Duas coisas; eu definitivamente do fundo da minha alma odiava agulhas e ser ratinho de laboratório com todas as minhas forças, mas acontece que essas também eram duas coisas que aparentemente Sidney Sage simplesmente não parecia se importar nenhum pouquinho.

— Isso é mesmo necessário Sidney? – Protestei irritada quando senti a agulha em meu braço, dando Graças a Vlad quando a mesma foi retirada poucos segundos depois. – Quando concordei da primeira vez em fazer parte do seu experimento com o lance do soro que reverte o estado Strigoi eu deixei bem claro que não iria bancar o ratinho de laboratório depois daquilo e adivinha o que isso está parecendo? Exatamente!

— Deixa de ser uma Guardiã chorona, nem mesmo a Angela reclama assim pra tirar sangue, você é pior que a sua filha, credo! – Rebateu Sidney me lançando um olhar frio ao guardar a amostra de sangue e então virar e me encarar novamente com a expressão mais calma. – Pronto, não foi tão ruim assim. É inacreditável como você tem coragem de lutar com quantos Strigois for necessário, mas quando alguém fala em agulhas você vira um bebê chorão que perdeu a mãe no mercado, isso não faz o menor sentido sabia?

— Espera! Você tirou sangue da Angela sem falar comigo primeiro? –Esbravejei arregalando os olhos ao encara-la enquanto ajeitada a manga da minha blusa novamente. – Sidney, somos amigas e quanto a isso não resta duvidas, mas você está começando a passar dos limites com suas pesquisas obsessivas malucas. Não podia ter feito isso sem falar comigo ou com o Dimitri a respeito, somos os pais dela!

— Tirei e ficaria surpresa em saber que não teve uma só palavra de protesto ou uma lágrima que seja. – Rebateu Sidney começando a arrumar suas coisas de costas para mim como se nada estivesse acontecendo ou como se eu não quisesse arrancar a cabeça dela. – E óbvio que eu falei com o Dimitri antes de pegar a amostra do sangue dela, não sou idiota. Além disso, também peguei uma amostra do sangue dele, porque eu quero muito entender o que aconteceu afinal seu sangue claramente consegue trazer os Strigois de volta ao estado original que possuíam e isso misturado ao soro que desenvolvi, mas quando Dimitri te mordeu você mesma disse que nada aconteceu além do enfraquecimento dos seus poderes temporariamente e ai ele mordeu a filha dele e curiosamente além dela ser Moroi com o dom do Espírito também foi à única capaz de trazer ele de volta do estado de Strigoi. Isso não deixa você nenhum pouco curiosa?

— Eu não usaria exatamente essas palavras para descrever como me sinto a respeito disso Sidney, na verdade eu estou bem assustada. –Falei indo para a sala onde Dimitri brincava no tapete com as meninas e Lissa fazia o almoço junto com Christian e Olema Belikova. – Quer dizer, meus poderes voltaram ao normal de novo e eu estou feliz com isso de verdade, mas eu realmente não entendi o que aconteceu antes. Honestamente estou com medo do que isso possa significar.

Já havia se passado quase dois meses e meio desde o acidente na casa dos Belikov, agora Rebekah felizmente havia acordado do coma sem problemas adicionais, Victória já havia tirado o gesso assim como a mãe de Dimitri, agora só faltava Yeva sair da UTI, mas infelizmente o estado dela ainda era realmente muito ruim para poderem ter alguma ideia de um prazo para melhora e se realmente isso iria acontecer.

— Acabei de falar com o Adam que por sorte estava no hospital, a Rebekah finalmente recebeu alta e ele está vindo pra cá com ela já que minha mãe e Victoria estão passando umas férias com a gente. –Disse Dimitri olhando para mim por sobre o ombro enquanto guardava o celular e pegava Zoey no colo já que Nicolly estava pendurada em seu pescoço e Angela mostrava alguns de seus desenhos para o meu pai.

— Tudo bem meu amor, eu vou arrumar o quarto de hospedes mais tarde para eles descansarem da viagem de carro. Imagino que eles prefiram ficar com a gente ao invés dos apartamentos de visitantes da Corte. –Falei com um pequeno sorriso brincando com Lucas em meu colo ate sentir minha visão embaraçar. – Dimitri... Pega o Lucas, por favor. Eu não estou me sentindo muito bem, tem alguma coisa errada. Acho que eu vou cair, tira ele daqui, por favor.

Tentei me apoiar em alguma coisa com medo de cair com o filho de Lissa em meus braços sabendo o quanto isso poderia machuca-lo, mas tudo estava girando de um jeito estranho e rápido demais para conseguir me concentrar em alguma coisa fixa no ambiente, senti alguém tira-lo de meus braços então outro par de mãos me pegar e logo eu já não estava mais no chão.

