A Winter Night

Capítulo 10


"E ele disse o quê?"

Eu girei minha cadeira do escritório e olhei Lissa. Seu cabelo loiro estava preso em um coque, e as mangas da sua camiseta dobrada nos cotovelos. Ela tinha a expressão descrente, assim como eu enquanto contava a ela sobre Tasha e Dimitri.

Desde aquele encontro inesperado no final da minha aula de balé, alguns dias atrás, eu descobri que Tasha e Dimitri eram amigos de longa data. Dimitri havia me contado que os dois tinham se conhecido na Sibéria, onde ela e os pais moraram por um tempo antes de conseguirem se mudar para Londres, cerca de uns dezessete anos atrás. Depois disso, nunca mais tinham se visto.

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Aparentemente, agora eles decidiram retomar a amizade e contar tudo o que tinha acontecido em suas vidas nesses longos anos afastados.

"Perguntou se tinha algum problema se ele ficasse conversando com ela lá na frente de casa, ou que ele fosse dar uma volta com ela" eu dei de ombros. "E o que eu podia fazer? Deixei que eles entrassem e ainda levei chá para eles" Dimitri ainda tinha insistido para me ajudar, mas eu não deixei. Não queria que ele visse a minha cara naquela tarde.

"Puta merda, Rose" Lissa segurou o riso. "Eu nunca pensei que diria isso para você, mas você é uma das pessoas que mais está se segurando nesse momento. E conseguindo esconder suas emoções"

Apertei a ponte do meu nariz. "Nem me fale, Liss"

Bem quando eu achava que iria desvendar suas emoções a meu respeito, aparece Tasha e estraga tudo. Eu tinha ficado tempo o suficiente naquela sala depois que levei o chá para ouvir eles conversando com uma casualidade que me assustou. Nem comigo ele era tão aberto assim. Quando conversávamos, ele sempre parecia lutar para manter o controle e me dizer apenas o necessário, como se tivesse medo de que eu soubesse demais. Até a sua antiga vida ainda era um mistério para mim, e eram raros os momentos em que ele me contava sobre ela.

Com Tasha, ele parecia não se importar com o que falava. Ele parecia confiar nela mesmo que não tivesse conversado com ela por todos esses anos. Uma parte de mim se preocupava com isso. Afinal, ele tinha fugido do próprio país e provavelmente estavam atrás dele. E se Tasha contasse a algum amigo que fosse um inimigo de Dimitri sobre seu paradeiro? Ele teria que fugir novamente para não ser pego.

A outra parte, por mais que eu detestasse admitir, sentia ciúmes. Não por causa do seu repentino interesse em Tasha - ok, isso também-, mas dessa familiaridade que eles tinham. Eu sabia que tinha ganhado a confiança de Dimitri, mas agora estava claro que não foi toda ela. Isso estava me sufocando.

"Por que você não conversa com ele?" perguntou Lissa, fazendo-me voltar a realidade e a guardar minhas mágoas para outra hora.

"Sobre?"

"Tasha, Rose" lembrou ela, praticamente revirando os olhos. "Você poderia puxar ele e contar o que você sente de uma vez por todas. Não, nem venha me dizer que ele não retribui os seus sentimentos porque isso não é verdade. Dá pra ver na cara dele que ele está louco por você!"

"Eu acho que você anda lendo romances demais" zombei. A ideia de abrir meu coração para Dimitri era absurda e impossível. "Quanto a sua última observação, não. Ele não está interessado em mim desse jeito" Não depois que vi como ele e Tasha interagiam.

"Ou você poderia simplesmente esquecer esse tal de Dimitri e dar uma chance pro Nathan"

Lissa e eu quase pulamos da cadeira quando escutamos isso. Eu olhei para Sydney, que tinha acabado de sair do banheiro. Ela levantou a mão na defensiva. "Olha, eu juro que não ouvi muita coisa"

"Seus pais nunca te ensinaram que é feio escutar a conversa dos outros?" provocou Lissa.

Ela deu de ombros, seus olhos castanhos ainda em mim. "Fica difícil ignorar quando é de Rose que estamos falando"

"Oh, faz de conta que eu nunca tive um namorado desde que cheguei aqui" falei, cruzando os braços. Eu estava sendo cruel com Sydney, só porque Adrian foi o primeiro cara que fisgou sua atenção. Mas eu não me importei.

