A cor do amor

capitulo 12- Dolorosas palavras deitadas


Aiden

Ainda era cedo.

7:23 Pelo que dizia o despertador de Della.

Ela ia atrasar-se para a escola se não a acordasse.

Levantei-me da cama tapando-a com o edredom e fiquei nos meus calcanhares a vê-la dormir.

Ela sempre foi linda. Desde que era um bebé. Mas saber que ela gostava de mim fez-me ver as coisas de outra maneira.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Tanto por dentro como por fora, Della é o que sempre quis por isso sempre fiz questão de não deixar ninguém influenciá-la. Della tem tudo o que eu sempre quis e ao ser influenciada não seria a minha menina, eu a perderia.

Ela se perderia.

Olhei em volta e sorri para o pequeno quarto. Não mudou em nada.

Desci para a cozinha e preparei-lhe o pequeno-almoço. Os armários estavam cheiros de comida.

Ela comeu alguma coisa?

Suspirei e preparei o preferido dela. Se ainda fosse o mesmo.

Waffles com geleia de morango, uma fatia de bolo de café, sumo de laranja e uma pêra.

Ela ia comer nem que eu tivesse que lhe enfiar tudo pela boca abaixo.

Sentei-me na cama e toquei-lhe na cara de levezinho.

–Delly? Vamos, Delly acorda. Delly?

Lentamente ela abriu os olhos e dois olhos verdes me olhavam solenemente.

–Bom dia princesa.

–Deixa-me dormir- Resmungou tapando a cara com o edredom.

–Vai chegar atrasada.

–É apenas mais hoje não me interessa.

Sorri e destapei-lhe a cara.

Ela olhou-me com uma carranca bonita.

–Vamos, lá Delly. Tens de ir.

Ela gemeu e tocou nas temporãs.

–Doí-me a cabeça.

–Não devias ter bebido tanto na noite passada.

–Eu não estava bêbeda.- Resmungou.

Mas mesmo assim vomitaste.

Então o que aconteceu?

–Tudo bem, princesa. Mas tens de ir á escola.

Ela resmungou começando a sentar-se.

–Tu mesma disseste que era só hoje.

–És um chato- Resmungou e eu ri.

–Apenas porque gosto de ti. Vamos toca a comer.

Pôs a bandeja nas pernas dela e ela enrugou o nariz.

–Não tenho fome.

Todo o divertimento deixou o meu rosto.

–Tens de comer Della.

–Mais logo, agora não quero.

Ela ia a levantar-se mas parei-a.

–Vais comer agora. O pequeno-almoço é a refeição mais importante do dia.

Ela revirou os olhos e sorri.

Pelo menos ia comer.

Deu uma garfada no waffle e enrugou o nariz.

–Pensei que era o teu pequeno-almoço favorito.

Ela olhou para mim atentamente durante um longo tempo antes de assentir com a cabeça.

–É, mas simplesmente não tenho fome. Sabe-me a amargo e vomito.

Empurrou o prato para o lado mas voltei a pô-lo no sítio.

–Della, ontem vomitaste tudo o que tinhas no estomago, precisas de arranjar força para hoje. Come!

–Aiden!-Gemeu.

–Vamos, Della. Não é muita coisa.

Ela suspirou e pegou no sumo.

–Isso mesmo. Quando acabares dou-te uma aspirina.

Ela apossou o copo a meio e olhou para o tabuleiro.

–E se comer apenas a pêra?

–Tudo!

Suspirou derrotada e começou com o bolo.

–Tens os armários cheios de comida Della.

–E daí?- Disse sem me olhar.

–Comeste alguma coisa?

–Como em tua casa, lembras-te?

–Sim, mas tens dormido aqui. Ontem jantas-te aqui. E não vejo louça nenhuma suja.

Deu de ombros e continuou comendo sem vontade.

–Della, tens de comer.- Disse firmemente.

–Eu como.

–Quando?

–Quando tenho fome.

–Della!

–Pára de ser chato, Aiden. Sei cuidar de mim.

–Não parece nada- Resmunguei.

