A história de Sakura

Um novo ano


Até que finalmente chegou o dia. Como de costume, cheguei cedo e fui direto para uma das primeiras carteiras da sala. Ansiosa, não parava de olhar de um lado para o outro esperando que ele chegasse. Eu tinha certeza que o encontraria ali, Sasuke jamais permitiria a si mesmo notas abaixo do excepcional.

O tempo foi passando, chegou o horário do primeiro tempo e... Nada. Será que tinha mudado de escola? O professor se apresentou e pediu para que cada um se levantasse. Eu ouvia apenas zumbidos. Passaram quinze minutos e depois trinta minutos de aula e o garoto não chegava. Meu coração apertou e os olhos se encheram de lágrimas. Será que algo de grave teria acontecido?

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Pouco antes de chegar a minha vez de me apresentar, solicitei ao professor uma ida à enfermaria. Não queria aceitar um ano sem Sasuke, não podia acontecer! Saí andando lentamente e pensando com meus botões: “muito bem, Sakura, o ano mal começou e você já está matando aula... Que ótimo exemplo se tornou, hein?!” Fui andando pelo corredor até que ouvi a voz de um dos orientadores de turma ao fundo. Curiosa, segui em frente para descobrir quem teria se metido em encrenca.

— ...Situação muito difícil, mas pode contar com o apoio da escola, está bem? – dizia – Se precisar de qualquer coisa, pode me chamar, mesmo durante as aulas, eu te darei uma ajuda.

Ele falava com Sasuke. O moreno afirmava repetidamente com a cabeça para tudo o que o orientador falava. Seu rosto estava sombrio e ele parecia estar de péssimo humor, mas, na minha cabeça, tudo o que conseguia ver era que ele estava ali, não tinha saído da escola! Meu coração batia forte e um sorriso largo era impossível de apagar do meu rosto. Quando o garoto foi andando em minha direção, parecia um sonho se tornando realidade.

— Oi, Sasuke – tímida, corei enquanto o cumprimentava.

Nesse momento, ele parecia ter saído de seu transe e deu um leve sorriso. Ah, como ele era lindo! Era impossível não se apaixonar! Corei ainda mais pensando no quanto estava apaixonada.

— Olá, garota da enfermaria – ele disse – não vai correr dessa vez após dizer o meu nome?

Droga! Então ele se lembrava daquilo... Tinha esperanças de que não tivesse me reconhecido naquele dia. Era um momento importante para mim e Ino, não para ficar gravado em sua memória!

— Pelo menos descobri o seu nome né – ri nervosamente olhando para meus sapatos – Vamos para a sala que o professor está terminando as apresentações!

— Como sabe onde é a minha sala?! – perguntou curioso.

— Sasuke, nós dois somos os melhores alunos da escola! Óbvio que ficaríamos na mesma sala! – O puxei pelo braço para evitar mais perguntas constrangedoras e comecei a correr. Sasuke gritou para que eu fosse devagar e com cautela, mas eu estava feliz demais para ouvir. Entramos na sala ofegantes.

— Olha quem parece melhor de saúde – disse sarcasticamente o professor – Chegaram bem na hora de se apresentarem. Para o atrasadinho, meu nome é Kakashi e serei o professor de vocês durante esse ano. Aproveitem que estão de pé e venham aqui na frente dizer seus nomes e o que fizeram nas férias.

— Bem, meu nome é Sasuke – ele foi antes de mim – E durante as férias eu cuidei de algumas pendências da minha família.

— Entendo... – disse Kakashi pensativo – E você, pobre garota doente?

— Ern... – pigarreei – Eu sou Sakura e durante as férias eu saí com meus amigos, ajudei a minha mãe nas tarefas de casa e estudei um pouco da matéria desse ano. Ah! Também saí com a minha ex-melhor amiga Ino para comprar umas roupas e olhar umas maquiagens! Ela é muito boa nisso mesmo sendo uma grande porca gor...

— Está bem! – o professor me cortou – Acho que já temos informações demais sobre você por um dia! Quero que imitem o restante da sala e se sentem em dupla para a primeira atividade do ano.

