A.S: Anormal Students

Yuichi e Sora - Parte 2


Puxa, seja do quê estiverem rindo, deve ser muito engraçado! — Yuichi continuava rindo, sem saber que estava rindo do próprio irmão.

— YUICHI! SEU IDIOTA! — Yuichi ouve a voz de seu irmão. Sora havia se levantado e começou a apontar para seu irmão. Ele estava com muito raiva de Yuichi. As crianças começaram a se afastar dos dois. — ERA PRA VOCÊ ME DEFENDER! BELO IRMÃO VOCÊ É, NÃO É?

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“Então era dele que estavam rindo...” pensa Yuichi, que estava perplexo ao descobrir que estava fazendo. Sora saí correndo.

— Sora! Volta aqui! — ele vai atrás do irmão.

Sora estava limpando-se em uma pia próxima ao pátio. Yuichi o encontrou. Sora viu seu irmão e disse:

—O que foi agora? Quer rir de mim de novo? — ele estava muito sério. Ele continuou. — Por que as pessoas gostam tanto de alguém como você? Um idiota que vive tirando notas ruins, irresponsável, distraído e metido a engraçadão! COMO PODEM GOSTAR DE VOCÊ?!

— Sora...o que houve... — Yuichi estava preocupado com seu irmão.

— O que houve? O que houve é que todos te adoram e todos me odeiam! Eu sou muito melhor que você, então por que eu estou sozinho? — ele estava cheio de raiva.

— Mas Sora, eu não... — Sora interrompe seu irmão

— VOCÊ É O PIOR IRMÃO DO MUNDO!! — Sora grita e depois corre em direção a floresta.

Yuichi novamente vai atrás dele. Os dois adentraram a floresta.

— Sora,volta aqui! — Yuichi implora.

— NÃO! Eu nunca vou te perdoar!

— Sora, por favor, escute o que eu- — ele é novamente interrompido por Sora.

— CALA A BOCA!! EU TE ODEIO YUICHI! EU TE ODE- — Sora não tinha percebido que estava na beira de um abismo. Ele escorregou e caiu no abismo antes que pudesse completar a frase.

Yuichi grita o nome de seu irmão bem alto. Desesperado, ele corre por um caminho que levava ao fundo do abismo. Ele para. Ele ficou totalmente horrorizado com o que estava vendo. Seu irmão Sora estava sangrando pela boca, pela orelha esquerda e pelo braço também. Um galho cheio de espinhos havia penetrado na pele dele. Ele estava sujo de terra e várias regiões do corpo dele estavam cheias de arranhões, alguns chegaram a sangrar de tão profundos. Ele também havia fraturado um osso da perna e deslocado outro do braço direito. Os olhos de Sora estavam totalmente sem vida.

Yuichi ajoelhou-se rapidamente e chacoalhou o corpo inerte do irmão:

— SORA! Vamos, fale comigo! Acorde!

Sora não respondeu nada.

— Sora, acorde!! — Yuichi estava desesperadamente mexendo o corpo de Sora. Ele sentia que a pele de Sora estava fria e pálida, mas ele continuava a procurar sinais de vida onde não existiam nenhum. — Sora...acorde... — os olhos de Yuichi estavam enchendo-se de lágrimas. Ele continuava. — Acorde...a...corde... — as lágrimas desceram dos olhos dele.

Ele levou seu ouvido ao peito do irmão. Não havia nenhum batimento sequer. Ele tinha que aceitar os fatos. Sora estava morto agora.

— Sora... — ele chorava. Logo depois, ele gritou intensamente o nome do irmão, enquanto segurava o corpo dele. O grito ecoou por toda a floresta.

...

No funeral de Sora, Yuichi estava na frente do altar, que continha velas, flores,uma foto e um jarro lacrado, que continha as cinzas do garoto. No funeral estavam presentes Hana, que chorava em silêncio; obviamente os pais de Sora e Yuichi, que estavam tão devastados quanto o filho; alguns outros membros da família Tanemura, e...Minako e Ryuuga, que foram arrastados para o funeral a força pelos pais. Os dois estavam sentados e estavam conversando.

— Eu nem queria ter vindo pra cá! Quanto tédio e tristeza aqui! — disse Minako.

— Pois é! Além do mais é o funeral daquele babaca do Sora! — disse Ryuuga. — Pelo menos um idiota a menos no mundo!

Yuichi tinha ouvido os dois. Ele instantaneamente virou-se, furioso:

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— CALEM A BOCA!!! — Minako e Ryuuga levaram um susto. Ele continuou. — Agora eu sei de tudo que vocês fizeram com o Sora! Ele não merecia o isso...Ele só queria ter amigos... — A raiva transformou-se em melancolia.