"Você só teve um, e não durou nem duas semanas!" Lissa disse. "Portanto, não conta" ela olhou para Sydney, que estava parada na nossa frente, segurando seu jaleco. "Quanto a Nathan, eu ainda tenho as minhas suspeitas"

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"Ele sim que não tira os olhos dela toda vez que ela está por perto" falou Sydney, com a expressão com um pouco de nojo. Eu me senti desconfortável. Ela não era a única que tinha percebido os muitos olhares que Nathan me dava, assim como as indiretas.

Geralmente eu levava tudo na brincadeira, mas tinha momentos - como na minha festa, por exemplo - que Nathan extrapolava. E eu contava até dez para não dar uma resposta que magoaria a nós dois mais tarde. Não, eu tinha que dar um basta nisso logo. Era o certo.

"Nunca pensei em deixar as coisas mais sérias entre nós" falei, cruzando as pernas. "Não consigo imaginá-lo como namorado, marido, amante... Enfim, pra mim ele é como um irmão"

Sydney ficou pensativa por um momento. "É, essa é a parte ruim. Então você deve fazer o que Lissa falou"

"Já disse não vou abrir a porcaria do meu coração pra ningu-"

A porta se abriu, e Janette se encolheu um pouco com o olhar raivoso que lancei a ela. "Desculpe, Rose. Mas é que Christian acabou de chegar"

"Finalmente!" exclamou Lissa, saltando da mesa. "Achei que tinha que ir embora a pé. Vamos, Rose"

Vesti meu sobretudo e peguei meu cachecol. A temperatura tinha caído muito essa semana, e eu não ficaria surpresa se nevasse. Dei um rápido aceno para Sydney. "Até amanhã. E depois me conte do jantar!"
"Se eu sobreviver" ela murmurou, com um sorrisinho nervoso. Os pais de Sydney tinham convidado Adrian para jantar, já que a relação entre os dois tinha ficado um tanto mais séria. Ela estava nervosa, ainda mais porque Adrian vivia fazendo piadinhas um tanto... imorais.

"Você vai" disse Lissa. Ela soltou um xingo. "Não estou achando minha pulseira! Rose, vai na frente e avise o Christian que já estou indo"

Me despedi de Sydney e saí, tomando cuidado para não me esbarrar em uma das enfermeiras que trazia um senhor em uma cadeira de rodas.

"Por que essa cara, Hathaway?"

Olhei para o lado e encontrei Christian Ozera. Ele desencostou da parede e caminhou até onde eu estava.

Abri um sorriso preguiçoso. "Ah, sabe como é que é. Achei que fosse ter a honra de espetar essa sua bunda branca hoje"

Ele riu. "Não, esse dia ainda não chegou. Mas se está tão curiosa assim para ver a minha bunda, eu suponho que ela seja boa"

Ouvi o barulho de um tapa. "Ai!" reclamou Christian.

"Realmente boa" murmurou Lissa, atrás de nós. Um inesperado vermelho surgiu nas bochechas de Christian, e eu segurei uma risada.

Ele virou para ela, e eu vi um brilho de amor em seus olhos. Lissa e Christian era o tipo de casal que eu acreditava que só existia em contos de fada. O amor deles era real, e crescia a cada dia que passava. E eu me arrependia até hoje de ter duvidado das intenções de Christian no começo do namoro deles.

"Você não precisava contar esse detalhe. Rose vai ter mais uma coisa para fantasiar agora"

Revirei os olhos. "Muito engraçadinho você, Ozera. Seu ego é grande demais e você nem é lá essas coisas"

"Claro" ele sorriu diabolicamente. "Você está cega demais para ver a beleza de outros homens porque seus pensamentos estão em um cara que pode murmurar coisas quentes em um profundo sotaque russo no seu ouvido"

Eu gelei. Não, ele não disse aquilo. Lissa e Christian começaram a gargalhar. Soquei o braço de Christian, fazendo de tudo para não corar. "Idiota! Isso não é verdade."

"É Liss, então estou mesmo precisando fazer uma visita no oftalmologista" Lissa segurou uma risada e eu bati o pé, impaciente. "Ok, vamos indo"

Quando já estávamos no carro, Christian voltou a falar.

"Você falou com ela, Liss?"

