A Vida (caótica) De Uma Adolescente Em Crise.

Capítulo 9: O maluco do skate.


P.O.V Laila

A aula seguiu (parcialmente) calma, apenas com alguns olhares desagradáveis que vinham da tal Storne, mas, nada de mais. Alyson é uma garota muito divertida, animada e , pelo que eu pude perceber, não precisa de muito para falar o que pensa. Passamos o resto da aula juntas, como uma dupla na lição que o gato professor Tanner, e ficamos tagarelando assuntos variados.

No fim da aula, rumamos juntas para a próxima aula ( que graças a Deus nós tínhamos juntas) que era química.

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– E como é a professora de química? - perguntei enquanto caminhávamos até a sala de número 12, no fim do corredor.

– É uma vaca gorda de avental! - disse com aspereza , me fazendo rir. - Sempre dizíamos, Carly, Cloe e eu, que ela podia muito bem ser a mãe das " Vadias venenosas". - disse fazendo aspas com as mãos. Franzi o cenho.

– " Vadias venenosas" ? - perguntei.

– É, sabe a Storne? - assenti. - Ela e outras duas vacas, Dáphne Block e Emily Jenkings, formam um grupo nomeado por elas de " Poderosas" - o desprezo em sua voz era claramente identificável - o que, na minha opinião, não combina muito com o que elas são de verdade.

– Que na caso seria...?

– Vadias mesmo! - disse ela dando de ombros enquanto entrávamos rindo na sala 12, que era idêntica à sala de biologia de alguns minutos atrás.

(....)

Realmente a professora de química, Senhora Donnovan, era uma vaca gorda de avental. Uma megera, sem sombra de dúvidas! Saímos da aula saltitantes por finalmente deixarmos aquela sala. Rumamos então para a aula seguinte, que Alyson informou que também era assistida por Carly e Cloe, o que nos deixou feliz.

A aula de história, que era a seguinte, era assistida da sala 8. Entramos e logo encontramos Cloe e Carly sentadas mais ao fundo conversando com uma garota de olhos verdíssimos e cabelos castanhos compridos e lisos. Ela me lembrava muito a tal Erika, mas suas feições eram felizes e amigáveis, ao contrário da Storne.

Caminhamos juntas até lá, Alyson ,praticamente , saltitando. Minha prima estava de costas apoiando os cotovelos na mesa de trás, a da garota de olhos verdes, e Cloe estava encostada em cima de uma carteira, ao lado da garota.

Alyson chegou sorrateira, sendo notada apenas por Cloe e pela garota, que disfarçaram. Ela tomou um impulso e pulou nas costas de Carly, quase derrubando-a da cadeira. A garota olhou para trás, assustada, e depois sorriu.

– Vejo que já se conheceram. - falou Carly rindo para nós.

– Laila, pode nos explicar como você ainda não correu dessa louca? - perguntou Cloe rindo e apontando para Alyson, que se acomodou em uma carteira à frente da que ela estava encostada. Todas rimos, e Alyson fez uma falsa cara feia para a amiga, e começou a rir também.

– Oh, Sam, essa é minha prima Laila. Laila, essa é Samantha Storne. - disse Carly olhando da garota de olhos verdes para mim, depois para ela de novo.

– Me chame de Sam. - disse ela rindo enquanto estendia a mão. Tardei a estender a minha, mas, quando o fiz, apertamos as mãos e soltamos. Meu olhar estava petrificado na garota.

– Espera ai, você disse Storne? - perguntei. Ela riu e assentiu.

– Vejo que já conheceu minha irmão Erika. - ela disse.

– Sua irmã?

– É, nós sabemos, é muito difícil de acreditar que aquele crápula, sem ofensas Sam - começou Cloe. Sam deu de ombros enquanto a garota voltava a falar - , seja irmã desse anjinho! - com isso ela apertou a bochecha de Sam com os nós dos dedos indicador e médio.

