A Última Chance

Parte II - Capítulo 33 - Do Passado


Capitulo 33

Do Passado

Os minutos pareciam se arrastarem enquanto apertava a mão de Delilah.

A cada minuto a cor fugia mais de seu rosto dando um ar mais que doentio a ela. Um ar morto. A cada momento que sua respiração falhava meu coração para junto e, como um costume que nunca perderia e ainda mais numa situação como essa, minha mão livre permanecia em uma faca presa á minha cintura pronto para qualquer coisa.

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A cada segundo ficava mais preocupado. Herschel estava cuidando de Lori, e entendia que pelo fato de ela estar grávida era mais importante cuidar dela primeiro, mas ainda sim a cada “tic tac” do relógio o fio da vida de Delilah encurtava, e se não fosse tratada logo com certeza o pior aconteceria.

Foi o tempo de concluir o pensamento e a porta se abriu, e o velho homem entrou com um olhar preocupado.

- Já terminou com Lori? – perguntei.

- Sim. Não era nada tão complicado. – respondeu se sentando no outro lado da cama, verificando o corpo ali – O sangue não está coagulando e está ralo. Provavelmente anemia. Com toda essa perda de sangue precisaremos de uma transfusão. Com o processo ela vai perder mais sangue, e não podemos deixar isso acontecer, á não ser que queira vê-la morta. Sabe o tipo sanguíneo dela?

- Não. - respondi num suspiro desesperado, desejando que tio Zack estivesse vivo ou que pelo menos alguém que soubesse e... Como eu sou burro! – Espere, eu sei sim. Ela já me contou. É O positivo.

- Qual seu tipo sanguíneo?

- Meu tipo é B. – respondi, me sentindo completamente inútil por não poder ajudar.

- Então vá procurar alguém que possa doar. Mas tem que ser rápido. Delilah já está lutando pela vida há muito tempo, pode não conseguir por muito mais tempo.

Corri do quarto direto para o primeiro andar, procurando alguém. Na sala estavam algumas pessoas – especificamente Maggie, Glenn, Savannah e Kalem.

- Alguém-aqui-tem-sangue-tipo-O-doável? – perguntei muito rápido, um pouco ofegante pela corrida.

- O que? – Maggie perguntou com uma careta, parecendo confusa.

- Perguntei se alguém aqui tem sangue tipo O. – repedi calmamente.

- Não. – ela e Glenn responderam ao mesmo tempo.

- Eu tenho. – Savannah respondeu, me olhando de uma maneira que podia prever que não esqueceria a história do “namoro” tão cedo.

- Pode nos ajudar? – pedi, tentando demonstrar pelo meu olhar o meu desespero.

- Claro. – Savannah suspirou e se levantou.

Ela me seguiu de volta para o quarto e quando entramos ela parecia que queria sair correndo. Peguei sua mão e apertei-a lhe encorajando, olhando bem nos seus olhos. Savannah fechou os olhos por um segundo e se sentou na cadeira de balanço parecendo prestes a desmaiar ou vomitar, ou talvez os dois.

- Vai ficar tudo bem. Eu prometo. – segurei suas mãos firmemente.

- Eu sei. Não estou com medo por mim. – ela assentiu pensativa – Ok, talvez um pouco por mim, mas não é por mim. Acho que deu pra entender.

Toquei sua perna, como um pedido para que ela arredasse, e me sentei ao seu lado, colocando suas pernas sobre a minha.

- Me desculpe por mais cedo.

- Depois teremos uma conversinha sobre isso. – Savannah falou com um sorriso zombeteiro.

Ri, mesmo sem vontade, e a abracei.

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- Ok, vamos lá. – Herschel veio até nós, me lembrando de que ele ainda estava ali.

Savannah olhou para a agulha na mão do homem e me olhou parecendo assustada e pronta para sair correndo dali a qualquer momento. Segurei seu rosto para que não desviasse os olhos dos meus enquanto Herschel fazia o que precisava. Ela ficou me olhando e seus olhos lacrimejaram quando a agulha penetrou sua pele.

- Droga de agulha. – ela resmungou com a voz chorosa e o lábio inferior tremendo.

Encostei meus lábios nos seus levemente tentando desviar sua atenção, a talvez tenha funcionado, porque aquilo se transformou de um simples selinho em um beijo rápido e cálido, que pareceu durar minutos, horas, dias, meses... E que foi interrompido por Herschel pigarreando – o que me fez perceber de onde vinha a mania de Maggie interromper o beijo dos outros com pigarros.

