Numa parte mais baixa e vazia da montanha, Herbert e Jessica encontraram uma pequena floresta. A floresta era meio coberta de neve, mas menos que os outros lugares, então era possível se ver grama e flores.

– Aqui é um ótimo lugar para um piquenique! – Jessica disse animadamente.

– Só tô aqui por causa da comida. – respondeu Herbert indiferente. (N/A: Herbert parece eu nas festas)

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– Sim, eu sei – Jessica disse ao estender um pano vermelho florido no chão e sentando-se nele – Mas mesmo assim eu posso fazer você se divertir.

– Não é fácil. – Herbert respondeu sentando ao lado dela.

– Mas não é impossível. Jessica tirou sanduíches de pasta de amendoim e geléia de dentro da cesta.

– O que é isso? – perguntou Herbert.

– Sanduíches, ué – Jessica respondeu.

– Disso eu sei – Herbert disse – Quero saber é o que tem dentro.

– Oh, sim. É pasta de amendoim e geléia. – ela disse ao oferecer um sanduíche ao urso.

Herbert hesitou um pouco, mas pegou o sanduíche. Analisou e finalmente provou um pedaço.

– É, não é tão mal quanto eu pensei – ele disse ao comer o sanduíche inteiro em uma única mordida. – Tem mais aí?

– Tem sim – ela riu – Sabia que você ia gostar.

Jessica deu mais alguns sanduíches a Herbert, que foram devorados em alguns minutos.

– Então... – ela começou – Você tem família?

– Acho que sim. – Herbert respondeu indiferente comendo mais um sanduíche.

– "Acho que sim"? Como assim? – Jessica perguntou confusa.

– Meh, é que eu não sei. – Herbert respondeu vasculhando a cesta de piquenique e pegando algumas maçãs que estavam dentro. – Faz anos que fugi do Polo Norte, então não sei se meus pais e irmãos estão vivos ainda.

– Oh... – ela disse. – Mas por que você fugiu do Polo Norte?

– Bem, lá, entre vários ursos polares, eu era meio que o anormal. Nunca gostei de qualquer tipo de carne, nem de frio. Além de não saber nadar. Para todos, eu já estava condenado a morte. E sempre tinha alguém para me julgar, desde que eu era um filhote. Até que um dia eu vi a chance de poder fugir para outro lugar, em uma geleira que tinha acabado de se soltar, então fui embora, sem me despedir de ninguém.

– Isso é... triste. – Jessica disse.

– Nah, não é nada demais. – ele respondeu indiferente.

– Mas é claro que é! Você... deve se sentir bastante solitário. Eu sei bem como é... – Jessica respondeu com uma certa tristeza na voz.

– É, talvez seja solitário. Mas como uma agente como você pode saber como é isso? – Herbert respondeu curioso, se perguntando o que a pinguim queria dizer com aquilo.

– Ah, não é nada não – Jessica respondeu tentando disfarçar a tristeza.

– Hey, qual é – Herbert disse – Eu te contei coisas que nenhum outro pinguim sabe. Pode confiar em mim.

Algo na expressão pacífica de Herbert fez Jessica realmente ter coragem de dizer aquilo ninguém sabe.

– Bem, é que... a minha história é meio parecida com a sua. – ela começou um pouco nervosa – Eu não sou daqui. Minha família vem de um lugar na América Latina, que eu não me recordo mais. Meus pais me trouxeram para cá quando eu era bem nova, e aqui ficamos. Até que, quando eu tinha uns 13 anos, minha mãe morreu. Nos meses seguintes á morte da minha mãe, meu pai já não era o mesmo. Até que um dia ele me levou para o centro, me mandou sentar num banco e falou que voltaria em alguns minutos. Fiquei esperando durante horas. Voltei para casa, que estava aberta, e continuei a esperá-lo. Mas ele nunca voltou. Desde então vivo sozinha, tendo que cuidar de mim mesma.

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A tristeza nos olhos de Jessica era bem visível agora. Ela se segurou para não chorar.

– E é isso. – ela disse sorrindo um pouco, mesmo com a voz meio tremula.