A dos olhos verdes riu, e bateu na mão da loira, afastando a mesma do próprio rosto. Ri enquanto me sentava na carteira vaga, em frente a de Carly.

Ficamos conversando até o professor chegar, um homem de cabelos brancos, bigode e bem magro, com uma cara amarrada de mal-humorado e ranzinza. Ele vestia um terno preto e gravata , e carregava uma maleta.

– Esse é o senhor Checkfield. Uma múmia, como todos chamam. - sussurrou Carly próximo da minha nuca. - Nunca converse ou discuta na aula dele. Esse homem mais parece um general fascista da Segunda Guerra à professor. - ela completou, me fazendo sorrir.

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– Menina nova! - bradou o professor com sua voz de trovão esganiçado, o que me fez pular na cadeira e girar a cabeça em sua direção. - Os papéis! Ande, não tenho o dia todo! - resmungou ele.

Ainda assustada, apanhei os papéis na mochila e corri até a frente da sala. Entreguei a ele, que só me examinou de cima a baixo, assinou e praticamente jogou para mim. Quando já ia virar-me para voltar e sentar, ele me chamou.

– Seu livro! Esqueceu o livro, garota! - resmungou.

Dei meia volta, apanhei o livro de sua mão estendida e voltei para meu lugar bufando.

– Obrigada , professor. - disse entredentes em um falso tom de agradecimento.

Ele percebeu, bufou e resmungou baixinho algo que me pareceu ser " Menina malcriada" e voltou a atenção para seus papéis.

– Estúpido. - murmurei para mim mesma quando lhe dei as costas.

Voltei ao meu lugar, jogando meu peso na cadeira e me esparramando toda ali. Cruzei os braços e passei a fitar um ponto qualquer a minha frente, enquanto o professor continuava sentado atrás de sua mesa.

Quando ele fez menção de começar a chamada, um grupo de uns cinco garotos apareceu na porta, sem se preocupar com o som de sua gargalhada que tirou imediatamente a atenção do professor. O mesmo amarrou a cara assim que os alunos apareceram.

– Valdez! Aster! Daniels! Block! Parker! Estão seriamente atrasados!-vociferou ele ríspido aos garotos, que apenas pararam de rir e curvaram a cabeça, segurando os risos.

– Foi mal, professor! - disse um deles ainda com a cabeça abaixada. Sua voz soou um tanto familiar para mim, mas estava " Entretida" demais encarando a lousa e tamborilando os dedos na carteira.

– Eu nem devia deixá-los entrar... - começou o professor, mas logo outro dos garotos o interrompeu.

– Mas nós sabemos que vai, então, podemos? - sua voz era um tanto desafiadora. Tanto que quando ergui os olhos para fitar o professor, notei uma veia azul saltando na testa. Sinal que ele não estava tão feliz assim e fazia menção de explodir a qualquer instante.

Ficou alguns minutos ainda encarando-os para só depois se virar de costas e deixá-los entrar.

Voltei minha atenção para eles que entravam. O primeiro tinha olhos claros, azuis, para ser mais específica, e cabelos arrepiados para todas as direções possíveis. Seu sorriso desdenhoso e maroto combinava com o tipo de cara que não liga para nada a não ser comer mulher.

O segundo tinha mais cara de cafajeste, mas era...como posso dizer...lindo! Cabelos loiro-escuro beirando o castanho, com cachos que tampavam os olhos castanhos. Ele piscou para uma garota algumas fileiras adiante, fazedno a mesma sorrir e corar até a raiz dos cabelos e voltar a conversar com a amiga enquanto caminhava para o fundão. Ouvi Cloe bufar e soltar uma risada nasal acompanhada de algo que entendi ser " Mas que idiota". Isso me fez rir e me virar para elas. Todas exibiam os braços cruzados e expressões nada satisfeitas no rosto, até mesmo Sam.

