Capítulo 7
Rumo à América

Assim que entrou no banheiro feminino, encostou-se na pia e respirou profundamente. Enquanto lavava o rosto, aos poucos recuperava a calma. Não iria surtar.

— Hermione? – Oh não, aquela voz não, aquilo não era real, não podia ser...

Mas assim que Hermione ergueu o rosto, a visão de Parvati Patil fez-se presente no reflexo do espelho.

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— Você está bem, querida? – As palavras venenosas repletas de ironia a fez bufar de raiva, Hermione voltou o olhar para a outra.

— O que você quer? – Vociferou sem interesse. Será que a indiana já não a tinha humilhado o suficiente?

O brilho nos olhos de Parvati evidenciavam sua diversão, o meio sorriso em seus lábios a irritou como nunca. Ela olhava Hermione de cima para baixo, analisando-a com desdém.

— Olhe só para você, Hermione. – Ela arrastou o nome de Hermione em sua fala. – Você nunca teve chances, teve? - Deu um passo para frente, segurando o queixo de Hermione.

Hermione, por sua vez, imediatamente se afastou do toque. Seguiu o olhar de Parvati para o espelho. Foi inevitável analisar ambas, lado a lado. Ela tão simplória, enquanto Patil tão bem resolvida, tão cheia de sensualidade. A quem queria enganar? Ela realmente nunca teve chances...

— Até você concorda. – A risada de Parvati a fez voltar para a realidade, voltou a fita-la com o queixo erguido. Não vacilaria, não daria esse gosto a ela. – Não vai falar nada? – Outra risada, Hermione queria vomitar.

— Você não merece minhas palavras... – As palavras não saíram trêmulas. E o riso de Parvati cessou imediatamente.

— Eu sempre odiei você, Hermione. Sempre atrás do meu namorado. – Ela confessou, despejando todo o seu veneno. – Era tão visível que você o amava. – Outra risada sem humor, Hermione nada disse, estava imóvel. – Qualquer tolo poderia ver isso, menos Harry, não é? Ele sempre foi completamente apaixonado por mim...

— Suas palavras não me interessam, Patil. – Ela desviou o olhar, dando as costas para seu algoz.

— Você sabe que ele te usou, não sabe? – Sentiu a mão da outra em seu braço esquerdo, Hermione fechou os olhos enquanto absorvia aquelas palavras cruéis. - Ele sempre será meu, sempre. E você sempre será a amiga esquecida, a amiga usada para causar ciúmes, a amiga esquisitona... – A indiana aproximou os lábios do ouvido de Hermione, sussurrando tais palavras. - Você nunca tomará meu lugar na vida de Harry, Hermione. Porque, no final das contas, você não é nada além da amiguinha substituível. – Então ela a soltou.

E quando Hermione abriu os olhos novamente, Parvati Patil já não estava mais lá.

(...)

Ronald Weasley estava vermelho de raiva, andava a passos largos até o salão comunal da Grifinória. Chegou aos seus ouvidos que Harry e Parvati voltaram, como isso era possível se o amigo estava com Hermione? Que merda Harry Potter fez com a sua melhor amiga?

Foi quando o ruivo colidiu com um garoto que andava distraído.

— Desculpe – O moreno disse em um sussurro, sem olhar quem era.

Ao reconhecê-lo, Rony o puxou pela gola da camisa, prensando-o contra a parede.

— Que merda você fez, Harry? – Disse vociferando. Mas ao ver as marcas de dedos em sua face, ele afrouxou o aperto, soltando-o. – Ia te socar, mas vejo que já fizeram isso por mim...

Harry, que até então andava sem rumo, voltou o olhar ao amigo. Assustou-se com o modo como ele o interceptou, mas já estava preparado para um murro. Merecia aquilo. Porém, o soco não veio.

— Eu fiz merda, Rony... – Ele disse com pesar. Sabia que ferrou tudo com a sua melhor amiga.

— Então é verdade... – O ruivo constatou o que já sabia. – Você voltou com a Parvati? – Aos poucos recuperava a calma, o amigo estava triste, não parecia certo acusá-lo. Não naquele momento.

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— Não. – Ele suspirou. - Nós não voltamos, mas ela me beijou e eu correspondi. – Harry voltou o olhar para o chão, não tendo coragem de olhar diretamente o ruivo.

— Mione quem fez isso? – Rony apontou para a marca na face de Harry. Ele somente acenou em concordância.

— Sim.

— Você mereceu.

— Eu sei.

