AMORES VIRTUAIS

Conto 7 - A vida é feita de acasos.


—________Prazer, Melanie.—________

29 de maio de 2015

Olá, guris e gurias, como vocês estão? Aqui vos fala a escritora desse blog até então sem nunca ter se apresentado. Meu nome é Melanie, ou pode ser Mel, não sou fã de apelidos, mas soa menos sério. Sou escritora, gaúcha de 25 anos, atualmente tenho apenas esse blog o qual me dedico nas horas vagas, mas como a vida econômica de um adulto não é nada fácil, trabalho como revisora e tradutora. Esse blog, como vocês bem sabem, não é de moda, nem beleza, sequer um diário, apesar de estar fazendo isso no momento. Criei meu blog aos 18 anos, após decidir que faria faculdade de letras (inglês) e aproveitei toda minha inspiração para escrever aqui, onde já postei diversos artigos e alguns contos. Não que nunca tenha escrito livro algum, só não tive oportunidades de publicar nenhum.

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Minha vida sempre foi exata demais, eu sempre tive planos e sonhos é claro, mas todos na medida do possível de realizar, e nunca fui muito a favor de surpresas, digamos que sempre controlei demais a minha vida, e bem, meu coração. Adoro desafios, porque me fazem superar muitos medos e preconceitos. Mas, há um ano e 2 meses, recebi um e-mail de uma escritora que conheci num congresso em Santos. Marina, uma paulista muito viajada, já publicou mais de 6 livros, incluindo 2 internacionais. Mari me convidou pra um projeto de um livro que ela estava montando, onde ela reuniu 26 escritores (ou melhor, 27, contando com ela), um para cada estado do Brasil, cada um responsável por um conto.

Dois meses após o início do projeto, ela nos dividiu em 5 grupos, cada um com 5 escritores (exceto um que tem 6, no caso, o meu) e Marina, que está em todos os grupos para melhor organização.

E foi então que o conheci. O último a entrar no meu grupo, o representante do Sudeste. O mineiro. O Pedro.

De início, ele foi apenas gentil. Na reunião, conversamos sobre nossas ideias dos contos, comentei sobre um bloqueio criativo que vinha enfrentando e ele se ofereceu para ajudar. Ele me adicionou e passamos a conversar com certa frequência. Descobri que ele mora sozinho em Belo Horizonte (o resto da família ficou em Uberlândia) e tem um pug gordo que ganhou da irmã, chamado Rodolfo.

Pedro já publicou 2 livros, um romance e um de ficção científica. Participou de outros 5, com temas bem variados.

Há 7 meses, Pedro (e Rodolfo) apareceram na minha porta e pensei que infantaria. Ele, aparentemente nervoso (coisa que ele sempre alegou não ser), me pediu em namoro.

Pedro ainda é mineiro e ainda sou gaúcha. Estamos namorando desde então, mas nos vemos apenas duas vezes por mês. Em uma das vezes ele vem pra cá e passa um final de semana comigo, na outra, eu vou até Minas e fico lá um final de semana.

Esse mês (mais precisamente daqui a 7 dias) nós teremos a festa de comemoração do nosso livro, lá em São Paulo, todos os 26 escritores vão até lá. Porém, com toda a correria para resolver tudo para viagem, estamos há 28 dias sem nos ver, maior tempo que já passamos separados desde a segunda-feira louca em que ele apareceu na minha porta e passamos uma semana maravilhosa juntos, nós três.

Agora, caros leitores, passo a lhes contar do tempo atual. Estou fechando as malas e partindo pra Minas a fim de encontrar o meu amor. Dessa vez, serei eu a fazer a surpresa. Já tenho minha passagem pra São Paulo saindo de Minas então vou pra lá passar uma semana com o Pedro.

Claro, postarei isso apenas quando chegar lá, pois o conheço bem e sei que ele é o leitor mais fiel daqui. Desejem-me sorte!

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29 de maio de 2015

Sentada no banco da sala de embarque, tamborilo os dedos na minha pequena mala de mão. Sabe sexto sentido? Nunca acreditei muito, porém, tenho um pressentimento forte de que algo muito maior vai acontecer. Não que eu ache que vá chegar em Minas e o Pedro vai me pedir em casamento, mas é como se eu soubesse que algo vai mudar.