– O que foi? O que deu em vocês? - perguntei sorrindo de lado. Cloe bufou e apontou com um gesto mínimo de cabeça para os garotos que entravam na sala. Sorrindo, olhei por cima do ombro. Eles estavam andando sem pressa alguma até seus lugares. Atrás do de cabelos loiro-escuro, vinha um garoto de cabelos encaracolados e escuros, que caiam por cima da armação de óculos rayban. Por trás das lentes, brilhavam os mais belos olhos verdes que já tinha visto. Ele exibia um sorriso simpático e um tanto tímido, se comparado com o dos outros que o acompanhavam.

Sorri e voltei a encarar minhas amigas.

– Andem, o que foi? - perguntei.

– Eles! - murmurou Alyson entredentes. - São patéticos!

– Por que?

– Se acham demais! - completou Sam com os olhos cravados em um garoto de cabelos loiros e olhos azuis particularmente lindo, que estava sendo encurralado pelo olhar faminto das garotas, mas não parecia ligar muito.

– Sério? Nem percebi. - disse rindo. Elas finalmente cederam e desmancharam a cara amarrada e começaram a rir.

Endireitei-me na cadeira, atempo de ver o professor dar uma bronca no último dos garotos, que estava parado na porta de costas conversando com uma garota.

– Parker! Entre agora mesmo! - brandiu o professor atingindo o tom escarlate no rosto.

Pude sentir que o garoto revirou os olhos, mesmo sem eu poder ver seu rosto, o que me fez rir. Ele ergueu as mãos , em forma de redenção, e foi se virando devagar.

– Okay, professor. - disse ele. Sua voz soou um tanto conhecida para mim outra vez.

Quando ele se virou completamente, exibindo um sorriso de canto, senti um calor descomunal irradiar de dentro do meu corpo para o rosto e para a ponta dos meus dedos. Travei o maxilar, impedindo qualquer coisa que eu fosse dizer e cravei as unhas na cadeira. Estreitei os olhos para ter certeza e , quando senti a confirmação de que aquela garoto, o tal Parker, era o idiota do skate, não evitei e me coloquei em pé de imediato.

– O QUÊ? VOCÊ? - exclamei. Ele me encarou e, quando me reconheceu, deu dois passos a frente,transformando seu sorrisinho em uma expressão incrédula e surpresa.

– Você? Aqui? Só pode estar de brincadeira comigo! - Ele disse.

– Só podem estar de brincadeira comigo! - eu disse com o tom de voz decrescente. Senti os olhares de todos nos perfurando, inclusive o do professor.

– Vem cá, por acaso você tá me perseguindo? Tipo, eu sei que sou demais e tal... - começou ele fazendo-me soltar uma gargalhada falsa e debochada.

– Pfffff! Por favor, né? Olha bem para mim! Por acaso tenho cara das vadias que você pega na esquina? - retorqui elevando o tom de voz. Os risos das garotas atrás de mim se disfarçaram num ataque malfeito de tosse.

Quando Parker ia me responder a altura, dando dois passos na minha direção, o professor interveio esmurrando a própria mesa, o que desviou toda a atenção da briga para ele.

– CHEGA! - brandiu o professor. Garanto que ninguém nunca tinha visto o professor Checkfield tão vermelho e parecendo tão hostil quanto hoje. Até o próprio diabo tremeria se o visse daquele jeito. Uma veia verde pulsava em sua testa e todas as do pescoço estavam saltadas. Uma cena de aterrorizar.

– Vocês dois! Lá fora com todo o material de vocês AGORA! Detenção para os dois! - ele gritou ,assustando-me, enquanto apontava para a porta.

– O QUE? - exclamei.

– Isso mesmo, senhorita. Detenção! Para fora, agora!

Bufei enquanto jogava meu livro na mochila, sendo seguida de perto pelo olhar de todos. Joguei a mochila nos ombros e caminhei marchando até o professor, que me esperava parado junto a porta com um papelzinho cor-de-rosa na mão direita.

