Academia Shadowhunter
Xixi de demônio
Elena
Eu e Cat estávamos em um canto, o que foi uma tremenda sorte. O demônio – vulgo Acorbaleno – não nos viu e ficou rindo malignamente na frente de todos. Ou melhor, na frente dos corpos desmaiados.
— Eu vou bater nele! – murmurei começando a ir para a frente, mas Cat me puxou.
— Não, Lena! – disse ela.
— Eu deixei aquele cara me dar chá! C-h-á! E se tivesse alguma coisa naquele chá? E se ele fez xixi naquele chá? Você sabia que você pode ter engolido xixi de demônio? Você sabe o que xixi de demônio pode fazer com você?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!E então Cat me deu um tapa na cara. Doeu? Um pouco. Mas ajudou.
— Obrigada, eu precisava disso.
— É, deu para perceber. Agora, vamos atrás dos professores.
Os professores estavam dentro da academia (enquanto nós estávamos no ginásio dela) e aparentemente acharam uma boa ideia deixar alunos sozinhos. Não deu muito certo.
— Uau, Catherine Nighthunter sendo responsável.
Cat fez careta.
— O vestido muda as pessoas. E eu sou responsável!
— Você gosta de enfiar a cabeça das pessoas na privada. Isso não é ser responsável.
— Tá, tá, tá. Vamos logo.
Saímos do ginásio e caminhamos silenciosamente pelo corredor. O vestido que Isadora escolhera para mim estava me deixando com frio, o que estava me irritando.
— Por que a gente deixou mesmo que a Isa escolhesse nossos vestidos? – murmurei para Cat, alcançando minha estela.
— Porque a gente é burra. – Cat falou. – E também porque não costumamos usar vestido, então não temos nenhum senso de moda quando se trata deles.
Fiz careta quando a estela passou pelo meu braço, desenhando um símbolo de calor. As picadas em meu braço me aqueceram, deixando-me melhor.
— Quer uma Marca de calor?
Cat assentiu freneticamente.
— Eu mesma faria, mas to com preguiça.
Ri fraco. Nós já tínhamos nos distanciado do baile, então não teria problema em nos Marcar. Assim que terminei o símbolo de Cat, continuamos a correr em direção à sala dos professores.
Quando chegamos lá, eles estavam desmaiados também.
— Raziel! – resmungou Cat, vendo que eles tinham copos de bebida de Enfys na mesa.
— Espera! – exclamei. – J-Hope estava com a gente no baile, mas a Elo e o Dan não. E eles também não estão aqui.
Cat sorriu, percebendo onde eu queria chegar.
— Só temos que achá-los e vamos receber ajuda!
Saímos da sala dos professores e, coincidentemente, Elo e Dan vinham cambaleando até a mesma, rindo.
— Elena? – Elo falou de modo embolado.
Ótimo, eles estavam bêbados.
— Elo e Dan, acho você um casal muito fofo, mas parem de se pegar e nos ajudem! – disse Cat.
— O que você quer dizer com... – Dan começou a falar, mas então ele e Elo caíram no chão, inconscientes.
— Não! Vocês não vão dormir agora! – falei irritada, me ajoelhando ao lado deles.
Peguei Dan pelo ombro e o chacoalhei. Eles não acordavam de jeito nenhum. E, do nada, ele e Elo desapareceram numa nuvem de fumaça. Dei um gritinho esganiçado e pulei para trás.
— Eles... Desapareceram? – indaguei o óbvio.
— Levanta, Lena! – Cat me puxou.
Ok, estávamos começando a ficar desesperadas. Fomos de volta à sala dos professores, e os mesmos não estavam mais lá. Sem trocar nenhuma palavra, eu e Cat corremos em direção ao baile, mas não encontramos ninguém lá.
— Acorbaleno sequestrou todo mundo que tinha consumido a bebida! – deduziu Cat.
— Já sei com quem a gente tem que falar. – falei.
Cat assentiu e, antes que fossemos aonde eu queria, pegamos os docinhos góticos – praticamente intocados. Sério, só estavam faltando dois, que foram os que nós duas comemos. Também passamos no quarto de Julie e Isa e pegamos um sapato.
— Vamos colocar uma Marca de rastreamento. – sugeriu Cat.
Assenti e peguei minha estela. Desenhei o símbolo, mas ele não funcionou.
— Por que não tá funcionando? – bufei, quase tacando o sapato de Julie longe. – Deveria funcionar!
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Será que eles estão... Em algum lugar que não... – Cat se interrompeu. – Tipo uma dimensão demoníaca.
Mordi meu lábio. Eu, sinceramente, esperava que não. Os maiores caçadores de todos os tempos – pelo o que todo mundo falava – já foram para uma dimensão e quase não voltaram.
A Academia de Caçadores de Sombras estava completamente deserta. Sério, não tinha uma única alma viva ali além de Cat e eu. Independentemente daquilo, fomos em direção ao bosque que tinha atrás da academia, pois lá morava uma pessoa que eu precisava falar.
Caminhamos por certo tempo até que eu vi – um chalé com fumaça saindo da chaminé. Corri até lá, sendo seguida por Cat, e bati na porta. Percebi que ela estava entreaberta. Meu coração acelerou e minha garganta ficou seca.
— Magnus?
Não houve resposta. Magnus estava lá, e não na academia, o que talvez nos desse uma chance. Entramos na casa e vimos que ela estava completamente revirada. Ouvi Cat soltar um palavrão – um que eu não poderia repetir aqui – baixinho. Senti algo passar pelas minhas pernas e dei um pulo.
— Presidente Miau! – falei.
Se ele estava aqui, Magnus também.
— ACHEI! – gritou Cat.
