A outra Potter

Cristais d'água: o ritmo circulatório.


– Prometa que o que verá agora não sairá daqui. – falou Lawrence, colocando suas mãos finas na água do chafariz. Gina achou estranho o fato de não estar sendo obrigada pelo poder de persuasão de Lawrence, mas depois de um tempo, entendeu exatamente o que acontecia.

A garota iria lhe mostrar algo importante, mas Gina não estava sendo obrigada a ver. Ela tinha uma escolha. No caso, se ela quisesse dizer algo como “não, eu quero ir embora”, Lawrence não contestaria. A Potter estava confiando na Weasley.

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– Eu prometo. – sussurrou, olhando para as mãos da menina a sua frente.

Lawrence fechou os olhos, assim como o punho. Respirou fundo, pressionando toda a sua fonte de magia na sua mão, e ao abrir os olhos, abriu as mãos. Logo, as gotas de cristais começaram a girar calmamente ao redor de suas mãos, como se fosse uma dança das fadas da neve no filme do Quebra-Nozes. As chamas estavam verdes, e aos poucos, começaram a girar mais rápido, sendo quase impossível de ver o que realmente estava acontecendo lá. Os cristais continuaram a girar em sincronia, num ritmo circulatório. Calmamente, Lawren fechou o punho novamente, atenta as expressões faciais de Gina. Os cristais subiram como na vez anterior, mas continuaram rodando. Lawren pegou a outra mão, e dividiu a gota em duas, fechando as mãos novamente, mas abrindo logo após. As duas pequenas esferas prateadas pairavam levemente flutuantes acima da palma de sua mão. A Potter conseguia sentir que a consistência e peso eram diferentes da primeira que fizera. Rapidamente, chocou as duas palmas esperando encontrar mais daqueles brilhos aéreos, mas o que ocorreu foi bem infiel ao que imaginara.

As esferas colidiram, causando um barulho desagradável, e explodiram espalhando algo que poderia ser facilmente distinguido como um caco de vidro. Foi tudo muito rápido. Num segundo as duas bolinhas se colidiram, e em outro, cacos brilhantes voaram para todos os lados, e em um outro momento um grito com a voz de Gina foi ouvido.

– O que... O que diabos é isso, Lawrence? – perguntou Gina, que estava com o rosto deplorável.

Acima de sua sobrancelha havia um corte longo, que se estendia até o canto da cabeça, nas têmporas. No canto de sua boca havia outro corte, assim como um que parecia ruim bem na sua bochecha. O estranho, era que ao redor dos cortes, haviam leves queimaduras levianas e superficiais. Os olhos de Lawren foram até os dedos de Gina, onde algumas bolhas haviam se formado. Franziu as sobrancelhas, e olhou de volta para a água, tendo uma surpresa.

Na superfície do lago, várias e várias esferas flutuavam, a maioria com a coloração prateada, mas uma ou duas com uma coloração dourada. Suas pupilas tremeram ao ver o cenário fantástico e ao mesmo tempo assustador, que criara somente com as mãos. Olhou para elas, e percebeu que sua esquerda ainda se encontrava fechada com força, consequente do susto que levara. Abriu lentamente ela, sentindo os dedos doloridos se esticarem, e aos poucos as esferas foram desaparecendo uma por uma, como um leve brilho prateado. Mordeu o canto do lábio, olhando mais uma vez para Gina, que tremia assustada, com o rosto machucado. Seus olhos estavam confusos. Não entendera o que acontecera, mas nem a Potter entendera. Aquilo não deveria ser poderoso. Deveria ser somente uma fonte de mágica bem divertida.

– Como você não se queimou? – murmurou a Weasley, captando a atenção de Lawren, que olhava para as mãos – Assim que aquilo encostou em mim, cravou na minha pele com uma extrema força, e causando queimaduras. Eu tirei os cacos da minha pele, mas a minha mão... – completou Gina, olhando para seus dedos, com bolhas de queimadura – Aquilo me queimou assim que me tocou. Como você não se queimou?

– Eu não sei. Não era isso que deveria ter acontecido. – sussurrou a Potter, com os olhos úmidos e confusos, olhando para a própria mão. Sentiu o gosto metálico de sangue, e levou os dedos ao canto da boca, onde reparou que um fino caminho de sangue era trilhado a partir daí, até o queixo. Logo depois, tossiu sem ar, e tudo que tossiu foi mais e mais dele.

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– Lawrence! – gritou Gina, e a ruiva levantou a mão, indicando para a garota se manter afastada. Fechou os olhos, e engoliu aquilo como se fosse bile. Grunhiu ao limpar o canto dos lábios e sentir uma leve ardência. Estava irritada com tudo isso, e estava tentando se controlar, porque sabia muito bem que o símbolo voltara aos seus olhos.

