A Vida (caótica) De Uma Adolescente Em Crise.

Capítulo 12: Finalmente começamos.


Naquela noite, Laila voltou saltitante para casa enquanto Nico gemia de dor na calçada de frente sua mansão. Ambos pensaram muito um no outro daquele momento em diante, mas não de um jeito agradável. A garota ria a cada momento que se lembrava do Parker se contorcendo no chão. Ele praguejava xingamentos tanto em voz alta quanto em pensamento. Assim que recuperou forças para se levantar e voltar para casa, a Wigon era a única que habitava sua mente. Ele queria com todas suas forças se vingar e bolaria um plano. Laila, assim que chegou em casa, não parava de se recordar e jurou a si mesma fazer pior da próxima vez. Oras, pensava consigo mesma, Quem ele pensa que é para me deixar esperando-o aquele tempão e ainda por cima me proibir de sair? Ninguém tratava um Wigon sem sair impune, e hoje Nico havia descoberto isso.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

P.O.V Laila

Acordei particularmente feliz naquela manhã. A lembrança da noite anterior não havia abandonado minha mente. Sai saltitante em direção ao banheiro. Nesta casa era assim: muitas pessoas, um banheiro. Se ele estiver vago, é melhor correr.

Apanhei uma toalha antes de deixar o quarto, dando de cara com uma cena que eu já me acostumara: Carly babando na própria cama. Era uma cena cômica que sempre me fazia sorrir.

Parti para o banheiro, fechando a porta atrás de mim. Despi-me e entrei no box com o chuveiro ligado. Foi um banho ligeiro e logo já estava desligando o chuveiro.

Enrolei-me na toalha e voltei para meu quarto.

Encostei a porta e para de frente para meu guarda-roupas. Passei a encarar minhas roupas por um tempo. Apanhei uma calça jeans surrada, regata azul escura e roupa íntima. Vesti-me e me sentei na cama, puxando de debaixo dela meu par de tênis all-star preto de cano médio.

Calcei-os e fiquei os encarando. Havia acordado entes do despertador de Carly tocar e agora só restava esperar o tempo passar.

XXXX

– DERICK! ANDA! A GENTE TA ATRASADO, DE NOVO! - gritou Carly ao pé da escada. Para variar, esperávamos por Derick. Carly vestia calça jeans de lavagem escura e uma regata com estampas diversas nas cores azul e cinza.

Ela tamborilava os dedos impacientes no corrimão.

Lentamente Derick veio descendo os degraus, coisa que realmente tirou Carly do sério.

– DESCE LOGO PESTE!! - gritei batendo os pés.

– Vai ficar igualzinha minha irmã Laila? Rabugenta? - perguntou ele em tom de provocação e divertimento alcançando o meio da escada.

Carly e eu cruzamos os braços e bufamos.

– Ótimo. Quer saber maninho? Você que vá a pé! Anda Laila, a Cloe tá esperando a gente lá fora. - disse Carly primeiro encarando o irmão de forma nada feliz e em seguida puxando pelo braço até o lado de fora de casa.

– O QUE? NÓS TEMOS CARONA HOJE? - gritou Derick descendo as escadas correndo e passando pela porta antes que eu a fechasse.

Cloe estacionara o carro próximo ao meio fio e nos esperava com Ally no banco do passageiro.

Nós - disse Carly apontando dela para mim. - Sim. Você eu já não sei! - completou com um sorriso vitorioso e vingativo. O sorriso de uma Wigon quando se tem algo realizado.

– Mas... mas... vai me deixar ir sozinho? - perguntou Derick atordoado enquanto Carly abria a porta do banco de trás.

– Oras! Nós tentamos te apressar priminho! - disse com um certo cinismo e falsa tristeza fazendo um bico.

– Mamãe vai arrancar o coração de vocês por isso! - declarou ele.

– Nós sabemos. - dissemos juntas entrando no carro e fechando a porta.

– Vamos? - perguntou Allyson olhando para nós por cima do ombro.

– Claro.

Cloe deu a partida e acelerou. Carly e eu observamos Derick ficar distante e cada vez menor conforme nos afastávamos.

– Mamãe vai mesmo nos matar. - declarou Carly pensativa.

– É, vai mesmo. - conclui.

XXXX

– Como foi ontem na casa do Parker? - perguntou-me Cloe quando paramos na frente do meu armário.

