Passaram-se meses desde o primeiro ataque dos orcs ao Reino Anão de Moria. Thorin mal dormia ou se alimentava, preocupado demais em salvar o Reino, passava a maior parte do tempo elaborando ataques ao exercito de Azog. Levou consigo seus melhores guerreiros, prontos e determinados a recuperar o Reino. Fora uma noite longa quando Thorin fora convocado para a guerra, procurava por todos os cantos papéis, mapas, armas, e nem adeus deu a Lûmia, saiu em disparada e ao chegar ao confronto, viu-se perdido. Centenas de milhares de Orcs, armados com lanças e espadas feitas do mais pesado ferro, armaduras cravadas pelo corpo, dava á eles aparência ameaçadora, dava-lhes poder. Avançaram então em direção ao exército de Thorin, sedentos por sangue e morte, atacaram com toda a força, e em uma chuva de flechas, espadas se chocando, corpos caídos, um exercito perdendo, Thorin em um grito de guerra, ordena que suas tropas se retirem, o pouco que sobrou delas.

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Atormentados pelo exercito de orcs que atacavam sem demonstrar fraqueza, os anões saíram em retirada, deixando para trás os orcs vitoriosos e um mar de corpos mortos.


–THORIN!- gritou Dwalin, à procura do amigo.


– A-aqui!- disse Thorin, fraco demais para gritar alto, andou lentamente ao encontro de Dwalin, com uma flecha cravada no braço.


Dwalin veio correndo, e ajudou Thorin a chegar ao 'acampamento '. Deitaram-no em uma espécie de cama feita de madeira e folhagens, e retiraram a flecha, que por sorte não era envenenada.


– Deixe-o repousar. - Ordenou um dos anões. - Ele precisará de forças para voltar ao Reino, não há mais nada aqui para nós. - disse o anão olhando as poucas dezenas de guerreiros que haviam ali.


Durante a noite, Thorin teve sonhos estranhos. Sombras andavam vagamente ao seu lado, junto a uma nuvem de fumaça que subia para o céu, cobrindo a luz das estrelas, e gritos ecoando pelo vento, o calor tomando conta do ambiente, e um fogo vermelho em chamas impedia a saída das sombras. Thorin tentava em vão escapar do fogo, mas sentia-se tentado a enfrentá-lo, a encontrar o rosto que..


– Thorin! Vamos já está amanhecendo. - disse Dwalin, que olhava curioso, prestando atenção na feição de pânico e desespero de Thorin.

°°°


A manhã se deu rapidamente, aprontaram todos os utensílios e após o nascer do sol, os anões retornaram para a Montanha. Durante o caminho, Thorin observou as vastas paisagens que circundavam Moria, que seria agora um covil do mal. Ali orcs redobrariam suas forças e tampouco esperariam para atacar outros Reinos livres.


– Ora Thorin! Acharemos um jeito de recuperar Moria. - disse Dwalin, ainda olhando para a fumaça que subia ao longe. O cheiro de carne queimada impregnando no ar.


Thorin não respondeu a Dwalin, permaneceu em silêncio durante todo o caminho, e ao chegar à travessia para a Cidade do Lago, Thorin subiu para a encosta da colina, e ali se sentou observando o sol se pôr atrás da Montanha Solitária.

°°°

Ao chegar ao Reino, Dwalin encontrou Lûmia no corredor para o trono do Rei, ao olhar para ela, viu em seu olhar a dúvida de onde estaria Thorin.


– Ele parou na encosta da colina, próximo a Cidade do Lago. - disse Dwalin. Que se aprontou rapidamente para ir ao encontro de Thrór.


Lûmia desejou gritar de raiva, estava proibida de sair do Reino, e sabia que se Thorin havia parado na colina, era porque nada estava bem. Haviam se passado horas desde a chegada de Dwalin, e nenhum sinal de Thorin tivera Lûmia. Angustiada com a espera, foi procurar por Kino, o guarda cidadela, e pediu-lhe para ir atrás de Thorin.