Olho fixamente para o painel que indica a situação dos voos e levanto em um salto quando meu voo finalmente muda para “Embarque Imediato”, esperei até o último minuto para finalmente me direcionar ao corredor que levava à aeronave. Nunca gostei do desconhecido, então o medo sem motivo que me assola, me confunde de certa forma.

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Quando guardo minha mala e me sento na poltrona do avião, tento relaxar e mentalizo que todo nervoso é por questão de estar indo de surpresa à Minas somado ao nervosismo antecipado pelo lançamento do livro.

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—___A realização de um sonho—___

30 de maio de 2015

Olá, guris e gurias.

Como todo sábado, hoje é dia de resenha de livro, e nada mais especial que lhes mandar a resenha do meu livro. Não apenas meu, é claro, mas de todos os envolvidos.

Pequenos Mistérios.

Páginas: 358

Editora: Fantasiasta

Pontuação: ♥ ♥ ♥ ♥ ♥ (Talvez seja um pouco antiético eu pontuar, afinal, fiz parte do projeto, mas de todo coração, eu realmente amei cada um dos contos.)

Sinopse: Até aonde você seria capaz de ir para desvendar os mistérios antigos da sua cidade? A cada conto, uma lenda, um mito, uma história encarada como fantasiosa, mas seria tão fantasioso o uivo que todos escutaram no centro da cidade? E todos os desaparecimentos sem explicação? Até inimigos, em momentos terríveis, podem ser bons aliados.

Os contos seguem uma ordem cronológica, divididos por décadas, eles apresentam histórias baseadas nas lendas das cidades. Cada conto traz personagens inéditos que se envolvem de alguma forma (realista ou não) com algum mito ou lenda. Repleto de mistérios, medos e surpresas, os personagens têm de se superar e contar com a ajuda de pessoas desconhecidas para se salvarem ou escaparem.

De lobisomens, bruxas à assombrações e espíritos. Tudo que sempre crescemos sabendo que são apenas lendas, se tornam reais e assustadores. As histórias são descritas de forma que você se transporta completamente pra dentro do mundo fictício. Cenários, sensações e acontecimentos. É como se de repente você estivesse em um sonho e assumisse o papel do personagem principal.

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29 de maio de 2014

Da janela do táxi, quando estou dobrando a esquina do prédio do Pedro, sinto como se meu coração fosse grande demais pro meu peito, e de alguma forma ele vai saltar para fora de mim. Meu estômago parece estar pulando milhares de vezes até formar um nó, indico ao taxista a portaria do prédio, o pago e desço do táxi com as pernas completamente bambas. O porteiro, Seu Julio, acena pra mim mas não abre o portão, estranho, mas me aproximo do interfone.

Boa tarde, dona Melanie, o senhor Pedro não se encontra, a senhora quer esperar por ele do lado de dentro? Não é seguro à senhora ficar sozinha aí fora.

Oi, Seu Julio, já imagino onde o Pedro está, o senhor pode me fazer um enorme favor e guardar as malas aí enquanto vou ao encontro dele?

Claro, senhora.Ele abre o portão e vem me ajudar com as malas. As deixo na sua sala, me despeço, saio pelo portão e aceno para o táxi que vem descendo a rua. Posso me considerar uma pessoa de sorte com a coincidência de ele estar passando por aqui justo agora.

Já no café, que tinha certeza que o encontraria, caminho na sua direção. Ele está sentado de costas para mim, na sua mesa preferida que têm a melhor vista do pôr do sol. Ando até a sua mesa, puxo a cadeira e me sento com a maior naturalidade. Admito que andei o caminho todo torcendo que ele não estivesse com a boca cheia de café, para que não cuspisse tudo em mim quando eu aparecesse.

Mas é impossível controlar uma risada com sua cara de susto. E, pela segunda vez na vida, o vejo ficar completamente sem palavras.

Olá! Sorrio descaradamente e roubo sua xícara de café, tomando um pequeno gole. Pedro, por favor, respire, eu não sou uma assombração, eu juro. Apenas quis retribuir a surpresa que você me fez e aproveitar essa semana com você antes de irmos ao lançamento do nosso livro.

