A Vida
Capítulo 32
Capítulo 32
Daniel
Dani chegou ao convés do navio decidido. Acabaria com aquilo. Ela ia ouvi-lo querendo ou não.
Logo ele avistou seu alvo,Mary. Ela estava recostada no mastro, olhando a paisagem. Dani respirou fundo ao ver seus cabelos castanhos balançarem com o vento. Ela era linda.
– Mary - ele chamou se aproximando.
– O que você quer? - perguntou ela.
– Nós precisamos conversar - ele sentenciou.
– Não tenho nada para falar com você - disse Mary virando de costas.
Em outro ocasião, ele teria ido embora naquele momento, mas não dessa vez.
– Ah, mas eu tenho muito a falar com você.
Dani segurou Mary pelos pulsos e a prendeu contra o mastro. A garota se debateu, mas não conseguiu se soltar. Dani era bem maior e mais forte.
– Me solta! - ela esbravejou.
– Não! - ele negou - Você vai me ouvir!
Mary arregalou os olhos. Se Dani não estivesse tão bravo, teria rido da reação da garota, ela nunca o tinha visto daquele jeito.
– Aquilo não foi minha culpa! - ele decretou - Eu fui sincero com você! Eu fui sincero quanto te pedi em namoro um ano atrás!
" Aquela garota, a filha de Hécate, era apaixonada por mim, mas eu não sabia! Ela ficou brava quando soube que estávamos namorando e armou tudo aquilo.
" Fui um idiota, admito. Não deveria ter bebido aquele suco, mas como ia saber que era uma poção? Foi por causa da poção que a beijei, mas você nunca me deixou explicar. Eu nunca faria aquilo com você, nunca te magoaria. Eu te amava. Eu...eu ainda te amo"
Dani abaixou a cabeça e soltou Mary. De que adiantava, ela não ia acreditar nele? Por uma besteira que fizera, perderia pra sempre o amor de sua vida.
Daniel sentiu uma mão levantar seu rosto. Ele olhou nos olhos de Mary. Ela chorava,mas parecia feliz, muito feliz.
– Me desculpe - ela disse - Acredito em você.
Dani a fitou, ainda incrédulo. A garota abriu um sorriso em meio as lágrimas e puxou o rosto dele de encontro ao seu, trazendo-o a realidade com um beijo.
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Amanda
Amanda saiu do quarto de Ally morta de cansaço. Ela, Ally e Tess, tinham passado toda a manhã analisando a estrutura do navio e traçando a rota no Laptop de Dédalo.
Sua mente estava repleta de coordenadas e medidas, ela estava tão distraída quem nem ouviu quando a chamaram. Nanda só parou quando sentiu uma mão segurar seu braço.
– Amanda! - chamou Tyler.
Ela o olhou um pouco confusa.
– Sim?
– Por que não me respondeu? - ele indagou.
Responder?
– O quê?
Tyler levantou as sobrancelhas e soltou seu braço.
– Você não ouviu, não é?
Ela negou. Tyler respirou fundo e passou a mão pelos cabelos.
– Eu... Eu não entendo - ele admitiu.
– Não entende, o quê? - ela perguntou.
– Você - explicou Tyler - Eu não te entendo. Você não sente nada por mim, é isso?
Ela sentia alguma coisa por ele? Sim, ela sentia, mas não queria sentir.
– Não é isso - ela começou a explicar.
– Então o que é? - ele a interrompeu - Por que você sempre me rejeita? O que eu fiz de tão ruim para você sentir tanto nojo de mim?
Nanda negou com a cabeça, seus olhos começaram a encher de água.
– Não! Você entendeu tudo errado! - ela exclamou - Eu não sinto nojo de você! Eu gosto de você!
– Então por quê nunca deixa eu me aproximar? - ele perguntou dando um paço a frente e a encurralando contra a parede.
– Porque eu tenho medo - ela admitiu.
Tyler levantou uma sobrancelha.
– Medo? - ele perguntou - Eu nunca te machucaria.
Ela negou com a cabeça e olhou nos olhos do garoto tentando segurar as lágrimas.