— Vocês terminaram? – Era uma pergunta retórica, o ruivo já sabia a resposta.

— Sim.

— Vai voltar com a Parvati?

— Talvez. Não sei, eu estou muito confuso, Rony. – Confessou, ele só queria consertar tudo. - Eu gosto da Mione, mas ainda sou apaixonado pela Parvati...

— O que está havendo com você, Harry? – Ronald não entendia mais o amigo. Em sua percepção ele não era o mesmo. - Você magoou a Hermione... aquela que sempre ficou ao seu lado. E não é só isso, desde que você derrotou você-sabe-quem, está diferente...

— Diferente como? – Interrompeu-o. Os olhos verdes transpareciam confusão.

— Diferente, Harry. Enquanto estava com a Parvati, só ficava se agarrando com ela pelos corredores, não importando quem estava vendo, a Grifinória perdeu cento e cinquenta pontos por causa de vocês. Está mais influenciável pelos demais, usa a sua fama quando lhe convém...

— Eu só quero ter uma vida normal, aproveitar a vida! Será que é tão errado assim? – Ele perguntou exasperado. Só queria ser um garoto normal... “um garoto normal”, a quem queria enganar? Nunca seria um garoto normal. - Eu sei que o que fiz com a Mione foi errado, mas ainda sou eu. Só que sem o peso de salvar o mundo nas minhas costas, pelo menos não mais. – Completou com pesar.

— Eu entendo você, mas não magoe mais as pessoas que te amam, está certo? – Rony tocou em seu ombro.

— Eu a perdi... ela não quer ser mais minha amiga...

— Dê tempo ao tempo. Ela está magoada agora.

— Eu pensei que tinha perdido você também... – Harry confessou em um murmúrio. Recebendo um abraço de Rony em seguida.

— Eu realmente queria te socar... mas não vou me afastar de você, Harry. Você ainda é o meu melhor amigo! E eu não gosto quando paro de falar com você. Depois de tudo, prometi que não seria mais tão infantil e resolveria as coisas com diálogo. É um processo difícil, mas aos poucos eu consigo. – Rony falou com um meio sorriso, dando de ombros em seguida.

— Bem que a Mione poderia pensar assim... – Disse em um suspiro. De toda forma, sentia-se aliviado com as palavras do melhor amigo.

— Se você tivesse feito comigo o que fez com a Mione, não haveria diálogos.

— Er... não daria para você ficar no lugar da Mione, eu simplesmente não consigo me ver beijando você. – Ele disse fazendo uma careta, arrancando uma risada do ruivo. – Obrigada, Ron. Você é um grande amigo. – Completou seriamente.

— Eu sei que sou. – Ele disse com ar de soberba, rindo em seguida.

Harry sentiu como se tirassem um peso de suas costas. Daria tempo ao tempo, e quem sabe, talvez, um dia reconquistasse a amizade de Hermione.

(...)

Hermione regurgitou tudo que tinha em seu estômago antes de sair do banheiro. As palavras da outra tocaram sua ferida aberta, doía. Doía porque, na visão da morena, eram verdadeiras. Fazia sentido.

Ela mandou um bilhete para as amigas, dizendo estar indisposta e que dormiria. Pediu veemente para que elas não a visitassem, pois realmente queria dormir. Sentiu-se mal por despachar as amigas, mas queria ficar sozinha. Absorvendo tudo que aconteceu, como alguém pode ir do céu ao inferno em apenas algumas horas?

Ao chegar no seu quarto, observou-se no espelho outra vez.

Tudo fazia sentido, não fazia?

Se fosse mais bonita...

Quando somente inteligência não basta, o que fazer?

Mudar? Se aceitar? Mandar todos a merda?

Que se fodam os rótulos. Por que era tão errado ser quem realmente é?

Hermione gritou. Gritou de raiva, de frustração. E em meio àquela crise de fúria, com o punho fechado socou o espelho. O sangue corria pela sua mão, mas aquilo não a importou, a dor estava anestesiada.

A imagem que o espelho rachado refletia a fez sorrir. Via-se em pedaços. Em pedaços ela se sentia.

Batidas na porta. Hermione tentou ignorar, mas as batidas continuavam, acordando-a para a realidade. Ela voltou o olhar para a mão ensanguentada. O que ela fez?

Nunca antes tinha perdido o controle. Nunca.

Mais batidas. Que merda, ela só queria ficar sozinha. Será que Gina e Luna não entendiam?

Mas ao abrir a porta, surpreendeu-se com o inesperado visitante.

