A Vingança de Hermione Granger
Capítulo 23
Capítulo 23
Legado Malfoy
Mansão dos Malfoy, Wiltshire, Inglaterra.
A mansão não parecia ser tão sombria quanto imaginou, flores davam vida ao jardim bem cuidado e esculturas enfeitavam o local. Mas, certamente, era muito maior do que imaginou.
Sentiu a mão quente do namorado entrelaçar os dedos. Hermione voltou o olhar para o lado, sorrir para ele foi inevitável. Estava nervosa, é claro; principalmente levando em conta o histórico preconceituoso dos pais do sonserino. Mas saber que Draco estava ao seu lado tornava tudo mais fácil.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Draco, por sua vez, fazia o possível para não demonstrar o seu nervosismo; e, para a sua sorte, estava dando certo. A verdade é que não estava pronto para encarar a desaprovação dos pais, nunca foi contra a vontade deles, era mais fácil aceitar tudo que diziam e fingir ser alguém que não era. Mas ao ver o sorriso sincero de Hermione, toda a hesitação evaporou-se, teve a certeza de que estava na hora de tomar as rédeas da sua vida.
Um elfo doméstico foi quem os recebeu, Draco tratou-o com educação, enquanto perguntava como estavam as coisas na mansão. Myla, a elfa, respondeu com animação os últimos acontecimentos. Hermione sorriu com a cena, não imaginou que ele fosse tão cordial e gentil com os seus elfos. Isso lembrou-a do F.A.L.E, ainda libertaria todos eles, seria questão de tempo.
— Draco, querido.
A voz de Narcisa chamou a atenção de ambos, a mulher descia as escadas com elegância. A blusa verde de cetim caia bem ao corpo, acompanhado pela saia preta e os saltos de mesma cor. Era uma bela mulher, Draco tinha de onde puxar tanta beleza, mas o modo como ela se postava era um tanto quanto intimidante.
Hermione observou enquanto Narcisa abraçava o filho com zelo, beijando-lhe o rosto, demonstrando a saudade que sentia.
— Mãe, essa é a Hermione Granger. – Draco apresentou, aproximando-se de Hermione e a envolvendo pelos ombros, em um claro sinal de proteção.
— Prazer em reencontrá-la, Sra. Malfoy. – Não era a primeira vez que se viam, mas era a primeira em que se encontravam naquela situação.
Hermione estendeu a mão, a educação sempre em primeiro lugar. Narcisa esboçou um sorriso contido, cumprimentando-a.
— Estava ansiosa em vê-la, Srta. Granger. – O tom de voz não era amável, tampouco era rude. Narcisa não demonstrava emoções, e isso era perturbador para ela. – Como Draco não a trouxe antes, fui obrigada a interceder e mandar algumas cartas para Minerva, pedindo para liberá-los nesse final de semana. O que uma mãe tem que fazer, não é mesmo? – Voltou o olhar para o filho.
Draco engoliu em seco com a indireta, mas antes que pudesse responder, Myla os avisou que o jantar estava pronto.
A sala de jantar era elegante como todo o restante, Hermione agradeceu as aulas de etiqueta que sua mãe a forçou a ter, assim saberia exatamente qual copo usar. Enquanto se acomodava ao lado de Draco na extensa mesa, o integrante faltante da família apareceu.
— Desculpem o atraso. – Lucius trajava um terno preto, os cabelos estavam perfeitamente alinhados para trás, e a postura impecável. Draco era a mistura perfeita do pai e da mãe.
— Pai. – Draco o cumprimentou com um aceno. A relação fria entre os dois era quase palpável.
— Draco. Srta. Granger. – Lucius os cumprimentou, fixando o olhar em Hermione tempo o suficiente para deixa-la sem jeito.
— Myla, traga o jantar. – Narcisa interveio.
Não demorou para a elfa começar a servir a mesa, com a ajuda de outro elfo, que depois soube se chamar Reno.
Começaram com a entrada, logo trouxeram o prato principal.
— Como estão as notas, Draco? – Lucius foi quem cortou o silêncio confortável que havia se instalado.
— Oh, Draco tem as melhores notas de sua turma. Minerva me escreveu maravilhas do nosso garoto. – Narcisa começou a falar, claramente empolgada. O que chamou a atenção de Hermione, era visível o amor da mulher pelo filho e isso a fez vê-la com outros olhos.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Na verdade, mãe. Sou o segundo melhor do sétimo ano, Hermione é quem ocupa o primeiro lugar. – Draco falou calmamente, enquanto cortava um pedaço da sua torta.