Desacordado e atrás de um sofá, estava Magnus. Dei um chute na barriga dele – não tão forte, talvez só um pouco – e ele acordou. Assim que nos viu, começou a falar um monte de coisa numa língua demoníaca que eu prefiro não falar aqui e nos resumiu o que aconteceu: tacaram Presidente Miau no rosto dele, o empurraram no chão e jogaram o sofá contra ele.
Explicamos para Magnus toda a história também e lhe mostramos o sapato.
— Não conseguimos rastreá-los. – relatou Cat.
— Já sei por quê.
— Sabe? – arregalei os olhos. – E por quê?
— Porque o símbolo tá incompleto.
— Quê? – eu e Cat exclamamos ao mesmo tempo.
Chegamos perto e vimos que, realmente, estava incompleta a Marca. Em seguida, ela me olhou acusadora. Dei um sorrisinho culpado. Magnus não nos deixou completar a Marca e resolveu fazer paranauê de feiticeiro.
— Já sei onde eles tão. – falou Bane. – Vou criar um portal pra gente.
— Tá, mas antes... – começou Cat, pegando as balinhas góticas. – Tem como a gente fazer armas com isso?
— Tem.
— Ótimo. – sorri. – E, ah, Magnus.
— Quê?
— Você tem xixi de demônio?
***
Assim que o portal se fechou, senti o cheiro forte de esgoto. Peguei minha lâmina serafim, assim como Cat.
— Miguel. – sussurrei, fazendo com que a lâmina se acendesse.
Cat também nomeou sua lâmina. Já Magnus, ele acendeu seus dedos numa chama azul.
— Deveríamos ter trazido nossas pedras de luz enfeitiçada. – comentou Cat. – Também deveríamos ter usado o sensor de jeito mais eficiente.
Eu não discordei dela.
— Vamos.
Continuamos andando pelo esgoto de Idris – que era bem velho, só pra constar – até que chegamos a uma câmara. Nela, se encontravam todos os professores e alunos da academia. E, no centro, estava o que deveria ser Acorbaleno.
— Vocês chegaram tarde! – ele rugiu, virando-se para nós. – Eles agora são meu exército e eu vou dominar o mundo.
Revirei os olhos. Isso não passou despercebido pelo demônio.
— O que foi?
— Todo vilão fala isso... – comecei.
— Mas nunca conseguem no final. – completou Cat.
Sorrimos e fizemos um Hi-5. Acorbaleno se irritou.
— Ataquem-nas! – gritou ele.
Nossos amigos e professores se viraram pra gente. Antes que qualquer um fizesse alguma coisa, guardamos as lâminas serafim – já que a câmara era iluminada – e eu, Cat e Magnus sacamos nossas armas cheias de balinhas góticas derretidas.
— E você também não vai conseguir. – Magnus deu a palavra final.
Com isso, começamos a atirar líquido preto em todo mundo, fazendo-os sair do estado zumbi/escravo. Acorbaleno só conseguiu assistir aquilo, paralisado.
— Aposto que ele não contava com isso. – ri para Cat, que me acompanhou.
— Magnus – chamou minha amiga. –, distraia-o.
Magnus assentiu enquanto Cat pegava sua estela e a entregava para mim.
— Reforça a minha Marca de força.
Sorri e peguei a estela oferecida, Marcando seu braço. Cat reforçou minha Marca de agilidade e, quando fez isso, senti mais energia fluir por mim. Peguei a arma que estava em meu cinto – parecida com as armas de balinhas góticas – e acompanhei Cat até Acorbaleno, que era atingido de fogo de Magnus.
— Acorbaleno – o chamei, apontando a arma para ele. –, sabe o que é isso?
— Uma arma mundana não pode me ferir direito. – desdenhou ele.
— Tem razão. – prosseguiu Cat. – Mas essa não é uma arma mundana comum.
Ele franziu o rosto. (Eu acho.)
— Diga olá – coloquei minha mão no gatinho – para xixi de demônio!
E apertei, enchendo a cara de Acorbaleno de xixi preto de, possivelmente, um de seus conhecidos.
Depois disso, foi fácil acabar com ele. Ele estava fraco por causa do fogo e foi pego de surpresa pelo xixi. Depois disso, foi só atirar umas flechas, umas facas...
— Eu disse que xixi de demônio podia fazer coisas com as pessoas, não disse?
***
Um tempo se passou desde o infeliz ocorrido com o demônio/feiticeiro Acorbaleno. As pessoas ainda se recuperavam e tiravam muitas camadas de esgoto de seus corpos. Tudo estava de volta ao normal. [N/Cat: Desde quando alguma coisa lá é “normal”?] É, você tem razão. [N/Cat: Sempre tenho, babe.]
Não faltava muito tempo para a gente se formar. Isso me deixava um pouco aflita. Eu gostava da Academia e dos amigos que tinha lá.
Estávamos todos no refeitório, esperando pela pizza da sexta-feira. Eu e Cat tínhamos conversado muito e decidimos revelar a nossa decisão para nossos amigos.
— Pessoal. – chamei, atraindo a atenção de todos para mim. – A Cat e eu conversamos e...
Fiz suspense. Todos estavam praticamente prendendo a respiração, já que eles são um bando de intrometidos na vida dos outros e estavam esperando por isso há... Um tempo que eu to com preguiça de lembrar.
— Vamos virar Parabatai. – completou Cat.
Nossos amigos nos olharam como se fossem explodir. E então realmente explodiram, só que em comemorações e risadas.
— AHA, EU SEMPRE SOUBE! – gritou Julie.
— VIVA AOS PARABATAIS! – Isa a acompanhou.
Enquanto todos comemoravam com gritos, eu e Cat estávamos mais interessadas em comemorar com pizza.
Porque pizza é vida.
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