Assim que chegou à reserva La Push, Jacob começou a correr atrás do cheiro de Sarah, que parecia estar brincando com ele. Toda vez que ele se aproximava de uma casa onde o cheiro dela estava, ele logo sentia também na casa vizinha, na próxima e na próxima.

Algumas horas haviam se passado, quando ele parou em frente a casa de Paul, onde o cheiro de Sarah estava mais intenso. E lembrando-se do desentendimento do companheiro com a garota, Jacob temeu o que fosse encontrar ao abrir a porta.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Não... Não... Por favor, você não pode... — era a voz de Sarah berrando e parecia chorar.

Sem perder tempo, Jacob chutou a porta e entrou correndo, pronto para se transformar caso fosse necessário. Mas tudo o que ele encontrou foi uma sala repleta de pipoca espalhada pelo chão, sofá e até no cabelo da garota, que estava deitada no sofá mastigando. Paul estava jogado no chão da sala, recolhendo e comendo o balde de pipocas que derrubou ao ser surpreendido pela entrada triunfal de Jacob.

— Oh não, eles estão atirando nele! — Sarah voltou a chorar enquanto apontava para a TV e parecia nem ter reparado a presença de Jacob.

— Ei, Jacob. Quer assistir King Kong com a gente? Está quase no fim, mas podemos ver de novo! — Paul o convidou, empolgado.

— Mas que merda é essa, Sarah? Todos estão loucos de preocupação e você aí comendo pipoca e assistindo King Kong? — Jacob ignorou Paul e parou em frente à Tv.

— Ei! — Sarah e Paul reclamaram em coral.

— Eu não quero voltar para casa. Não enquanto aquele idiota estiver lá! — a garota colocou o balde de pipoca de lado e se sentou direito.

— Tudo bem, mas... Só não faça mais isso, está bem? Vocês dois, aliás. Merda, Paul, pensei que você estivesse assustando a garota! — ele voltou-se para o amigo, que agora havia pego o resto de pipoca de Sarah e devorava tudo.

Tchu—tudo.... bzzem... — Paul concordou de boca cheia e alguns farelos de pipoca voaram de sua boca.

— Me dá isso aqui... — Jacob tomou o balde de pipoca de Paul — Idiota! — riu e enfiou um punhado de pipoca na boca.

— Idiota? Mas soube te enganar direitinho com o cheiro da Sarah… — Paul provocou e riu.

— Quem disse? Eu acabei de chegar e vim direto para cá! — mentiu Jacob, enquanto fitava o fundo do balde de pipoca para não encarar o amigo.

— Aham… — Paul riu e voltou a encarar a TV.

xXx

Sarah já era minúscula, com o enorme casaco de Jacob ela parecia menor ainda enquanto caminhava ao lado do rapaz pela reserva. Ambos seguiram para uma enorme fogueira que fora construída no centro da tribo, onde alguns casais de namorados, famílias e até algumas crianças sentaram em volta para se aquecer.

— O que foi? — Sarah perguntou, percebendo que Jacob parecia distante.

— Não é nada... Aliás, esqueci de te contar: quase fiz seu ex-namorado se borrar nas calças e até cheguei a ameaça-lo indiretamente caso ele não contasse toda a verdade. À essa hora ele já deve ter sido mandado de volta para casa! — ele mudou de assunto.

— Obrigada... — ela agradeceu, um pouco tristonha.

— Aliás, que belo soco você deu, hein. Será que poderia me ensinar? — Jacob brincou e deu uma leve cutucada nas costelas de Sarah, que não resistiu à brincadeira e gargalhou.

— Prefiro não fazer mais nada com uma mão só. Não quero ser chamada de Saci outra vez! — ela riu e se aproximou da fogueira para se aquecer; apesar do casaco grosso, ela ainda estava com frio.

— Preciso te levar para casa. Está tarde e todos estão preocupados... — Jacob avisou; Sarah assentiu.

— Tudo bem, mas primeiro... — ela olhou em volta e então parou o olhar na entrada da floresta — Primeiro preciso que você venha comigo! — ela segurou o braço de Jacob com a mão sadia e então o puxou para andar.

O rapaz a seguiu, sem pestanejar, mesmo sem entender o que ela planejava o levando para a floresta tarde da noite. Eles caminharam alguns minutos e então Sarah parou bem debaixo de uma fresta entre as árvores que permitia que a luz da lua se infiltrasse e iluminasse ali. Ela o encarou nos olhos, ofegante.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Jacob, me mostre! — ela pediu.