– Foi demais! Aquilo animou mesmo minha noite! - declarei rindo, fazendo Cloe franzir o cenho e arquear uma das sobrancelhas.

– Laila, o que foi que você aprontou? - perguntou ela contendo uma risada.

– Digamos que Nico não vai esquecer tão cedo de mim pela dor que fiz ele sentir no amiguinho dele! - disse baixinho pronunciando a última com malícia.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ela levou poucos segundos para entender, e quando o fez, seu rosto ganhou um rubor e ela levou as mãos à boca, rindo sem parar.

– Você tá brincando? - perguntou-me com a voz abafada pelas mãos.

– Não.

– Mais você simplesmente chutou ele... Por que? - perguntou ela tirando as mãos da boca.

– Ele saiu com alguma putinha aí e me fez espera-lo voltar mais de 40min. - disse com desprezo na voz, mas uma pontada de vontade de rir.

– Ele não fez isso! - exclamou ela.

– Pois é, fez sim! Mas eu já dei uma liçãozinha nele para ele aprender que não se deve deixar uma garota esperando. Ainda mais se essa garota for eu! - disse sorrindo.

Ambas gargalhamos chamando a atenção de algumas pessoas no corredor.

– WIGON! - gritou a voz desprezível que eu aprendi a amar ignorar. Revirei os olhos antes de olhar por cima do ombro e ver Nico vindo em minha direção pelo corredor. Ele se sua gangue de idiotas ,e Patrick, atravessavam o corredor na direção de Cloe e eu.

– Ai que inferno! - murmurei.

– Falou amiga! Vou indo! - tentou despedisse a loira girando nos calcanhares e seguindo pelo lado oposto ao deles.

– Na na na não! Você fica aqui! - disse puxando-a pelo braço.

– Hey meninas! Estávamos procurando por vocês.... - começou Allyson surgindo por entre as pessoas com Carly e Sam no seu encalço. - Por que a gangue de manés está vindo para cá? - perguntou ela olhando por cima do meu ombro. Sim, eu estava de costas para Nico. Eu disse que amo ignora-lo.

– Wigon! - ele chamou novamente. Sua voz menos distante que da outra vez. Bufei e revirei os olhos, virando-me para encara-lo.

– Oi Patrick. - cumprimentei Patrick ,que estava ao lado esquerdo de Nico, apenas para irritar ainda mais Nico. Ele pigarreou alto o suficiente aproximando-se um passo de mim. - Ai que diabos! O que você quer hein? - disse com irritação e impaciência.

– Preciso falar com você. - disse ele decidido cruzando os braços sob o peitoral.

– Fala então. - disse me encostando no meu armário.

– Em particular. - olhando de esguelha para minhas amigas.

– Se você queria privacidade, por que trouxe seus guarda-costas? - perguntou Allyson lançando um demorado e com repulsa nos amigos de Nico, exceto Patrick.

– Fica na sua Wood. - rosnou um dos garotos, com cabelos castanho-escuro desalinhados e olhos azuis e brilhavam de maldade para cima de Allyson.

– Alguém te chamou na conversa Daniels? - ela retrucou.

– Disse como se tivesse sido convidada. - ele deu um passo a frente. Allyson e ele trocavam faíscas com os olhos azuis.

Ally ia retrucar , mas Cloe se interpôs entre ambos.

– Ally, não se deve perder tempo com asneiras amiga. Muito menos com eles. Não se esqueça disso. - sussurrou a loira alto suficiente para que todos escutassem.

– Falou a rainha das nerds pessoal! Aplaudam! - exclamou Leonard fingindo entusiasmo e batendo palmas.

A loira deu um passo a frente e estreitou os olhos de forma amedrontadora na direção do Valdez, que pareceu ignora-la. Não, ele realmente a ignorou. Ela bufou e cruzou os braços, perfurando-o com os olhos e em seguida desviando-os para um ponto qualquer do outro lado do corredor.

– Imbecil. - murmurou de modo que nós ouvíssemos.

– É o máximo que consegue? Me chamar de imbecil Aster? - desdenhou Valdez.

– Valdez, por que você tipo não morre, vai pro inferno de uma vez e me deixa em paz? - perguntou ela irritada com o rosto adquirindo um certo rubor.

– Você não suporta viver sem mim, garota. Assume que dói menos! -declarou ele sorrindo de forma tentadora.

