Torre Stark, N.Y. 05:56

Pov. Amanda

Uma semana depois



Mesmo naquela hora os barulhos em New York não cessavam. Depois de uma semana em completo repouso decidi que já era hora de começar a me mexer. Para isso eu teria que agir como uma adolescente rebelde e começar a fazer as coisas escondidos dos pais, que no meu caso era Vingadores.

Uma semana toda eu atuei como nunca precisei. Pelo que Bruce contou ele e Tony vem trabalho muito para achar algum vestígio de Nick ou do seu sequestrador, O Soldado Invernal, todas em vão. Conseguiram até rastrear algumas antigas bases que podiam utilizar, mas me parecia ridículo a H.I.D.R.A querer utilizar um lugar que já sabem onde é. H.I.D.R.A e S.H.I.E.L.D não são lideres em espionagem a toa.

Eu também tive a missão de evitar o Stark por uma semana inteira,e acredite isso é difícil quando esta na torre Stark. Não que sua presença irritante fosse insuportável, porém um jogador conhece seus adversários e ele é um dos fortes. Minha mentira teria um cheiro de carne podre em suas narinas. De forma esquisita Stark entende o modo como eu penso. Por mais que me chame de garotinha eu sei que no fundo... ele sabe a arma que tem em casa.

Fury costumava me dizer que nunca há recuperação enquanto estiver deitada numa cama. Ele me ensinou a suportar a dor, então pouco me importava minha perna ou as contínuas queimadura que meus pontos. Eu só queria ficar forte mais rápido.

Comecei a fazer leves flexões, deixando minha perna de metal ativada e rígida enquanto fazia. Não marquei o tempo, nem quantas fiz,mas foi o suficiente para me fazer pingar de suor.

Mas a dor estava insuportável, me fez deitar de barriga pra cima e arfar no chão. Levantei minha camiseta, meu coração parecia estar naquele ponto conforme as pontadas. Era pura dor.

Deitada ali, tentando descansar da minha mutilação, pensei em como teria sido se eu nascesse com a vida de Anthony Stark.

Carros, dinheiro, todos aos meus pés... Mas o mais importante de tudo: ser amada.

As vezes penso que daria tudo para ter uma família.

Foi em meio aos meus devaneios que escutei passos próximos a sala, eram rígidos e rítmicos, como se tomasse cuidado.

Meus passos eram macios, como um de um leão antes de abocanhar, podia sentir tudo a minha volta mesmo com minha atenção voltada para meus exercícios. Levantei e coloquei a perna na opção de ultra-leve (Estou pensando em usar a perna de metal para sempre) e caminhei até onde escutei o barulho.

A cozinha.

Vi uma sombra se mexer no cômodo, e meu medo começou a me controlar totalmente desesperada.Tirei a faca que eu escondia na cintura e estalei os dedos rapidamente para que JARVIS acendesse a luz e revelasse quem estava ali.

– O que você faz acordado? - Coloquei minha mão sob meu peito, sentindo meu coração estar na mesma velocidade que a de um beija-flor por causa do susto.

– Essa pergunta seria mais adequada se eu a fizesse - Bruce se aproximou alguns passos com suas mãos levantadas ao tentar me acalmar. Coloquei a faca de volta ao lugar antes de cometer uma besteira.

Seu cabelo estava bagunçado, e juntando com aquele pijama parecia que tinha fugido do hospício. Bruce não era tão atraente fisicamente como seus companheiros. Mas tinha algo peculiar nele que me agradava, até sua timidez e sua exclusão.

– Estava comendo o resto de cereal do Stark, mas não conta pra ninguém! - Brinquei fazendo sinal de shii.

– Vamos culpar Thor, duvido muito Tony querer arrumar encrenca com ele.

Não teve como conter a gargalhada que escapou pelos meus lábios, o pior e que só Bruce consegue fazê-la escapar.

Você vai me acostumar mal se continuar me acobertando. - Fui até a bancada e preparei meu cereal noturno como sempre.

–Bem, eu só vou te acobertar se me contar o que estava fazendo. - Bruce sentou-se na outra cadeira e tomou um gole do suco de laranja que havia tirado da geladeira.

