A piece of cake

Destino dos incuráveis


Hesitei por alguns segundos antes de aceitar a oferta de meu amigo detetive. Havia mais de ano que eu não experimentava os efeitos da nicotina. Sei que não devia falar sobre isso num blog, principalmente diante da possibilidade de excruciar mães e pais protetores, que certamente temem que seus filhos sintam-se influenciados por mim. Mas é também de conhecimento geral que meus relatos abordam a realidade como ela é: fria, amarga e cruel. Pelo menos, é isso que tenho aprendido em minhas aventuras com Sherlock Holmes.

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Aliás, depois de tragarmos nossos cigarros por algum tempo, Sherlock pareceu dar-me permissão para iniciar uma conversa. Digo isso porque ele já tinha perdido o olhar pensativo-analítico de quem está raciocinando à mil por hora. Ao contrário, escutei seu chamado casual após uma tosse sucessiva.

— Droga de adesivos inúteis!

Virei-me para olhá-lo.

— Sim, John, eles já não fazem efeito em mim.

— Aonde estamos indo, exatamente?

Sherlock amassou o cigarro, guardando-o no bolso da sobrecapa.

— Use a cabeça, John, aonde mais iríamos numa situação dessas?!

Inclinei a cabeça para longe, procurando algum sinal nas brumas que atrapalhavam o sol de nascer. Lá, ao longe, uma construção de pedras e várias torres. Não havia dúvidas.

— Sherrinford.