Respirou fundo, fechando os olhos, e engolindo em seco, sentindo seu corpo ficar mais uma vez leve. Nunca havia sentido como se tivesse uma pedra dentro de si mesma. Era angustiante. Tão angustiante quanto queimar ou ficar sem respirar. Olhou para Gina com um sorriso dócil.

– Perdão por tudo isso. Saiu do meu controle. Precisamos cuidar desses machucados, não podemos simplesmente chegar assim na ordem. Venha, sente aqui. – falou, se levantando e encostando a ruiva em uma árvore. A Weasley encarava tudo desconfiada – Veja bem, vou repetir o ato de mão de antes, mas aquilo não vai acontecer. Para aquilo acontecer é necessária muita água. – fechou os olhos, criando uma chama azulada nível um em suas mãos, após fechar os punhos, e encostou o indicador no rosto de Gina, massageando a superfície dos machucados, vendo-os cicatrizar e logo depois desaparecer com a queimadura, como seu nunca estivesse estado ali. Logo depois pegou a mão de Gina, e curou as bolhas, olhando logo depois para ela, que estava admirada.

– O que você é? – perguntou, animada novamente – Digo, você consegue manipular as pessoas com os olhos, fazer aquilo lá sem uma varinha e depois consegue curar machucados? É incrível. – disse com os olhos brilhando.

– Incrível, mas ninguém pode saber. Eu posso lhe contar tudo se quiser, mas você deve prometer que mesmo que esteja assustada, abrir a boca para contar para alguém não é uma opção. – Gina assentiu animada, e Lawren se sentou nas folhas de frente para a Weasley – Aquilo de manipular as pessoas, é um dom que foi passado de Voldemort para mim, tal qual como o Harry e a ofidioglossia. Eu ainda não sei quais são os limites do meu poder, mas pelos cálculos de Snape, são de um percentual bem maiores que o de Harry, por causa da localização onde fomos atingidos pelo Avada Kedavra. Seria quase correto dizer que o maior percentual de poderes está com Harry, já que o feitiço foi direcionado a ele, mas ricocheteou comigo no meio. Mas não foi. Se formos pela explicação científica, podemos até achar uma explicação pela qual Harry herdou a ofidioglossia. Ele foi atingido em uma área cerebral chamada “área motora profunda”, responsável pelo aprendizado de línguas por partes de crianças. Mas não adianta tentar achar uma explicação científica para o que não tem. Senão, é bem fácil dizer que por ter sido atingida na nuca, na minha medula, o meu dom não permaneceu somente nesse local, já que a coluna é responsável pelos movimentos das pernas e braços. Seria simples, mas não é. O motivo por eu ter mais percentual de “dons” passados por Voldemort, é justamente por ser um feitiço ricocheteado. Se eu mandar um estupore em você, e o feitiço ricochetear, você até pode ficar um pouco machucada, mas no fim, toda a força e poder do feitiço se direcionam contra mim mesma. No caso, o feitiço não ricocheteou contra Voldemort e sim em mim. – Gina compreendeu, balançando levemente a cabeça – Aquilo que você viu, não sei o que era, não estava em meus planos. E isso que eu fiz agora... Snape está me ensinando secretamente. – Gina arregalou os olhos – Ele está me ensinando muitas coisas. Bem mais do que pode imaginar. Isso aqui é somente o nível um, existem mais dois níveis.

– É incrível. Simplesmente mágico! – riu Gina – E sabe de uma coisa? Você deveria aprender a controlar esse poder que você tem em seu interior, e deveria simplesmente exercitar mais desse feitiço das esferas circulatórias. Eu acho que isso pode ser uma arma privada contra Voldemort. Se você aprender a controlar um feitiço que machuca a todos que estão por perto, menos a você, essa guerra estará ganha.

Lawren pensou, olhando para a água, que já voltara ao normal. Gina estava correta. E pensar desse jeito assustava.

***

– Bom dia, Sra. Weasley. – falou a ruiva com um sorriso gentil, se sentando no canto da mesa, na diagonal de Remo e Sirius, de frente para Tonks e do lado de Hermione. Gina estava do outro lado, e parecia estar tendo uma conversa bem interessante com Harry e os gêmeos.

– Bom dia, Lawrence! – falou a mulher, enquanto a Potter estendia a mão e pegava uma maçã dentro do cesto de frutas.

Estava vermelha o suficiente, assim como estava brilhosa. Como as de Hogwarts. Ficou encarando a fruta, conseguindo ver alguns traços de seu rosto nela. Estava lustrosa e bonita. Cerrou os olhos lembrando do sonho que tivera de noite, logo depois de voltar de seu passeio com Gina.

