A morte e o que traz consigo

O porquê da primavera


V

– Vim cumprir ordens do soberano dos céus. – o deus mensageiro informou, ao entrar pelos portões. – Ele pediu a moça de volta. Sem colheitas, não temos oferendas dos humanos e só temos colheitas se Tsunade está satisfeita.

Sasuke sabia que esse momento chegaria, mas não esperava que fosse tão subitamente, enquanto ainda estava pensando em um modo de falar com sua amada para libertá-la.

– Pois bem. Siga-me.

Ele se sobressaiu ao notar que Sakura não estava em seus aposentos, isso não era de seu feitio. Um de seus lacaios informou sua verdadeira localização e ambos os deuses foram a sua procura. Mais uma vez, ele a viu como se fosse a única coisa em sua frente e, hipnotizado, apontou-a para o colega.

– Leve-a. Não será por culpa minha que a terra sucumbirá.

O mensageiro abordou a jovem com malícia e sensatez e informou:

– Senhorita, vim buscá-la. Sua mãe a deseja.

Sakura não soube que sentimentos ocupou-a. Entendia que em sua mente, deveria estar eufórica e satisfeita com o seu destino, mas algo parecia não se encaixar com a sensação em sua alma. Antes que pudesse dizer alguma coisa, o mensageiro exclamou, com espanto:

– Ora, minha jovem, o que suja suas belas mãos?!

Ela mirou suas próprias mãos e as viu avermelhadas.

– Uma vez provada a comida do Mundo Inferior, quem a provou para sempre deve ficar nesses reinos. – ele esclareceu, visivelmente abalado. – Creio que não tenho condições para levá-la de volta.

Novamente, confusão dominava Sakura e Sasuke encarou-a com interesse, perguntando-se se a prova fora intencional.

– Impossível. Tsunade fez um acordo irrefutável com o meu irmão. Ache a fruta. – ordenou solene.

O deus mensageiro encontrou o romã semi-comido e anunciou:

– Apenas metade da fruta ficou intacta.

– Portanto, assim deve ser. A rainha fica em meus domínios por metade do ano e volta para terra na outra, assim é de agrado de todos. – o deus declarou, definitivo.

Foi assim, então, que o mundo dividiu-se em quatro estações, a primavera e verão, simbolizando o retorno de Sakura para sua mãe, que não conseguia conter sua felicidade, descontando na natureza e em toda sua beleza.

E o inverno e outono, que exprimiam a frieza e morte do Mundo Inferior, onde Sakura passava seu tempo reinando ao lado de seu marido e senhor dos mortos.

VI

– Me pergunto o que seria de mim se não tivesse provado aquele romã, minha amada. – Sasuke perguntava muitas vezes em que estavam sozinhos.

– Não há necessidade em imaginar cenários impossíveis, meu senhor e amor. Não há um mundo em que eu não provaria aquele romã e ficasse aqui, ao seu lado, onde pertenço. – Sakura apressou-se em assegurar. – Não nego que havia dúvidas dentro de mim naquele momento, grandes o suficiente para que talvez eu não provasse da fruta. Mas a vontade de conhece-lo, de me submergir em seu mundo e passar parte da minha vida no desconhecido da escuridão era maior e essa vontade foi a que eu saciei. E não me arrependo.

Suas palavras traziam uma sinceridade verdadeira e Sasuke não podia conter sua extrema satisfação ao ouví-las.

– Sua bondade infinita perante aos meus atos é uma característica que eu nunca vou deixar de desconfiar. Não porque não acredito na sua índole, mas porque creio não merecê-la. Vou passar a eternidade tentando ser quem acredito ser digno de sua benevolência, apesar de crer ser impossível. – ele afirmou, enquanto tocava com cautela a pele frágil de sua amada. Ainda não conseguia acreditar que podia tê-la para si sempre que quisesse e que sua delicadeza não sucumbia nas profundezas de sua escuridão.

– Suas palavras galantes são nobres, mas não verdadeiras. Não se esqueça das minhas dúvidas errôneas que me assombram diariamente, provando o contrário de suas crenças em minha pessoa. Como pude eu ao menos pensar em não provar do romã?

Sakura parecia verdadeiramente conflituosa ao colocar suas mãos junto a dele, dando-lhe o amor que tanto merecia. Esse amor que tanto dava, sem querer em retorno. O amor que certamente merecia de volta.

– Creio, querida, que temos a eternidade toda para descobrir.

– E vou passá-la tentando compensar-te. Amando-te incondicionalmente.

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