— Ahm... Mostrar o quê? — Jacob desviou o olhar e fingiu não entender.

— Não adianta mais esconder, pois Paul me mostrou e agora eu sei! — explicou — Por favor, Jacob, confie em mim também... — ela pediu.

Jacob fechou a cara e resmungou sozinho coisas que Sarah não conseguiu entender. Em seguida, ele se afastou dela e passou sua camiseta por cima da cabeça. A garota virou o rosto imediatamente e se afastou alguns passos. Ela ouviu o som do zíper da calça de Jacob e os pés descalços esmagando as folhas secas.

Alguns segundos de silêncio e então Sarah sentiu um rosnado baixo às suas costas. Ela se virou com cuidado e então se deparou com um enorme lobo caminhando devagar em direção à luz. Ela não conseguiu evitar um arfar, que fez com que o lobo-Jacob abaixasse o olhar para o chão e parasse de andar.

Juntando coragem necessária, a garota respirou fundo e seguiu em direção ao animal, que antes era seu amigo Jacob. Ela estendeu a mão sadia, que estava um tanto trêmula, até tocar no pelo do lobo. Ele voltou à encara-la.

— Eu pensava que era impossível você ficar ainda mais bonito, Jacob Black! — Sarah comentou, encantada — Quer dizer... ahm... Óbvio que você não me supera. Puft, não chega nem aos meus dedinhos dos pés! — desconversou enquanto recolhia sua mão e se virava para evitar que fosse vista com bochechas coradas.

Quando suas bochechas se esfriaram, Sarah virou-se outra vez para tocar no pelo do lobo. Mas tudo que encontrou foi um rapaz que havia acabado de fechar o zíper de sua calça e começava a pisar nos sapatos para caça-los. Ela recuou sua mão e ficou esperando o rapaz terminar de se vestir.

— Você já conseguiu o que queria, então podemos ir embora! — Jacob quebrou o silêncio, um pouco seco.

— Ei, qual o seu problema? — Sarah percebeu a diferença do rapaz; ele não respondeu e ela se aproximou para encara-lo de perto — Qual foi, Jacob? Acha que agora vou entregá-los? Merda, Jacob, o Paul me fez assistir King Kong dezoito vezes, tudo para que eu entendesse o que acontece quando algo sobrenatural é apresentado ao mundo. Acha que eu faria algo para prejudicá-los? — ela analisou as reações de Jacob; outra vez ele nada respondeu.

Decepcionada, Sarah se afastou do garoto engolindo um choro que quase escapou. Ela coçou os olhos, suspirou e então saiu andando rapidamente de volta para a tribo, com Jacob a seguindo. Assim que chegaram, alguns olhares voltaram-se para eles, mas logo desviaram o olhar para a fogueira outra vez.

— Vou buscar um capacete em casa e já volto! — Jacob avisou.

— Não vou a lugar nenhum com você! — Sarah protestou.

— Sarah, sua família está louca de preocupação, você precisa voltar! — revirou os olhos diante da aparente birra da garota.

— Mas eu vou voltar para casa... Só não vai ser com você! — assim que lançou um olhar de desdém para Jacob, Sarah se virou e saiu andando em direção à Paul.

Jacob encarou as costas da garota e se virou em seguida para ir para casa. Lançou mais alguns olhares assim que se afastou alguns pés e não conseguiu não se incomodar ao ver Sarah e Paul rindo de alguma coisa. Mas se virou e entrou na floresta outra vez, logo transformando-se e saindo correndo entre as árvores.

xXx

O queda era terrivelmente alta. Sarah a encarava e tomava coragem para saltar, mais ainda pelo fato dos garotos estarem duvidando que ela conseguiria. Principalmente Seth, que era o mais novo entre todos e já havia saltado cinco vezes enquanto ela tentava tomar coragem.

— Quer uma ajuda? — Paul perguntou, se aproximando dela com a expressão divertida.

— Ah não, Paul, não ouse fazer isso! — Sarah encarou o novo amigo e então o mar se quebrando lá embaixo.

— Já fiz! — Paul avançou para Sarah, a agarrando e saltando; a garota berrou estéricamente até se chocar contra a água e um punhado entrar em sua boca.