Três vezes nessa semana ele vem a cozinha beber suco,geralmente era de laranja, faria mais sentido pra mim se fosse de maracujá.

– Bem...

– Amanda. - Seus olhos castanhos em analisaram, tirando a conclusão. - Estava treinando.

– Te falei que não ia ficar deitada.- Confessei comendo uma colherada do cereal.

– E eu te falei que era perigoso. - Bruce segurou em minha mão, tirando a atenção que eu tinha da comida. - Prometi que faria de tudo para traze-lo, mas prometeu que não iria forçar seu corpo.

Era complicado aquela situação. Nunca tive alguém que quisesse cuidar tanto de mim como ele e a Pepper. Eles se esforçam tanto para me fazer sentir a vontade, confortável e segura, são bons amigos.

– Eu sei, Bruce. - Fiz um bico lembrando da promessa que fiz no começo da semana. - Porém sinto que se eu ficar parada vou enlouquecer!

Um silencio se estabeleceu entre nós, Bruce apenas me olhava com o mesmo olhar de pena quando vinha me dizer sobre as buscas fracassadas dos Vingadores. Eles não sabem procurar nos lugares certos, ou melhor, não sabe procurar as informações nas pessoas certas.

– Estava pensando em caminhar um pouco, aproveitar em que Nova Iorque esta com menos movimentação. – Bruce sorriu desconfortado, tentando disfarçar porque do motivo de não ir quando NY esta agitada.

– Eu posso ir com você – Ofereci me levantando – se quiser. – Lembrei, talvez o homem não queira nenhuma companhia, o que seria totalmente plausível.

– Venha, talvez assim para de tentar forçar seu corpo. – Provocou com um sorriso doce em seus lábios.

Bruce era uma pessoa tão fácil de conviver (Quando não é... o outro cara), as vezes esqueço o que acontece quando ele fica com raiva. Os agentes sempre tiveram meio que um preconceito com ele, uma mistura de medo e ignorância. Não era como se Hulk fosse aparecer só porque o desejou bom dia, ou apenas o olhou, Bruce era tão calmo eu chegava a me dar sono, ele tinha mais medo do Hulk do que as pessoas, e depois de conviver com ele comecei a pensar o quanto isso estava errado.

– E aquela doutora que você gosta? Tem falado com ela? – Perguntei enquanto caminhávamos sem rumo. Havia uma neblina fria, densa, e minhas mãos foram diretamente para eu bolso tentando esquenta-las.

– Como sabe disso? – Perguntou me olhando constrangido e surpreso. - Ah, esqueci que você, por acaso, é afilhada da pessoa que sabe tudo sobre todos. Vocês se sentam numa mesa e fofocam sobre a vida dos Vingadores?

– Não. – Neguei com a cabeça. – Ficamos assistindo os vídeos das câmeras que instalamos na onde vocês estão e daí fazemos um BBV: Big Brothers Vingadores – Empurrei ele com meu corpo fazendo ele sorrir, uma pequena risada.

– Aposto que o do Tony deve ser mais interessante. – Comentou entrando na brincadeira.

– Na verdade prefiro suas sessões de ioga. – Continuei arrancando mais sorrisos – Agora é sério, Bruce, conversou com ela depois de tudo.

– Não tem o que conversar, ela já me superou! - Bruce tentava mostrar que não estava triste, mesmo estando claro que era o contrario.

– Não existe mais ninguém? - Entrelacei nossos braços, ele deu um sorriso fraco com o ato.

– Acredito que são poucas as mulheres que estão afim de conhecer o outro cara.

Suspirei, Bruce na verdade é a pessoa que mais sente medo do Hulk, não percebe que aquilo que o torna um monstro é aquilo que o protege.

– Eu sou péssima pra conselhos – Dei um sorriso amarelo. – Mas acho que você precisa saber que nem todo mundo tem medo de você, ou do Hulk. Temos nossas zonas de conforto, ambos se fecharam para encarar seus próprios medos sozinhos. Só que precisamos lembrar que não precisamos enfrentar tudo sozinhos, né? As vezes um pedido de ajuda não significa que seja fraca. E um encontro... não vai trazer a tona o outro cara.

