinado, não poderia ter falhado a não ser que ele tivesse vazado. Converso com alguns dos meus mais confiáveis subordinados, e com a própria Strauss. Decidimos que eu mesma me infiltraria na operação, já que ninguém tinha me visto ainda. Logo após minha decisão, fui ao meu escritório pegar minhas coisas para ir embora, mas não antes de passar em um certo escritório.

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Adentrei a Unidade que trabalhei por alguns anos, mesmo tendo visto coisas que me trouxeram pesadelos eu amei cada segundo do meu trabalho ali. Como imaginei, não havia mais ninguém ali, mas tinha uma luz acessa em uma das salas lá de cima e eu sabia muito bem que ele está lá. Bati na porta e ouvi um:

—Entre.

E assim o fiz.

Sei que ele se assustou ao me ver ali, mas tentou não demonstrar e eu não quis mexer no assunto. Depois do divórcio apenas mantivemos uma relação estritamente profissional, mesmo quando ambos estávamos presentes em algum lugar que exigia nossa presença simultânea, seja a trabalho ou algo relacionado as crianças, tentávamos ao máximo não nos falarmos.

—Em que posso ser útil agente Prentiss? –Ele diz em seu tom sério habitual.

Sério? Até aqui sem a presença de ninguém ele me chamaria pelo meu sobrenome, depois de tudo o que já vivemos... e não, não falo apenas do casamento.

—Preciso de um favor. –Eu comecei, ele apenas me encarou e não perdeu a oportunidade de ficar calado.

—Soube que sua operação foi um fracasso, quer que a UAC faça uma investigação conjunta?

Eu não podia acreditar, Aaron Hotchner debochando de uma operação do FBI!?

Eu não resisti e rolei os olhos, a unidade anti terrorismo e a UAC não se dão muito bem, digamos que são algumas diferenças criativas. Mas o que me deixou mais surpresa foi o fato de que meu fracasso de hoje já estava na pauta de fofocas do FBI.

—Não é isso.

Agora foi a vez dele ficar curioso, me questionando:

—E em que mais eu seria útil?

Eu respirei fundo.

—Preciso que cuide das crianças por alguns dias. –Eu soltei logo a bomba.

—Posso saber o que você vai fazer? –Ele me perguntou com um olhar inquisitivo.

Não teria jeito, eu teria que contar, algo dentro de mim me diz que ele tem o direito de saber.

—Devido ao fracasso da minha operação, terei que infiltrar eu mesma.

—Você vai se disfarçar Emily? Você está louca? Isso é perigoso. –Ele disse exaltado, acho que ele mal percebeu que me chamou pelo meu primeiro nome.

—Eu sei o quanto é perigoso Aaron, mas eu irei ficar bem. –Disse confiante.

—Não faça isso Emily se algo acontecer a você... –A voz dele morreu.

—O que Aaron? O que você ia dizer? Por favor não venha com hipocrisia dizendo que ainda se preocupa comigo. –Eu disse nervosa.

—Não é com você que estou preocupado Emily, por algum motivo você sempre fica bem. –Ele disse enquanto me olhava fixamente.

—Eles estão com Jess é melhor você pega-los amanhã cedo. –Eu disse e sai, mas ainda assim a tempo de escutar ele dizer em alto e bom som:

—Eu não te amo mais Emily, tudo o que faço é pelos meus filhos e não por você.

Sem sombra de dúvidas essa frase me despedaçou, me atingiu como um soco no estomago, mas eu sou Emily Prentiss e após respirar profundamente sai dali a passos apressados, não deixando me abalar.

Eu dirigia com pressa para casa, mas não tanto, afinal sou uma oficial da lei e conheço muito bem os limites de velocidade. Já estava planejando o que faria, teria que arrumar as coisas e inventar alguma desculpa para as crianças, uma boa desculpa a ponto de justificar minha ausência, mas que não os deixasse preocupados, o trânsito estava tranquilo, quando de repente a única coisa que senti foi um carro batendo em mim e tudo ficou escuro.