Yuichi começou a lembrar-se de momentos que ele passou com o irmão,como o primeiro dia de Sora na escola. Antes deles irem para o colégio, eles estavam em casa arrumando-se. Yuichi havia pego o chapéu de Sora e estava correndo pela casa com ele em mãos. Sora estava atrás dele, tentando recuperar o objeto.

— Yuu-nii! Devolve o meu chapéu!

— Vem pegar! Vem pegar!

Após um minuto tentando alcançar o irmão, Sora desiste. Ele começa a choramingar:

— Tá bom,pode ficar com ele...

Yuichi parou de correr. Ele aproximou-se de Sora e colocou o chapéu na cabeça do garoto.

— Tome o seu chapéu. Eu não gosto de ver você chorar, eu me sinto culpado.

Sora parou de chorar. Ele pergunta a Yuichi:

— Yuu-nii, a escola é legal?

— Bem... Ela é legal porque você pode fazer um montão de amigos! Tenho certeza que você vai ter muitos!

— Legal, legal, legal! — Sora estava bem animado — Mas Yuu-nii... E se alguém me xingar? Ou bater?

— Ninguém vai fazer isso, por que eu vou estar sempre te protegendo e defendendo!

Sora olhou maravilhado para o irmão e disse:

— Obrigado Yuu-nii! — dizia Sora com um alegre sorriso.

— Meu... Irmãozinho... — Yuichi lembrou-se do momento em que ele viu Sora pela primeira vez, quando tinha 2 anos. Sua mãe tinha acabado de chegar do hospital e estava carregando Sora nos braços.

— Yuichi, esse é o seu maninho. O nome dele é Sora.

Yuichi olhava atentamente para o bebê.

— So... ra... — ele tentava falar o nome do irmão. — Sora! — ele finalmente disse. — Vamus chêr meloles amigos pala semple! — ele falava erroneamente, devido a idade.

— Sora... — ele lembrou do momento em que o irmão havia dito que o odiava, e logo depois disso, caiu para sua morte. Yuichi tentou segurar as lágrimas, mas não conseguiu. Ele correu até de frente ao altar, rapidamente ajoelhou-se e desabou:

— É TUDO MINHA CULPA!! VOCÊ TINHA RAZÃO SORA, EU SOU UM IDIOTA!! — uma cascata de tristeza e frustração descia dos olhos de Yuichi. — Eu fui uma total falha como irmão mais velho! Eu nunca percebi quando você precisava de ajuda!!

Todos estavam olhando Yuichi chorar como se ele tivesse segurado todos os choros de sua de sua vida e só agora podia deixar as lágrimas descerem.

— Você tinha todo o direito de estar bravo comigo, afinal, as pessoas gostavam mais de um babaca tonto como eu do que um menino brilhante como você!! Eu mal tinha me dado conta das coisas que aconteciam com você, porque eu fui um idiota distraído que achava que tudo ao seu redor estava bem, MAS NÃO ESTAVA! — o garoto botava toda a culpa em si mesmo. — Se eu tivesse sido um irmão melhor, nada disso teria acontecido e você ainda estaria vivo!

Yuichi rapidamente pega o retrato de Sora que estava no altar e abraça-a. Ele dizia o nome do irmão várias vezes enquanto as lágrimas caíam sobre a foto.

— É tudo minha culpa! Foi tudo minha culpa!! FOI TUDO MINHA CULPA!!!

...

Yuichi terminou de contar a história da morte de Sora. Todos estavam em silêncio.

— Que historinha triste! — disse Michiru, chorando igual a uma criança cujo o bichinho de estimação havia morrido.

— Comovente. — dizia Karen, que apenas sentia pena de Yuichi.

— QUE TRISTE, CARA! EU NÃO TINHA IDEIA QUE SUA VIDA TINHA TIDO UM

MOMENTO TÃO... Como é mesmo a palavra... — disse Kouta, comovido e confuso ao mesmo tempo.

— Puxa, eu sinto muito pelo seu irmão. — disse Hikaru. — Deve ser terrível perder uma pessoa da sua família. Eu nunca tive uma, eu cresci num orfanato desde que eu era bebê e nunca fui adotada por ninguém...

Yuichi enchugou as leves lágrimas que estavam em seu rosto e disse:

— Bem, acho que eu me sinto um pouco melhor ao contar isso para vocês, mas, por favor, não me façam falar mais sobre isso. Os pesadelos mensais que eu tenho já são suficientes pra me trazer más lembranças.

Todos concordaram.