Bruce parou na calçada, me fazendo parar também. Alguns instantes ficamos nos encarando, eu não pensava muito a respeito.

–Você é uma ótima pessoa, Amanda. - Elogiou beijando minha bochecha, suavemente e docemente.

Minhas bochechas esquentaram, mas o resto do meu corpo ficou frio. O choque do momento me desconcertou, não porque ele fez isso e sim porque ninguém me beijava assim a muito tempo. Minha parte sentimental, aquela que escondia com todos os muros possíveis, sentia falta de ter alguém ao seu lado. Nick era como meu pai, um instrutor e aquele que me guiava na vida de espionagem, não era a mesma coisa do que ter um amigo, confidente, namorado... Tento seguir em frente depois de Mark, qualquer pensamento romântico era retirado quanto mais eu me focava na agencia, a ponto de não voltar mais em meu apartamento.

Bruce acordou um lado adormecido.

– E não deve passar por tudo sozinha. - Ele acariciou meu rosto, e suas mãos tinham o mesmo ritmo de seus lábios. - Eu estou com você.

Então sem pensar muito me joguei em seus braços e o apertei, dando um abraço inesperado. Ninguém quer ser solitário, nem mesmo uma agente treinada para isso.

As vezes tudo que precisamos é de um abraço amigo depois de uma semana inimiga.

Mas mesmo assim eu precisava usa-lo para realizar meu plano.

– Bruce que tal irmos a uma loja de café que tem aqui perto? - Perguntei voltando a entrelaçar nossos braços. - Ela abre cedo, talvez atenda as duas pessoas loucas que estão acordadas agora.

Caminhando tranquilamente fomos a tal loja, e Bruce se ofereceu para ficar na fila (que por sinal estava cheia de agentes da S.H.I.E.L.D) enquanto eu procurava um lugar onde poderíamos sentar na pequena praça de alimentação da cafeteria.

Sem que ele percebe-se sai da loja e caminhei a poucos metros dali, na loja de penhores.

Entrei na loja olhando para trás a todo momento para ter a certeza que Bruce não estava me seguindo, mas depois de alguns segundos percebi que ninguém estava atrás e então fui confiante até o balcão. O balconista era diferente do velho Bill que sempre entregava os pacotes, o homem estava bem longe de ser velho. Seus olhos eram de um verde bonito, sua boca formou um sorriso educado ao me ver e posso dizer que o achei muito bonito.

– Bom dia. - Saldou o balconista novo. Ele me era familiar...

– Oi. - Respondi olhando em volta e conferindo se ninguém estava ali. - Vim ver o presente de aniversario que Felix T.Doxx me deixou.

O homem deu uma piscadela, entendo o que eu estava dizendo, foi ao arsenal de Bill e trouxe o meu mais precioso bebe.

A besta sempre foi minha arma de uso, diferente dos outros agentes com as armas tecnológicas da S.H.I.E.L.D. Por alguma razão peculiar ela virou minha melhor amiga na hora da ação.

– Olá, meu amor. - Disse empolgada quando ele me entregou minha arma.

– Não precisava ser tão carinhosa comigo. - O rapaz sorriu, sendo um pouco abusado.

– Não era com você. - Debati alisando a arma. - Logo logo eu e você estaremos juntas novamente.

– Eu preciso dizer que você é esquisita. - Comentou enrugando a testa. - Conversar com uma arma...

Ergui a arma e apontei para ele, mirando bem em seus olhos verdes bonitos.

– Você não atiraria em mim, né? - Ele ergueu as mãos, percebi que um sorriso nervoso escapou de seus lábios, duvidando se deveria confiar na sua intuição que não iria atirar nele

– Você não é meu alvo. - Abaixei a arma e coloquei de volta na bancada. - Infelizmente não vou poder levar essa belezura comigo. - Alisei a arma como se tivesse me despedindo de uma velha amiga.