No sonho ela estava em uma das reuniões da AD, e todos riam dela porque não conseguia fazer o feitiço do patrono, enquanto todo mundo estava tendo sucesso. Então aparece Cho Chang de dentro da multidão, e ela tem uma cobra prateada rastejando ao seu lado, deixando claro que ela completara o feitiço com êxito. Ela começa a rir euforicamente, e logo todos estão rindo enquanto ela beija o seu irmão, que ri dela também.

E isso fazia Lawrence não parar de pensar nas últimas palavras que o irmão disse na reunião. Quando as aulas voltarem, estudaremos o feitiço do patrono. Ele já aprendera esse feitiço. E ele sabia fazê-lo com êxito. Enquanto isso, ela nem conseguia fazer a segunda fase das mágicas curativas. Estava sendo um fracasso. E isso era inaceitável. Tudo bem, ela já aprendera a primeira fase, mas não conseguira concentrar corretamente sua magia nas mãos, e tinha um problema ainda maior depois de conseguir: ele tinha que mantê-la. Se o professor Snape não estivesse tão ausente, tudo seria bem mais fácil. Nas vezes que treinara com ele, conseguira completar sua tarefa corretamente quatro vezes, domando por completo a primeira fase. Mas o que a intrigava era o fato de, se ela nem conseguia manter uma chama na mão direito, como conseguiria fazer o patrono?

– Tudo bem, Lawren? – perguntou Sirius, olhando curioso para a ruiva que até então, diferente de Harry, não direcionara mal dez palavras para qualquer pessoa da casa sob seus olhos. Ela somente observava, dava sorrisos discretos e oferecia ajuda a Sra. Weasley, a única com quem parecera simpatizar.

Lawren o olhou imediatamente, silenciosa. Deu um sorriso falso e colocou a maçã no lugar.

– Ah. Ótima. – todos pareciam ter ficado quietos imediatamente – Estava somente com a minha cabeça longe. Precisa de ajuda, Sra. Weasley? Não estou com muita fome... – se direcionou para a senhora, que deu um sorriso dócil.

– Ah, não, Lawren! Obrigada. Mais tarde eu te chamo para me ajudar no almoço. – disse simpática, e Lawrence assentiu.

– Claro. Remo, você acha que teria alguma possibilidade de mandar uma carta para Daniel e Dan? Bem... Daqui a cinco dias é Natal, e eu creio que vai demorar um pouco até me responderem. – falou, perguntando a Remo.

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– Creio que não. Só cuide com as informações desnecessárias. Os Malfoy não são a família mais confiável, e a viagem daqui a França é longa o suficiente para ser interceptada pelo ministério. – falou seriamente.

– Certo. – assentiu, se levantando, sendo acompanhada por Harry, que a seguia – O que pensa que está fazendo?

– Sou seu irmão mais velho. Tenho que controlar o limite de palavras em cartas. E também estou curioso para saber como Slytherins escrevem. Imagina você escrevendo? “Querido, Draquinho da minha vida que eu pego na sala precisa”, “Querido, Daniel, meu gay predileto”. Seria incrível. Não precisa me olhar assim, Lawrence.

– Bom garoto! Quer um ossinho? – falou, depois de se acalmar um pouco – Para falar a verdade, nunca peguei o Draco. Sou bem mais do tipo do “meu gay predileto”. E eu acho que o único que pega alguém na sala precisa, é você, maninho. Você realmente não sabe escolher garotas. Você tem duas garotas gatas para caramba ao seu redor, que são a Hermione e a Gina, e nunca pensou em dar em cima delas? Agora... – olhou para o irmão estático – Me empresta a Edwiges? – ele assentiu lentamente – Bom menino. Ah, e os Slytherin escrevem como Gryffindors, mas sem as declarações de afeto e amor constante. Sinceramente, aquela carta para a Cho foi o cúmulo da esquisitice. Até uma carta do Snape seria mais interessante.

Se virou satisfeita com sua resposta, e subiu as escadas rapidamente, pulando alguns degraus. Assim que fechou a porta atrás de si, andou até sua cama e se deitou em cima da cama em que dormia. Abriu a bolsa e tirou a pasta de dentro, onde a lista de comensais se encontrava. Respirou fundo e quando ia abrir, alguém abriu a porta.

– O que quer? – perguntou.

– Somente quero saber o que está lhe incomodando. Apesar de ter a impressão disso começar com Expecto e terminar com Patrono. – falou Remo, sorrindo.

Lawren olhou para o outro lado, envergonhada. E então sorriu, olhando para Remo.

– Você ensinou Harry, não é? – perguntou, e o Lupin sorriu – Pode me ensinar? – perguntou.

O homem sorriu.

– Se eu não pudesse, eu não teria vindo aqui somente para atiçar a sua curiosidade. Venha. Vamos praticar junto com o Bicuço.