Amor, você quase me mata do coração, se eu tivesse acabado de tomar um gole de café, teria molhado tudo ao redor. – Ele ri e arruma a postura, já passado o susto. Que surpresa maravilhosa, mas porque você não avisou que viria? Não deixei nada preparado, inclusive, tenho que buscar o Rodolfo no petshop, até ele vai se assustar com você aqui. Rio, lembrando de quando conheci o rechonchudo pug do Pedro, ele teve todas as fases de emoções possíveis. Primeiro ele me cheirou e se afastou, indo para perto do Pê reclamando se eu tentasse me aproximar, depois ele veio me pedir carinho, como se dissesse que deveria agradá-lo para conquistá-lo, então por fim, ele se rendeu e se aproximou de mim definitivamente. Pedro diz que quando vou embora, após o fim de semana que passo por aqui, ele fica triste.

Porque se eu avisasse, não seria surpresa, Pedro. Gargalho com sua cara de indignação, pois sabe que entendi perfeitamente seu questionamento. Agora deixa de papo. Arrasto minha cadeira e me sento ao seu lado Já ‘tá na hora do pôr do sol — Deito a cabeça no seu ombro e bebo mais um gole da xícara que permanecia na minha mão.

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—_________Destino realmente existe?—_________

5 de junho de 2015

Cheguei na sexta (29) e encontrei Pedro na cafeteria que ele me apresentou no nosso primeiro encontro quando vim a Minas pela primeira vez. Sabia que ele adorava tomar café lá no fim de tarde para observar o pôr do sol e lamento não ter gravado a reação dele ao me ver chegar. Antes de ir até lá, já tinha ido ao seu prédio e deixado minhas malas com o porteiro, então, cheguei sorrateiramente e sentei a sua frente no café. E assim, como na primeira vez que nos vimos pessoalmente, o vi ficar sem palavras. Aliás, esqueci de lhes contar o real motivo de ele aparecer na minha porta àquela manhã, ele sofreu do mesmo mal que nos uniu. Disse ter um bloqueio criativo para me escrever um pedido de namoro, então preferiu por comprar a passagem e ir pessoalmente. Se “destino” realmente existir, queria agradecer pelo bloqueio, porque sem ele não teria passado a melhor semana de aniversário da minha vida, sim, caros leitores, ele me pediu no dia anterior ao meu aniversário.

E hoje, já estamos no hotel em São Paulo, o evento iniciará às 8h da noite em uma livraria no centro. Falta apenas uma hora e devo dizer que nem quando fui às montanhas russas na Disney, anos atrás, senti tanto nervosismo.

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Acompanhem-me pelas redes sociais (sim, depois de 5 anos de blog existe um link pra todos os meus perfis.)

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5 de junho de 2015

— Licença, Mari, preciso roubar a Mel por um instante — Ele me puxa e vamos ao deck do salão de festas do hotel, longe de todo o tumulto, tem poucas pessoas sentadas em um banco. — Mel, bom, lembra do e-mail que recebi noite passada? Era do Frank, aquele meu colega da faculdade que é diretor da editora Copas... Ele tem uns negócios pra resolver na França, um novo livro, na verdade é uma adaptação de um livro que já foi publicado lá, e ele lembrou por um acaso que eu já fiz aula de Francês quando ainda ‘tava na faculdade, e ele me convidou pra ir junto, são 4 meses. Eu vou como intérprete e assistente dele, é uma oportunidade enorme.

— Pedro, isso... É maravilhoso. – Prendo a respiração e tento segurar as lágrimas, não quero demonstrar tristeza. Acima de tudo, tenho que apoiá-lo. — Bom, e quando você vai?

— Então... Mel... Eu preciso ir semana que vem. — E por um momento, eu vi o mundo parar.

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—_________Mudanças Repentinas.—________

26 de junho de 2015

Olá, caros leitores. Pra quem me acompanha nas redes sociais está a par de tudo, mas percebi que com tudo que aconteceu, eu abandonei vocês por aqui.

Bom, dia 5 de junho, como todos sabem, aconteceu o evento do livro. Foi um sucesso. Conheci todos os escritores e vários de vocês, é um pouco assustador (de um jeito bom) perceber que é real, pessoas realmente me acompanham e leem minhas histórias aqui. Depois de voltarmos da livraria, tivemos uma festa particular no hotel só para nós (escritores), e foi então que veio a surpresa. Pedro me chamou para conversar e então contou, ele recebeu uma proposta de emprego na França, e teria que se mudar na semana seguinte para passar 4 meses por lá.