– Por que? - Perguntou curiosamente, me fazendo sorrir. Geralmente eu odiava perguntas.

– Porque ela ainda não pode fazer parte da minha rotina agora. - Empurrei a arma para ele, quase chorando por ter que abandona-la. - Mas isso é temporário, brevemente minha doce besta volta pras minhas mãos.

– Você parece gostar mais de armas do que de pessoas. - Quando puxou a arma sua mãos roçou na minha, passando uma corrente elétrica estranha... mas não desconhecida.

– Não esta errado. - Recolhi minha mão e a alisei tentando afastar a sensação. - armas são mais fáceis de entender.

– Acho que é ao contrario, armas são mais fáceis de lidar... Não de entender. Uma hora pode ser sua amiga outra hora pode ser usada para te matar. - De repente ele levanta a arma em minha direção, fazendo com que eu ande um passo para trás evitando contato com a ponta. - Ela não é leal.

– As pessoas são? - Perguntei me mantendo firme, mudando meu olhar para a flecha e para seu rosto.

Ele mordeu os lábios, nem sua esperteza podia discordar de mim.

– Tem razão, Srita. Creane. - Concordou abaixando a arma. - Pessoas não são confiáveis, nem leais, muito menos fáceis de entender... Mas são mais fáceis de gostar.

Ergui as sobrancelhas não contendo em sorrir abertamente, ele estava flertando comigo. Quando namorava era raro estar separada de Lucas, ou alguém não conhece-lo e respeita-lo. E quando me separei nenhum homem teria coragem de cantar a afilhada de Nick Fury.

Porém ele estava descaradamente me fazendo cair nas suas piadas e trocadilhos idiotas... Se eu não estivesse tão focada em uma missão e não fosse, bem, eu, não teria como fingir não derreter pelo seu belo sorriso.

– Cuide bem dela. - Pedi apontando para a besta e andando até a saída, Bruce deveria estar me procurando.

– Até a próxima, Srita. Creane.

Antes de sair o olhei com curiosidade... Vou perguntar a Félix se ele disse meu nome na hora da entrega.

Pov. Autora

Amanda acenou com a cabeça antes de sair da loja, tendo uma pequena ruga em sua testa. O Soldado Invernal tinha que reconhecer que Amanda era uma moça muito bonita, encantava o olhar de qualquer homem. Era bem mais bonita do que se lembrava.

Não era coincidência ela ter escolhido a besta. Mesmo que não se lembre, o Soldado Invernal se lembrava. E se lembrava de forma clara.


Rússia, 2005

A base da H.I.D.R.A na Rússia era apenas uma base de treinamento para os agentes estagio 1 – conhecidos como agentes mirins. O Soldado Invernal nem deveria se importar com um lugar onde crianças aprendem a ser os próximos soldados da H.I.D.R.A, mas ele precisava ir por causa dela.

Tânia Creane era uma agente de elite, mesmo sendo tão nova seu potencial de matar tinha sido notado pelos mais altos lideres da agencia e por essa habilidade ela também não pertencia mais aquele lugar. Soldado invernal gostava de Tânia, não de forma romântica, ela era o mais próximo que teve de ter uma amiga naquele lugar. Se pudesse ter amigas, ela provavelmente seria Tânia.

Ele precisava busca-la para poderem ir executar mais uma missão do Soldado, geralmente ela era seu piloto quando necessitava de um. Para encontra-la ele teve que ir ate a sala de treinamento e encontrar a agente desaparecida.

– Você deveria estar sendo útil em outro lugar. - Comentou o Soldado entrando na sala e vendo a moça com a besta apontada para o alvo.

– Você já veio me buscar, cão de caça? - Provocou apertando o gatilho e acertando o alvo bem no centro.

– Não teria se soubesse ficar quieta em um lugar. - Ela apontou a arma em sua direção numa pose brincalhona.

Tânia era uma pessoa estranha no tipo de lugar que estavam.

– Ela ficou doente. - Tânia sinalizou com a cabeça para o tatame onde uma garotinha pálida de cabelos negros estava dormindo. - Se eu não viesse ela morreria e ninguém daria a mínima importância. Talvez a usariam para algum tipo de projeto.

