Quando o filme teve fim, Ian se deitou no sofá e deixou que Clara e eu dormíssemos no colchão de ar. Infelizmente, quando eu estava no auge de meu sono, fui interrompida por um barulho.

– É tiro! - Ouço alguém gritar, parece ser Diana

Abro os olhos e olho ao redor do comodo, tudo parece em ordem. Ian já está abaixado no chão, seguido de Clara, resolvo fazer o mesmo. A ideia de que seja o assassino ou o tal do "chefe"e seus capangas me deixa com um medo terrível, numa escala de um a dez, seria de 9,9.

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– O que está acontecendo? - Pergunto

– Tenho cara de quem sabe? - Clara diz

– Clara, não é ele,ele não veio atrás de nós - Ian fala, tentando acalmar a irmã

Os tiros cessam, já estou quase me levantando quando ouço novos.

– Ai que droga, tenho que ir pra casa - Falo

– Ficou maluca? - Ian indaga - Vai levar um tiro

– Será que invadiram o condomínio? - Indago

– Lisa, na moral, pare de fazer tantas perguntas, pois sabemos tanto quanto você. - Clara diz, percebo que algumas lágrimas escorrem por seus olhos. Os tiros se tornam mais altos, seguidos do barulho de uma vidraça se quebrando.

– Está perto demais. - Ian fala, olhando para a porta. Em cima de suas costas, o cachorro da família treme de medo.

Depois de uns dez minutos, ouço sirenes da policia e o barulho cessa de vez.

– Tenho que ir para casa, ver se está tudo bem.- Falo

– Ei,espere aí - Clara fala - é perigoso

– Se a policia está aqui, não é mais.

– Então deixa que eu te levo -Ian fala

– Não vou te deixar voltar sozinho. Além do mais, você é o segundo homem da casa, não pode abandonar sua família, quero dizer, olhe a situação de Clara.

Aponto para a garota que está sentada, com as pernas dobradas e as mãos na cabeça. Parece um pássaro frágil e medroso, precisa de todo o apoio agora.

– Prometa que vai se manter segura

– Prometo

O garoto pega no colo o cachorro e abre a porta de entrada para mim. Percebo que estou com pijama, mas quem liga?

Tudo está uma baderna, a casa da esquina tem uma janela quebrada, os moradores estão na rua, gritando e chorando, tentando entender o que aconteceu. Continuo andando rapidamente até virar na esquina de minha rua, lá tudo parece bem, porém quando estou a cerca de cinco metros de casa, uma dor começa em meu ombro.O impacto me joga no para trás, fazendo-me girar e cair no chão, escuto ao longe alguém correr. A dor que vem de meu ombro é forte, como nunca senti antes, tomo coragem o olho para o ombro direito, vejo então um pequeno buraco de uns cinco centímetros , ele está banhado em sangue. A dor continua, eu teria gritado se conseguisse mas até respirar era difícil . Meu ouvido apresenta um zumbido , minha mãe esquerda pressiona o local da bala, como se isso pudesse aliviar a dor,rezo para que alguém me encontre. A única coisa na qual penso é "pare de doer, eu imploro".

Ouço, como se estivesse submersa em água, alguém gritar. Seria minha mãe?

Segundos se passam, escuto gritos estéricos e alguém me carrega para onde penso ser minha casa (digo isso porque minha visão está embaçada). Como se a dor fosse demais para meu cérebro processar, apago lentamente , caindo em um sono profundo.