~Beth~

–Você pode abrir os olhos agora, Beth.

Eu estava assustada demais para me mexer, mas como também estava curiosa, abri os olhos devagar, vi o rosto de Apolo, que tentava reprimir um sorriso diante da minha reação, eu fiz uma careta para ele e olhei ao nosso redor.

Estávamos em um longo salão, com pisos de mármore e longas colunas brancas, podia ver ao fundo uma grande estatua grega, com um homem seminu segurando uma espécie de lança, vi que nas paredes havia tochas presas, que eram as únicas coisas que iluminavam ao redor, olhei para o teto, onde vi uma serie de pinturas dos deuses, ainda não podia acreditar que estávamos em seu templo. Olhei para Apolo, que me fitava com os olhos dourados.

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–Não acredito que estamos no seu templo, muito menos na Grécia.

–Talvez eu possa mudar a sua opinião.

Ele seguiu até um canto em uma das paredes com desenhos em relevo, eu o segui. Aquelas imagens mostravam de tudo, desde lutas e guerras, a homens seduzindo mulheres, olhei para Apolo, que parecia estar com a mente longe enquanto olhava os desenhos.

–Quem é você nesses desenhos?

Havia muitas pessoas nos desenhos, e nenhuma delas me importavam, apenas ele.

–Este aqui.

Ele apontou para um homem relativamente parecido com ele, reparei que cada um dos desenhos era a continuação do anterior, como uma historia, eu olhei o primeiro com mais atenção. Parecia um homem cortejando uma mulher, ele entregava uma rosa a mulher que parecia receosa de aceitar, caminhei para o próximo desenho, onde vi a mesma mulher conversando com um homem mais velho, eles pareciam discutir um com o outro, pude ver que atrás da cadeira do homem velho, havia outro homem mais jovem, possivelmente os espiando, fui para o próximo, onde encarei por uns momentos até perceber que o mesmo homem que os espionava matava a mulher a facadas, engoli a seco e fui para o próximo, via Apolo segurando a mulher morta nos braços.

Eu fiquei uns momentos encarando a imagem, até que percebi a historia por completo. A mulher era humana, Apolo se apaixonou por ela, ela tentou falar com o pai para que ele aceitasse, e o tal espião só podia ser outro pretendente que preferia ver a mulher morta a nos braços de outro, e depois tinha Apolo triste pelo amor perdido, eu encarei Apolo, que me olhava fixamente, com os olhos meio cansados.

–Qual era o nome dela?

Ele inspirou fundo e deu um sorrisinho triste.

–Thelmína

Tentei não me abalar, então caminhei mais para o fundo, onde havia a grande estatua em mármore branco de Apolo, quando cheguei mais perto, pude ver que haviam escritos em baixo, estavam em grego, mas não tive dificuldade de entende-los. Eles diziam “Apolo, o deus do sol, oráculos e da medicina, que ele nos ilumine mais que a luz do sol e nos abençoe em tempos difíceis”, notei que Apolo parava em meu lado e deu um pequeno riso.

–Os escultores daquela época não eram muito avaliadores dos detalhes.

Por um momento não entendi, até que olhei para o rosto do personagem, ele não era Mem um pouco parecido com Apolo, tinha um nariz bem fino e pontudo e parecia bem mais velho, ri com o comentário. Olhei mais para cima, onde pude ver que havia um grande teto de vidro, mas estranhamente era noite, comecei a acreditar que estávamos na Grécia mesmo.

–Por favor, fale algo.

Ele provavelmente estava nervoso sobre a historia de Thelmína, devi estar achando que estava triste ou algo do gênero, realmente estava um pouco triste, mas pela historia que teve um fim trágico.

–Esse lugar está fechado?

Reparei que não havia ninguém, nem mesmo um segurança. Ele deu um sorriso de alivio e falou.

–Sim, tecnicamente está fechado mas nada que eu não possa resolver.

Me senti um pouco pressionada e corei com algumas idéias indecentes que me vieram a mente, olhei para ele e sorri, e comecei a dar a volta na estátua. Encontrei um portão atrás da estatua que levava a outro cômodo, sem pensar muito eu entrei.

Minha boca se abriu quando vi uma grande cama de pedra ao centro, com grandes travesseiros dourados e brancos, vi diversos tipos de flores ao redor da cama, elas pareciam oferendas. Eu encarei Apolo que estava mais uma vez ao meu lado, e olhava para a cama com uma expressão maliciosa e divertida no rosto, resolvi fingir que não sabia o que ele estava pensando, e perguntei.

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–Para que serve essa cama?

–É uma espécie de casa, as pessoas antigamente pensavam que eu dormia nessa cama, por isso faziam oferendas como flores, e bem as vezes havia outro tipos de oferendas...