Hermione, que bebia um gole de vinho, por pouco não se engasgou. Sentiu-se suas bochechas queimarem com a atenção e o olhar frio de Lucius.
— Oh, não é para tanto, somos igualmente bons. – Interveio com despretensão.
— Não seja modesta, Srta. Granger. – Lucius tomou a fala, seu tom de voz era cordial, porém reconhecia a ironia por trás. – Sabemos que você é notória em Hogwarts, uma nascida trouxa com uma mente brilhante para magia é realmente um caso raro, se não único. – Teceu seu comentário maldoso com naturalidade.
— Lucius, por favor! – Narcisa tomou a frente, ao notar que Draco estava prestes a se levantar.
Hermione segurou o braço do namorado, lançando-o um olhar em que dizia estar tudo bem. Aquela não era a pior coisa que já haviam falado da garota, e certamente não a atingiria.
— Srta. Granger, tem planos para depois de Hogwarts? – Narcisa perguntou com o intuito de manter a civilidade.
— Sim, claro. Pretendo seguir no ramo de Leis Mágicas, já fui convidada para estagiar no Ministério da Magia após o término de Hogwarts... – Hermione a respondeu com educação, ignorando o comentário anterior de Lucius.
O restante do jantar transcorreu com tranquilidade, porém o sangue de Draco ainda fervia com o comentário do pai. Sabia que não seria fácil, mas na prática era muito mais difícil.
Assim que terminaram a sobremesa, Hermione se prontificou para ajudar os elfos a limparem a mesa, recebendo um olhar surpreso de Narcisa, e uma risada de Draco que não esperava por uma atitude diferente da garota.
Myla negou veementemente, empurrando-a para a sala, por fim a garota deu-se por vencida.
Draco acompanhou o pai para o escritório, Lucius pediu por um minuto para falar com ele a sós. A contragosto, o sonserino aceitou.
Enquanto esperava pelo namorado, Hermione admirava a decoração da casa, alguns objetos eram peculiares, como aquele vaso.
Ouro. Sem dúvidas era ouro, e as pedras verdes que adornavam o vaso eram esmeraldas, certamente. Como o escultor conseguiu fazer com que ouro e esmeraldas ficassem naquele formato esquisito? Nunca se conformaria em algo tão caro ser tão feio.
— Lindo, não acha?
— Por favor, não! É de um mau gosto terrível... – Hermione foi sincera, estava absorta demais em suas divagações sobre a feiura do vaso.
— Era da minha avó, herança familiar. – A voz, antes melodiosa, estava mais dura.
Oh, merda. Hermione olhou para o lado, forçando um sorriso para a mulher. Mal notara Narcisa ao seu lado.
— Quero dizer, ele é exótico, de uma beleza exótica... esse formato cilíndrico e meio torto é muito conceitual, quer dizer, todo esse formato... é belo, sim, é belíssimo. – Amaldiçoou-se por ter falado mais do que devia, não era difícil reconhecer a mentira em sua voz esganiçada.
— Não se preocupe, eu também sempre achei esse vaso terrível. – Confessou, deixando escapar uma risada mediante o nervosismo da garota. A mais velha sempre odiou aquele objeto, mas era caro o bastante para ter a liberdade de enfeitar sua casa. – Venha, sente-se comigo.
— Oh, que bom... – Hermione não sabia estar tão tensa, até poder relaxar.
Sentaram-se no sofá da sala, e logo Myla serviu chá para as duas.
— Vou ser sincera com você. – O tom de voz amistoso morreu no ar, e logo Hermione sentiu-se tensa novamente. – Quando soube que estavam juntos, desaprovei imediatamente. Sempre o idealizei com Astória, é uma boa garota, de uma boa família, além de darem um belo casal...
— Sra. Malfoy, é seu filho quem tem que decidir com quem irá se relacionar, isso não cabe a você. – Toda a tensão a abandonou, estava com raiva. E sabia ter sido dura nas palavras, mas pouco se importava, para tudo havia limites.