Cloe imediatamente começou a rir. Mais ela gargalhava tanto e tão alto que a maioria das pessoas parou de fazer o que estava fazendo e a encarou. Ela não ria de um jeito falso. Ria tão verdadeiramente que me contagiou. Logo todas nós, as garotas, ríamos e eles, os idiotas e Patrick, nos encaravam.

Leonard havia ficado tão irritado pela garota ter começado a gargalhar feito louca, que apenas cruzou os braços e a esperou terminar.

– Terminaram? - perguntou ele. Cloe, mais vermelha do que nunca assentiu enquanto procurava por ar.

– Ótimo. - disse Nico agarrando meu cotovelo e me arrastando pelo corredor. Só me deu tempo de agarrar minha mochila do chão e ser arrastada para Deus sabe lá onde aquele doido estava me levando.

Ele virou no corredor levando-me com ele. Andamos mais um pouco até chegar numa porta, que Nico abriu e me jogou para dentro, entrando logo em seguida e fechando a porta. A salinha estava cheia de vassouras, esfregões, baldes e produtos de limpeza diversos. Também era bem pequena. Um quadrado perfeito e apertado. Nico acendeu a luz de uma lâmpada amarela e fraca que estava suspensa acima de nossas cabeças.

– Que isso? Sequestro? - perguntei. A sala era tão pequena que nossos corpos estavam a centímetros um do outro. Nico, por ser mais alto, me olhava de cima.

– Temos que conversar sobre ontem Wigon. - disse lentamente.

– Conversar o que? Você me largou mofando na sua casa, daí eu te dei uma joelhada nas bolas. Fim de história. Posso ir? - disse já dando um passo até a porta, mas Nico me puxou de volta colando nossos corpos. - O que mais você quer criatura?

– Você não devia ter feito aquilo Wigon. Eu posso te fazer pagar caro por isso. - começou ele ameaçando-me enquanto apertava meu cotovelo e aproximava seu rosto do meu.

– Nico, olha, me poupe. Se pensa que tenho medo das suas ameaças de criança está deveras enganado, meu bem. - disse fazendo-o soltar meu cotovelo. - E tem mais. Aquilo foi para você ver que não estou de brincadeira. Não gosto que as pessoas me façam espera-las. - disse baixo e estreitando os olhos.

Ele se calou e eu me aproximei um pouco mais de seu rosto. Seu hálito se misturava ao meu naquela salinha pequena.

– Vou na sua casa hoje às 19h de novo para fazermos o trabalho. - disse com voz baixa e rouca. - Vê se não se atrasa Parker. Já sabe o que acontece quando se atrasa, não é? - disse sorrindo travessa de lado, olhando-o diretamente nos olhos. Ele continuava calado.

Afastei meu rosto brutamente e pisquei para ele com um dos olhos.

– Vê se não se atrasa hoje Parker! - disse enquanto saía da salinha e me misturava com as pessoas no corredor.

O sinal tocou e corri para minha primeira aula, que seria de geografia. Aula que esperava fazer com uma de minhas amigas.

XXXXX

O dia seguiu como o anterior. Apresentei meus papeis aos demais professores, peguei meus livros e voltei a me sentar. Tudo seguiu apenas com um clima de provocação nas aulas que eu e as meninas dividíamos com Parker e a gangue. Cloe e Leonard mal podiam se olhar e já rosnavam um para o outro e com Allyson e o tal Daniels não foi diferente. Os únicos normais eram Patrick, Carly e Sam, pois até eu e Parker ficamos nessa de provocar um ao outro.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ele simplesmente tirou o dia para fazer do meu um completo pé no saco. Começou com papeizinhos irritantes que ele arremessava em mim na aula de biologia. Eu, sendo uma garota sem paciência nenhuma, revidei arremessando meu livro de biologia nele, que para minha felicidade acertou-o na cabeça. A grande injustiça foi a professora só se virar da lousa no exato momento em que eu me levantava para jogar meu livro nele. Ela ditou alguns sermões e me dispensou para a sala de detenção.

Mas Nico também não saiu impune. Na aula de matemática, foi querer se vingar de mim e acertou o professor, que o mandou imediatamente para fora da sala.

– 1 x 1 Parker. - murmurei para ele ao encontra-lo no corredor após a aula de matemática.

XXXX

– Laila, por favor, não nos peça paciência para com aqueles idiotas! Chase babaca Daniels é um completo idiota! - exclamou Allyson enquanto entrávamos no carro de Cloe após o período escolar.

