A Verdade
Capítulo 21
O corpo de Caroline foi levado à Nova Jersey, onde os seus pais moravam. Eles não autorizaram nossa ida ao funeral então nós não insistimos. Com sua morte, Tyler passou a ser nosso supervisor e uma nova detetive foi contratada. Seu nome era Alanis Parker e tinha uns quarenta e poucos anos.
Na semana seguinte, fui ao médico para fazer alguns exames e o primeiro ultrassom. Stella me acompanhou, pois Flack estava trabalhando. Segundo a médica, eu estava com três meses e o bebê estava bem.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- Anne, posso te fazer uma pergunta? – disse Stella quando saímos do consultório.
- Claro, Stella, pode perguntar.
- Não tem possibilidade de essa criança ser filha do Allan?
- Claro que não Stella! Por Deus. Eu e o Allan não transávamos há meses, nós só começávamos, mas não tínhamos clima pra continuar.
- Que bom. Eu vou voltar para o laboratório.
- Eu vou pra casa fazer algumas coisas. Até amanhã.
- Até amanhã, querida.
- Mande um beijo pra Sophia. Diga a ela que ainda está em pé nossa ida ao teatro ver O Fantasma da Ópera.
- Pode deixar que eu aviso.
Fui para casa e fiz algumas tarefas domésticas. Tomei banho e desci para comer alguma coisa. Depois que comi, fui ler um livro. Fui interrompida pela campainha.
- Deve ser o Don. – disse indo até a porta.
- Como é difícil de te encontrar, pelo amor de Deus!
- Naomi? Quanto tempo! – disse dando um abraço na amiga que eu não via desde o seu casamento. – entre, por favor.
- Eu fui até a sua casa e os vizinhos disseram que você tinha se mudado! Ai me deram o endereço errado. Eu fui parar do outro lado da cidade! Depois eu tive a brilhante ideia de ligar para a casa do seu pai. Ai a sua irmã me deu o endereço certo.
- Faz pouco tempo que eu me mudei. E você? Como está?
- Muito bem. – Naomi havia virado uma estilista muito talentosa.
- Você vai voltar a morar em Nova York?
- Provavelmente. O Sam vai jogar no New York Jets.
- Que legal.
- Anne, desculpa pela pergunta, mas você tá grávida?
- Já dá pra notar?
- Dá sim! Parabéns! O Allan deve estar tão feliz, ele sempre quis ser pai.
- Naomi, eu e o Allan nos separamos.
- Eu não acredito! Vocês dois eram o casal mais perfeito daquela escola!
- Não éramos. Só parecíamos. A vida de casado não é igual a de namorados.
- E o que vocês vão fazer com o bebê?
- O filho não é dele, Naomi.
- Como assim? Você tem outro?
- Foi por acaso. Eu cheguei em casa e encontrei o Allan na minha cama com a Monica.
- Com a Monica? Eu não acredito! Que cretino!
- É... Eu fiquei vulnerável, não sabia o que fazer, ai eu saí, pra beber e bebi demais...
- Quem é o cara?
- É o Flack.
Naomi arregalou os olhos.
- O detetive bonitão de olhos azuis? Você não é boba, hein?
- Eu me sinto bem com ele.
- Você não sente falta do Allan?
- Acho que não. Sei lá, acho que Allan e eu nos precipitamos. Nós nem nos conhecíamos direito e já ficamos noivos. Não estávamos preparados para assumir tal responsabilidade, entende? Éramos muito imaturos.
- Eu acho que você está certa. E ai me conta...
- Te contar o que, Naomi?
- Como que o Flack é...
- Ah, ele é um cara legal, gentil, carinhoso.
- Estou perguntando como ele é na cama, Anne.
- Ah, Naomi! Isso é pergunta que se faça? – eu tinha me esquecido de como Naomi era curiosa.
- Desculpa, mas se eu bem me lembro dele, a cara não engana. Ele deve ser muito safado...
- Chega! Vou fazer um café. – disse desviando o assunto.
- Estou curiosa com uma coisa.
- Sério? – perguntei ironicamente.
- Sério. O Flack não é amigo do seu pai?
- Sim.
- Nossa, ele deve ter ficado louco quando soube. Como vocês contaram?
- Não contamos. Ele viu.
- Como assim ele viu?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- É, ele veio em casa e o Flack tinha dormido aqui.
- Hum... Eu pagava pra ver a cara dele. – disse rindo.
- Não foi legal. Ele começou a “aceitar” a ideia só agora.
- Ele vai acostumar.
- E você e o Sam?
- Estamos bem como sempre. Somos almas gêmeas. Ele é o homem mais maravilhoso que eu conheci na vida, e você sabe que eu já saí com muitos caras.
- Que bom que vocês se reencontraram depois da escola.
- É. Acho que eu não consegui beijar outro cara. Toda vez que eu beijava, pensava no Sam. Até que um dia, o time de futebol americano da Universidade de Massachussetts enfrentou a Universidade de Louisville, a que eu estava e nós nos reencontramos. Naquela noite depois do jogo, juramos um ao outro que nunca mais iríamos nos separar. E nós nos casamos.
- O Sam é um cara sensacional. Você merece um cara assim do seu lado. – nós tomamos café, relembramos o tempo de colégio e ela foi embora. Flack chegou por volta das dez.
- Oi querida. – disse me dando um beijo.
- Oi. Como foi seu dia?
- Duro. E o seu?
- Nada de mais. Eu fui fazer os exames e o ultrassom.
- E ai?
- Está tudo ótimo com o bebê, eu estou de três meses.
- Hum. Tenho certeza que vai ser uma menina.
- Eu acho que vai ser um menino.
- Não iporta. Nós vamos amá-lo da mesma forma.
- Eu não tenho dúvida disso. Lembra-se da Naomi?
- Claro, aquela sua amiga brasileira. O que tem?
- Ela veio aqui hoje.
- Ela não estava na Europa?
- Sim, mas o marido dela foi contratado pelo New York Jets nessa temporada.
- Ah! Espero que ele jogue bem.
- Ele era o melhor quarterback do time do colégio.
- Vamos ver.
Nos sentamos para ver TV. Começou uma forte chuva lá fora. Flack estava quase dormindo quando eu o despertei.
- Don? Acorda.
- O que foi? Algum problema?
- Na verdade, não. Eu tava pensando se você não poderia ir buscar uma coisinha pra mim.
- Que tipo de “coisinha”?
- Eu to com vontade de comer pizza de sardinha com muita mostarda. E uma coca bem grande.
- Eu vou ter que sair nessa chuva?
- Tem uma pizzaria aqui perto. Você não vai querer que o seu filho nasça com cara de pizza, vai?
Flack não conteve a risada.
- Não, querida eu não quero. Eu volto já. – Flack pegou o casaco e saiu. Voltou depois de meia hora.
- Achou?
- Achei. Toma toda sua. – disse me entregando a caixa. Abri rapidamente e peguei um pedaço.
- Você quer?
- Acho que não.
- Tudo bem então.
Eu devo ter comido uns três pedaços e depois corri para o banheiro.
- Você tá legal? – Flack disse encostando no batente da porta.
- Sim. – disse dando descarga. Escovei meus dentes e sai do banheiro. Passei por Flack e ele segurou em meu braço e meu puxou para perto de si.
- Você não tem ideia do quanto você me faz bem, Anne.
- Posso te contar um segredo?
- Claro.
- Você também me faz muito bem, detetive.
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