Abri os olhos e percebi que estava deitada em minha cama, Dimitri estava sentado ao meu lado na cama segurando a minha mão com os olhos fixos em meu rosto.

— Cadê todo mundo amor? –Preguntei sentando devagar encarando o ambiente a minha volta estranhando momentaneamente o ambiente a minha volta. – Eu... Dormi ou desmaiei? Dimitri, o que aconteceu? Onde estão todos?

— Estão todos com as crianças brincando e vendo desenhos na sala, você parecia estar passando mal ou algo assim então a Victoria estava ao seu lado e pegou o Lucas do seu colo e eu te trouxe para cá para você descansar um pouco, você está dormindo há umas 4 horas mais ou menos, eu acho. – Respondeu ele estendendo um copo de agua para mim ainda segurando uma de minhas mãos com cuidado mantendo os olhos em mim como se esperasse algo de ruim acontecer. – A Rebekah acabou de chegar com o Adam, estão na sala com a minha mãe e Victoria fazendo o almoço. Você está bem?

— Estou bem, obrigada por se preocupar e cuidar de mim. – Falei sorrindo ao colocar os pés para fora da cama e levantar devagar com medo de ficar tonta novamente. – Eu vou tomar um banho para me recompor melhor, você me espera aqui?

— Na verdade eu posso ir com você se quiser meu amor. – Disse ele seguindo ao meu lado imediatamente e o encarei incrédula ao ouvir aquilo. – O que foi? Porque fez essa cara?

— A sua família está aqui e temos crianças em casa também, não podemos simplesmente ignorar todo mundo e fazer amor no chuveiro! – Falei com um pequeno sorriso de reprovação, mesmo que a ideia de me entregar a Dimitri sempre fosse algo maravilhoso.

— Eu... Eu não quis dizer que íamos tomar banho juntos e fazer algo mais embaixo da água sua pervertida mais linda desse mundo. Só achei melhor ficar lá dentro com você para o caso de passar mal de novo e precisar de ajuda. Não é a primeira vez que isso acontece esse mês, estou ficando realmente preocupado com você. Se isso não parar vamos deixar as meninas com nossos pais e iremos para o hospital e não tem conversa que me faça desistir dessa ideia. – Defendeu-se ele com uma risada abafada em meu ombro quando ele me abraçou por trás com cuidado como se eu fosse quebrar a qualquer momento ou desaparecer de seu campo de visão. – Você fica ai imaginando nós dois fazendo amor no chuveiro e depois eu sou o pervertido da história toda! Vem, vou ficar de olho em você.

No final das contas o banho foi apenas isso mesmo e Dimitri permaneceu sentado num banquinho que havia ali me olhando tomar banho com atenção, mas de um jeito completamente diferente do que é esperado, não havia um pingo de malícia e segundas intenções ali, apenas meu namorado gostoso e protetor cuidando de mim.

Troquei-me com uma roupa simples por estar em casa – uma calça jeans de lavagem verde escura e uma das camisetas brancas de Dimitri que estavam pequenas e que eu amava e fui para a sala falar com Adam e Rebekah e o dia se tornou um momento muito agradável.

— Jill e Eddie estão noivos, dá para acreditar nisso gente? –Comentou Christian durante o almoço quando já estávamos todos acomodados na sala de jantar e as crianças brincavam no tapete. – Quer dizer, estudamos na mesma Academia e todos nós a protegíamos sempre que estávamos juntos em qualquer lugar que estivéssemos por ser a mais nova do grupo e agora ela está noiva!

Pretendia perguntar mais a respeito disso, porém a reação maior veio de Lissa que imediatamente largou o garfo no meio do caminho e começou a ficar vermelha e depois azul chegando a roxo.

— O QUE FOI QUE DISSE? –Gritou ela assustando a todos e então diminuiu o volume da voz num tom um pouco mais normal por causa das crianças que também se assustarem porem logo voltaram a brincar como se nada estivesse acontecendo, mas ainda estava bastante alterada com o que foi dito. – Quando... Quando isso aconteceu e porque só agora eu estou sabendo disso CHRISTIAN OZERA?

— Que isso mulher! Está tentando deixar todo mundo aqui surdo? Meu Deus Liss, se acalme, eu pensei que a Jill já tivesse contado pra você, até porque isso faz quase duas semanas ou mais. –Disse Christian com a mão no peito, arregalando os olhos ao encara-la, assim como todos nós fazíamos devido ao seu ataque de fúria surpresa.