— Srta. Granger, não terminei de falar... – Cortou-a com gentileza, bebericando um gole do seu chá. – Mas assim que a vi ao lado dele, o modo como Draco olha para você... ah, Lucius nunca me olhou desse jeito, nunca... – Ela notou a tristeza nos olhos azuis da mais velha, como se estivesse se lamentando de um tempo passado. – Não é fácil ser mãe, não existe um manual de como educar um filho, é mais complicado do que imagina.
Tomou outro gole do chá, perdendo o olhar em seu copo quase vazio, parecia atormentada pelas lembranças e isso fez Hermione sentir simpatia por aquela mulher.
— Sempre fiz tudo pelo Draco, tudo. Ele é o meu legado, o pedaço bom de mim que deixarei nesse mundo vazio. Mas ainda assim, cometi muitos erros como mãe... um desses erros foi querer manipular a vida do meu menino. – Continuou, e toda aquela sinceridade foi uma surpresa para a garota. – Ele é muito melhor do que os pais, graças a Merlin. Você tem razão, é ele quem escolhe com quem irá se relacionar. E, ele teve um ótimo gosto ao escolhe-la.
— Eu nem sei o que dizer, fico aliviada em ouvir essas palavras... – Hermione estava pasma, forçou-se a dizer algo, mas ainda processava aquelas palavras.
— Não precisa dizer nada. – Sentiu a mão da mulher na sua, um breve toque, mas o suficiente para ser o símbolo da amizade que surgiria entre as duas.
(...)
Meio copo de firewhiskey com dois gelos. Raras as vezes em que o pai o servia bebida, aquela era uma dessas. Ele aceitou o álcool, sabia que precisaria dele para aquela conversa.
— Então, pode falar... – O olhar analítico de Lucius em si estava deixando-o ansioso para sair daquela sala.
— Preciso falar com você, Draco. Sobre negócios... – Lucius foi direto, depositando uma pilha de pergaminhos sobre a mesa.
Draco franziu as sobrancelhas, pensou seriamente que ele iria julgá-lo por Hermione. Mas, ao invés disse, começou a falar superficialmente como estavam os negócios da família, mostrando alguns números em meio ao processo.
O sonserino não entendeu onde exatamente o mais velho queria chegar, pelo que via não estavam com problemas significativos, nada que diminuísse a sua fortuna.
— Em poucos meses você irá se formar. – Ele afastou os pergaminhos, voltando o olhar ao filho. Cinza no cinza, tão parecidos, mas ao mesmo tempo tão diferentes. – Você irá comandar os negócios da família, Draco. Quero que entenda a importância disso, tudo que conquistamos estará na mão do único herdeiro dos Malfoys.
— Eu sei disso, pai. Por toda a minha vida fui criado para esse momento. – Draco ergueu o queixo, fitando-o de igual. Sabia que toda aquela tranquilidade era uma farsa, conhecia o pai bem o suficiente para isso.
— Ah, Draco, a juventude... – Pela primeira vez em muito tempo, Lucius deixou escapar uma risada suave. Servindo-se de mais firewhisky, sorvendo um longo gole em seguida. – Já fui jovem uma vez, já passei por tudo isso e mais um pouco.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Hermione Granger é uma garota muito bonita e inteligente, parece-me ambiciosa e sagaz também. Não me admira ela ter chamado a sua atenção, e não me oponho ao relacionamento de vocês...
— Por que não diz logo onde quer chegar? – Draco estava tremendo de raiva por dentro, mas conviveu tempo o suficiente com Lucius para manter-se frio por fora.
— Você é esperto, Draco. Sabe que ela não é como nós, ela não se adequaria ao nosso meio e mancharia nosso sangue. – Lucius mantinha o sorriso sarcástico em seus lábios, deixando o copo de lado. – Espero que você saiba que isso não pode passar de um namoro breve, divirtam-se à vontade, mas nada além disso. Você tem responsabilidades como um Malfoy.
Draco sentia o sangue ferver, toda a frieza desmoronou com aquelas palavras ignorantes e preconceituosas. Ele levantou da cadeira de couro com grosseria, virou-se de costas para o mais velho.
Respirou fundo, jogando os cabelos para trás. Em uma tentava de controlar seu ânimo, apaziguar a raiva. Ele era seu pai apesar de tudo, não poderia perder a cabeça.
— Você está errado... – Praticamente sussurrou, antes de voltar o olhar ao pai.
Lucius já se encontrava em pé, mas a mesa de mogno ainda os separava.