Que sorte! Eu seria a dupla do Sasuke! Sentei alegremente no meu lugar e arrumei o meu cabelo para frente, assim ele poderia ver o quanto tinha crescido e o quanto eu estava mais bonita que semestre passado. Ele colocou sua carteira ao lado da minha em silêncio. Assim que estávamos acomodados, Kakashi começou a explicar qual seria a ideia da atividade.

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Basicamente, o nosso professor tinha entrado em acordo com o professor de outra classe para que os melhores alunos da escola ajudassem os piores a melhorarem o desempenho e se destacarem. Era uma atividade séria, mas também um teste para os anos seguintes, e ele acompanharia de perto o nosso progresso. Cada dois colegas ajudariam um a ter notas melhores durante o resto do ano.

Eu estava super animada pela simples ideia de ter um motivo para ficar colada em Sasuke durante todos os meses do ano quando descobri o nome do aluno que apoiaríamos: Naruto. Ele era definitivamente o pior aluno da escola e era conhecido por não levar nada a sério, um completo idiota. Além disso, a única coisa que sabia sobre ele é que não tinha pais e morava sozinho, com ajuda de custo da herança e um padrinho afetivo para ver como as coisas estavam de vez em quando.

Assim que o intervalo começou, os alunos começaram a preparar suas coisas para sair da sala e eu fiquei sentada, pensando em como o trabalho prejudicaria as minhas notas. Naruto parecia ser bem burro. O moreno arrumava suas coisas lentamente ao meu lado enquanto me observava.

— Qual o problema, menina da enfermaria? – Sasuke perguntou a me ver suspirar pela milésima vez.

— Eu não gosto desse Naruto – comecei – Ele vive sem os pais e parece que se tornou um idiota. Se ele tivesse uma mãe para cobrar, não teriam que colocar a gente de babá. Acho muito ruim termos que nos sacrificar por uma pessoa assim, que não quer nada com a vida. Ele vai acabar nos prejudicando!

O menino já não estava olhando mais para mim. Seus punhos se fecharam e ficaram brancos nos nós dos dedos. Pude perceber que seu corpo tremia levemente e seu rosto estava vermelho. Quando finalmente voltou a me fitar, estava ainda mais sombrio do que quando o tinha encontrado no corredor.

— Sakura, você é muito irritante.

Ele disse e saiu andando para o intervalo. Eu fiquei chocada. Sasuke me odiava e eu não fazia menor ideia do motivo. Será que ele era amigo do tal Naruto? Depois daquilo eu fiquei calada o resto do dia, de cabeça baixa. Era a minha chance e eu tinha estragado tudo bem no primeiro dia. Pelo menos eu teria até a faculdade para consertar. Era o que eu pensava naquela época.

Durante o resto da semana eu não conversei mais com Sasuke. Não por falta de oportunidade, mas porque estava com vergonha do que tinha falado a ele no primeiro dia de aula. Como que eu, Sakura, que tinha sofrido bullying até pouco tempo atrás, me senti no direito de falar mal de alguém que sequer conheço?!

Pior que isso foi descobrir o que realmente significava “cuidar de algumas pendências da família”. Desesperada por respostas do que eu poderia ter feito de ruim, encontrei com um de seus antigos colegas de classe no final da aula. Eu esperava que ele dissesse algo como “Sasuke não gosta de meninas de cabelo rosa” ou então “Sasuke não gosta muito de conversar e você deveria parar de puxar assunto”, mas o que ouvi foi que não era para levar muito a sério o que ele dissesse com raiva por um tempo.

O moreno tinha perdido os pais em um acidente de carro e ainda estava aprendendo a lidar com a situação. A família andava discutindo com quem ficaria sua guarda e, enquanto isso, ele estava morando sozinho, na casa de seus entes falecidos, se preparando para um futuro incerto. Eu tinha sido tão egoísta e insensível!