– Minha Senhora, o Rei proibiu-me de sair do palácio, por ter-lhe ajudado da ultima vez. - disse Kino, que não conseguia olhar para Lûmia sem ficar envergonhado.
Lûmia tentou apelar, dizendo que se tratava de uma busca á um membro real, mas Kino alegava que sem a permissão diretamente do Rei, ele não poderia ajuda-la, Lûmia então desistiu de pedir ajuda a Kino, e quando decidiu ir atrás de Thorin, viu ao longe o seu Anão cavalgando em direção ao Reino. Ela foi correndo ao seu encontro, com um sorriso no rosto, depois de tantos dias sem vê-lo.

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–Thorin!- disse ela alegremente, sorrindo para ele.
Thorin, porém apenas olhou para ela, e seguiu em direção à sala do trono, deixando Lûmia sem reação.

Ela então esperou atrás da porta, a saída dele da sala do trono. Conseguia ouvir os bravejos de Thrain e os lamentos de Balin. Reconhecia a voz calma de Thorin, explicando o que havia acontecido em Moria, controlando a raiva de todo o sofrimento vivido. Os conselheiros de Thrór estavam presentes, a maioria dos generais estavam ali, e por um momento Moria fora esquecida pelos anões. Não havia muito a se fazer, com um exército de orcs sitiados na montanha.


– Conversaremos mais sobre Moria, Thorin. Mas de agora, não posso arriscar mais soldados e herdeiros em uma terra que está perdida. - disse Thrór.


Thorin quis dizer algo a respeito, mas foi interrompido por um guarda, decidiu então retirar-se da sala. Ao passar pela porta viu Lûmia, parou e ficou olhando para ela, vendo-a conversar com Balin, esboçou um pequeno sorriso, e ela então virou-se para ele, olhando-o calmamente.


– Senti sua falta. - disse Lûmia. Olhando firmemente em seus olhos.


–Me desculpe por tê-la deixado tão rapidamente, e por não ter lhe cumprimentado quando cheguei. - disse Thorin com o olhar fixo em Lûmia.

Ela então o abraçou, e ele a apertou forte, feliz por estar ali com ela. Andaram um pouco pelo palácio, conversando sobre como fora os dias longe um do outro, e de como havia sido a batalha. Thorin tentou ao máximo não expressar sentimentos de culpas pela perca ou de tristeza pelo Reino de Moria, mas Lûmia o conhecia muito bem, e podia ver como aquilo o estava perturbando.


— Sei que possa parecer errado, mas venha aqui. - disse Lûmia, indicando a porta de seu quarto. - Quero lhe mostrar algo. - disse ela.


Ela então atravessou o quarto, e pegou dentro de um baú, uma velha boneca, e voltando-se para Thorin, colocando –a em suas mãos.


— Oque é isso?- perguntou ele.


— Você uma vez se arriscou para pegar ela por mim, havia caído dentro de uma carroça que estava indo para a Cidade de Vale. E você, mesmo a achando inútil, saltou dos muros, e subiu em um cavalo dez vezes maior que você e a buscou para mim. - disse Lûmia, olhando o sorriso de canto que surgia no rosto de Thorin. - Esta boneca é como Moria meu amor, pode parecer insignificante para você, por não precisar dela sempre, mas não desistiria de buscá-la, pois sabe que salvá-la traria alegria e felicidade á alguém. - disse ela, que estava na janela olhando as luzes do Reino abaixo da sacada.


— Acha que deveria recupera-la de novo? - perguntou Thorin.


— Acho que deveria tentar, não por você, mas pelo seu povo. É isso que esperam de você, que não desista, mas não necessariamente vença sempre. - disse Lûmia voltando-se para ele.


Thorin se aproximou dela, e tocando suavemente seu rosto, desceu os lábios ao encontro dos dela. E a abraçando fortemente, soltaram uma risada de felicidade.