– Talvez não fisicamente, mas você pode me machucar emocionalmente.
– O quê?
– E se você me magoar, Tyler? - ela perguntou - Mary é minha irmã, eu sei como é sofrer por amor. Eu a vi sofrer por meses, e acho que ainda sofre, não quero passar por isso.
– Nanda, você me ama? - ele perguntou e ela virou o rosto se dando conta da besteira que tinha feito.
Tyler segurou seu rosto delicadamente e o virou em sua direção.
– Eu nunca te faria sofrer - ela garantiu - Eu também te amo.
Nanda deixou as lágrimas rolarem e soluçou. Tyler estava na sua frente, jurando que a amava, prometendo nunca magoa-la, e ela só conseguia chorar.
– Me desculpe, mas eu não posso - ela disse ainda chorando.
Tyler suspirou e deu um sorriso fraco.
– Tudo bem - ele disse - Eu espero.
Então ele se inclinou e depositou uma beijo na testa garota, para logo depois se afastar e seguir pelo corredor. Deixando uma Amanda confusa, porém feliz. Pensando se deveria te-lo aceitado de uma vez, mas feliz por saber que ele esperaria até que ela estivesse preparada.
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Alice
Assim que Amanda saiu do quarto, Tess sentou ao lado dela na cama. Ally olhou para o irmão, confusa, vendo que ele procurava algo no computador.
– O que você está fazendo? - ela indagou.
– Espere, você já vai ver.
Ally deu de ombros e encostou em seu irmão, apoiando a cabeça em seu ombro. Depois de alguns segundos, surgiu na tela do computador uma foto. Ally levantou a cabeça para analisa-la melhor. Seriam eles?
– São papai e mamãe? - ela perguntou.
Tess assentiu.
– Acho que eles deviam ter uns dezesseis anos nessa foto - ele explicou - Ela é o plano de fundo do computador.
Ally assentiu e voltou a fitar a foto. Seus pais estavam tão novos, ela nunca os imaginara assim. Ela sabia que já tinham sido jovens,mas sempre os imagina como eram atualmente. Aqueles da foto mais pareciam ela e Tess.
Ela sorriu. Eles pareciam tão felizes na foto, tão apaixonados... Como estariam agora?
– Você acha que eles estão bem? - ela perguntou voltando a olhar para o irmão.
Ele respirou fundo.
– Acho que sim - ele disse - Eles sabem se cuidar, já passaram por coisas piores.
Ally assentiu e voltou a encostar no ombro do irmão.
– Só tenho medo de perde-los - ela disse - E se for eu quem tem que tomar a decisão? E se eu tomar a decisão errada?
Tess olhou para irmã e acariciou seus cabelos.
– Aí a gente dá um jeito de consertar.
Ally o abraçou e sentiu os braços do irmão a envolverem. Ela não tinha passado muito tempo com ele desde que saíram do acampamento, e, mesmo que não admitisse, sentia saudades.
Ela podia sempre parecer muito independente e segura de si, mas precisava dele ali por perto. Para apoia-la, para oferecer um ombro para chorar, ou, até mesmo, para rir dela. Ela precisava dele.
Aquele momento entre irmãos foi interrompido por uma batida na porta. Ally soltou o irmão imediatamente, sabia que ele nunca mais se esqueceria isso. Ela ouviu batidas novamente.
– Pode entrar - ela disse.
A porta se abriu revelando James. Ele a olhou fixamente e desviou o olhar, só então Ally percebeu que ainda estava de pijamas e corou.
– Tess, Bia está te procurando - ele anunciou.
Os olhos de Tess brilharam e ele levantou da cama em um pulo.
– Até mais - ele disse dando um beijo no topo da cabeça da irmã e saindo do quarto.
– Obrigado, cara - ele disse quando passou por James e desapareceu no corredor.
Ally percebeu que ele deixara o laptop e sorriu novamente para a foto dos pais.
– Ehr... Eu posso falar com você?
Ally levantou os olhos e viu James parado na porta. Ele estava de cabeça abaixa e corado. Uma graça, ela pensou.