Herbert não esperava isso. Claro, todos têm uma história triste, não? Mas ele não esperava isso. Não dela. O jeito que ela é tão animada e positiva, não parece ser de alguém com um passado desses. Ela esconde muito bem a tristeza para alguém tão jovem.

De surpresa, Herbert abraçou a pinguim, que ficou meio chocada com o gesto do urso, mas logo o abraçou de volta.

– Ugh, eu não quero te ver assim. Não fique triste. Ou eu te jogo da montanha. – ele disse tentando fingir uma raiva inexistente.

– Não se preocupe – ela riu – Eu não vou. Não com você aqui.

– Ah, isso acaba com a minha imagem de urso assustador – Herbert suspirou.

– Eu nunca tive medo de você, só para deixar claro. E você é tão fofinho! – ela disse ao apertá-lo mais forte.

– Fofinho?! Eu?! – Herbert disse ainda fingindo estar com raiva.

– Sim. – Jessica disse rindo ao se separar do abraço para ver o rosto do urso. – Você é um urso Teddy!

– Isso não é nada legal. – ele disse.

– Claro que é, Herby. – Jessica respondeu provocando.

– Pronto, agora eu tenho um apelido carinhoso também. – ele disse ironicamente.

– Sim, tem – Jessica disse rindo – E é melhor não reclamar, Herby.

~*~*~*~

Depois de um bom tempo conversando sobre diversos assuntos, Herbert e Jessica caíram no sono. Ambos estavam bem cansados. Herbert foi o primeiro a acordar. O urso se espreguiçou e olhou em volta. Já era quase de noite. Em seguida, Herbert olhou para Jessica. Ela parecia tão calma, tão pacífica, ao dormir. Ele não queria acordá-la. O urso então pegou Jessica e colocou-a cuidadosamente em seu ombro direito. Em seguida, pegou a cesta e os trenós que estavam encostados numa árvore e andou de volta a sua caverna.

~*~*~*~

Jessica acordou um pouco assustada, mas logo se acalmou. Viu que estava na caverna de Herbert, no grande sofá verde e velho. Olhou em volta e viu Herbert sentado em frente a uma lareira acesa, no canto da caverna, ao lado de Klutzy, tomando chocolate-quente.

A pinguim ficou os olhando durante alguns minutos, até que se espreguiçou lentamente e decidiu se levantar. Klutzy virou e olhou para ela, chamando a atenção de Herbert, que também olhou.

– Oh, então você finalmente acordou. – Herbert disse ao tomar um gole do chocolate-quente.

– Sim – ela riu – Mas que horas são?

– Hm, acho que umas 18h00, talvez... – Herbert respondeu.

– Mas já?! – Jessica disse.

– Sim – ele riu – Você dormiu bastante.

– É, acho que eu tava bem cansada – Jessica disse rindo.

– Hey, tem uma caneca de chocolate-quente que eu guardei para você, em cima da mesa. – Herbert disse ao apontar para uma mesa – Fiz faz uns minutos, então pode ter esfriado um pouco. A pinguim se direcionou a mesa e pegou a caneca.

– Hmm – Jessica tomou um gole – Está ótimo!

– Então você gostou? – o urso perguntou.

– Sim. Me lembra o chocolate-quente que minha mãe costumava fazer. – Jessica sorriu, sentando-se ao lado de Herbert.

– Sua mãe deve ter sido uma pinguim incrível.

– É, acho que era. Ela era como todas as mães do mundo. Mas era a minha mãe, e isso é o que importava. – Jessica disse – Mas sabe... Você não me falou nada sobre a sua mãe ainda.

– Meh, nem adianta. – o urso respondeu – Faz muito tempo que não a vejo, nem me lembro de como ela era.

– Nem um pouco? – ela perguntou.

– Nem um pouco. A não ser de... – ele disse lentamente ao tentar se lembrar.

– A não ser de...?

– De quando ela tentava me ensinar a nadar. – Herbert riu. – Eu lembro das minhas várias tentativas de tentar aprender a nadar, mas nunca dava certo. Porém ela nunca desistia de me ensinar e sempre teve esperança em mim. Acho que ela era a única coisa boa daquele lugar para mim.

– Ah, eu sabia que tinha algo bom. – ela disse sorrindo.

– Sempre tem. – ele disse sorrindo, olhando para Jessica.