Pela primeira vez na vida, pude entender a letra de todas aquelas músicas de amor e de distância, porque quando apenas estados nos separavam, não parecia doer tanto, agora estamos em continentes diferentes, e é dolorido passar tanto tempo longe do meu coração. Sim, virei o maior dos clichês, a boba apaixonada que longe do amor da vida parece não saber viver.

Faz só 2 semanas que ele foi pra lá, faltam mais de 3 meses, e eu sinto que estou enlouquecendo.

Pode parecer invenção, mas enquanto escrevo esse post, recebi um e-mail da Marina, ela quer que eu vá com ela ao Canadá. São apenas 2 semanas, a editora que ela trabalha abriu uma sede recentemente por lá e ela vai até lá para conhecer. Talvez seja exatamente o que eu preciso pra levantar da cama e diminuir a ansiedade com relação à volta do Pedro.

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26 de junho de 2015

— Vamos Mel, são só 2 semanas, Canadá é um lugar incrível, estive lá dois anos atrás com o meu ex-noivo. — Marina inicia a chamada de Skype sem me dar sequer a chance de falar.

Abro o perfil do Pedro nas redes sociais e fico encarando sua foto, por ser muito tarde, não posso conversar com ele agora. E acabo me distraindo da conversa quando vejo que o perfil atualiza e aparecem novas fotos, uma tal de Gabrielle o marcou. São as fotos de uma festa de ontem, ele comentou comigo sobre, mas havia dito que não iria.

— Mel, alôô, Mel, câmbio chamando Mel, ô Melanie!

— Perdão, amiga, mas vi que saíram fotos de uma festa que o Pedro foi, e uma tal de Gabrielle o marcou nas fotos. Não sei quando me tornei tão ciumenta, ele já me falou que ela é só a assistente do John, o Francês.

— Viu, você precisa mais do que nunca viajar e espairecer.

— Você venceu, quando viajamos?

— Estou lhe enviando sua passagem por e-mail, vamos depois de amanhã, quer dizer, se você contar que ainda vai dormir e acordar, a viagem é amanhã, dia 27.

— O QUÊ? São 2 horas da manhã, ou seja, tenho 24 horas pra fazer as malas. — Enquanto entro em desespero, Mari está rindo horrores do outro lado da tela.

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—_____Um pouco sobre o Canadá—_____

1 de julho de 2015.

Olá, guris e gurias, estou apaixonada por esse lugar, aqui é início de Verão, e o calor é intenso, o que já me resultou em alguns desmaios, tenho pressão baixa, mas a paisagem é fantástica e faz tudo valer a pena. Ainda estamos na primeira semana da viagem, mas decidimos alongar nossa viagem em uma semana e vamos fazer pequenas viagens por dentro do país.

Nesse momento, lhes escrevo do “Parque Nacional Banff” e arrisco dizer que é o lugar mais bonito que já visitei na vida. A cidade de Banff, por si só, parece um conto de fadas, recomendo que procurem pelo local no Google, mas estejam preparados, talvez vocês decidam gastar todas as economias e voarem pra cá.

Mais tarde, faremos um passeio a cavalo, depois vamos jantar em uma das mesas do lado de fora do nosso hotel, Fairmont Chateau Lake Louise, outro local majestosamente fantástico. É uma pena que ficaremos aqui só essa noite, mas fiz Mari me prometer que vamos visitar algumas lojinhas que ficam no centro, são encantadoras.

Provavelmente ficarei alguns dias sem postar, a internet por aqui é muito difícil, e bem, quero aproveitar minha viagem, mas trarei muitas histórias e fotos, eu prometo!

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30 de junho de 2015

Você ainda lembra que eu existo ou será que suas festas e eventos literários têm te deslumbrado demais? Depois de 3 chamadas, finalmente Pedro me atende, me estico na cama com o celular em mãos na chamada de Skype. A qualidade da imagem está péssima, por conta do sinal, e o áudio atrasado, mas é reconfortante vê-lo e conversar com ele, sem ser por fotos e mensagens.

Menos drama, Mel, eu estou aqui a trabalho, e você tem viajado horrores por aí também, passa quase 24 horas sem nem me dar notícias. Bufo e o vejo revirar os olhos.