— O que você quer? – A voz saiu falhada, estava pior do que imaginava. Mas para manter o que sobrara de sua dignidade manteve o contato visual.

— Olá para você também. – O loiro disse com ironia. – Não vai me convidar para entrar?

— Não. – Foi quando ele abaixou o olhar, surpreso ao notar a mão ensanguentada da garota.

— O que você fez? – A voz demonstrava uma preocupação que Hermione não compreendia.

— Nada...

Ela deu um passo para trás, pronta para fechar a porta. Mas Draco foi mais rápido, adentrando no quarto sem pedir permissão. E do mesmo modo, segurou a mão dela com zelo. Não se importando com o fato que o sangue outrora sujo manchava suas roupas.

— Vou leva-la para a enfermaria, a mad...

— Não! Por favor, Malfoy. – Ela o interrompeu, não aguentaria mais perguntas, mais olhares. Só queria ficar na solidão reconfortante do seu quarto.

Draco estava confuso, ela parecia exausta. Ao erguer o seu olhar, notou o espelho em pedaços. Não foi difícil juntar os pontos.

— Então me deixe cuidar de você, sim? – As palavras saíram com naturalidade, o que fez Hermione franzir as sobrancelhas, mas somente assentiu.

O loiro a levou até o sofá, e assim que a morena se sentou, ele pôs-se de joelhos a sua frente. Com a varinha, murmurou feitiços para cicatrização. Em poucos segundos, a magia tornou a ferida invisível.

— Você é bom nisso... – A morena constatou, não havia mais sinais dos cortes, apenas o sangue coagulado.

— Acha que sou só um rostinho bonito? – Aquilo a fez sorrir.

Após limpar a ferida e os vestígios de sangue, Draco voltou o olhar ao dela. Os cinzas nos castanhos. Poderiam ficar horas fitando-se, tentando descobrir os pensamentos um do outro. Draco e Hermione eram tão diferentes, inimigos desde criança, lados diferentes de extremidades opostas. Poderia daquele momento surgir uma amizade?

— Obrigada, Malfoy... – As palavras de Hermione saíram em um sussurro.

— Por que você fez isso, Granger? – Ele já sabia a resposta, mas não entendia o porquê, como ela foi cair tanto?

— Você já sabe, não sabe? – Ela retorquiu com tristeza. – Eu nunca tive chances, sempre fui tão esquisita, tão feia. Sempre serei a amiga esquecida...

— Chega! – A voz grossa do garoto a assustou. – Não se rebaixe tanto, Hermione. – Ele completou com suavidade, porém com firmeza nas palavras.

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A morena somente assentiu em concordância, ele estava certo. Não deveria se rebaixar.

Então ele fez algo que a assustou. Os braços do loiro envolveram-na em um abraço reconfortante. Hermione permitiu-se ser abraçada, ser consolada pelo garoto que sempre a desprezou. Às vezes, a vida realmente era irônica.

— Malfoy? – A voz foi abafada no ombro dele.

— Sim?

— Por que veio aqui? – Ela ergueu o rosto, voltando a fitá-lo. Aos poucos desfaziam o abraço, nenhum dos dois tinha pressa.

— Ah, claro. A McGonagall falou comigo sobre a viagem que você vai fazer. – Esse assunto parecia distante, então ele demorou alguns segundos para lembrar-se exatamente o que era.

Com tantos problemas, ela esqueceu-se completamente da viagem. Ir para algum lugar bem longe de Hogwarts era tudo que ela precisava. Merlin, finalmente, estava olhando por ela.

— Tinha esquecido! Isso é perfeito! – Um sorriso sincero formou-se em seus lábios, poderia dar mil pulos de alegria.

— Sim, McGonagall repassou o horário dos turnos...

— Oh não! – Ela o interrompeu, sentindo-se culpada. - Você vai ficar sozinho, te arranjei mais trabalho... – Completou lançando um olhar de desculpas, o que arrancou um sorriso do loiro.

— Você sempre me arranja trabalho, Granger. Mas não é só isso, McGonagall pediu para avisá-la que a viagem foi adiantada para amanhã de manhã, às seis horas em ponto. – A mudança de humor de Hermione foi um deleite para ele, estava visivelmente mais feliz.

— Amanhã! Isso é maravilhoso! – As palavras saíram mais altas que o planejado, estava eufórica. – Eu vou sair desse inferno por uma semana... mas vai ser tão cedo, tenho tanto para arrumar. – Lembrou-se que não fez as malas, nem se despediu das amigas. E o relógio já marcava meia-noite... como o tempo passou tão rápido? Quantas horas Draco ficou ali com ela?