— Bem, acho melhor nós irmos dormir agora. Até amanhã. — disse Hikaru, e logo em seguida ela, Michiru e Karen foram para o dormitório feminino.

Kouta deitou-se, puxou o cobertor até o topo da cabeça e desejou “Boa noite” para Yuichi. O garoto “demônio” disse o mesmo. Os dois dormiram.

Enquanto isso, no quarto das meninas, Hikaru ainda estava acordada. Ela estava com uma dúvida na cabeça: “Como ele incluiu até as coisas que só o irmão dele podia saber”?

Hikaru apenas esqueceu isso e foi dormir.

...

Yuichi estava dormindo em seu quarto. Haviam se passado duas semanas desde a morte de Sora. De repente, ele ouve a voz de seu irmão o chamando.

— SORA! —Yuichi acordou de repente. Ele então olha para o lado direito. Havia apenas um espaço vazio, onde costumava ficar a cama de Sora.

“Idiota, ele nunca mais vai estar aqui com você!”, disse a si mesmo. Yuichi teria voltado a dormir, se não tivesse escutado a mesma voz que o acordou vindo do corredor. Ele se levantou da cama e abriu a porta. O corredor estava totalmente escuro. A voz continuava a chamar o nome dele. Yuichi caminhou até o fundo do corredor, e quanto mais ele caminhava, mais a voz o chamava. O garoto estava com medo, mas ele insistia em ir ao encontro da voz. A voz parou de chamá-lo. Ele parou de andar. A voz falou de novo, pedindo para olhar para a direita. Yuichi a obedeceu sem hesitação.

— Oi Yuichi.

Yuichi não acreditava no que havia visto. Era seu irmão. Ou pelo menos o fantasma dele. Ele vestia a roupa que ele usava no momento em que havia morrido. Uma aura negra o envolvia e os olhos dele estavam intensamente vermelhos. Ele tinha uma expressão bem perturbadora em seu rosto.

— Não... Pode ser... Sora... — Yuichi estava emocionado ao ver o irmão, mas ao mesmo tempo estava com medo dele.

— Eu voltei... PRA ME VINGAR! — gritou Sora. Yuichi ainda não conseguia acreditar que aquele ser sombrio era seu irmão.

— Sora... O que houve com você... Você tá diferente...

— SILÊNCIO, SEU #$&#↓! — Sora era um garoto educado, nunca havia falado palavrões. Yuichi ficou sem palavras. — Bem, o que houve? Eu vim te assombrar, como espírito perturbado faz com o culpado indireto de sua morte!

— O QUÊ?! O que você quer dizer com isso?

— Ora, por que está surpreso? Afinal, você mesmo disse isso no meu velório. Eu estava lá como espírito, e eu vi toda a sua performance melosa. Foi tão prazeroso ver você chorar e gritar daquele jeito... — Sora nunca via prazer na desgraça dos outros. Até porque ele sofria as desgraças nas quais as pessoas viam prazer.

— Mas Sora, eu achei que- — Yuichi tentou falar com Sora, mas foi interrompido.

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— ACHOU O QUÊ? Que eu ia ficar com pena de você? Que eu ia te perdoar? Eu não sou mais aquele menininho tolo que via você como um exemplo a seguir!! — ele ficou com raiva.

Yuichi estava chorando.

— Sora, me desculpe, por favor... — ele implorava por perdão.

— É TARDE DE MAIS PRA PEDIR DESCULPA!!!! — Sora enfureceu-se de vez. O rosto dele foi tomando uma forma mais assustadora e a aura negra dele tornou-se maior e mais densa. Os olhos dele ficaram tenebrosos, como se fossem sugar qualquer sonho de quem os encarava. — NIGHTMARE EYES!! — ele gritou enquanto o brilho vermelho de seus olhos se intensificou.

Yuichi começou a sentir desespero, tristeza e fraqueza, todos juntos de uma vez só.

— Sora... Por quê? Me desculpe, eu te imploro... — o menino estava desesperado por um pedido de desculpas do irmão.

Mas isso não convenceu Sora, que se transformou em um enorme vulto negro com duas luzes carmesim que pareciam ser seus olhos. O vulto era visivelmente amedrontador. Ele tentava engolir Yuichi em sua profunda escuridão. Após ver a criatura, o efeito dos Nightmare Eyes passou e Yuichi correu o mais rápido que pôde para não ser pego pelo monstro que seu irmão havia virado. Mas Yuichi acabou escorregando e caiu de joelhos. A respiração dele estava ofegante, e seus batimentos cardíacos estavam tão rápidos como um guepardo. De repente, tudo ficou mais escuro. Nenhuma luz era perceptível. Sombras de uma cor mais escura que o preto formaram um rosto aterrorizante, que parecia ser a mistura de um demônio, um assassino com expressão maníaca e, do irmão de Yuichi, Sora. Os olhos eram igualmente assustadores, talvez até mais que o próprio rosto em si.

