A vida de outra garota...

XXX - Don't play your games with me!


Ian espera, sem comentar nada enquanto contava o sonho inteiro, desde o momento em que “acordei” dentro da minha própria cabeça até o último momento confuso que vivi lá... Ele não fazia comentários, tão pouco eu falei algo enquanto despejo toda aquela dor, toda aquela raiva... Toda aquela alegria... Dizer para ele, ser sincera com ele, sobre tudo que senti, sobre o quão difícil foi, como o quão apaixonada estava... Me deixou aliviada. Era como se finalmente alguém estivesse me limpando, tirando, descascando, camada por camada de mentiras, traições... De sorrisos e de falas falsas como “Estou bem”...

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Era complicado admitir tudo aquilo, era como se eu estivesse expondo a minha alma para o garoto que deveria ser o meu pior inimigo, mas que foi — em um sonho, mas foi — o amor da minha vida.

Sem conseguir controlar, as lágrimas brotaram em meus olhos, deixando minha visão turva e minhas palavras mais rápidas, só queria poder terminar tudo e voltar a dormir... Voltar para o meu mundo...

Depois de longos minutos, depois de pesadas lágrimas, depois do medo e da angustia, quando o sol já se erguia atrás nós, queimando minhas costas com os seus raios, eu finalmente terminei.

— Talvez... — Disse a palavra com a garganta fechada. — Eu só tenha sonhado tudo isso... — Eu evitava encará-lo, isso era ridículo! Esse garoto tentou me matar e agora estou contando para ele que sonhei com um mundo onde ele era o meu príncipe encantado e eu sua princesa... Ah, o que há de errado comigo? — Eu só tenha sonhado tudo isso... Porque sou maluca. Ou talvez eu esteja mesmo doida e precise ser internada em um hos...

— Shiu. — Ian colocou o dedo em meus lábios, e não consegui evitar o quanto aquilo me deixava eufórica, a corrente elétrica que percorreu meu corpo e logo foi repreendida por minha mente. Não permita! — Não... diga nada — a voz dele estava relutante, como quem considera tudo que pode dizer. Ah, como eu sentia ódio da minha pessoa. Ele deve estar com nojo de mim... Ou pior, iria rir da minha cara e... — Me deixe pensar em como dizer isso...

Meus pensamentos faziam o mundo girar... Minhas esperanças destruídas. Ian estava com pena de mim, era claro em cada palavra, em cada gesto. Como desejava voltar para a minha mente, para o Ian dos meus sonhos... Voltar a ser a princesa na torre a espera de seu príncipe encantado...

— Amy... — sua voz era reconfortante , mas eu conseguia ver pelo canto do olho sua relutância, o modo como suas mãos não paravam um segundo, ou como parecia respirar mais rapidamente... Estava desconfortável... Oh, céus, onde devo me esconder? — Eu não sei como lhe dizer isso, mas talvez eu deva...

— Chega! — Falei, com o máximo de força que consegui reunir. — Por favor, não quero sua pena! — Conseguia sentir as lágrimas saindo de meus olhos, porém evitei encará-lo... Seria demais... Era demais! — Não quero que julgue-me louca como todos os outros, eu não quero sua pena, seu nojo... Foi um erro falar isso para você... Eu apenas estou...

— Amy — ele segurou meu rosto, forçando-me aolhá-lo nos olhos. Estes em um tom âmbar suplicantes, como se desejasse poder me falar uma última coisa. — Por favor, me escute! — Esperei em silêncio, olhando no interior de seus olhos como quem olha a sua única salvação... Eu não achava sentido no quanto o amava... Era irreal, não era certo, não era saudável... — Eu sei que não acredita em mim, mas antes que seja muito tarde, me permita dizer o quanto eu te amo! — Suas palavras me fizeram entrar em choque, minha mente tentando encontrar o erro em todos os cantos. — Eu quase morri milhões de vezes nos últimos meses ao pensar que nunca mais teria a chance de te segurar assim, e que nunca conseguiria te contar que você é a pessoa mais importante para mim, a única pessoa que preciso e quero ter ao meu lado, por favor... — sua voz ficou baixa, como um sussurro. — Fique comigo.

Meu coração implorava para que eu acreditasse naquilo, mas minha mente não deixava. Não queria ser enganada de novo, não queria sofrer outra vez... Sua voz era a água para um viajante perdido no deserto, seus olhos o paraíso pra um pecador, suas mãos... A alegria daqueles que muito sofreram... Mas eu não poderia me permitir ser enganada de novo... Não depois de tudo que sonhei... Não depois de tê-lo amado tanto...

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— Você não acha que já me machucou o suficiente? Por que precisa continuar fazendo isso? — Minhas palavras o atingiram como flechas. — Eu disse que te amava! Eu admiti isso! Por favor, pare de me machucar! Não faz sentido... — Agarrei a grama do jardim, tentando descontar minha confusão nela, tentando, desesperadamente, voltar. — Você sempre mente para mim!

— Não, Amy! — ele negou, tentando tocar meu rosto, mas eu recuei. — Eu realmente te amo e...

— Eu te contei meu sonho! Meu sentimento mais profundo! — Berrei, me afastando dele. — E você aproveitou minha fraqueza para fazer, de novo, o que fez no passado! — Minhas lágrimas me deixavam confusa, meus pensamentos torturando minha cabeça. — Você, de novo, está tentando me usar, para que eu não sei, mas como na Coreia você está... Está...

— Eu te amo! Eu fiz tudo por você, por favor, não me deixe! — Ele procurou meus olhos, mas nada encontrou.

— Você me enganou, me usou, e está tentando fazer de novo. — Murmurei, levantando-me. — Me deixe em paz, Ian Kabra. Não use meus sentimentos novamente! Não me faça sofrer mais... Eu realmente não preciso.