Tânia se desanimou na mesma hora, jogou a besta no chão e passou as mãos na cabeça. Era óbvio que estava preocupada, então o Soldado sentiu uma necessidade de perguntar.

– Ela esta bem?

– Sim, agora tá melhor. - Ela apontou com a cabeça para a irmã que dormia. - Amanda é forte, sempre foi. O problema é o treino abusivo que estão aplicando nela.

– Você queria o que? Ela esta sendo criada para ser uma agente. - Disse o homem dando ombros.

– Ela é uma pessoa, não uma maquina! - A irmã caminhou até ele mostrando-se indignada com sua observação. - O que estão fazendo com as crianças aqui vai bem mais além da desumanidade.

– Não é diferente de como nós tratam.

– Deveria! - Tânia respirou fundo, seus olhos encheram d'água ao olhar novamente para a irmã indefesa. - O meu maior medo não é ela ficar doente e eu ter que cuidar, é de um dia eu chegar e não poder mais fazer isso. Amanda é minha irmã, Soldado Invernal, eu mataria toda a H.I.D.R.A para protege-la.

O Soldado Invernal suspirou, arrancando alguns traços tecnológicos que usou para disfarçar algumas características de seu rosto para Amanda não reconhece-lo. Tânia era uma boa pessoa, o problema era que boas pessoas como ela naquele mundo nunca sobreviviam.



Pov. Amanda

Estava chegando perto da loja de café quando algo me pareceu estranho em um beco ao lado do estabelecimento. O beco estava vazio, se fosse contar ocupação só havia lixo e os raros. E mesmo sozinha a sensação de que estava sendo observada não pode passar batido.

Alguém estava me vigiando.

– Eu estou simplesmente apaixonado por seu novo acessório.

A voz de Félix me fez soltar um suspiro aliviado, tinha que ser o idiota. Bati em seu ombro quando ele se aproximou um pouco mais.

– Não fique entusiasmado. - Passei a mão em minha perna mecânica. - Daqui volta para o dono.

–Uma pena, é mais fashion que seu uniforme! - Félix pegou um cigarro de seu bolso e colocou na boca. - Viu seu bebe?

– Vi, você é definitivamente a melhor pessoa que eu conheço! - Bajulei mandando um beijo.

– Eu sei, querida! - Félix tirou o cigarro e soprou a fumaça. - Sobre o outro pedido...

– Sim, eai?

– Consegui um possível encontro.

– Como assim um 'possível encontro'?

– Sei o lugar e hora que ele vai estar, agora o resto é problema seu. Eu não posso bater na porta do Rei do Crime e marcar um horário pra você, não é como ir ao dentista.

– Tudo bem, lá eu arrumo um jeito de falar com ele.

– Tem certeza disso? Amanda, esse mundo de mafiosos e assassinos é totalmente diferente do que você conhece na S.H.I.E.L.D. Sempre precisa ter algo a oferecer.

– Félix eu sei no que vou me meter, infelizmente não tenho escolha. Se quer procurar o inimigo comece se aliando a seu inimigo.

– E esse inimigo pode ser até pior que o principal.

– Mas não é o Rei do Crime que esta com meu padrinho, né? - Amanda saiu do beco e olhou para trás antes de voltar para Bruce. - Não se preocupe comigo, vou cuidar de mim mesma.

– Confio que vai. – Félix deu um sorriso amarelo. - Agora vá, tem um homem muito lindo procurando por você na cafeteria da Rose.

Torre Stark, 11:43

Pov. Autora



– Você já falou sobre a carta?

Stark bufou quando aquele boneco de gelo pega pra ser chato ele conseguia mais do que uma criança de cinco anos. Uma semana havia se passado dês da confusão de Fury, de uma garota desconhecida ir morar na sua casa e a carta que Fury lhe deixou. Tony não queria ter responsabilidade nenhuma naquela altura, toda aquela bagunça era problema de Maria Hill e seu grupo de mentirosos, não dele. Mas mesmo assim concordou em não deixar Amanda ir embora, pois a agente não queria ficar ali de nenhum jeito, então pediu que Bruce conversasse com ela já que os dois estranhamente tinham se dado bem.