— O que você está falando? – Draco nunca negava o que ele dizia; desse modo, parecia um delírio ouvir aquelas palavras. Pensou, realmente, que o filho concordaria com tudo que proporia.
— Falei que você está errado. – Aumentou o tom de voz, ainda se forçava a se manter estável, não poderia deixar que a raiva o consumisse, mas jamais aceitaria que Lucius ditasse sua vida outra vez. – Você está errado a muito tempo, pai. E por muito tempo me deixei levar por toda merda que você me fazia acreditar ser o certo, mas chega.
— Garoto, acho melhor você se...
— Não sou mais um garoto, Lucius. – Cortou-o, não desviou o olhar do pai, não abaixou a cabeça, e não aceitou calado. – Você sabe que todo esse negócio de ser sangue-puro é uma grande besteira, uma mentira inventada por malditos ditadores para alcançar o poder. Não me importa o legado da família, não me importa o que vão falar, não me importa o que você pensa em relação ao meu relacionamento com Hermione. A vida é minha, e eu sou o dono dela.
Lucius estava sem palavras, entreabriu os lábios, mas logo os fechou novamente. Draco deu-lhe as costas mais uma vez, não aguentaria mais as besteiras que seu pai falaria, aguentou demais por uma vida inteira. Mas assim que pôs a mão na maçaneta, a voz de Lucius chamou sua atenção.
— Se você me desobedecer, irei ter o prazer de deserda-lo, garoto ingrato! – Ele praticamente gritou, sua voz saiu estridente. Havia perdido todo aquele maldito controle que sempre fingia ter.
Draco não pôde segurar uma risada repleta de ironia, voltou o olhar com desdém para o outro.
— Como você mesmo disse, eu sou seu único herdeiro. Deixaria seus preciosos bens para o Ministério Público? Nós dois sabemos que não... – Ele sabia que aquilo era um blefe, e não se importou em entrar naquele jogo, aprendeu mais com Lucius do que o mesmo gostaria. – Você precisa mais de mim do que eu de você e sabe disso, então não pense em me ameaçar novamente.
Pela primeira vez, o tão prepotente e calculista filho de Abraxas Malfoy estava sem palavras. Satisfeito com o resultado, Draco voltou a abrir a porta, não sem antes deixar um último aviso ao pai:
— A propósito, se falar mais alguma coisa que ofenda Hermione, juro para você que afundarei as empresas que tanto ama.
O ecoar do vidro contra a parede incomodou os seus ouvidos, mas continuou a andar o mais longe possível de Lucius. Respirar estava se tornando difícil, aquela conversa foi muito mais pesada do que imaginou, e enfrentar o pai que antes idolatrava foi como um tiro em seu coração. Apesar de tudo, desejava que Lucius percebesse os seus erros e se tornasse uma pessoa melhor, assim como ele próprio fez.
— Draco, você está bem? – Mal notou que já havia descido as escadas, as mãos de Hermione em seus ombros o fizeram acordar para a realidade.
— Nós vamos sair dessa casa, hoje mesmo. – Ele segurou em sua mão, certificou-se de estar com alguns galeões no bolso e a varinha no outro. Não suportaria outro embate contra o pai, não tão cedo.
— Calma, sua mãe... ela precisa de alguma explicação...
— Draco! – Narcisa o chamou. Sua adorada mãe, como pôde se esquecer dela? Draco se recompôs e voltou a atenção para ela.
— Por quê? O que aconteceu?
— Você sabe o que aconteceu, mãe.
O olhar de compreensão dela o atingiu com pesar. O mais novo a envolveu em seus braços, abraçando-a com carinho.
— Eu vou fazê-lo entender, Draco. Prometo a você. – Escutou o sussurrar da mãe, seguido de um beijo em sua face.
— Não faça promessas que não possa cumprir. – Notou os olhos lacrimejantes da mulher, e se culpou pela sinceridade. Beijou a testa da mãe com carinho, alisando seus cabelos loiros em seguida. – Eu amo você, mãe.
— Amo você, filho. – Ela se despediu com um sorriso suave, sentia o seu coração se apertar, mas sabia que seu menino estava em boa companhia. – Cuide dele, Srta. Granger.
Hermione sorriu para ela, mas antes que a respondesse sentiu a fisgada em seu umbigo, aparatando com Draco para algum lugar desconhecido.
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