–Mas sei! E como tu disseste é melhor despachar-me ou vou chegar atrasada.

Tirou o tabuleiro e levantou-se.

–Acaba de comer, Della.

–Não quero.

Pôs o tabuleiro na mesinha de cabeceira e andou para o chuveiro mas parei-a.

– Não sais deste maldito quarto enquanto não comeres!

Ela olhou-me irritada.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

–Não tenho fome, Aiden!

–Não me interessa. Vais comer.

–Não és meu pai. Faço o que bem me apetecer.

Encostei-me á porta do chuveiro e olhei nos olhos. Olhos que estavam mais cinzentos do que verdes agora.

– Se eu sei que tu não comes ou que vomitas o que comes, livra-te de eu te apanhar.- Rosnei.

Ela olhou-me de boca aberta.

–Achas que eu sou o quê? Eu não sou nenhuma anoréxica, Aiden! Estou bem como estou. SIMPLESMENTE NÃO TENHO FOME!

–Não tens fome ou não queres comer?- Acusei.

Ela tinha de comer porra ou ia ficar doente.

Isso não ia acontecer enquanto eu vivesse.

Ela cerrou os punhos e olhou-me com muita raiva.

Se o olhar matasse…

–NÃO TENHO FOME! DEIXA-ME EM PAZ!

–BOA! FAZ O QUE QUISERES. MAS SE DEPOIS FORES PARAR AO HOSPITAL NÃO DIGAS QUE NÃO TE AVISEI.

Abri a porta e fechei-a atrás de mim com força.

Se ela queria ir parar ao hospital ela que não pense que irei deixar.

Apenas há uma forma de a fazer comer e vou ter que usá-la mesmo que ela me venha a odiar.

Não vou deixá-la continuar com isto.

Não a minha menina.

Estacionei em minha casa e entrei com tudo.

–Aiden! Que se passa?

Minha mãe apareceu assustada.

–Já arruinaste tudo de novo?- Perguntou Mylla das escadas.

–Della não come!

–Como assim não come? Nós fomos ao super mercado á um mês, ela já acabou com a comida?- Perguntou minha mãe supressa.

–Antes fosse. Ela não come nada. Os armários estão cheios.- Bufei tentando acalmar-me mas era em vão quando a miúda de quem gosto têm um distúrbio alimentar.

–Cheios?- Perguntou minha mãe mais para ela do que para mim.

–Sim.

–É normal ela come aqui- Disse Mylla dando de ombros.

–Não Mylla. Ela não come todos os dias aqui. Tem comido em casa dela e não á rasto de que ela tenha comido o que quer que fosse.

–Sim mas…- Mylla calou-se e olhou para mim com medo.- Ela também não tem comido nada na escola.

Cerrei os punhos e esmurrei a porta atrás de mim.

Á quanto tempo isto vêm acontecendo?

Tenho de parar isto.

FODA-SE!

Devia ter estado aqui com ela.

–O que fazemos?- Perguntou Mylla destemida mas com medo.

Minha irmãzinha amava sua melhor amiga tanto quanto eu.

Ok, talvez não tanto.

Olhei para minha mãe que olhava para a foto de Mylla e Della.

–Mãe?

–Mylla vai para a escola.

–Ok, mas e Della?

–Passa por casa dela e leva-a. Diz-lhe que quero conversar com ela mais quando as aulas acabarem.

Mylla assentiu e vou porta fora.

–O que lhe vais dizer?- Perguntei.

Minha mãe olhou-me e não havia nada lá. Nenhum brilho.

–Apenas ter uma conversa de mulher para mulher. Della precisa muito de uma mãe neste momento.

Assenti e acalmei-me.

Rita fazia tanta falta a Della.

Fazia falta a todos.

–Vais ligar a Xavier?

–Não sei- Disse hesitante.

–Ele precisa saber mãe. É a filha dele.

–Sim, mas ele apenas ficará preocupado. Deixa-o tratar do que tem a tratar e quando voltar contar-lhe-emos.

Assenti de novo e desabei no sofá.

Brigar com Della era dor demais.