– Você sempre sabe oque dizer. - disse Thorin.


– E quem disse que sou eu quem falou isso?- indagou Lûmia, soltando uma risada. - Balin que me mandou dizer isso, falou que você ouviria a voz da razão. - disse ela. Olhando para Thorin, que começou a rir, junto dela.

°°°

O dia passou rápido, e ao cair da noite, a Casa de Durin, recebeu uma visita. Haviam dois magos na companhia de um rei homem, vieram ao encontro de Thrór, trazer-lhe notícias do mundo a fora, e também conselhos.


— Saúdo o grande Thrór! Rei sob a montanha! - disse o rei homem.


— Salve Thrór! - disseram Saruman e Gandalf juntos.


Thrór cumprimentou os recentes convidados, aproximando-se deles e em um gesto os convidou para juntarem-se a mesa de jantar. Lûmia nunca havia visto magos antes, ela sabia que seu pai fora um grande mago, porém negava suas origens, ainda mais agora que estava junto de Thorin. Ela curvou -se no momento em que Thrór passou por ela, e ao ver os magos ficou olhando para eles, logo em seguida o Rei homem veio ao seu encontro, e a cumprimentou.


– Senhorita Lûmia!- disse o Rei homem.


– Meu senhor!- respondeu ela, fazendo uma pequena reverencia.
Ao voltar-se para Thorin, viu-o conversando com o Rei homem, e ficou ao seu lado, então os magos voltaram para cumprimentá-la.


– Lûmia!- disse Saruman. - Ouvi muito a seu respeito, é uma honra conhecê-la. - disse ele.


– A honra é minha.- disse Lûmia, reverenciando o Grande Mago. Aproximou-se então dela, o outro mago, Gandalf, Mithrandir como era chamado pelos elfos. Ele tinha feições severas, de um alguém que sabia muito sobre a vida, de como lidar com ela, Lûmia sentia que podia aprender muito com ele.


—Minha senhora de Durin.- cumprimentou-a Gandalf.


— Mithrandir. - reverenciou-se Lûmia para ele. Ela ficou a observar seus olhos calmos, acinzentados, e em como ele se dirigia aos outros membros presentes. Sentiu algo diferente ao conhecer Gandalf, algo que talvez mudasse sua vida.
°°°


O jantar fora longo, houve muita comida para os convidados, muita música, e como toda vez, Lûmia e Dwalin dançaram pelo salão, e ao sentar-se como de costume, riam um do outro. Ela podia sentir o olhar de Gandalf em seu encalço, como alguém que esperava que ela se aproximasse.


– Aceita essa dança?- perguntou Thorin. Fazendo cara de bobo.
Lûmia sorriu. Esticou a mão, e dançou junto a Thorin, durante várias músicas. Eles riram, beberam, rodopiaram, e ao pararem, olhares meigos eram lhes lançados. Thorin se sentiu envergonhado, e Lûmia segurou sua mão, fazendo uma careta, que o fez rir.


– Mithrandir ficará por aqui durante muito tempo?- perguntou Balin. Que estava adorando a conversa com os magos, trocando conhecimentos, e lhes garantindo que suas poções contra insônia era infalíveis.


– Ficaremos até o amanhecer, durante a manhã, iremos com Thrór até a Cidade de Vale, e talvez voltemos para a celebração do solstício de outono. - disse Gandalf. Que enquanto por um momento fazia bons modos ao amigo Balin, vigiava a causa de sua ida até a Montanha Solitária.


Lûmia então se aproximou deles, e trazendo um copo de cerveja, o ofereceu a Balin, que não recusou. Sentou-se ao lado de Gandalf, que agora a olhava atentamente, como havia feito durante todos estes anos. Eles começaram a conversar sobre assuntos políticos, e logo sobre causas de morte. Lûmia achava errado, Thrór tê-la impedido de ir a guerra contra os Orcs, era uma de seus melhores guerreiros, e por conta de sua última saída, fora proibida de sair. Gandalf mostrava interesse sobre os acontecimentos que giravam em torno dela, oferecendo-lhe seus conselhos e instruções sobre seus sonhos que ela não se esqueceu de mencionar.