Ela olhou para mim. "Ah, sim. Rose, eu sei que a Margareth está viajando e tudo mais, mas eu queria te perguntar se não tem como você ficar com a Cat amanhã. É que Christian tem uma reunião em Chester amanhã. E Ana está gripada..."

"Não tem nenhum problema" e não tinha, mesmo que eu não gostasse muito de crianças. Mas Cat era quase como uma exceção, e não era por ela ser filha de Lissa e Christian. Cat era um amor e muito divertida. Ela nunca tinha me dado um trabalho e também não era uma criança birrenta. E é claro, ela adorava participar dos meus planos que envolviam infernizar a vida de Christian.

Lissa mordeu o lábio, e eu soube que ainda havia mais. "Só que assim, acho que ela vai ter que dormir lá também. Porque não sabemos se vamos conseguir voltar no mesmo dia"

"Já disse que não tem problema. Pode mandar ela e a sua mala amanhã na minha porta que Natalie irá ficar feliz da vida. E depois que eu voltar do trabalho, vou levá-la no cinema. Ou acabar com o chão da sala quando estivermos pintando" falei, sorrindo. "Aliás, você andou esfaqueando alguém aqui, Ozera? Seu banco de couro está cheio de rasgos"

"Ah, isso foi obra do Winston" disse ele, encontrando meu olhar pelo espelho. "Lissa inventou de levá-lo para passear na praça e ele acabou fazendo a festa no banco"

"Desculpa" murmurou Lissa, mas eu sabia que ela não estava sendo sincera. Ela queria rir.

"Mulheres da minha vida" anunciou Christian, estacionando o carro na frente do correio. "Se vocês não se importam, preciso pegar uma encomenda e ir ali na gráfica pegar uns papéis. Prometo que não vou demorar e que você, Rose, vai chegar em casa a tempo de assistir o novo episódio daquele desenho em que o gato é burro demais para capturar o rato"

"Hey" eu o encarei, irritada. "É Tom & Jerry o nome da série. E o Tom pode ser burro, mas é engraçado!"

"É chato pra caramba. Ele me dá raiva!" jogou Christian, saindo do carro. Eu também saí e bati a porta. "Aquele gato além de ser burro, é masoquista. Eu juro que não sei como a sua gata não ficou retardada como ele, de tanto ver aquele desenho"

"Eu só assisto quando o Tyke aparece!" disse Lissa, apaixonada. "E eu gosto do Tom. Ele não é idiota! O problema é que todo mundo quer que o Jerry continue vivo"

"Pelo menos é melhor do que assistir Gasparzinho" falei, cruzando os braços. "Ou você pensa que eu nunca te vi babando na TV enquanto Cat assistia? E sério, que graça tem aquele fantasma?"

"Ok, Rose" Lissa começou a me puxar pelo braço. "Vamos comigo ali na sra. Alber. Agora que me lembrei que preciso comprar uns botões para blusa que estou fazendo"

"Boa ideia" disse Christian, com um sorriso zombeteiro no rosto. "Assim Rose pode acalmar os nervos"

"Não estou nervosa!" exclamei, mas ele já tinha entrado no Correio.

"Não ligue para o que ele diz" falou Lissa, enquanto atravessávamos a rua. Xinguei mentalmente quando pisei em uma pequena poça d'água. "Ele só está te provocando"

"Eu sei" falei, soltando uma lufada de ar. Deus, como a temperatura tinha caído. "Só que ele me irrita na maior parte das vezes"

"Uh oh" murmurou Lissa, e isso me fez parar de andar. Seu rosto estava ilegível. "Rose, acho que você não vai gostar de ver isso"

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Segui seu olhar e tive que segurar a respiração quando encontrei Tasha e Dimitri sentados na mesa de uma lanchonete, a poucos metros de nós. Os dois estavam imersos em uma conversa, alheios a nossa presença. Mais uma vez, eu senti uma pontada de admiração por ele conseguir conversar tão abertamente com ela.

E é claro, eu sentia raiva. Isso não era justo.

"Nos podemos passar de fininho, sem olhar para eles" Lissa disse, baixinho. "Eles provavelmente nem vão nos notar. A não ser que você pise de novo em uma poça ou algo do tipo"

"Eu tinha isso em mente. Não posso olhar para Tasha sem ver os olhos azuis dela totalmente vidrados nele, apaixonados. E ela dando em cima dele." não consegui conter o nojo na minha voz. Eu sabia que Tasha era apaixonada por Dimitri. Dava para ver na cara dela. Mas também, quem não seria? Com toda essa gostosura, charme e gentileza, era impossível resistir.