Estamos a mais ou menos 16 horas de diferença, e quando tento falar com você, você está ocupado, esses dias te liguei, e a tal da Gabrielle que atendeu, muita intimidade da parte dela, atender a sua chamada de vídeo, ainda mais de biquíni. Ela disse que achou que fosse só mensagem de voz, e que você tinha acabado de entrar no chuveiro, e esqueceu o celular próximo da piscina.

A Gabi tem se tornado uma amiga, ela ‘tá até aprendendo um pouco de português, ela até te elogiou ontem disse que seu inglês é muito melhor do que o dela e que eu tenho muita sorte, porque você, além de linda, parece ser uma pessoa incrível.

Ah sim, e sua grande amiga Gabi tinha te avisado da minha chamada?

Ela deve ter esquecido. Ouço uma porta abrindo e escuto a voz irritante e chorosa no fundo “Peppe, let's go? I'm hungry.” – Mel, tenho que ir...

Nem espero que ele se explique, desligo irritada e jogo meu celular no outro lado da cama, ele escorrega e cai no chão, por sorte, cai bem em cima do tapete. Baixo para juntar, e sinto um forte enjoo.

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—_______Um adeus?—_______

10 de julho de 2015

Olá, meus queridos, meus guris e gurias. Depois de quase 8 anos de blog, e não sendo tão fiel nos últimos tempos com os posts como gostaria, nunca achei que estaria aqui, sentada com o notebook no colo e aos prantos (algo que não faço sempre) tentando pela décima vez lhes escrever esse adeus.

Por mais que eu tenha passado a lhes escrever sobre meu dia a dia, (Vocês adoraram essa ideia, recebi o dobro de comentários, perguntando sobre meu romance, acho que vocês começaram a acompanhar minha vida como um livro haha) não estou preparada para expor aqui tudo que tem acontecido. Espero que esse post (extremamente curto, porque não encontro palavras o suficiente para preenchê-lo) logo suma, e que eu um dia retorne.

A quem passou a me seguir nas redes sociais, quero deixar avisado aqui também, que por motivos de força maior, tive que deletá-las.

Mas é isso, até algum dia, até que por um acaso, eu encontre a motivação que me fez ficar por aqui, por tanto tempo.

Um beijo,

Melanie.

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9 de julho de 2015

Mel, você deveria deixar que ele te explique, não vai tirar conclusões precipitadas baseadas em fotos. – Soluço e limpo as lágrimas com as mãos, enquanto a Mari tenta novamente me convencer de que é um erro. E você tem que contar pra ele tudo que está acontecendo, você não pode continuar escondendo, ele tem o direito de saber.

Levanto de repente e puxo o notebook, abrindo a pasta onde salvei todas as fotos.

Precipitada? Essa garota tem se tornado um empecilho entre nós desde o início dessa viagem. Primeiro, ela o arrastou pra uma festa que ele me disse não iria, o que gerou uma briga. Depois, ela passou a atender as minhas ligações pra ele. Daí toda vez que eu conseguia conversar com ele, ela aparecia no quarto, pra buscar algo, ou pra chamar ele pra almoçar, jantar ou sair. Sem contar as fotos das outras festas. Olha, e diz que é coisa da minha cabeça! – Viro o notebook pra ela e vou passando as fotos. Eles sempre aparecem muito juntos, algumas de mãos dadas, outras dançando muito colados. E ontem, quando eu tentei novamente contar pra ele, ele atendeu quando estavam saindo de um evento, a Gabrielle roubou o celular dele porque disse que tinham que tirar uma foto, quando virou o celular pra ela, e me viu na chamada de vídeo, fez a maior cara de desentendida, e ela estava com a camisa dele, que eu dei de presente! Ele pegou o celular de volta e nem tentou se desculpar. Pra mim já deu, eu vou criar esse filho sozinha. Aliás, aquela proposta que você me disse a alguns dias, sobre trabalho fixo com você na editora de São Paulo, ainda posso aceitar?

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A proposta era válida, mas eu falei como tom de brincadeira, porque sabia que você queria mais que tudo voltar logo pro Brasil e reencontrar o Pedro.

Exatamente, eu queria, e vou voltar pro Brasil. Levanto o rosto e caminho até o banheiro, lavo meu rosto com água fria e retiro toda a maquiagem borrada pelas horas de choro. Mas eu não tenho nada que me obrigue a voltar para Porto Alegre, eu morava na época da faculdade só com a minha irmã, porque era mais próximo para ir à aula e meus pais já queriam vender a casa e mudar para um apartamento menor. Quando a Louise se casou e se mudou, eu fiquei morando sozinha. Já fiz todos os planos, vou pedir pro meu pai vender meu apartamento e me enviar a grana, e vou alugar um lugar pra mim em Sampa.