Rapidamente, Paul a ergueu para a superfície para tomar fôlego, mas não apareceu imediatamente. Ele esperou até que ela estivesse recuperada e então a soltou para nadar sozinho de volta para a praia. Como o esperado, Sarah afundou e logo começou a relutar para ficar na superfície; estava se afogando e ninguém parecia se importar.

— Estão se divertindo e não me convidam? — Jacob apareceu de repente no alto do penhasco e surpreendeu seus amigos.

Todos o encararam com aquela típica cara de quem havia aprontado.

— O que foi? — Jacob perguntou, rindo um pouco, e depois sentiu um cheiro conhecido no ar — Espera... Estou sentindo o cheiro de Sarah, mas não estou a vendo! — refletiu por alguns segundos; em seguida arfou de susto e correu para a ponta do penhasco para observar; lá embaixo, vez ou outra, um pontinho branco aparecia na superfície, mas logo afundava outra vez.

Lançando palavrões e olhares de reprovação para seus amigos, Jacob saltou em direção ao corpo de Sarah, que já começava a boiar. Assim que se chocou contra a água, ele nadou em direção a garota e a ergueu para a superfície. O corpo inerte tombou para frente e Jacob foi obrigado a jogar parte dele para seu ombro para conseguir nadar.

Algumas poucas braçadas e então ele já conseguia sentir a areia em seus pés. Jacob ergueu o corpo de Sarah para seus braços e então correu para a areia, onde a depositou e, sem perder tempo, realizou respiração boca-a-boca ao mesmo tempo que massageava os braços gelados da garota.

Seth, Quil, Jared e Embry apareceram ofegantes segundos mais tarde, encarando a situação com certa preocupação. Paul apareceu logo em seguida, segurando o pulso e gemendo um pouco.

— Eu sinto muito por isso, eu machuquei meu braço com a queda e tive que soltá-la. Eu sinto muito, Jacob! — ele lamentou, chateado.

Jacob lhe lançou um olhar de desprezo e então voltou a tentar trazer Sarah de volta. Mais algumas sugadas e então a garota cuspiu água e tossiu, logo encostando a cabeça outra vez na areia e ficando imóvel.

— Sarah? — Jacob a chamou e voltou a acariciar os braços frios da garota; ela não se moveu.

Os garotos se entreolharam e abaixaram a cabeça.

— Sarah? — a chamou novamente; dessa vez, a garota piscou e olhou para o rapaz.

Jake... — ela sussurrou docemente e abriu um sorriso leve a medida que erguia o corpo e abraçar o rapaz, que suspirou aliviado — Que bom que estava por perto... Que bom que sempre está por perto! — ela agradeceu e então o encarou.

Jacob iria responder, porém no segundo seguinte lábios úmidos e frios impediram que suas palavras saíssem. Sarah o beijou e pressionou as mãos em sua nuca para evitar que ele tentasse escapar de seu beijo. Ele acabou retribuindo o beijo e tocou nas costas da garota, que arfou pelo choque térmico entre quente e frio. Todos ficaram boquiabertos e até abafaram um risinho com as mãos. Um tempo depois, Sarah se afastou e olhou para Paul.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Meus 50 dólares, por favor! — ela estendeu a mão para ele; Jacob os encarou sem entender.

— Droga! — Paul resmungou e esmurrou o ar.

— Espera... 50 dólares? E, Paul, não está machucado? — Jacob começou a se levantar.

Todos começaram a rir, inclusive Sarah.

— Era uma aposta. Eles sabiam o momento certo que você chegaria e eu sabia que você iria me salvar. A propósito, eu não morri porque eu quis, pois sei nadar e estava intercalando entre respirar um pouco e se afogar um pouco! — a garota explicou.

— Idiotas! — grunhiu Jacob, se levantando rapidamente e caminhando para longe de seus conhecidos.

— Jacob, não seja ranzinza, foi só uma brincadeira! — Sarah gritou para ele, mas foi ignorada — Ok né... — ela deu de ombros e fitou seus novos amigos, logo rindo outra vez.

xXx

— Ei, Seth, não vai esperar a pizza? — Sarah perguntou ao ver o recente amigo saindo de fininho da casa de Paul.

— Érr... não vai dar. — ele coçou a nuca.

— Por quê? Está com tanta fome assim? — Sarah saiu da cozinha e seguiu até a porta onde o garoto estava parado.

— Não é isso, é que tenho um casamento daqui a pouco! — ele explicou, desviando o olhar.