–Deuses dormem?

Ele riu ruidosamente.

–Sim, nos dormimos.

–E qual eram os outros tipos de oferendas?

–Digamos que em todo os templos há uma cama como essa, os reis ofereciam seus filhos e filhas como oferendas... digamos que eram oferendas bem singulares, que tinham o propósito de criar semideuses.

Eu sabia sobre o que ele estava falando, havia estudado sobre isso, essa era a historia dos primeiros semideuses e sabia que os de Apolo tinham sido criados assim, igual a todos os outros.

–Hum.. será que podemos voltar? para a praia?

Ele fez que sim com a cabeça e sorriu, mostrando os reluzentes dentes brancos.

–Os outros já vão acordar.

Ele me guiou até um ponto, onde nos encaramos.

–Não precisa me levar nos braços dessa vez.

Ele riu da minha piada, e segurou em minha mão, pensei que iríamos voltar mas ele apenas me olhou.

–Antes que quero que dar uma coisa.

Eu olhei curiosa para ele, que com a outra mão pegou uma espécie de uma grande agulha de ouro de seu bolso.

–Quando precisar de mim.

Tomei um choque quando ele fincou a agulha na própria mão, pude ver o sangue dourado que se acumulou em sua mão, ele me olhou mais uma vez.

–Confia em mim?

–Sim.

–Isso vai ser como uma tatuagem, mas quando precisar de mim, ou apenas queira alguém para conversar, é apenas cortar o seu dedo e colocar um pouco do seu sangue nela, assim irei vir em sua direção. Então... onde você quer que eu te marque.

Na ultima frase ele fez uma expressão divertida, enquanto eu pensava em um lugar bom, me lembrei da primeira vez que ele me curou, havia sido no braço e pensei que era um lugar bem memorável.

–Aqui, onde você me curou pela primeira vez.

Eu encostei no lugar certo e ele sorriu amplamente, era impossível resistir aquele sorriso então eu acabei sorrindo também. Eu me virei deixando o meu braço em sua frente, vi que ele molhou a agulha no seu sangue e a aproximou de meu braço, eu mordi o lábio, sabia que iria doer e não queria pagar um mico, então apenas ignorei a dor quando ele me fincou, quando ele começou a desenhar em minha pele, a sensação de dor foi substituída por uma queimação, que parecia ferver o meu sangue que já estava bem quente, ele retirou a agulha de minha pele, e eu encarei o pequeno desenho formado em minha pele. Ele parecia um sol dourado mas ao invés de ter um circulo em seu interior, havia uma espécie de espiral, que se ligava a todos os traços, encostei de leve com um dos meus dedos e percebi que não doía, olhei para Apolo que guardava a agulha em seu bolso e esfregava o sangue dourado do agora, pequeno ponto onde ele se cortou, ele olhou para mim e sorriu.

–Vamos.

–Vamos.

Ele segurou na minha mão e mais uma vez, senti o clarão e o calor aumentando.

Abri meus olhos novamente, e estávamos na praia, vi que os campistas estavam dormindo ainda, mas sabia que logo todos estariam acordados. Apolo se sentou em um cadeira na sombra, como eu não queria dormir ou fingir que não estava com Apolo, tirei a minha saída de praia, ficando só de biquíni, deixei as minha coisas em um banco ao lado de Apolo, e tentei evitar contato com seus olhos, que sabia que me fitavam. Andei em direção ao mar, e dei um longo mergulho na água quente. Nadei por uns três minutos, até que senti algo encostando em meu pé, subi para a superfície imediatamente e vi Lauren que estava puxando meu pé, ela me soltou e deu uma gargalhada. Vi que todos os campistas haviam acordado e estavam na água agora, vi alguns jogando vôlei e outros fazendo guerra de água, resolvi jogar um pouco de vôlei com Lauren, tínhamos ganhado duas partidas seguidas quando escutamos a voz de Apolo nos chamando para juntar as nossas coisa para voltar ao acampamento, todos fizeram uma cara triste, mas juntaram as suas coisas e se arrumaram para sair da praia azul. Eu fiz o mesmo, colocando a minha saída de praia e juntando minhas coisas, assim começamos uma longa caminhada de volta ao Acampamento, estava cansada e simplesmente não tinha forças para mentir para ninguém, então não conversei com ninguém no caminho, apenas lembrei dos momentos que aconteceram no dia. Lembrei do templo, de estatua e pinturas e da cama, tinha decidido que iria falar com Jules e Cindy sobre o que iria fazer, eu queria Apolo de uma maneira diferente, e sabia que ele me queria também. Depois de duas longas horas com o meu pensamento, finalmente chegamos ao Acampamento, eu corri em direção ao meu chalé, loca de saudades daquelas duas piradas.