Mel, não decide as coisas de cabeça quente, conversa com seus pais, conversa com o Pedro. Ela caminha na minha direção e me abraça. Esse bebê merece conhecer o pai.

Um dia ele vai conhecer, mas eu não posso conviver com alguém que mente tanto pra mim e eu tenho certeza de que ele tem me enganado. Sem contar que um emprego fixo vai ser muito melhor para o bebê. Amanhã voltaremos pro Brasil, eu vou até POA pra falar com meus pais e separar as minhas coisas e em 1 mês já devo estar em São Paulo. Sorrio, mas por dentro me sinto destruída.

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26 de julho de 2015

Eu já disse que você não pode carregar peso, Melanie. – Largo a caixa que carregava no sofá e sento no mesmo bufando.

Eu estou grávida, não sou uma inválida, querida irmã Louise. O barulho estridente de celular me dá um susto, e deixo o copo que embalava cair no chão, provocando outro estrondo. É o seu celular Lou, o meu, só vocês e a Marina tem o número.

Louise larga os livros que encaixotava e pega o aparelho no bolso.

Não reconheço o número. Ela dá de ombros e atende mesmo assim. Alô? sua expressão muda repentinamente para assustada. Pedro? Eu... Não lembrava que você tinha meu número. Se eu tenho notícias da minha irmã? Claro, ela continua no Canadá, mas ela não te contou? Roo a unha dos dedos preocupada que ele perceba que ela está mentindo – Vocês terminaram? Oh, a Mel não tinha me dito nada. Ela perdeu o celular durante umas das viagens dela por lá e ainda não comprou outro, mas eu só falo com ela por chamada de vídeo. Aconteceu alguma coisa? Louise fica em silencio e sinto que o mundo passa a 1km/h. Nossa, parabéns! E por quanto tempo?Levanto de repente e me aproximo do telefone, não consigo ouvir muito então Louise coloca a chamada no alto-falante e eu tranco a respiração ao ouvir o som da voz dele.

“ Eu não ia aceitar a proposta, são mais 4 meses longe de casa, mas já tentei de tudo pra falar com a Melanie, ela não me deu chances nenhuma, a Gabi me disse que ela me ligou, e parecia muito nervosa, e só disse que tinha acabado tudo entre nós. Quis gritar de ódio, eu tinha ligado dias atrás, remoída de culpa, e ela atendeu com a maior voz de sono, dizendo que ele tinha acabado de deitar e estava muito cansado pra me atender. Disse a ela que era algo muito importante, e que ela deveria chama-lo e ela disse que não chamaria e que eles iriam dormir. Eu não sei o que eu fiz ou o que houve na viagem da sua irmã, mas essa atitude infantil dela me fez perceber que ela não deve dar tanto valor ao nosso relacionamento quanto eu. Desde o início dessa viagem ela está muito estranha.”

É uma pena, achava o relacionamento de vocês muito bonito. – Não aguento mais ouvir toda aquela conversa e me afasto, me tranco no banheiro e devolvo todo meu almoço.

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9 de agosto de 2015

E essa é a última caixa. Meu pai largou a caixa no meio do meu novo apartamento, ele e minha mãe me trouxeram até São Paulo de carro, foram 2 dias de viagem. Primeiro paramos em Lages-SC, e ficamos na casa de uma irmã do meu pai, então, seguimos viagem até aqui, foi a melhor forma de trazer todas as minhas coisas e eles acharam mais seguro que eu não viajasse de avião sozinha. Você tem certeza que vai ficar sozinha aqui?

Ela não vai ficar sozinha, Sr. Luiz, eu vou morar com ela. Marina entrou empurrando uma grande mala vermelha, tão chamativa quanto a dona. Coloquei meu apartamento para alugar, e vou morar com a Mel, assim dividimos despesas e fazemos companhia uma a outra. Corro para abraçar a minha amiga, e só percebo que estou chorando quando me afasto dela e vejo a mancha de lágrimas na blusa de seda azul.

Não precisa fazer tudo isso por mim, eu posso me virar sozinha, seu apartamento é muito maior e luxuoso que esse.

