A Verdadeira Revolução - Fic Interativa.

O Fim do Reinado de Terror. Parte 3: Queda.


POV Lyu

Flashback on:

6 anos antes.

Era uma noite fria. Eu era uma garotinha assustada e inocente andando pelas ruas do meu Distrito com minha irmãzinha mais nova. Tínhamos saído para procurar nosso gato que tinha fugido mais cedo naquele dia.

Tinha começado a chover. Uma névoa espessa cobria a rua. A chuva engrossara.

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– Kandi, não podemos procurar o Muggles amanhã? – perguntei eu para minha irmã – Está frio, e eu estou ensopada.

– Não Lyu! O Sr. Muggles vai aparecer. Só tenha calma – replicou ela. O que eu não fazia por essa garotinha?

– Tudo bem, mas vamos rápido. Papai e mamãe nos mandaram ir rápido pra casa.

Ruídos tomavam conta da minha audição, enchendo meu cérebro com pânico. Eu tinha apenas 10 anos, e eu era inocente. Não sabia os perigos que a escuridão guardava.

Minha vontade era de correr dali, ou voltar pra casa, mas eu devia ser forte. Ser forte pela minha irmã.

Eu achava que os ruídos eram coisa da minha cabeça, mas então eu senti um puxão no meu vestido, e vi minha irmã apontando pra um homem. Era um velho. Não posso distinguir sua idade, estava escuro e a névoa atrapalhava minha visão, mas eu sabia que tinha mais de 50 anos.

Ele era alto, e vestia um suéter cinza sujo e em farrapos, com calças igualmente cinzas e de algodão, também sujas. Seu rosto estava cheio de fuligem e estava deformado, e quando ele sorriu, vi que seus dentes (os que ele ainda tinha) eram podres e tortos. Seus olhos nos encontraram.

– Olá queridas – disse ele. Sua voz mais pútrida que sua aparência – Estão perdidas?

– Não – respondeu minha irmã, com sua voz doce. Uma de suas mãozinhas delicadas segurava a barra do vestido azul céu, da mesma cor que seus olhos, enquanto a outra segurava a minha mão. Ela tremia.

Nossos vestidos esvoaçavam ao vento, e o cabelo louro de minha irmã estava ensopado. Eu vestia um capuz negro como a noite, mas ela estava molhada e com frio demais.

Seus grandes olhos azuis encaravam o homem com medo e curiosidade.

– Não estão perdidas? – perguntou ele, se aproximando cada vez mais – Então, o que fazem na chuva minhas belas garotas?

– Estamos procurando o Sr. Muggles – respondeu minha irmã, sorrindo abertamente, sem dois dentes na frente, que tinham caído na semana anterior – Eu ia chamar o senhor para ajudar, mas papai e mamãe falaram para não conversar com estranhos.

O homem estava numa distância assustadoramente pequena. 3 metros.

– Oh, mas não são pais carinhosos? – disse ele, quase nos tocando – Eu poderia ajudar sem conversar minha bela garotinha.

– Lyu, ele pode? – ela virou seus olhos pidões pra mim.

– Não. Ele não pode. Sinto muito – disse eu

– Ah, está tudo bem... Ninguém quer a ajuda de um velho tolo.

Eu sabia que não seria uma boa confiar nele. Sabia que algo podia nos acontecer. Mas eu era jovem demais para saber a gravidade.

O homem foi mais rápido que eu. Agarrou minha irmã pelo braço e saiu correndo com ela no colo. Eu me surpreendi.

A primeira coisa que eu fiz foi correr na direção contrária, para casa. Precisava da ajuda do meu pai ou da minha mãe.

Eu olhei para trás e vi que ele estava nu em cima da minha irmã, começando a despi-la. Ele começou a acariciar o pequeno e frágil corpo dela, e tentou penetrá-la com seu pênis. Ela gritou por ajuda. Eu ouvi quando ele estapeou sua face e falou “Cala boca sua vadia.”

Eu estava desesperada. Não sabia na época o que ele queria fazer, e quando cheguei em casa, falei o que acontecera.

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Minha mãe empalideceu e gritou chamando meu pai. Ele desceu e ela só falou as palavras “um homem tentou estuprar Kandi”.

Mas chegamos tarde demais. Quando eu consegui achar o beco onde ele tinha levado minha pequenina irmã, ele já tinha escapado. Ela estava nua e chorando baixinho. Seu cabelo fora claramente puxado. Sua pele estava cheia de roxos, sua face inchada. Sua vagina sangrava e ela tentava rastejar para se esconder.

Corri até ela e a levantei. Minha mãe me ajudou a colocar as roupas nela. Meu pai chorava caído na chuva.

– Você disse que ia me proteger – disse ela, sua voz vaga e baixa – Disse que nada ia acontecer comigo. Mas mentiu. Ele me machucou.

– Me perdoe Kandi – implorei, soluçando compulsivamente – Eu não podia fazer nada. Eu precisava do papai e da mamãe.

– Disse que ia me proteger... – repetiu ela, seu olhar vago.

Depois desse incidente, minha irmã mudou drasticamente. Não conseguia mais comer. Não conseguia ver homens na rua sem começar a chorar e tremer. Começou a parar de comer.