– Quanto a você, Parker, creio que conhece bem o caminho até a sala de detenção. - ralhou ele. O garoto apenas sorriu de lado, o que me deu uma inesperada vontade de socar seu rosto e vomitar ao mesmo tempo.

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Ele passou na minha frente e foi seguindo, em uma ritmo despreocupado pelo corredor. Comecei a segui-lo logo depois do professor bater com força a porta às minhas costas.

No papelzinho rosa que recebi estava o número da sala, que era bem no fim daquele mesmo corredor.

Fui passando em frente as salas que ainda mantinham aula e seguindo Parker ( que por incrível que pareça, eu só sei o sobrenome) a uma distancia considerável.

Quando entrei na sala de detenções, pude respirar aliviada, pois as únicas pessoas que tinham ali além de mim e Parker eram um garoto que dormia num canto e uma mulher de cabelos ruivos malcuidados e curtos sentada atrás da mesa do professor que, de tão focada em suas unhas, nem nos notou entrando.

– Eaí Alice! - comprimentou Parker a mulher que subiu os olhos até o rosto do garoto e sorriu descaradamente. Ela devia ter uns trinta anos.

– Olá Nicolas! - ela comprimentou de volta cruzando as pernas e sorrindo "sedutoramente" para ele, o que fez meu estomago dar um solavanco e um nó.

– Me chame de Nico, meu doce. - disse ele.

Ela sorriu como uma colegial antes de perguntar:

– Aprontou o que dessa vez?

– Por incrível que pareça, dessa vez, eu não fiz nada! - e, com isso, ele lançou um olhar direto a mim, que até agora observava tudo da porta. Alice olhou-me por cima do ombro, medindo milimétricamente dos pés à cabeça com uma cara enjoada.

– Ah, quem é você? - ela me perguntou transferindo o nojo do olhar para as palavras.

– Laila Wigon. - respondi relutante.

– Okay okay, senta aí em qualquer lugar garota. - ela disse fazendo um gesto de desdém com a mão para mim, enquanto se curvava para Nico, esbanjando seu decote.

Bufei jogando o papel cor-de-rosa em sua mesa. Ela me olhou de esguelha e revirou os olhos para mim, enquanto eu contornava Nico e me jogava na última carteira.

Ele continuou lá, conversando com Alice os outros cinco minutos seguintes, pois depois disso o professor Checkfield apareceu na porta e nos chamou para o corredor.

Escorei-me na parede do corredor de frente para o professor e sua cara amarrada de sempre. Nico fez o mesmo.

Ele , ainda com o rosto avermelhado e as veias pulsando, olhou de Nico para mim e vice versa.

– Esse comportamento foi terminantemente inaceitável. - começou ele com suas palavras que me lembravam navalhas. - Eu só não vou dar suspensão aos dois... Eu realmente não sei o por quê que não estou dando uma suspensão aos dois agora mesmo! Mas, vou tentar ser bonzinho, como me aconselhou o professor de filosofia da escola - ele fez uma pausa e massageou as têmporas. - Os dois me farão um seminário completo, com apresentação, sumário e pesquisas de variadas fontes, sobre a Segunda Guerra Mundial para daqui duas semanas.

– O que? Duas semanas? Só isso? - exclamou Parker arregalando os olhos. Ele esmurrou a parede e a chutou, o que fez o professor o ralhar com o olhar.

– É isso? Um trabalho? - perguntei cruzando os braços e estreitando os olhos.

– Não é só isso, ele vale 1/4 da nota final de vocês e pouco me importa se estamos no começo do ano! Se não ,e entregarem esse trabalho, reprovo os dois! - disse o professor fazendo Parker resmungar um xingamento baixinho e ser ralhado novamente por seu olhar.

– Okay. Isso é tudo, professor? - perguntei sem me importar muito.

– É claro que não, menina! - resmungou ele. - Eu quero esse trabalho de vocês...em dupla!

– O QUE? - gritamos Nico e eu.