– Não estou pedindo para ter paciência! Só quero saber o por quê de tanto ódio entre vocês, só isso! - disse rindo do banco de trás do carro de Cloe.

– Temos que aguentar aqueles trastes desde o sexto ano. Entendeu nossa dilema agora mocinha? - explicou Cloe dando a partida no carro.

– É, mais pelo que eu sei a Samantha aqui também estudou com eles e não caiu matando hoje, igual vocês. - disse dando um tapinha no ombro de Sam.

– É porque meu irmão faltou hoje, se não você conheceria a verdadeira Samantha Storne, meu bem! - riu-se Cloe ao declarar.

Sam corou e mandou um olhar assassino para a nuca da loira, sentada atrás do volante.

– Seu irmão? - perguntei franzindo o cenho, variando meu olhar de Cloe para Sam.

– É, meu irmão idiota Daniel. Ele é preguiçoso e não quis levantar da cama hoje. Os dois brigam feito cão e gato!

– Não consigo me lembrar se já vi seu irmão.... - comentei mais para mim mesma do que para elas. - Como ele é?

– Você já deve ter o visto. Ele faz aula de história com a gente. - disse Carly.

– É um loiro e idiota, com cara de cafajeste. - grunhiu Sam.

– Não disse? - riu-se novamente Cloe.

XXXXX

Chegamos em casa em torno das 17h. Mais uma vez Derick sairia com os amigos, por isso teríamos a casa somente para nós outra vez. Assistimos alguns filmes até próximo das 19h. Cloe, mais uma vez, se ofereceu para me dar carona e eu aceitei.

Sete quarteirões depois, chegamos em frente ao mesmo portão gigante da casa dos Parker. Despedi-me de Cloe, deixando o carro e caminhando até o interfone ao lado do portão.

– Residência dos Parker. O que deseja? - atendeu-me uma voz conhecida.

– Olá Nora! - saudei-a.

– Olá senhorita Wigon, digo, Laila. Voltou para fazer o trabalho com o senhor Parker?

– Sim, e desta vez espero que ele esteja aí. - disse segurando o riso ao, mais uma vez, lembrar-me de ontem.

– Aguarde só um momento, sim? - ela disse, e após um instante ouviu-se o click do portão.

– Obrigada. - agradeci pelo interfone antes de me empertigar pela abertura do portão e cair novamente no caminho tortuoso de cascalhos.

Segui por ele até a entrada do casarão. Toquei a campainha uma vez e a porta foi aberta por ninguém mais,ninguém menos que Nico e sua cara emburrada.

– Ora ora ora! Até que enfim aprendeu a olhar direitinho no relógio Parker. - disse rindo de canto para ele.

– Há há há! Hilário Wigon, hilário! - ele disse sarcástico dando-me passagem para o salão de entrada da casa.

Observei aquele mesmo salão amplo com isso brilhante e muito bem encerado do mesmo jeito que no dia anterior: encantada.

– Anda, vamos subir. - ele me chamou seguindo pela escadaria à esquerda.

Demorei-me mais alguns segundo e, por fim, o segui escadaria a cima.

No segundo andar, o assoalho do corredor trocava de pisos para tábuas de madeira escura e lisa. O corredor continuava para os dois lados, porém Nico foi para a esquerda. As paredes atingiam um tom de azul escuro e profundo, quase preto, variando com alguns quadros com fotografias.

Distraia-me observando as fotos nas paredes de uma criança de uns três anos, com os cabelinhos escuros como o breu da noite e desalinhados brincando com uma bola. Sorri ao pensar que aquele era Nico pequeno, e que quando cresceu se transformou de fofo para um grandessíssimo imbecil.

Continuei com os olhos grudados nas fotos, caminhado a passos lentos sempre para frente. Distraída, esbarrei em Nico parado à minha frente.

Nos olhamos por alguns segundo e ele se virou, abrindo a porta que estava ao seu lado e dando-me passagem para entrar.

Como descrever o quarto de Nicolas Parker? Roupas em todos os lados, objetos jogados pelo chão e um cheiro inconfundível de roupa suja. Era um quarto amplo, com as paredes no mesmo tom escuro e profundo das do corredor cobertas parcialmente com posters de bandas de rock e de modelos de skate. Haviam uma porta no canto direito da parede contrária que deduzi ser o banheiro. Do piso e dos móveis pouco se via. As roupas faziam questão de cobrir tudo. Só descobri que o assoalho era de madeira escura como a do corredor pois entra uma ou duas peças de roupa, abria-se uma falha e eu pude ver o chão.