Porém o problema da carta ficou entalado em sua garganta e a duvida em sua mente: Seria justo contar isso a Amanda? Ela merecia saber? E Tony se viu preso no pior pesadelo: estava escondendo coisas como Nick Fury. Ele conversou com o Capitão, o único que sabia da existência da carta, e Rogers que também odeia segredos concordou que o melhor era mostrar a ela e faze-la cooperar com a sua segurança. Bem, isso iria funcionar se Stark tivesse mostrado a carta.

– Já voltou tão cedo? - Stark revirou os olhos pousando a taça de whisky na mesa. - Achei que estaria mais tempo livre de sua presença chata e patriota.

– Voltei pois todos os lugares que nos enviou estava vazio. - Steve avançou um passo até o homem, seu rosto estava frígido. - Agora quero saber se contou a ela?

Durante a semana Steve, Natasha e Clint vasculharam os lugares que JARVIS identificou como ex-bases da H.I.D.R.A, e nada foi encontrado. Eles não tinham pistas e nem sabiam onde começar. Estavam completamente tentando achar uma agulha num palheiro.

–Tive prioridades nessa semana que não podiam ser ignoradas.

– Stark.

– Você quer que eu conte a ela que seu padrinho mandou uma carta dizendo que teria que mata-la? E pede para que eu a transforme em outra pessoa. Eu não preciso conhecer muito Amanda para saber que isso só será um gatilho para agir.

–De todos você é o único que odeia mentiras tanto quanto eu. Foi um pedido nobre o de Fury, mostra que ele se preocupa com Amanda, mas engana-la e faze-la fingir que é outra pessoa não é a melhor maneira de ajuda-la. - O Capitão entendia o que Amanda estava passando, na Guerra fizeram a mesma coisa com ele e ele tomou a decisão sozinho de ir atrás de Caveira Vermelha e salvar Bucky.

Ele queria que ela não chegasse a esse nível.

– Eu sabia que ela me traria problemas! Como quer que eu ajude uma bomba pronta para ser ativada?

Ao contrario do Capitão que podia entendê-la, Stark a conhecia. Não que ele fosse muito empático as pessoas ao seu redor, de todas as pessoas no mundo a única que importava mesmo era a Pepper. Mas por incrível que pareça ele a conhecia. A semana toda Amanda vem sido quieta demais para alguém que tem seu ente mais próximo, talvez o único no mundo, sequestrado. Ela conversava com Pepper e com Banner, dava alguns sorrisos e até ajudou a Pepper com algumas coisas da empresa.

O único que percebeu que aquilo era puro fingimento foi Tony. Ela não estava calma ou botando sua fé na S.H.I.E.L.D. Só estava esperando a melhor hora para poder agir.

– Stark... Essa garota esta totalmente perdida. - Capitão sentou-se cançado da semana fadigada. - Pode pensar que não é seu dever, assim como não é de nenhum de nós. Mas quando eu olho pra ela...

– Ela é o tipo de pessoa que você quer salvar. - Tony rodou o copo em sua mão. - Quando ela apareceu daquele jeito, eu não sabia como ou porque, porém quis ajuda-la. E pode pensar que sou um egoísta bilionário, e honestamente mesmo não ligando pra sua opinião, precisa saber que eu não sei como ajuda-la por mais que eu queira. E aposto que você também não sabe. Vai além de resgatar Fury...

Steve suspirou, eram raros os momentos que Stark estava certo. Como eles poderiam ajudar Amanda Creane?



(...)

– Ela tem vinte anos, não quinze! - Natasha exclamou fazendo os homens bufarem.

Depois de uma longa conversa decidiram então que não poderiam agir sozinhos, precisavam de uma pessoa que pudesse entender o que Amanda estava passando e essa pessoa era Natasha. A mulher escutou os lamurio dos companheiros com uma expressão entediada, pois em sua mente sabia que os homens estavam subestimando demais Amanda. Ela pode precisar de ajuda, mas não é uma princesa que precisa de resgate.

