A garota dos olhos violeta

Boa noite, minha querida


Chegando ao acampamento, meu irmão corre para me abraçar:

– Iara! Que bom que você está bem! Você me deu um susto daqueles! – em seguida, ele me abraça mais uma vez. – Nunca mais faça isso.

Pensei no que Peter havia dito. Eu não sei o que faria se soubesse que o meu maninho, o fofo, sonhador e inocente do Daniel, estivesse sendo torturado de alguma forma. Eu não deixarei isso acontecer. Custe o que custar. Fiz uma tentativa de sorriso.

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– Desculpe-me, eu fiquei assustada com tudo isso. Mas agora que me acalmei e pensei direito, acho que ficarmos aqui por uns tempos será o melhor.

– Agora que tudo está bem, acho que está na hora de dormir, não é mesmo? – disse Pan, se intrometendo na conversa. – Hora de recolher, pessoal! Daniel, você já tem sua barraca no acampamento, certo?

– Tenho sim! Vamos Iara, eu te mostro onde é.

Senti o olhar de canto de Peter.

– Desculpa Dan, mas eu já falei a Peter que iria ficar na casa da árvore com ele.

Meu irmão primeiramente pareceu desconcertado, mas em seguida abriu um sorriso.

– Tudo bem, então. Até amanhã, mana.

Quando ele já estava um pouco mais afastado, Pan sussurrou para mim:

– Foi muito bem, muito bem mesmo! Ele nem sequer suspeitou de algo. Agora vamos, minha casa é logo em frente.

Caminhamos um pouco até chegar à árvore. Lá em cima, a casa era bem simples: Um criado mudo, uma cômoda, uma poltrona, um expositor de armas, um closet e...

Uma única cama.

– Onde eu irei dormir?

– Bem, aqui. – ele indicou a cama.

– Então, onde você vai dormir?

– Aqui. – ele indicou a cama novamente, como se fosse óbvio.

Demorou dois segundos para cair à ficha.

– Ah, não. Ah, não. Não, não e não. Sem chance, eu não vou dormir na mesma cama que você. – disse, balançando a cabeça e me virando para o outro lado e indo e direção à porta.

Rapidamente, me vi presa pela cintura por braços fortes.

– O que isso? Não precisa se fazer de difícil, minha querida. – ele sussurrou, roçando seus lábios lindos macios em meu ouvido.

O que é isso Iara? Lábios macios não importam, ele te ameaçou, lembra? Mesmo que ele seja lindo, que os cabelos dele reflitam a luz do luar, que ele te encare com aqueles lindos olhos verdes...

Oi, volta pra realidade Iara? Ele te ameaçou. Mais que isso. Ameaçou seu irmão. Você tem Síndrome de Estocolmo*, Iara? Não. Então volte para o mundo real e pare de ter pensamentos insanos.

Levando um milésimo de segundo para ter essa discussão mental, finalmente consegui me soltar de Peter. Virei-me e o encarei:

Não. Chame-me. De. Querida. – falei, em tom ameaçador.

– Ooh! Calma! – Peter se afastou, com um sorriso irônico no rosto e as mãos levantadas. – Então, se não vai dormir na cama... Onde irá dormir?

Olhei em volta.

– Ali, na poltrona. Simples. É isso. Eu vou dormir na poltrona.

Ele levantou as sobrancelhas.

– Se tem tanta certeza. – ele se deitou na cama, parecendo levemente decepcionado. – Boa noite, então. Minha querida. – ele abriu um leve sorriso enquanto eu bufava.

Ele estalou os dedos e a luz se apagou por completo.

Cansada, rapidamente caí em um sono que esperava que fosse mais calmo que a minha noite.

***

P.O.V. Peter

Acordei de solavanco, ouvindo murmúrios desesperados. Olhei para minha poltrona, onde Iara estaria dormindo.

Ela se mexia e sussurrava, assustada, porém ainda dormindo, provavelmente em um pesadelo.

– Não! Pai...

Levantei-me rapidamente e fui em sua direção.

– Calma, calma! É só um sonho! Não é real. – a peguei no colo e me sentei na poltrona com ela por cima.

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– Tudo vai ficar bem, é só um sonho – disse, abraçando ela. Continuei assim até ela se acalmar. Quando percebi que ela voltará a dormir plenamente, coloquei-a na cama e usei magia nela. Pronto. Ela não se lembraria de nada.

Deitei-me também. Tinha que lembrar-me que não poderia me apegar a ela. Não como havia me apegado a outra.

Mesmo assim, elas eram tão parecidas... Não pude deixar de sorrir.

– Boa noite, minha querida. – e adormeci.