E o pior é que ela estava a estragar a vida dela. Vê-la assim faz-me odiar-me por não ter estado ao lado dela estes 4 anos, mas nunca mais voltará a acontecer.

Nunca mais deixarei Della sozinha.

Della

Odeio Aiden!

Graças a ele, Mylla começou com a mesma treta de que sou anoréxica.

Por favor, isso é tão nojento!

Como podem pensar isso de mim?

Suspirei e olhei para a professora.

Quem me dera que já estivesse no acampamento. Pelo menos estaria longe de Aiden e podia pensar em Spencer. O meu namorado. O garoto que devia estar pensando não no garoto que partiu meu coração e hoje fez algo tão bonito como o se lembrar do que gostava no pequeno-almoço.

Acordar com ele ali foi tão bom. Saber que ele me segurou a noite toda fez algo no meu coração curar-se um pouco.

Talvez Aiden ainda fosse o meu Aiden.

ARGHT!

Tenho de parar de pensar naquele idiota.

Quem ele pensa que é para me chamar de anoréxica?

Eu não sou!

Apenas não tenho fome. Meu estomago parece que dá meia volta sempre que olho para comida.

Apenas o pensamento daquele bolo de café me faz enjoar.

Tapei a boca com a mão e fechei os olhos com força.

Deus me acuda.

–Della?

Abri os olhos e olhei para a professora. Todos os meus colegas olhavam para mim, bestial.

–Sentes-te bem?

Estava prestes a dizer sim quando a minha barriga pensou melhor aparecendo algo amargo na minha boca.

Maldito bolo!

–Nem por isso- Disse rouca.

–Queres ir á enfermeira?- Perguntou preocupada.

–Posso?

Ela deu um pequeno sorriso.

–Claro.

Levantei-me depressa e do lado de fora corri para a casa de banho. Tenho a certeza de que não chegaria á enfermaria.

A casa de banho estava vazia e logo entrei na primeira cabine e me inclinei sobre o vaso sanitário. Na tive de esperar muito para começar a vomitar.

Sempre que começo é difícil parar.

–Della? Merda.

Mylla ajoelhou-se ao meu lado.

–Merda- Repeti levantando a cabeça mas logo me inclinei de novo.

–Vou chamar a enfermeira.

Quando ela foi tossi e sentei-me contra a parede fria.

Para que não fosse suficiente não tomei a aspirina e minha cabeça explodia.

–Senhorita Telles?

Abri os olhos e vi a enfermeira Susa á minha frente.

–Sim?

–Como se sente?

–Enjoada.

Minha boca estava amarga dando-me apenas mais vontade de vomitar.

–Comeu alguma coisa?

–Bolo e um sumo.

–Hmm, venha. Vamos telefonar para sua casa.

Agarrei-me a Mylla e andámos para a enfermaria.

–Deite-se a aqui.

Mylla ajudou-me a deitar na pequena cama e fechei os olhos suspirando de alívio.

–Telefone para minha casa.- Avisou Mylla.

–Muito bem… Senhora Willow? Á, bom dia Aiden... sim sou eu. Podes chamar tua mãe?... Bom-dia Ana…Della sentiu-se mal e telefonei para dizer se a queres vir buscar…. Sim, agora está mas vomitou ainda á pouco… Muito bem. Até já. Ana vem já.

Assenti e ouvi Mylla se mexer ao meu lado.

–Obrigado, enfermeira.

–É para isso que cá estou.- Tocou-me no rosto e abri os olhos- Como te sentes?

–Melhor.- Sussurrei.

Estava cansada para falar.

Ouvimos o sino informando o final da primeira aula.

–Vai ter com Alex.

–Não te vou deixar aqui sozinha.

–Estou com a enfermeira, não estarei sozinha.

Enfermeira Susa sorriu concordando.

–Mesmo assim. Quero ficar aqui até minha mãe chegar.

–Mylla, vai. Eu fico bem.

Ela mordeu o lábio inferior e assentiu.

–Ok. Mas eu já venho.

Sorri um pouco.

–Ok.

Ela beijou-me na testa e correu para fora.