— Nada disso, agora a Senhorita precisa descansar. Você comeu alguma coisa hoje, Hermione? – Ele perguntou com certa preocupação, Hermione meneou a cabeça em sinal negativo, sentindo-se envergonhada consigo mesma. – Vou buscar algo para você comer, arrume suas malas com magia, ou esqueceu que é uma bruxa? Aliás, você tem forças para isso?

— Sim, mas não precisa... – Antes que ela terminasse de responder, ele já havia saído do quarto. Com a ajuda da magia fez suas malas. Ser uma bruxa tinha suas vantagens.

Como Draco ainda não havia chegado, ela pegou seu roupão e dirigiu-se ao banheiro. Tomou um banho rápido, Malfoy tinha feito um bom trabalho em sua mão, até mesmo os resquícios de sangue ele fizera desaparecer.

Quando saiu do banho, ele estava esperando-a, segurando uma travessa com sopa. Draco engoliu em seco ao vê-la somente de roupão, os cabelos armados estavam molhados, e a ausência das roupas largas revelaram uma Hermione curvilínea. Como ela podia se achar feia?

Ele desviou o olhar, não queria deixa-la sem graça. Com um cavalheirismo desconhecido por ele próprio, acompanhou Hermione em sua janta.

— Como conseguiu isso? – Ela perguntou enquanto tomava o restante da sopa.

— Tenho meus contatos em meio aos elfos... – Ele piscou para ela, arrancando uma risada da garota, ele gostava daquele som. Merlin, desde quando gostava do som do riso de alguém? – Agora tente dormir. – Disse enquanto recolhia a bandeja vazia.

— Obrigada, Draco. Por tudo. – A morena agradeceu outra vez, enquanto retirava o roupão, revelando uma camisola curta e singela, deitando-se embaixo das cobertas.

Draco a observou enquanto deitava-se. Era a primeira vez que o chamava pelo primeiro nome. Era a primeira vez de muitas coisas; e aquilo, certamente, não faria bem para sua saúde mental.

— Boa noite, Hermione. – Ele deu ênfase no nome da garota.

— Boa noite, Draco. – Draco saia com mais facilidade do que Malfoy. – Gosto do seu nome... – Ela confessou, ele somente sorriu e apagou as luzes. Deixando-a sozinha antes que sua saúde mental ficasse ainda mais danificada. Estaria ele nutrindo sentimentos por ela? Aquilo era uma loucura.

Enquanto Draco divagava na dualidade dos seus sentimentos, não demorou para que a morena caísse em um sono profundo.

(...)

Apesar dos acontecimentos do dia anterior, acordou bem-disposta. Dormiu somente por três horas, mas foi o suficiente para descansar o corpo exausto. Pensou em Malfoy, nunca antes alguém havia sido tão gentil com ela... e justo ele?

Após o banho, ela prendeu os cabelos em um rabo de cavalo, e pegou a sua mala para descer. Hogwarts estava vazia, todos deveriam estar dormindo.

Ao chegar na sala de McGonagall, bateu na porta antes de adentrar o recinto.

Cumprimentaram-se com um aperto de mãos, seguido de um abraço. Minerva realmente gostava daquela garota, e o sentimento era recíproco.

— Você irá de pó de flu. Algum problema em relação a isso? – Comentou a diretora.

— Não, claro que não – Ela estava aliviada, receava ter que ir em dos testrálios de Hagrid. Todavia, desde quando era permitido pó de flu em Hogwarts? De toda forma, Minerva tinha seus segredos, e quem era ela para contestar?

— Irei acompanha-la até a sua casa. – Minerva acompanhou Hermione até a lareira. – Está pronta?

— Mas já? – Ela pensou que demoraria mais, não havia se despedido de ninguém, Luna e Gina iriam matá-la. De toda forma, nada que uma carta não resolva, elas entenderiam.

— Vamos, Srta. Granger? – Minerva perguntou com certa impaciência.

— Claro.

Hermione arrumou-se na lareira, junto à diretora. E tudo ao seu redor começou a girar, imagens psicodélicas formam-se a sua volta. Quando a tontura parou, ela viu-se na sala de sua casa.

— Querida! - Sua mãe correu em sua direção, tomando-a nos braços em um abraço apertado, mal notava que estrangulava a própria filha. – Que saudades, meu bem! Como você está?

— Ficarei melhor quando conseguir respirar. – Hermione saiu do abraço da mãe ofegante, aos poucos recuperava o ar.