- Acho melhor saírem daqui, não vai ser legal assistirem a isso. – Herschel falou, indo em direção á Delilah.

- O que vai fazer? – perguntei preocupado.

- Vou ter que abrir o ferimento para retirar os estilhaços das balas.

- Isso vai doer, não vai? – Savannah perguntou fazendo careta, enquanto pressionava um algodão contra a dobra do braço.

- Bem, não tem anestesia. Talvez ajudasse se ela bêbada ou algo do tipo. – ele passou uma toalha limpando o sangue da barriga de Delilah, deixando á mostra os dois furos feitos pelos tiros.

Virei o rosto rapidamente e saí do quarto puxando Savannah, rezando para que tudo desse certo. Eu queria ficar ali, mas não conseguiria, então fui seguindo em direção ao meu quarto.

- Pra onde está me levando? – Savannah perguntou, e percebi que ainda a puxava comigo; não que não fosse minha intenção, mas fora involuntário.

Abri a porta do quarto e a levei para dentro comigo, fechando a porta logo em seguida. Sem esperar por nada e sentindo um sentimento abrasador crescendo dentro do meu peito, me virei para Savannah puxando-a contra meu corpo, calando sua tentativa de fazer pergunta colando meus lábios aos seus no mesmo beijo quente e desejoso de antes, que foi ficando mais intenso a cada segundo.

Minhas mãos passeavam por seu corpo de maneira frenética e apressada, como se cada toque não fosse o bastante, enquanto as suas se empenhavam em retirar todas as blusas que eu usava – um dos lados ruins do frio – e também fiz o mesmo. O modo como nossas línguas se entrelaçavam me davam a sensação de que meu corpo inteiro pegava fogo, entrando em combustão, e me fazendo sentir como se meu cérebro estivesse derretendo e esquecer meu próprio nome.

Arredei todas as coisas que estavam sobre a escrivaninha sem me preocupar ao ouvir o barulho de coisas caindo no chão e a sentei Savannah sobre ela, enquanto esta passava as pernas em volta da minha cintura. Seus dedos quentes passeavam por minha pele nua deixando rastros gelados – uma bela ironia – e meu estômago parecia dar cambalhotas de tanta ansiedade. Passei a mão pelo fecho de seu sutiã, pronto para abri-lo, mas quando estava pronto para fazê-lo quando ouvi, ao longe, uma voz gritar meu nome.

Ignorei-a, pensando que era apenas minha imaginação e não queria estragar aquele momento, mas a sensação de que eu conhecia aquela voz não saía de mim. Voltei minhas mãos para o sutiã e o abri, mas novamente a voz chamou meu nome e percebi que não era minha imaginação.

- Escutou isso? – perguntei, mantendo meu rosto a centímetros do de Savannah.

- Não sei. – ela falou lentamente, como se tivesse acabado de despertar.

- Ethan! – me chamou novamente, uma voz feminina e aguda que eu conhecia muito bem, só não conseguia me lembrar de quem, com minha cabeça rodando pelos últimos minutos.

- Droga. – bufei irritado pela interrupção no momento menos apropriado.

Vesti apenas minha camiseta e a jaqueta e dei um rápido beijo em Savannah, que mantinha os olhos fixos num ponto acima de minha cabeça.

Desci correndo as escadas e, do lado de fora, podia ver Rick, Glenn, Daryl, T-Dog e Maggie com suas armas prontas, provavelmente para o quer que estivesse no portão e que o mantinha aberto.

- Quem me chamou? – perguntei tentando abrir espaço entre eles para ver o que estava acontecendo, já que tampavam toda a minha visão dali, louco para descobrir quem era o futuro morto que tinha interrompido as... Coisas.

- Ela. – Maggie fez sinal para o portão sem tira os olhos dele.

No momento em que vi, parei de andar e encarei a mulher para da ali. Seus cabelos de um loiro muito claro que caiam até sua cintura combinavam extremamente com seus olhos verdes e pele bronzeada, que fazia um contraste forte com a neve. Meu coração batia tão rápido que não ouvia nada enquanto ela andava até mim com os braços levantados em sinal de rendição, um sorriso zombeteiro e um olhar felino, pronto para atacar.

- Melissa? – foi a única coisa que saiu por minha garganta que parecia apertada.

- Olá, amorzinho.