Vitória sentiu medo que Luíza nunca mais voltasse a procurá-la. Por mais que lhe amasse, no entanto, essa só seria mais uma tristeza no seu coração, mais uma para castigá-la por todo mal que havia feito. Naquele dia e no outro não teve disposição para sair do quarto. Comeu pouco mas Zilda não chegou a preocupar-se, afinal, parecia bem de saúde. Talvez a preocupação com o paradeiro do conde Bernardo a deixasse assim.

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Mas no dia seguinte, Luíza apareceu no horário de costume. Vitória viu, pela janela, a carruagem aproximar-se e ordenou a Zilda que lhe mandasse subir. A jovem encontrou-a de pé, esperando. Não se conteve e, correndo, abraçou-lhe.

— Senti tanto medo que você não voltasse, tanto...

— Como eu poderia? Meu coração fica aqui o tempo todo, meus pensamentos também.

— Feche a porta!

Luíza havia mesmo se esquecido de qualquer coisa. Encostou a porta e correu ao abraço de Vitória novamente. As duas permanceram no quarto até o horário do almoço, quando Zilda subiu, apressada.

— Senhora condessa, Bento está aí embaixo e precisa falar-lhe.

— Mande que suba!

— Precisa lhe falar a sós, condessa.

— Ele pode falar na frente de Luíza, ela sabe de tudo, Zilda!

A governanta torceu a boca e confirmou sua suspeita de que Vitória havia mesmo revelado os segredos de seu passado à menina. Só não compreendia o porquê. Bento subiu e, diante da ordem da condessa, que falasse logo, prosseguiu.

— Eu o encontrei, senhora condessa. Encontrei seu filho!

Vitória deixou-se cair na cama. Luíza correu para amapará-la.

— Você tem certeza, Bento?

— Certeza absoluta, condessa! É o senhor Bernardo.

— E onde ele está? Como ele está?

— Numa tapera. Mantive ele lá, preso, enquanto lhe trazia a notícia...imaginei que não poderia trazê-lo aqui...está bem...maltrapilho, confuso, mas não está ferido ou faminto!

— Me leve lá agora, Bento!

— Condessa, não pode fazer isso! interveio Zilda.

— Cale a boca, Zilda! Bento, mande preparar a carruagem.

— Desculpe, condessa, mas talvez dona Zilda tenha razão. Espere o cair da noite para que possa sair sem que ninguém suspeite de nada!

Vitória escutou as palavras de Bento, que pareciam razoáveis, mas seu coração agonizava.

— Preciso! Preciso ver meu filho!

— Ele não vai fugir, condessa. E está bem. Deixei dois homens de guarda.

Vitória concordou e decidiu passar o restante do dia trancada no quarto, à espera do momento certo. Luíza fez-lhe companhia o tempo todo.

—Eu vou com você!

— Não, Luíza! É perigoso. Você fica!

— Eu vou! Não pode ir sozinha!

— Zilda me fará companhia. A viagem é longa. Essa tapera fica a kilômetros daqui.

Após o jantar, quando todos haviam se recolhido, Vitória saiu pela porta dos fundos. Luíza ficou acordada e apreensiva a noite toda. Desejava tanto que sua amada encontrasse o filho bem e o trouxesse em seus braços. Rezou diversas vezes pedindo que Deus tivesse piedade de Vitória. O dia clareou, todos acordaram e eles ainda não haviam voltado. Felizmente ninguém se deu conta da ausência da condessa no café. Ela não descia há dias. Perguntaram por Zilda.

— Ela pediu ontem à noite uma licença à condessa para visitar uma tia enferma.-inventou Luíza, à mesa. -Eu estava no quarto. Não parece nada muito grave. Disse que voltava hoje mesmo!

Todos acharam estranho que a acompanhante de Vitória soubesse mais do que se passava na casa que eles mesmos, a sua própria família.

Luíza voltou a aguardá-los no quarto da condessa e começou a preocupar-se com a demora. Mas logo uma Vitória desolada, amparada por Zilda, entrou.

— E então? E o conde Bernardo?

— A condessa precisa descansar, ficar sozinha, Luíza!

— O que aconteceu?

— Não era o senhor Bernardo. Bento se confundiu mais uma vez.

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Vitória não falava nada. Tinha uma expressão muito amargurada. Luíza teve o ímpeto de abraçá-la, mas conteve-se e apenas ajudou Zilda a acomodá-la. Desejou tanto ficar com ela, mas Vitória, com o olhar perdido, pediu às duas que a deixassem sozinha.