Meu problema com a testa não era nada comparado a perder os pais. Os meus eram muito carinhosos e cuidavam de mim o tempo inteiro. Sempre presentes, eu tinha comida pronta quando chegava em casa, alguém para falar sobre as atividades escolares e para me levar para passear. O Sasuke tinha perdido tudo. E o Naruto... Nem teve essa oportunidade. Prometi a mim mesma que cuidaria deles com o máximo de cuidado possível para que a dor fosse mais amena.

Mesmo assim, não sabia como fazer uma reaproximação. Foquei-me em anotar todas as matérias e recuperar para mim mesma a minha fama de boa aluna que tinha sido abalada após uma tentativa de matar aula. Eu estava bem desanimada. Nem mesmo as chateações da Ino conseguiam tirar a minha cara de desapontamento do rosto. Na segunda-feira da semana seguinte começaram as atividades com Naruto. Nós três nos encontramos após as aulas na sala demarcada pelo professor Kakashi. O professor, no entanto, não estava lá.

—Ei! Eu sou o Naruto! – disse ele, quebrando o silêncio da sala. Logo em seguida apontou para Sasuke – Eu definitivamente não gosto dessa sua cara metida! Já você, rosinha, você é uma gata! Nós ainda vamos namorar um dia!

Como ele era mal-educado e pretensioso! Eu não queria nem chegar perto de alguém como ele na minha vida inteira! Pior seria se o Sasuke achasse que eu queria alguma coisa com um pivete daqueles... Aquele maldito mal tinha chegado e já estava acabando com o resto de chances que eu tinha com o meu moreno.

Diferente do meu amorzinho de infância, Naruto era bem mais baixo que eu, tinha cabelos loiros e olhos azuis. Agora ele também não conseguia mais ficar calado, fazendo piadinhas sempre que possível para preencher aquele silêncio que chegava a ser constrangedor. Eu me esforçava para não falar nada e não parecer ainda mais irritante para Sasuke, que vinha me observando discretamente desde que entramos na sala. Devia me xingar mentalmente, certeza. Depois de mais de meia hora de espera angustiante, o professor finalmente chegou.

— Olá! Que bom que todos já chegaram – disse – Peço desculpas pela demora, mas quando estava a caminho, notei uma idosa carregando uma pesada sacola de compras. Como sou professor e devo ser um exemplo a todos vocês principalmente em como se portar na sociedade, a ajudei até sua residência e finalmente vim para a sala.

Eu nunca ouvi tanto papo furado. Obviamente, nem mesmo o Naruto, por mais bobo que fosse, acreditou em uma mísera palavra que Kakashi disse. Ainda assim, nos sentamos contrariados, cada um em um canto da sala, para que ele pudesse explicar quais seriam as atividades.

— Bem, vamos nessa – o professor pigarreou – Como vocês sabem, a atividade é basicamente ajudar um aluno com mais dificuldade a absorver melhor a matéria e passar de ano. Para hoje, quero que Sasuke e Sakura ensinem ao Naruto a redigir uma carta que pode ser inclusive do segundo tema: as relações entre os seres vivos. A carta deve ter no mínimo duzentas palavras e ser entregue em duas horas na sala dos professores. Até logo!

Dito isso, ele simplesmente saiu e nos deixou sozinhos para trabalhar. Que grande ajuda. Naruto com certeza tinha se perdido no meio de tanta informação, pois olhava para o mesmo lugar onde Kakashi estava há segundos atrás. Eu mantive o silêncio, pisando em ovos para não desagradar o segundo garoto da sala, o que realmente importava para mim.

— Então vamos começar – disse o Sasuke, para o meu espanto – Naruto, me ajude a juntar essas carteiras em um triângulo para que possamos trabalhar. Sakura, pegue o material das últimas aulas.

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Após tudo organizado e os cadernos e lápis já em cima da mesa, o garoto explicou novamente para o loiro o que iríamos fazer e sugeriu iniciarmos por um rascunho. Ele era realmente bom em liderar e fazer sugestões. Eu estava admirada. Para mim, aquela matéria era bem tranquila. Eu gostava demais de Biologia e, se não fechasse com excelência quase todas as matérias, poderia dizer que era a minha melhor. A que mais absorvia e desenvolvia. Eu estava perdida em meus pensamentos, olhando para o caderno, com medo de encarar Sasuke quando o ouvi dizer meu nome novamente.