– Então Fury te mandou a carta e pediu para transforma-la em outra pessoa? - Natasha ergueu a carta que o Stark tinha lhe dado. - isso não é nada demais, se ela esta correndo perigo é claro que ela precisa mudar sua vida.

– Sabe, eu não consigo entender essa sua lógica de agente. - Tony cruzou os braços. - Se o problema é tão fácil deveria ter te chamado antes.

– Nessa eu concordo com o Stark. - Disse Steve com suas sobrancelhas juntas. - Acha que ela vai concordar mudar de identidade? Porque Amanda não me parece do tipo de pessoa que gosta de se esconder.

– Não é se esconder, é se prevenção. - Natasha relia a carta enquanto tentava explicar algumas coisas que eles devem saber sobre ser uma agente. - Amanda foi treinada por Fury, o que quer dizer que a qualquer hora ela teria que fazer isso. Por sorte ela só é conhecida na S.H.I.E.L.D, o resto do mundo nem se importa com sua existência.

– Quanta sensibilidade. - Comentou Stark.

– É a verdade. Criar uma nova identidade é a coisa mais fácil pra nós, o problema é o porquê. - Natasha cruzou os braços e começou a pensar.

– Porque a H.I.D.R.A a quer. - Steve respondeu.

– E de novo eu digo “porque...”

– Ela é afilhada de Fury. - Tony chutou.

– Se fosse apenas esse motivo iriam usa-la como isca e não levar Fury e deixa-la. Ainda tem o fato do Soldado Invernal ter a deixado, se a H.I.D.R.A a quer tanto por que iriam deixa-la?

– Talvez não esteja falando especificamente da H.I.D.R.A. Fury deve ter outros inimigos. - Steve colocou a mão no queixo e pensou.

– Mais uma razão para transforma-la em outra pessoa... Bem, isso teremos que descobri futuramente. Enquanto isso precisamos fazer algo primeiro. - Natasha deu ombros e respirou fundo.

– O que? - Perguntaram juntos.

– Convence-la de não se envolver na busca pelo Fury.





Pov. Amanda



– Sua cara de perdido foi a melhor! - Eu gargalhava enquanto voltava com Bruce para Torre. - Você tem fobia as pessoas?

– Engraçadinha! - Bruce revirou os olhos. - Não foi nada gentil da sua parte me abandonar lá e não me avisar.

– Emergência de mulher. - Menti dando ombros. - Desculpa, tá.

Bruce sorriu e eu retribui. O homem não merecia minhas mentiras, mas isso não me impedia de conta-las.

– Bruce, se eu lhe contar algo... Promete que não agira como um vingador e sim como um amigo? - Perguntei parando na calçada da Torre. Assim que entrássemos qualquer segredo que eu quisesse compartilhar com Bruce já não seria nosso.

– Sim, o que é que...

Eu já não o escutava, minha mente captou algo que ele não percebeu. Alguém a suas costas parou a pouco metro de distancia de nós. Ele ficou parado e reagiu em poucos segundos, erguendo uma pistola em direção ao Bruce.

– Bruce, não! - Empurrei o homem para o chão e me joguei contra ele.

Procurei minha arma em minha coxa, mas não estava ali pois eu não era uma agente naquele momento. Procurei em volta e cogitei gritar Tony, precisávamos de ajuda!

– Essa aqui é Amanda Creane? - Uma voz perguntou acima de nós, pude ver sua sombra estendida acima de nós.

Bruce tremia abaixo de mim, pronto para libertar o Hulk.

– Fique calmo. - Sussurrei em sua orelha. Não seria muito seguro ele se transformar comigo em cima dele.

– Sim, é! - Gritou o outro.

Fui levantada do chão e erguida pelo cabelo, por agentes com a roupa totalmente preta.

– Amanda! - Bruce gritou tentando se erguer do chão, mas sendo atingido na face por um agente.

– Bruce! - Gritei tentando chegar até ele e ver se estava bem.

Tudo ficou escuro depois disso.