–Tens uma grande amiga.

Sorri mais e olhei para a enfermeira.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

–Sem dúvida.

–Diz-me Della, tens-te sentido enjoada?

–Não. Apenas ontem.

Ela assentiu e anotou algo.

–Deve ter sido algo que comeste ontem que te está a prejudicar.

Assenti e suspirei.

–Tem aspirinas?

–Sim. Queres uma?

–Por favor.

Ela foi até a um armário e tirou uma caixa de aspirinas. Pegou num copo encheu-o de água e deu-me.

–Aqui tens.

–Obrigado.- Disse levantando-me.

Nunca fui muito fã de comprimido, mas quando tinha de ser tinha de ser.

A água gelada doeu ao passar na minha garganta e tossi um pouco antes de me voltar a deitar.

–Della.

Olhei para cima e sorri um pouco conforme Spencer se aproximava.

–Ei- Disse rouca.

Ele sorriu e sentou-se ao meu lado.

–Como te sentes, linda?

–Melhor.

Beijou-me na testa e acariciou-me a cara.

–Alex contou-me sobre ontem. Desculpa não ter estado lá.

–Está tudo bem, Spencer. Também não queria que me visses naquela figura triste.

Ele riu um pouco e negou com a cabeça.

–És sempre linda, não importa se estás coberta de lama.

–Exagerado.

–És linda, não é exagero nenhum. Podias ter gosma verde da cabeça aos pés que continuarias a ser a mesma menina linda.

Ri e ele beijou-me o nariz.

–A minha menina linda.

–Della!

Ambos olhamos para cima e vimos Aiden parado na porta.

Meu sorriso caiu do meu rosto e meu coração contorceu-se com a presença dele. Ainda me doía a forma como ele me acusou de fazer algo que nunca me passaria pela cabeça.

Achava que ele me conhecia melhor.

–Parece que já vais embora.

Olhei para Spencer e forcei-me a sorrir.

–Amanhã não me escapas- Prometi.

Ele riu e beijou-me a testa.

–Nem tu a mim. Amanhã serás apenas minha. Combinado?

Assenti e sentei-me devagar.

–Vamos eu levo-te.- Ofereceu-se.

–Eu levo!- Disse Aiden aproximando-se.

–Deixa meu. Eu posso levá-la.

Spencer pegou-me e notei os punhos cerrados de Aiden. Não queria olhar para ele.

Pára de olhar para ele!

Escondia a cara na curva do pescoço de Spencer. Quanto menos olhava para Aiden melhor.

–Cheguei.

Olhei para Ana que recuperava o folego.

–Minha menina. Como estás?- Perguntou beijando a cara.

–Estou bem, Ana.

–Pelo menos agora.- Disse Enfermeira.- Della precisa de comer coisas leves por enquanto. Algo que comeu lhe fez mal ontem.

Ana suspirou de alivio e segurou-me na mão.

–Pregaste-me um susto.

–Desculpa- Sussurrei.

–Pára de te desculpar. Não tens culpa.- Disse Mylla aproximando-se devagar com Alex atrás.

–Exacto. Deverás é ter mais atenção com o que comes.- Disse enfermeira.

Assenti e deitei a cabeça no ombro de Spencer.

–Tudo bem.

–Vamos lá então.- Disse Spencer começando a andar.

–Obrigado- Agradeci quando ele me sentou no banco detrás do carro de Aiden.

–Sem problemas, princesa.- Beijou-me de leve nos lábios e sorri.- Até amanhã?

–Até amanhã.

Fechou a porta e deitei-me para trás.

Ana e Aiden entraram e Mylla bateu na minha janela.

–Vemo-nos mais logo.

Assenti dando um pequeno sorriso.

Agora apenas queria desabar na cama e dormir até amanhã.

–Cansada?-Perguntou-me Ana.

Bocejei e espreguicei-me.

–Um pouco.

–Susa disse que isso podia acontecer por efeito da aspirina.

Assenti e fechei os olhos com a cabeça no vidro.

Podia vir um terramoto que não me mexeria.

Simplesmente dormi.