Então nós começamos a seguir o plano, mas não deu certo. Quando estávamos prestes a atravessar a rua de novo, Tasha nos viu. "Rose, Lissa!"

Eu queria evitá-los ao máximo. Infelizmente, parece que a vida tem um prazer imenso em pregar peças em mim. O motivo eu ainda não tinha descoberto. E sinceramente, eu já estava cansada disso. Se isso era algum tipo de teste do Deus todo poderoso para ver até onde meu controle iria, que terminasse logo.

"Hey" Lissa e eu dissemos juntas, indo até eles. Dimitri tirou uma mecha que tinha caído perto do seu olho por causa do vento.

"Rose, Lissa" ele nos cumprimentou, abrindo um largo e amigável sorriso. Ele parecia... feliz. Em paz. Isso apertou meu coração. "Como foi o dia?"

"Tranquilo. Só Rose que se enrolou com um paciente." respondeu Lissa, me dando uma piscadela.

"Mas ela fez o certo" ele me olhou, ainda sorrindo. Havia orgulho e aprovação em seus olhos. "No final, você sempre toma a decisão certa, não é Rose?"

"Algumas vezes" respondi, me sentindo um tanto estúpida por ter sido seca com ele. Mesmo que Dimitri merecesse a minha raiva e frustração.

"Ouvi dizer que você é uma das melhores enfermeiras dessa cidade" Tasha disse, sorrindo. "Então você sempre toma as decisões certas"

"Bem, obrigada" respondi secamente. Isso rendeu um olhar curioso dela e de Dimitri. Eu me sentia cada vez mais desconfortável ali. Eu sabia que ela estava sendo gentil, e eu uma vaca. Mas eu não me arrependia.

Não quando meus olhos seguiram os dedos de Tasha, que apertaram a mão de Dimitri.

"Se vocês não se importarem" comecei, dando meu melhor sorriso de desculpas. "Estamos meio que com pressa. Lissa precisa buscar uma encomenda antes que a loja feche"

"Sem problemas" devolveu Tasha, simpática . Dimitri apenas me lançou aquele olhar que me dizia que ele sabia que eu estava mentindo e arrumando uma desculpa para sair dali. Desejei que ele não me conhecesse tão bem assim. "Nos vemos por aí"

"Claro" enfiei minhas mãos nos bolsos do casaco e coloquei meu melhor sorriso. "Nos vemos por aí então"

***

Como Margareth ainda estaria fora pelos próximos três dias, eu teria a casa inteira para mim, Maggie e Dimitri. Mas nesse momento, estava completamente feliz por estar sozinha, sem Dimitri ali.

Os próximos vinte minutos eu passei montando três recheados sanduíches antes de ir me enrolar em um cobertor e ver o novo episódio de Tom & Jerry, como Christian havia previsto. Era um alívio poder estar sozinha agora, porque eu poderia ter um momento para colocar minha cabeça em ordem junto com a minha vida, e afogar minhas mágoas em comida sem ninguém para me distrair.

"Você tem um apetite muito curioso"

Eu praticamente dei um pulo do sofá e quase me engasguei com a comida. Olhei para o lado, para encontrar Dimitri me estudando com diversão. Ele segurava seu sobretudo de couro em mãos e tinha um pacote na outra.

Era irônico a fonte do seu maior problema aparecer bem no momento em que você gostaria de esquecê-lo.

"Não é curioso. Eu só estava tentando esquecer umas coisas"

Um meio sorriso brincalhão apareceu em seus lábios, mas eu podia ver preocupação em seus olhos. Sua natureza super protetora já estava tomando conta dele. "Teve um mal dia, Hathaway?"

Não apenas hoje, pensei. "Nah, só alguns problemas pessoais. Não precisa se preocupar"

"Porque você acha que comida vai resolvê-lo, certo?" Ou talvez a morte de Tasha? Yeah, acho que a segunda opção era a cura dos meus problemas. "De qualquer maneira, trouxe pão e muffins. Se você ainda estiver com fome, claro. Achei que isso iria te fazer se sentir melhor"

Não consegui segurar o sorriso. "Obrigada, camarada. Mas acho que já estou cheia" De repente, eu me senti mal por estar comendo tudo aquilo. "Quer um pedaço?" levantei a metade do último sanduíche. Ele balançou a cabeça, ainda mantendo o sorriso.