— Não, eu não fazia ideia de que isso aconteceu e... Eu estava viajando para os eventos reais quase o mês todo e deixei-a na Corte meio que sozinha. Eu não fiz de proposito, mas meus horários de uns tempos pra cá tem sido tão loucos que quase não nos víamos direito, sempre que estou em casa ela está em aula e quando ela está em casa ou tem treinamento ou já esta dormindo eu chego e basicamente não tivemos um tempo só nosso. –Explicou Lissa agora bem mais calma e isso já era algo muito bom. – Ela podia ter pelo menos deixo um bilhete dizendo “Pretendo ficar noiva, o que acha disso?”. É tão difícil assim?

Dessa vez foi à vez de Adam a encarar parecendo incomodado com todo aquele ataque de sua “prima”, afinal assim como todos ali presentes, ele era da família e claramente não iria ficar quieto com um clima tão pesado. E não ficou

— Desculpe se isso não for da minha conta prima, mas isso teria sido mesmo uma boa ideia de verdade? Um bilhete com uma bomba dessas, Majestade? –Perguntou Adam franzindo levemente a expressão ao olha-la.

— Não... você tem razão, alias todos vocês tem razão e eu estou parecendo uma idiota. Não teria resolvido nada mesmo, que droga! – Respondeu Lissa abaixando a cabeça e respirando fundo antes de me encarar. – Minha irmãzinha está crescendo, consegue acreditar nisso Rose? Fala sério, quando o tempo correu tão rápido? Olha o tamanho dos gêmeos logo vão fazer quatro anos e parece que foi ontem que eu dei a luz!

— Loucura, não é mesmo? Você se acostuma com o tempo Liss, tenho certeza. De um tempo pra si e o resto se ajeita sozinho e quando Jill encontrar uma abertura vai falar com você a respeito provavelmente junto com o Eddie e tudo vai ficar bem como sempre. – Falei segurando a mão dela e então colocando a mão na boca sentindo um enjoo estranho, mas passou rápido e agradeci mentalmente por não ter vomitado na mesa ou coisa do tipo. – Ah que droga!

— Rose, você está bem? –Perguntou Rebekah segurando em meu ombro com cuidado, franzindo a expressão ao me encarar.

— Estou bem Bekah, é só um mal estar. Não se preocupe, eu estou bem. – Falei com um pequeno sorriso meio vazio, mas ela não pareceu se convencer assim como rodos que imediatamente começaram a me encarar.

— Tem certeza disso? Eu estou com um dos carros da Corte desde que cheguei para poder sair com as minhas netas, eu posso te levar ao hospital do centro agora mesmo filha. –Disse meu pai levantando em seguida já com a chave em mãos e me encarando com preocupação.

— Nada de hospital pai, eu já disse que estou bem! Senta e come antes que esfrie, por favor. – Falei revirando os olhos, agora me sentindo bastante incomodada com todas as atenções voltadas para mim daquele jeito. –Acho que a comida não caiu muito bem ou sei lá. Esta tudo bem, de verdade.

— Eu não sei não Rose, acho que seu pai está certo em cogitar dar uma passada no hospital, além disso, não é a primeira vez que isso acontece só neste mês meu amor. –Disse Dimitri de um jeito mais firme passando a mão pelos cabelos numa demonstração de preocupação.

— Se isso não melhorar eu passo no Hospital do Centro de manhã depois de deixar as meninas na escola. Prometo que envio todos os exames pra vocês dois por e-mail se isso for deixa-los mais tranquilos e menos exagerados. Podemos voltar a comer agora, por favor? –Falei com um biquinho e olhos suplicantes que eu sabia que funcionariam muito bem contra os dois homens mais importantes da minha vida e funcionou porque eles voltaram a sentar. – Olha só vocês dois, o Christian fez escondidinho de camarão que é meu prato favorito e eu gostaria muito de comer até sair pelas orelhas. Obrigada!

Ainda comendo algo me veio à cabeça e por um momento eu travei porque não era mesmo a primeira vez que eu passava tão mal daquele jeito só naquele mês, na verdade... Ah meu Deus!

Já era madrugada quando as palavras de Dimitri vieram a minha cabeça novamente e algo me ocorreu, mas ao mesmo tempo eu não podia levantar falsas esperanças porque da ultima vez as coisas não acabaram muito bem.

Pela manhã continuei me sentindo muito estranha, mesmo assim arrumei as crianças normalmente como se nada estivesse errado e as deixei na escola sabendo que quando voltasse para casa Dimitri provavelmente já teria saído para acompanhar Christian até a faculdade que ficava a alguns quilômetros da Corte, na volta aproveitando que estava com um dos carros da Corte mesmo a contra gosto e achando bem desnecessário passei na farmácia mais próxima e fui para casa sentindo minha respiração cada vez mais pesada e depois me tranquei no banheiro do quarto encarando a fitinha em minhas mãos e foi tremendamente apavorante perceber como as duas linhas mudariam a minha vida.

Só espero que de um jeito bom dessa vez.