– Uau! Que arrumado. - disse irônica.

– Obrigado. Sabe, me esforço muito para arruma-lo assim. - disse Nico contente abrindo os braços e abrangendo todo o quarto.

– É aqui que vamos fazer o trabalho? - perguntei sem esconder o nojo na voz.

– Sim. Agora, espera aqui que eu vou buscar meu notebook. - e ele saiu do quarto. - Ah, pode sentar se quiser. Só não amasse minhas roupas! - ele disse colocando a cabeça de volta pela abertura da porta e piscando para mim com aquele mesmo sorriso que eu aprendi a odiar.

– E onde é que eu vou sentar? Eu nem sei onde está sua cama! - exclamei afinando a voz e fazendo gestos excessivos com as mãos. Mas Nico não respondeu. - Ótimo. - bufei.

Tracei uma rota por entre as roupas até a outra ponta do quarto.

– Ah, aqui está a cama. - disse quando tirei algumas peças de roupa de cima de um monte de outras roupas.

Abri um espaço e sentei-me entre as roupas e as cobertas de Nico.

Como alguém conseguia ser tão desorganizado? Nem eu que já sou bagunceira tenho o chão do meu quarto forrado de roupas desse jeito!

Bufei enquanto esperava-o. Olhei ao redor. Nas paredes ne Nico não haviam quadros com fotografias como no corredor. A única foto à vista era a de um porta-retratos na cômoda ao lado da cama de Nico.

No porta-retratos, descansava a foto de uma menininha de cabelos escuros até os ombros, sardas na ponta do nariz e nas bochechas e olhos verdíssimos com um brilho infantil muito bonito. Ela estava abraçado ao abdômen de um Nico de aparentemente sete ou oito anos. Ela era uns 10 centímetros menor que ele e vestia um vestidinho vermelho e rodado. Ela devia ter uns quatro anos e sorria abertamente para a foto ao lado de Nico, parados ambos em pé em um gramado verdinho.

Aproximei-me do porta-retratos no mesmo instante em que ouvi a voz de Nico na porta.

– Voltei! Sentiu saudades? - riu-se ele.

Disfarcei o susto repentino que ele me deu e me voltei para ele que caminhava até mim com o notebook cinza nas mãos.

– Não. - disse seca enquanto caminhava até mim com o seu sorriso de canto que me da vontade de vomitar.

– Foda-se, vamos começar? - perguntou ele sentando-se do meu lado e ficando sério.

– Vamos.

Ele abriu o notebook e o ligou.

XXXXX

Nas duas horas que fiquei lá, Nico e eu mal trocamos palavras que não se tratassem do trabalho, o que me fez respeita-lo por não ficar com brincadeirinhas e sim focar no trabalho. Não trocamos provocações. Talvez uma ou duas, mas realmente estávamos trabalhando.

Nos ocupamos em apenas dar uma olhada por cima sobre a segunda grande guerra. Eu anotava os fatos mais importantes, enquanto ele ia pesquisando os demais. Combinamos de apenas olhar por cima da história toda para, só nos dias seguintes, aprofundarmos a pesquisa.

Quando o relógio digital do meu celular marcou 21h e 07min, despedi-me dele com apenas um "Tchau" e saí.

Voltei caminhando para casa. O percurso todo me custou exatos 35min.

– Oi família. - disse ao chegar em casa e fechar a porta atrás de mim. Caminhei até a sala de estar para dar de cara com minha tia Elizabeth com uma cara nada boa me esperando. Carly estava sentada no sofá menor, meu tio, no maior e Derick estava em pé atrás da minha tia com um sorriso vitorioso brincando nos lábios.

– Que foi? Eu avisei sobre o trabalho que tinha que fazer titia. Por isso cheguei tarde hoje. - expliquei-me sorrindo, mas sua ara irritada não se desfez. - Que foi?

– Que história é essa que você e Carly deixaram Derick ir sozinho para a escola? - ela disse com voz controla e calmamente perigosa.

Oh fuck, gritei mentalmente.

Meu tio balançou a cabeça negativamente e suspirou. Olhei para Carly, que me mandou um olhar de Vai começar. Retribui o olhar, passei por minha tia e me sentei ao lado de Carly.

Exatamente como eu previ, minha tia nos repreendeu com 40min ininterruptos de sermão. É, essa era Elizabeth Wigon pessoal. Nunca mexam com sua cria!