"Não, não. Eu já comi um hoje com Tasha" meu humor negro tomou conta de mim novamente. Droga. Por que ele tinha que falar dela justamente agora? "Venha, vamos para cozinha"

Comi o último pedaço do sanduíche e o segui para a cozinha. Dimitri colocou o pacote em cima da mesa e foi na pia lavar as mãos. "Então, o que anda te perturbando?"

"Não é nada" repeti. Eu deveria saber que ele iria ficar me questionando por causa das minhas atitudes.

"Só estou preocupado" disse gentilmente. Ele abriu o saco e colocou alguns muffins em um pratinho antes de pegar um e comer. "Você foi um pouco rude com Tasha hoje a tarde. Então achei que -"

"Podemos esquecer Tasha por um instante?" tive que me controlar para não gritar. Dimitri me encarava, surpreso com a minha súbita explosão. "Porque honestamente, é ela quem anda sendo o centro das atenções ultimamente"

"Ela não está sendo o centro da minha atenção agora" Dimitri retrucou, erguendo o olhar. "Eu estou totalmente focado em você, no momento. E estou querendo saber o que está te irritando"

Quando nossos olhos se encontraram, eu explodi. "Ah, inferno. Eu não aguento mais, Dimitri! Você fica passeando por aí, falando com Tasha como se sua vida não estivesse em risco." Passei a mão pelo cabelo, colocando uma mecha atrás da orelha "Eu me preocupo com você. Principalmente porque você está cada vez mais distante de mim"

Antes que eu pudesse ver, a última parte havia saído. E Dimitri tinha erguido uma sobrancelha para mim.

"Talvez você deva pensar que se minha vida está em risco, eu vou querer vivê-la até que acabe." disse sarcasticamente.

"Isso, e ela vai acabar mais cedo do que você imagine se você ficar se expondo para os outros!" zombei, cruzando os braços. Eu vi uma chama de raiva acender no seu olhar, me dizendo que ele estava lutando para permanecer no controle.

"Tasha é completamente confiável" rebateu ele, com a voz dura, indicando que ele não gostava que falasse mal dela e que esse era um assunto do qual ele não gostaria de conversar. "Muito mais do que muitas pessoas. Ela é uma pessoa madura e sabe manter informação para si mesma."

"É mesmo? Então porque não se muda para a casa dela?" eu estava sendo baixa. Muito baixa. Mas não havia como consertar o que eu tinha acabado de falar. "Quer dizer, vocês são tipo melhores amigos de infância. Assim você pode contar pra ela tudo o que está acontecendo para ela pensar em como se defender caso seus camaradas russos apareçam na casa dela interrogando a seu respeito"

Meu peito parecia estar mais leve naquele momento, com todas aquelas palavras ditas. Porque elas eram a verdade, elas mostravam os sentimentos que eu estava guardando por todos esses dias. Porque eu me sentia chateada por ter sido deixada de lado, por Dimitri se dar tão bem com Tasha e por ele ocultar informações de mim. Eu queria conhecê-lo melhor, queria ganhar toda a sua confiança como Tasha parecia ter ganhado em poucos dias. Em suma: queria desvendar de uma vez por todas quem realmente Dimitri Belikov era desde que ele apareceu doente no portão da minha casa segurando um pedaço de papel que poderia ser sua única salvação.

Ele me lançou um olhar duro "Você muda de opinião com rapidez."

"Apenas responda a merda da pergunta, camarada" exigi.

Para a minha surpresa, ele se moveu para ficarmos cara a cara com uma velocidade que me assustou. Ele parecia perigoso, e seus olhos... Havia tanta coisa no seu olhar. Tantas emoções que ele lutava para esconder. Isso era quase tão assustador quanto o ar que ele tinha no momento. Um calafrio percorreu minha espinha quando o olhar dele encontrou o meu. "Eu não conto toda a minha vida para Tasha. E mantenho oculta grande parte da minha vida porque não quero e não suportaria envolver você mais do que você já está envolvida"

E antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, eu fui silenciada por seus lábios contra os meus, ferozes e famintos.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.