—Sakura – disse- todo mundo sabe que você é a melhor em Biologia. Por que não se encarrega de explicar essa parte?

Ele... estava me elogiando? Sasuke não estava mais bravo comigo! Minha nossa, esse deveria ser o melhor dia da minha vida! Não vou falhar mais na missão, meu garoto! Eu prometo! Afinal, eu estava de volta ao jogo!

Expliquei com gosto tudo o que sabia e ajudei no momento em que foram montar o rascunho. Terminamos em cima da hora, mas deu tudo certo. Material entregue na sala dos professores, alunos liberados para casa. No momento de ir embora, Naruto foi na frente e eu me aproveitei do momento para finalmente falar com o moreno o que eu precisava.

—Sasuke – comecei – me desculpe pelo que disse, eu... Eu não sabia. E ainda assim, não se deve falar isso com as pessoas, foi muito egoísta da minha parte. Com você e com o Naruto também.

Inesperadamente, ele bagunçou os meus cabelos e sorriu. Eu fiquei estática, enquanto sentia a temperatura subir e o meu rosto queimar. Com certeza estava vermelha. Muito vermelha. Já não podia ver os meninos na rua e ainda estava lá, com o coração batendo na boca. Esse garoto da enfermaria que cada dia eu conhecia melhor era fofo e imprevisível.

E por assim seguimos. As atividades se tornaram regulares todas as segundas e quartas-feiras. Chegávamos na sala, agrupávamos as carteiras, recebíamos as ordens do professor e ensinávamos Naruto. As notas dele realmente melhoraram e deixaram todos surpresos. Trabalhávamos muito bem juntos e pude observar o surgimento de uma amizade entre os meninos. Eu ficava olhando de longe, zelando por eles e ajudando quando achava necessário. Meu contato com Sasuke estava mais próximo, mas ainda assim nada tinha acontecido de tão relevante quanto no primeiro dia.

Em uma segunda-feira qualquer, após uns dois meses de atividade, veio a primeira grande mudança. O professor Kakashi entrou na sala (meia hora atrasado, como sempre) e informou que teríamos uma troca de tarefas.

— Bem, como disse no começo, o programa foi criado para ajudar os alunos com maior dificuldade a conseguirem boas notas – ele começou – Sakura, ano passado você teve um problema sério no início das olimpíadas escolares e isso fez com que seu rendimento caísse em Educação Física. Desde então, suas notas nunca mais foram as mesmas. Portanto, os meninos agora irão te ajudar a se recuperar. As aulas não serão mais dentro de sala, mas no ginásio. Vocês devem se preparar pois serão um time em uma corrida de orientação daqui a dois meses. Eu recomendaria começarem por um alongamento e seguirem para alguns esportes. Afinal, vocês já aprenderam juntos como analisar os mapas e a bússola semana retrasada e não acho que precisarão reforçar.

Ele fez uma pausa e nos preparamos para levantar. Isso era bem desanimador. Eu sabia que as minhas notas tinham caído, mas ainda assim não era nada que prejudicasse o meu passar de ano. Não achei que seria relevante a ponto de colocarem dois alunos para me ensinarem.

— Viu?! – disse Naruto – Eu estou arrasando! Não preciso mais de ajuda!

— Muito pelo contrário – riu o professor – Eu espero que continuem estudando as matérias juntos! Acho que esqueci de dizer: todos os trios serão avaliados até o final do ano. Os três alunos que se destacarem irão receber prêmios. Já os três piores... serão convidados a sair. Pessoas que não sabem agir em conjunto e não prezam pelo coletivo não combinam com essa escola.

Eu podia sentir o meu fogo nos olhos voltando. Eu realmente amava uma competição. Nem me importava com o prêmio em si, eu só queria provar que era a melhor. A sede também contagiou os meus colegas, que mudaram até a postura para ouvir com mais atenção.