Justamente, é grande demais só pra mim, e como você não quis morar lá comigo, resolvi que virei eu pra cá. Ela sorri e meus pais se aproximam pra abraça-la também.

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29 de novembro de 2015

Mel, aquele arquivo que te mandei, você conseguiu revisar? O prazo era pra daqui a dois dias, mas o chefe ‘tá pedindo uma previa. Quando a Mari entra na minha sala, eu fecho a aba do navegador rapidamente e tento secar as lágrimas, mas elas voltam a escorrer pelo meu rosto. Hey, calma, o que houve? – Levanto e a abraço em silêncio.

O Pedro chegou no Brasil hoje, e ele trouxe a Gabrielle com ele. Não faz nem um mês, e ele já assumiu namoro com ela. As lágrimas que antes eu tentava esconder, agora jorram do meu rosto freneticamente. Eu estraguei tudo, eu dei a ela o que ela queria, agora meu bebê não vai ter pai e eu perdi a pessoa que mais amei em toda a minha vida. Fico mais alguns minutos abraçada a Marina, chorando, então me afasto e limpo as lágrimas. Não tem como voltar no tempo, agora tenho que erguer a cabeça e seguir em frente. Já revisei o arquivo que você pediu, está pronto. Sento novamente na minha cadeira e abro o e-mail Pronto, arquivo encaminhado. Meu celular vibra e o aviso pisca na tela “Ultrassom, 14h30, sexo do bebê!”e inevitavelmente caio no choro.

Sua mãe já deve estar chegando, vamos sair pra almoçar, depois eu levo você até o aeroporto para buscar ela. Ela sorri e eu agradeço sem emitir som.

Saímos para almoçar; graças a Deus as fases de enjoo direto já passaram então almoço em paz, porém mal consigo mexer na comida. Passamos a refeição inteira em silêncio, no automático, levanto e me dirijo ao carro.

O avião da minha mãe chega com 30 minutos de atraso e quase chego atrasada para a consulta.

Eu quero as duas lá dentro comigo, por favor.

Sem problemas, preparada pra saber o sexo do bebê?

Sim, quero começar a imaginar a carinha dela, ou dele.

E já pensou nos nomes?

Não, acho que vou escolher só quando o bebê nascer e eu olhar pro rostinho. Sorrio e faço carinha na barriga.

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24 de dezembro de 2015

Nem pensar, não vou de­ixar você sozinha no Natal. Marina insiste novamente e levanta pondo a louça do almoço na pia.

Marina, pelo amor de Deus, vai para a casa dos seus pais, eles estão te esperando. A casa deles fica a menos de 1 hora daqui, amanhã você volta e almoça comigo, pronto. Ninguém tem culpa se meu voo foi cancelado ontem pelo mau tempo e eles não tem mais vaga no voo de hoje. Eu estou super cansada, já vou deitar, amanhã quero terminar de bordar a fronha do berço, você sabe, é uma tradição da minha família, e por mais que eu borde muito mal, eu vou cumprir a tradição. Marina se dá por vencida e eu me jogo no sofá.

Se precisar de QUALQUER coisa, me liga, e eu volto ok? Concordo com a cabeça e nos despedimos.

Ligo a TV em qualquer canal, está passando mais um desses filmes clichês de romance, então eu desligo e deito no sofá. Como disse a Marina, ‘tô com muito sono, então durmo rápido.

Acordo assustada com o barulho da campainha.

Marina, eu disse que era pra ir visitar seus pais. – Abro a porta e dou de cara com toda a minha família. Mamãe, papai, Louise, Lucas (marido da Louise) e o filho deles, Miguel.

A Marina nos ligou quando seu voo foi cancelado e você não podia passar o natal sozinha.

Como sempre, caio no choro.

O Natal foi ótimo, meu pai preparou um Peru e eu fiz uma salada magnífica com castanhas porque o Lucas é vegetariano. Louise trouxe um álbum de quando éramos crianças, e passamos a noite de natal explicando ao Miguel foto por foto e contando nossas histórias. Na virada da meia-noite do Natal, Marina me ligou dizendo que só tinha aceitado viajar porque sabia que minha família estava a caminho, mas precisava fingir para não estragar a surpresa. Mas a surpresa maior dela foi reencontrar o ex-marido na cidade dos pais e disse que eles iriam almoçar juntos no dia 25, então ela não voltaria para casa, só dia 26.