Em dois anos ela era anoréxica. Ela tinha apenas 7 anos no incidente. Eu tinha 10. Com 12 comecei a treinar. Virei uma garota fria. Desisti do mundo.

Quando minha irmã completou 10 anos, ela descobriu o que era se mutilar. Começou com pequenos cortes no braço, mas logo foram crescendo. Quando eu completei 14 anos, comentei com meu pai que era um erro não tentar tratá-la. Ele disse apenas que “uma filha vai me dar orgulho, não me importo se a outra é uma louca depressiva e fraca.” Foi nesse dia que eu decidi me vingar dele. O matei. Minha mãe enlouqueceu.

Com 15 anos, eu era uma máquina de destruição. Ninguém podia me vencer. Eu era fria, arrogante, forte, mas... Minha irmã era meu fraco. Eu a amava mais que tudo, e sabia que a condição dela era minha culpa.

Uma semana antes de seu aniversário de 13 anos, ela se matou. Subiu no telhado da casa e se jogou de cabeça nas pedras que minha mãe guardava. Seu pescoço se partiu.

Minha bondade foi com ela. Eu não era mais humana. Tudo que me importava era proteger o resto da minha família. Mas isso não era uma tarefa fácil. Para isso, eu precisava ganhar os Jogos.

Flashback off.


POV Miley


– Então, Miley – disse Lyu, cutucando suas unhas com uma das adagas – O efeito do fogo só vai durar meia hora. Que tal resolvermos isso de uma vez? Só eu e você. Sem ajuda. Sem trapaça. Que vença a melhor.

Agora era a hora. O fim. Eu iria derrotá-la. E o que eu faria depois? Acho que a aliança se quebraria. Pelo menos eu tinha minhas armas, poderia me proteger e fugir. Não teria coragem de lutar contra aqueles que me apoiaram desde o começo, mas poderia escapar por um tempo.

– Certamente, Lyu. Que vença a melhor – disse eu, segurando minha espada com firmeza e indo pra cima dela.

Eu tentei decapitá-la, mas ela se abaixou e cortou minha panturrilha com uma de suas adagas. Cerrei os dentes e me virei, descrevendo um arco com a espada.

Ela tirou uma besta de suas costas e segurou o gatilho. Joguei-me para o lado e rolei. Levantei-me e comecei a correr em volta dela, escapando da chuva de flechas que vinha de sua arma.

Uma de suas flechas atingiu a lâmina da espada, e meu braço foi jogado para trás. Ela aproveitou e prendeu meu braço com uma das mãos, tirando a espada com outra, e jogando-a no fogo.

Eu estava desarmada, mas sabia lutar bem. Desprendi-me dela e chutei seu estômago, fazendo com que ela recuasse e me olhasse com ódio. Ela correu até mim, e eu me preparei, mas, no último momento ela se jogou no chão e rolou pela lama, dando uma rasteira em minhas pernas e fazendo com que eu caísse de costas no chão.

Vislumbrei a minha esquerda, e vi que Jack se segurava para não vir até mim. Fiz que não com a cabeça, e percebi também que o fogo perdera a intensidade de antes. Mas ainda faltavam uns 20 minutos.

Decidi fingir que deixaria ela me derrotar.

Ela se colocou em cima de mim, e eu vi várias facas em seu bolso. Ela pegou uma e apontou para mim. Mas... Uma de suas facas caíra do bolso. Era minha chance! A faca não fez barulho, pois estávamos na lama, mas eu sabia que podia alcançar. Só precisava de tempo. Precisava fazer com que ela falasse.

– Não é isso que você quer, Lyu? – perguntei – A glória eterna? Sua vadia repugnante, eu nunca temi você. Você pode até me matar, mas acha mesmo que vocês três são páreos para o resto da aliança?

– Há! Três? Eu matarei os outros dois também. Ninguém é páreo pra mim – respondeu ela.

A faca estava a cinco centímetros da minha mão. Eu poderia alcançá-la.

– Ninguém é páreo pra você Lyu? – perguntei. Alcançara a faca. Segurava ela firmemente contra meu braço.

– Não, Miley. – respondeu ela, levantando a faca – Agora, cansei de falar. Hora da morte.

– Sim, hora da morte – disse eu – Mas não da minha.

Dei uma joelhada em seu estômago, e ela afrouxou o aperto. Joguei-a para o lado e chutei sua face. Ela ficou tonta, creio, e eu a levantei pelo cabelo.

– Isso é por todos que você matou – disse eu – Você não é uma máquina. É uma adolescente. Cruel, mas, eu sou uma adversária digna.

Enfiei a faca em seu estômago e sangue saiu de sua boca. Ela começou a cambalear em direção às chamas e eu vi que ela sorria.

– Não pense que isso acabou – disse ela. Então ela se jogou nas chamas.

O ar ficou frio, e tudo escureceu. Houve uma explosão púrpura no local onde ela se jogara, e o fogo se apagou. O sol voltou.

Quase pude escutar o som da aliança se quebrando. Eu consegui. Eu vencera.

O canhão soara.

Lyu estava morta.