Fomos até o ginásio preparados para brilhar. Trocamos nossos uniformes para os de Educação Física e iniciamos o aquecimento. O treino inventado pelos meninos era bem puxado, mal tínhamos começado e eu já suava e pedia para parar. Pude perceber Naruto um pouco impaciente. Ainda assim, estava tudo bem, a gente se entendia.

Porém, o ginásio começou a ficar um pouco mais cheio. As garotas de verde com as quais eu tinha jogado uma partida de basquete tinham se reunido para alguma atividade e logo me notaram com eles, fazendo polichinelo.

— Ora, ora – uma delas disse, se aproximando de onde estávamos – Vejam se não é a trouxa do basquete.

Instintivamente me posicionei atrás dos garotos. Eles notaram a movimentação e se puseram em modo de alerta. O principal problema desse tipo de atividade é que o professor nunca acompanha a execução, estávamos sozinhos com elas e eu tinha me esquecido o quão grande elas eram.

— Algum problema com ela? – encarou Sasuke com uma voz despreocupada. Eu podia ver a tensão se formando em seus músculos dos braços.

— Deixa eu te contar uma história, baixinho – ela começou – Ano passado nós tínhamos tudo para ganhar as olimpíadas da escola. Só que essa de rosa aí se jogou na frente da bola e fez com que a nossa melhor aluna não pudesse mais jogar nenhuma partida! Foi a estratégia mais estúpida que você fez, garota! Não vamos deixar barato!

— Você acha mesmo que alguém consideraria vocês tão importantes a ponto de quase quebrar o nariz por causa de um jogo idiota?! – o moreno me defendeu – Sua autoestima está muito elevada, não acha?!

Naruto começou a rir. A resposta de Sasuke as deixou desconcertadas. Nisso, me aliviei um pouco e os meninos abriram espaço entre nós. Antes que percebêssemos, uma das garotas já tinha me empurrado para o chão.

— Pirralha, você está sempre muito preocupada com as aparências e com o que as pessoas dizem, mas não tem muita força para nada, né?! – ela riu – Talvez eles devam realmente te treinar, já que a orientação será para toda a escola e não só vocês. Boa sorte, vão precisar. Te encontro lá, queridinha.

Elas se afastaram. Sasuke se virou para mim com um olhar de desespero.

— Sakura – ele disse – Está tudo bem? Eu não devia ter te deixado tão longe... você se machucou?

Fisicamente eu estava ótima, tinha sido apenas um empurrão. Só que o que ela disse realmente me afetou. Isso porque no fundo eu acreditava que ela tinha razão. Tinha me tornado fútil. Não era forte o suficiente para ajudar os meninos. Eu fazia o papel de protetora, mas não conseguiria sequer falar algo em defesa dos meus amigos. Então eu comecei a chorar.

Eles não entenderam nada. Sasuke enxugou minhas lágrimas com as pontas dos dedos e me carregou até a enfermaria. Eu estava grata pela proximidade, por sentir aquele cheiro bom de roupa limpa e do xampu dos seus cabelos. Foi assim que me acalmei. Naruto pegou as minhas coisas para que eu pudesse ir embora, mas Sasuke quis se encarregar de tudo.

Depois de me dar um copo de água, ele se prontificou para me levar para casa. O moreno disse que tinha medo que elas preparassem uma emboscada para mim no caminho. Eu apenas concordei com a cabeça, não queria que o garoto fosse embora. Talvez ele estivesse realmente com medo, pois não soltou a minha mão durante todo o trajeto. Eu me sentia profundamente bem com tamanha atenção.

Ao chegar na porta de casa, ele bagunçou o meu cabelo e foi embora. No meu peito, um emaranhado de dúvidas surgia sobre qual o tamanho que a nossa amizade tinha tomado. Eu não queria que ele me visse como uma amiga fraca a ser protegida. Queria ser a amada que andaria lado a lado, apoiando e sendo apoiada quando necessário. Nesse ponto as meninas tinham razão: eu teria que ganhar força.