— Ah, tudo bem... Mas por que você está tão desconfortável, Seth? Por acaso vai ser a Dama de Honra e está com vergonha de nos contar? — ela colocou as mãos na cintura.

Paul gargalhou na cozinha, atraindo o olhar dos dois.

— Não, é que... — Seth não conseguiu continuar.

— Seth, por favor! — pediu Sarah, um pouco impaciente.

— Tudo bem! É o casamento... Casamento da Bella! — ele revelou; Sarah vasculhou seu cérebro tentando se lembrar de onde conhecia aquele nome.

— Oh, meu Deus! É a garota de Jacob? — ela se lembrou, chateada; Seth assentiu para ela — Meu Deus, ele precisa de apoio! — e correu de volta para a cozinha.

— A pizza já chegou? — Quil perguntou, batendo em sua barriga.

— Esqueçam a pizza! Preciso que vocês tragam Jacob para mim. Lembro que vocês me falaram sobre o lance da mente, então por favor, enlouqueçam a cabeça dele até que ele se renda e venha até nós! — Sarah suplicou; os garotos se entreolharam e se levantaram em seguida.

A garota tentou acompanhar os passos dos enormes rapazes, mas ficou para trás assim que eles entraram na floresta, se transformaram e começaram a correr. Aflita, ela apertou os punhos e voltou para a casa de Paul.

xXx

As unhas de Sarah estavam totalmente roídas enquanto ela esperava os garotos retornarem. O pior de tudo era que haviam dezenas de ligações perdidas de seus avós cujo ela não teve coragem em atender, por saber que eles a mandariam voltar para casa por estar tarde.

Até que a porta foi aberta e um grupo de jovens gigantes adentraram em silêncio. Rapidamente, ela vasculhou todos os rostos a procura de um específico e não encontrou.

— E Jacob? — ela perguntou, apertando os punhos em um tique da aflição.

— Parece que a passagem dele pela festa para felicitar o casal não saiu como ele planejava… — Paul comentou.

— O que aconteceu? Sejam diretos, poxa! — ela se aproximou dos garotos.

— Estava tudo bem, ele não chegou surtando, nem abocanhando alguns sangue-sugas da festa. Até mesmo conversou civilizadamente com Bella, como antigamente, e até dançaram. Mas aí ela acabou soltando que teria uma lua de mel como a de todo mundo e então ele pirou, pois teme que ela morra! — Seth explicou.

— Por sorte imaginamos que ele não teria total controle e chamamos nosso líder, Sam. Ele colocou um ponto final na confusão e, odiando ser contrariado, Jacob sumiu pela reserva... — Paul completou.

— E vocês não vão procurá-lo? Vão desistir assim não fácil? — Sarah havia começado a chorar.

— Sinto muito, Sarah, mas ele precisa de um tempo para pensar! — Paul lamentou — Agora venha, que vamos levá-la em casa! — e tentou puxar a garota para um abraço lateral, mas ela recuou e esbarrou em Embry, Jared e Quil quando correu porta à fora.

— Sarah! — Seth gritou por ela, mas foi ignorado.

A garota seguiu, aos tropeços, reserva à dentro. Tropeçou em raízes de árvores vez ou outra, mas não o suficiente para cair. Os olhos estavam inundados e ela pouco enxergava por onde estava indo, mas no fundo sabia que a matilha a encontraria caso ela se perdesse.

— Jacob! — ela gritou, mas única resposta que teve foi de sua voz ecoando pela floresta silenciosa — Jacob, aparece! Precisamos conversar! Por favor… — suplicou, gritando outra vez.

Mas ela estava sozinha. E continuou pelos próximos minutos de caminhada a procura do rapaz. Até que desistiu e se encolheu aos pés de uma árvore, logo voltando a chorar. Estava preocupada com os sentimentos de Jacob em relação ao casamento de sua amada, mas também pela brincadeira que havia feito mais cedo. Sua atitude pode ter o feito pensar que não era amado, quando na verdade era sim. Seus amigos da matilha, sua família, até o chefe Swan… Até ela. Mas agora era tarde demais para isso ser esclarecido, e só teria outra chance quando o garoto resolvesse aparecer outra vez.

Ela estava disposta a esperá-lo. E tinha certeza que a matilha também. Ninguém desistiria de Jacob, como Bella — sem outra opção — teve de fazer.

xXxXxXxXxXxXx