— INSANITY EYES! — Yuichi não queria ter olhado para aquele monstro, mas o resto do efeito dos Nightmare Eyes o induziu a olhar para ele. Após Sora ter dito a frase, Yuichi começou a sentir dor de cabeça. Mas não era uma dor de cabeça qualquer. Ele sentiu como se mil espadas estivessem sido colocadas em seu cérebro. Ele estava apenas lembrando-se de coisas dolorosas, ele revivia o sofrimento de todas essas lembranças. Yuichi estava começando a enlouquecer com tudo isso que sentia em sua cabeça.

— TÁ DOENDO, TÁ DOENDO MUITO! SORA PARE COM ISSO AGORA!!

O rosto sombrio mudou, e agora era apenas o rosto de Sora, que parecia não se importar com a situação do irmão mais velho.

— E por que eu faria isso? Eu tô me divertindo tanto!

A dor aumentava cada vez mais.

— PARE, POR FAVOR! EU NÃO AGUENTO MAIS!! POR FAVOR, SORA, PARE! — Yuichi gritava de agonia.

— Eu não ligo! Eu não me importo com você, nem com mais ninguém nesse mundo estúpido!! EU NÃO SOU MAIS AQUELE IDIOTA CHORÃO QUE TE IDOLATRAVA! —Depois disso, Sora se transformou novamente em vulto e atravessou o corpo de Yuichi. Era como se o menino tivesse sido atingido por uma flecha naquele momento. Ele deu um grito de dor, tão alto que havia acordado seus pais.

— O que está acontecendo?! Foi o Yuichi que gritou? — disse a mãe dele, que havia acabado de acordar. Ela e seu marido estavam dentro do quarto.

— Veio do corredor! Vamos olhar! — disse o Sr.Tanemura. Ele levantou da cama e correu até a porta do quarto. Ele deslizou a porta e ficou olhando o corredor. Ele então olhou para o chão e viu seu filho caído no chão.

Hinagiku havia levado Yuichi até o quarto dele. O garoto estava com um olhar desesperado e choroso em seu rosto.

— O que aconteceu, meu filho? — perguntou ela, preocupada com o filho. — Eu e seu pai ouvimos seu grito e depois disso você desmaiou no corredor!

— Mãe... O Sora... Ele... Queria se vingar... Ele tava me torturando... Foi horrível...

— Calma, foi só um pesadelo. — Hinagiku tentou confortar seu filho. — Agora vá dormir, amanhã você tem escola. Boa noite. — ela saiu do quarto e Yuichi voltou a dormir, mas ele ainda estava com medo de que algo acontecesse. Mas desta vez, ele dormiu sem que nada o perturbasse.

...

Um ano depois, Hinagiku estava olhando o boletim escolar que Yuichi havia entregado a ela.

— Yuichi, eu estou impressionada com o seu boletim. Notas boas em todas as matérias! E pensar que até o ano passado elas eram baixímas!

— Valeu mãe. — Yuichi estava pensando em algo que havia acontecido naquela manhã na escola. Ele estava andando pelo corredor da escolar, e ouviu uma conversa entre Minako e Ryuuga:

— Credo, o Yuichi tá tão chato agora! Tá parecendo o irmão dele! — reclamava Minako.

— Silêncio, Minako! Você sabe o que aconteceu da ultima vez que falamos do Sora!

Yuichi chamou a atenção deles.

— O que vocês disseram agora?! — ele estava visivelmente furioso.

— Ah... Oi! — disse Minako, enquanto Ryuuga murrumou “O que foi que eu te disse?” pra ela. De repente, os dois se sentiam tristes e desmotivados. Eles foram embora. Hana estava observando tudo aquilo escondida.

— O que houve com o Yuichi? Desde ano passado ele tá meio estranho...

Yuichi termina de lembrar o acontecimento da manhã.

— Eh... Eu vou pro meu quarto! — ele correu até o lugar. — O que tá acontecendo? Eu não queria ter feito aquilo com eles!

...

Yuichi continuava dormindo no quarto dos garotos. Uma aura negra surge do corpo dele. Ele ri baixinho, e logo depois abre os olhos, que estavam escarlates. Ele estava com uma expressão tenebrosa no rosto. Ele sorriu maniacamente e sussurou a si mesmo:

— Humpf, esse idiota do meu irmão. Ele não faz a mínima ideia do vai acontecer com ele.