– Claro - ela disse.
James levantou o rosto e sorriu para a garota, como se não acreditasse em sua resposta. Ele entrou no quarto e fechou a porta.
Ally bateu no lugar ao seu lado na cama, e ele se sentou.
– O que aconteceu? - ela perguntou.
James levantou a cabeça e a fitou. Seus olhos azuis a analisavam, como se decidisse algo sobre ela.
– Ally... Eu... É que eu .... - ele não conseguia terminar.
James levantou a cabeça e a olhou firme.
– Eu estou a apaixonado por você - ele disse por fim - Eu sei que sou mais velho que você, e que você provavelmente não gosta de mim - ele começou a falar rapidamente - Mas eu estou guardando isso há tanto tempo, tinha que falar! Por favor, não me odeie por isso. Você pode me ignorar, fingir que essa conversa nunca aconteceu. Eu nã-
James foi interrompido por Ally. Ela se inclinou e colou os lábios aos dele. Foi um selinho, nada além disso, mas foi o bastante para cala-lo.
– Eu também gosto de você - ela disse e James sorriu - Só acho que esse não é o melhor momento para começar nada. Talvez quando as coisas se acertarem, e estivermos novamente no acampamento...
James se inclinou e lhe deu um selinho.
– Tudo bem.
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Bia
Bia andava de um lado para o outro em sua cabine. As coisas estavam ficando cada vez mais confusas para ela. Seus sonhos estavam ficando cada vez mais frequentes e o sonho de Tess ainda a atormentava.
Tess, ainda tinha ele. Ela o amava, e ele sabia disso. Mas ele também a amava. O que eles eram? Namorados, ficantes ou só enrolados? Ela estava apostando no enrolados.
Bia ouviu uma batida em sua porta, e antes que dissesse qualquer coisa, a porta se abriu. Tess passou por ela sorrindo. Bem, pelo menos James tinha achado-o.
Ele se aproximou, envolveu-a em seus braços, e a beijou. Quando se separaram, Bia estava prestes a se afastar e pedir uma explicação, quando viu uma coisa em seu pescoço.
Seu colar do acampamento agora tinha onze contas. Ela levantou a mão e tocou a intrusa. Uma conta azul escura, quase negra. A conta que eles usavam para identificar as namoradas de Tess estava ali, e agora com um "B" pintado em azul claro. (N/a: pra quem não lembra, cap22)
Bia levantou a cabeça e olhou nos olhos do garoto. Tess sorria.
– É tinta permanente - ele disse.
Bia sorriu e o abraçou, sabendo que depois daquilo, não seria necessária nenhuma conversa.
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Tommy
Tommy andava em direção a enfermaria, precisava urgentemente de um remédio. Não importava se no mar ou se no ar, ele sempre enjoava em barcos.
Tommy entrou na enfermaria e encontrou Lara mexendo nos remédios.
– Está tudo bem? - ele perguntou.
Lara se virou e assentiu.
– Estou só procurando alguma coisa para dormir - ela explicou.
Tommy assentiu.
– Pesadelos? - ela confirmou - Você não é a única.
Ela assentiu.
– Eu sei, mas se continuar assim, não vou conseguir dormir mas nem uma hora por noite.
Tommy pegou seu remédio para enjoo e olhou para Lara.
– Às vezes eu penso se eles são reais - admitiu - Sabe, como pesadelos de meio-sangue.
Lara assentiu.
– Acho que não, afinal não somos meio-sangues.
Lara se aproximou e deu um beijo na bochecha do garoto.
– Boa noite, Tomas.
– Boa noite, Lara.
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Autora
Aquela noite não foi das mais tranquilas. Ele sofreram ataques constantes e tiveram a confirmação de que estavam chegando perto.
Mary,Nanda e Ally se revezavam na direção do navio, enquanto os outros faziam turnos de proteção.
Já deviam passar das oito da manhã quando Amanda viu. Era sua vez de pilotar o navio e estava no convés com Tess e James. O painel apitou e ela teve certeza, as coordenadas eram aquelas.
– Chegamos! - ela exclamou - Chegamos!
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