— Como vai a minha garotinha? –John perguntou enquanto descia as escadas com uma mala em cada mão.

Minerva despediu-se dos pais de Hermione, eles insistiram para que a mais velha ficasse para tomar uma xícara de chá, porém ela recusou gentilmente.

— Como está Hogwarts, querida? – Jane perguntou com curiosidade, arrumando os últimos detalhes para a viagem.

— Uma maravilha. – Mentiu. A última coisa que precisava era que os pais soubessem de sua vergonha.

— Vamos, caso contrário nos atrasaremos. – Disse o Sr. Granger, passando trabalho com as malas da mulher. – Não entendo o porquê de tantas malas, Jane! Deveria fazer igual a nossa filha que só está levando uma.

— Uma não cabe quase nada, meu bem. E não reclame que só estou levando cinco. – Ela disse como se fosse óbvio, ajudando o marido com duas malas. – Ajude o seu pai, Mimi.

— Não me chame de Mimi, mamãe. – Hermione murmurou em meio a uma careta. Detestava quando os pais a chamavam de Mimi.

Passaram trabalho para pôr todas as malas no táxi. Em menos de quinze minutos chegaram ao aeroporto.

— Mãe, só por curiosidade, para onde nós vamos? – Perguntou enquanto ajudava os pais a carregarem as malas.

— Chicago querida, Chicago. – John respondeu com entusiasmo.

— Pai, que horas têm? – Hermione perguntou, algo em seu íntimo sabia que estavam atrasados. Seus pais sempre se atrasavam. Como previu, John arregalou os olhos após respondê-la.

— 07h00min, o avião sai daqui a quinze minutos.

— O que? CORRE, John! Não podemos perder o voo. – A Sra. Granger pegou a filha pelo pulso e saiu correndo pelo aeroporto com John ao seu encalço, que tropicava enquanto corria com três malas em mãos.

— Mãe! Acho melhor a gente parar, estão pensando que somos loucos. – Hermione disse esbaforida, enquanto corria ao lado dos pais.

Ofegantes eles chegaram até o seu destino, por sorte a fila estava mínima, logo entregaram os passaportes.

— O voo já saiu? – Hermione perguntou para a recepcionista.

— Se vocês se apressarem ainda dá tempo. – Ela disse entregando o passaporte carimbado.

— Obrigada!

Escutaram o número do voo deles. E para a alegria de Hermione, seus pais arrastam-na em outra corrida alucinante. Por sorte, conseguem chegar a tempo para o embarque.

Hermione subiu as escadas exausta, precisava praticar exercícios físicos urgentemente. Assim que voltasse à Hogwarts continuaria a caminhar matinalmente, como fazia há dois anos.

— Os nossos lugares são aqui, olha que maravilha! Seu pai, você e eu. – Jane falou animada.

— Que sorte a minha! – Ela disse com um sorriso amarelo. Tinha mesmo que ficar no meio dos pais?

Eles se acomodaram e apertaram os cintos.

— Nossa, querido! Você viu nós três correndo feito loucos pelo aeroporto? – Jane comentou com o marido, gargalhando ao relembrar a cena. Hermione se encolheu no meio dos dois, seus pais eram escandalosos, o que atraía olhares.

— Claro que vi, eu estava lá. – John retorquiu, gargalhando em seguida. - Dá até para escrever um livro "A Correria no Aeroporto". – O quê? Hermione olhou para o pai com espanto. Como faz para “des-ouvir” algo?

— Você não iria ganhar nada. – Jane riu da piada sem graça do marido.

— Eu sei.

— Pai, mãe. Podem falar mais baixo? As pessoas estão olhando – Hermione perguntou em um tom de voz baixo, praticamente em uma súplica.

— Ela quer que a gente fale mais baixo. – Jane praticamente gritou.

— Nós devíamos mesmo. – John concordou, seguido de outro ataque de risos.

Pelo menos eles são felizes. Hermione dá-se por vencida.

— Rumo à América! – Escutou a voz animada da mãe.

Esquecendo-se da própria vergonha, Hermione depositou um beijo na bochecha da mãe e outro na do pai. E se encolheu entre os dois, colocando os fones de ouvido e aumentando o volume o máximo permitido para não machucar seus tímpanos.

Sua vida estava um caos, seus pais são levemente desequilibrados, mas uma onda de excitação percorreu o seu corpo, afinal... ela estava indo para a América. Novos ares a aguardavam. Em seu íntimo, algo a dizia que depois daquela viagem nada mais seria o mesmo.