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Acordei assustada. Mas sabia que não era um pesadelo, eram minhas últimas memórias antes do acidente, durante meu sequestro vi alguns fragmentos, mas agora, aparentemente estava tudo completo. Havia ou ainda há alguém vazando informações, e ainda por cima depois daquele beijo, eu me lembro que ele me odeia, como pode? Se ele me odeia porque me pediu um beijo? E ainda por cima eu cedi, não irei colocar a culpa que era um momento de fraqueza, pois sempre fui muito boa em manter meu autocontrole, mas era porquê eu queria, isso mesmo, eu queria senti-lo junto a mim novamente.

—Andem logo, vocês vão se atrasar. –Eu disse, vulgo gritei, antes de descer para a cozinha, não demorou muito e meu quarteto chegou.

—Bom dia mãe. -Eles disseram.

Tomamos café como sempre fazíamos, foi quando Tony perguntou:

—Onde está o papai?

Bem é agora que eu conto a verdade, antes de descer eu passei no quarto dele e como prometido ele não estava mais lá e apesar de sentir uma pontada no meu coração, eu estava feliz que ele havia cumprido com o prometido, ao menos era o que eu me convencia.

—Ele voltou para o apartamento dele. –Eu disse tentando parecer o mais natural possível, foi nesse exato momento que percebo o olhar de Alexander e Ariane se fixar em mim.

—Ele não teria que ficar aqui até a senhora... –Ariane parou de repente, acho que ela descobriu.

—E assim ele fez. –Eu disse chocando meus dois filhos mais velhos, os gêmeos já estavam entretidos e não prestavam mais atenção no que eu falava.

Deixei as crianças na escola, e liguei marcando uma consulta com meu médico.

Quando cheguei no FBI fui direto falar com Strauss.

—Agente Prentiss, que surpresa vê-la aqui hoje. Você está bem?

—Sim senhora. –Eu disse me sentando.

—Em que eu posso lhe ajudar? –Ela parecia realmente curiosa com minha presença ali, geralmente eu tentava evita-la ao máximo possível.

—Eu recuperei minha memória senhora. –Eu disse sem rodeios.

Agora ela realmente ficou surpresa.

—Você contou à alguém? –Ela perguntou com um certo tom de preocupação.

Bem agora era a hora.

—Hotch.

Ela não pareceu surpresa quando eu disse isso, até mesmo murmurou um “É claro”.

—Você se lembra do seu acidente?

Fiz que sim com a cabeça e completei:

—Não foi um acidente, não é mesmo?

—Digamos que eu tenha minhas suspeitas, mas nada que possa ser provado oficialmente.

—Mas o que vamos fazer? –Eu estava curiosa e ansiosa para saber a atitude que tomaríamos.

—Você não contará a mais ninguém, por enquanto. –Ela disse

—Mas por quê? –Eu perguntei, não vou negar que estava já com vontade de retornar para meu cargo, afinal seria difícil encarar Hotch depois do ocorrido de ontem a noite.

—Pode ser perigoso para você, se você recupera sua memória e está novamente apta para seu antigo cargo, o que tenho certeza que está. Você irá retomar aquela missão, e eu tenho a impressão que aquela célula terrorista atingiu proporções inimagináveis.

—Então o que eu devo fazer? Mentir? –Eu disse não escondendo minha pequena frustração.

—Continue na UAC, não conte a ninguém sobre sua memória, mas tente buscar informações por aí, da forma mais discreta possível. Encare isso como um novo disfarce. –Ela finalizou sorrindo.

Eu a encarava perplexa, isso era mesmo sério? Ela realmente estava me mandando para uma caçada?

—Agora se me der licença eu tenho uma reunião. –Ela me dispensou antes que eu pudesse fazer qualquer outra pergunta.