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2 de janeiro de 2016

Louise, Lucas e Miguel já tinham voltado a POA de avião no dia 26 por causa do trabalho, mas papai e mamãe ficaram para que fossemos juntos para POA dia 30 por conta do ano-novo. Dia 31 de dezembro, segundos antes da virada, meu pai teve um A.V.C. e entrou em coma.

Melanie, você não comeu nada o dia todo. Não se esqueça, você não se alimenta sozinha, você tem que alimentar o bebê que está aí dentro e depende inteiramente de você.

Eu sei mãe, vou à lanchonete e depois vou pegar um táxi pra casa, preciso dormir um pouco. Tenho que ligar pra Marina e falar que não vou voltar pra Sampa amanhã.

Falta menos de dois meses pro bebê nascer, você deveria ficar por aqui.

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26 de fevereiro de 2016

Vem, Mel, você vai com a gente ao parque da redenção. Você sempre amou aquele lugar. sou puxada pelos braços pela minha mãe e a Marina.

Eu não quero, ‘tá muito calor.

Justamente, a gente te compra um picolé, anda, é daqui a duas quadras, caminhar vai te fazer bem, ajuda no parto.

Muito a contragosto, sou arrastada pra fora do apartamento. Descemos a rua, chego extremamente cansada no parque e me sento no primeiro banco que encontro e coloco a bolsa no colo.

Quero picolé de chocolate digo a Marina que continua parada na minha frente e escuto uma voz que faz meu mundo parar por completo.

Mel?

26 de fevereiro de 2016

P.O.V Pedro

É estranho estar novamente aqui em POA, quer dizer, sem a Melanie. – Olho pela janela do táxi, e relembro de quando estive aqui pela primeira vez.

Amanhã já estaremos de volta a São Paulo. Foi por acaso que o nosso cliente decidiu que quer que a capa do livro seja fotografada aqui em Porto Alegre. Gabrielle retoca a maquiagem no espelho de bolsa e reviro os olhos. Futilidade em excesso me irrita.

São Paulo, ainda soa estranho lembrar que agora vivo em Sampa. Percebo que estamos perto do parque da redenção e peço pro taxista parar. Já que estou aqui, vou aproveitar pra visitar meu lugar favorito. É um dos parques mais bonitos que já vim na vida.

Você teve que se mudar por consequências do trabalho. Gabrielle bufa, mas desce do táxi atrás de mim, e me segue a passos rápidos, pois já estou bem à frente, ela me alcança e como se visse uma assombração, ela para de repente, então noto uma garota sentada em um banco.

Não pode ser. Ando a passos mais largos, e a cada passo tenho mais certeza, escuto Gabrielle me chamar, mas ignoro por completo. Uma distância curta, de no máximo 3 metros, se torna enorme e o mundo parece ser lento demais. Como se estivesse em um filme clichê de romance, as lembranças na minha mente são quase palpáveis. Em quase todos os finais de semana que estive aqui, viemos a esse parque, Mel orgulhosamente disse ser seu parque favorito da vida inteira. As memórias começam a passar mais rápido à medida que me aproximo. Lembro-me da surpresa no café em Minas, quando ela chegou para passar a semana comigo antecedente ao lançamento do livro. Por fim, lembro-me de tudo mudando completamente com a minha viagem à França. Antes, nos falávamos todos os dias, mas com a diferença dos fusos era complicada a comunicação, e quando era possível, sempre se iniciava com uma briga, por ciúmes, por estresse. Agora, analisando, me culpo por não ter dado atenção todas as vezes que ela me ligava e eu tinha de desligar rapidamente por culpa de algum compromisso. Gabrielle se tornou uma grande amiga, mas nada além disso, porém, muitas das nossas brigas envolviam seu nome, por conta do ciúme da Mel. São tantos questionamentos na minha mente, só desejo que seja realmente ela, e que possamos finalmente conversar, nem que seja para dar um fim definitivo, mas de forma madura, como adultos civilizados. A vida é feita de acasos. Foi por total acaso que paramos no mesmo grupo da coletânea da Marina. Foi por um acaso que o Frank me chamou para a França. E o acaso me trouxe exatamente hoje a POA, nesse parque. Quando estou a menos de 5 passos da garota, escuto a voz e inevitavelmente a chamo. Mel?

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