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— A senhora diz, que fugiu em uma noite, mas porque não fora mais longe?- perguntou Gandalf, que assim como Balin queria saber o motivo.


– Não sei responder, sai do Reino, sem nem ao menos saber a direção certa a ser tomada, cavalguei até chegar a Vale e logo depois, atravessei o Lago, mas algo me impediu de passar pela Floresta Negra, uma voz que me dizia para ficar ali e esperar, então o fiz, e Thorin veio. - disse Lûmia, que tentava lembrar-se de seus pensamentos naquela noite.


– Entendo. - disse Gandalf curioso. - Talvez fosse bom que a senhora conhecesse a outros lugares, como Valfenda, Rohan, lugares em que se sentiria livre e poderia ver que são diferentes do mundo aqui dentro. - disse ele.


Lûmia ficou pensativa. Sempre fora um desejo seu desbravar o mundo a fora, ver as maravilhas que haveriam de ter em outras terras, mas sua vida estava certa ali, estava feliz, estava com Thorin.


– Me perdoe Mithrandir, mas meu lugar é aqui. - Disse Lûmia, que levantou-se pedindo licença, e indo se recolher. Passou pelos corredores do palácio, ate a escadaria que dava a seus aposentos, parou, e decidiu então ir a um lugar onde havia se tornado raro em seu cotidiano. Atravessou a escadaria, indo em direção à sala de reuniões, e ao passar por alguns retratos, parou em frente a uma moldura antiga, e ficou a olhar.


Lûmia começou a identificar os detalhes na moldura, uma runa escrita em uma língua que ela não conhecia, no retrato, uma floresta mansa, com grandes árvores, e flores contornando uma belíssima casa, era muito semelhante com as casas élficas, havia grandes aberturas nas laterais, e vidraças que percorriam grande parte da casa. Uma porta repleta de runas escritas estava aberta, e no fundo podia-se notar uma luz, que iluminava uma sombra. Ao lado do casal que entregava o bebê, haviam animais silvestres e uma corrente de água agora suja com um pouco de sangue. A lua estava cheia, e iluminava o casal que estava recebendo a criança, eles eram adornados de joias grandes e brilhantes, e ao longe uma espécie de montanha reluzia junto à lua.


– Mewlor! - disse uma voz calma. Lûmia estava tão concentrada no retrato, que não percebeu Gandalf se aproximando.


– Meu pai. - disse ela, virando-se para Gandalf, seus olhos estavam cheios de lágrimas, algo no retrato trazia-lhe sentimentos de tristeza, que não conseguia controlar.


– Ele era meu amigo. - disse Gandalf, sentando-se ao lado dela em um banco em frente à moldura. - Mewlor foi um grande mago, assim como seu irmão. - disse ele.


– Meu pai teve um irmão? - perguntou-lhe Lûmia, que durante anos, nunca ouvira nada sobre seus pais e agora estava repleta de curiosidade de saber mais sobre eles.


– Os dois magos azuis. Era assim que chamávamo-los. - disse Gandalf. Olhando firmemente para o retrato.


– Conte-me mais sobre eles Mithrandir. -disse Lûmia. - Eu cresci sem nem ao menos saber quem eram eles realmente, todos diziam que era bobagem saber, que deveria me preocupar em aceitar quem eu era agora. - disse ela com uma voz falhada.


Gandalf começou então a falar sobre suas aventuras com os dois magos azuis, e em como eles vieram para a Terra-Média, logo após a criação de Arda. Ele contou-lhe também sobre como era seu pai, e em como ele havia se apaixonado por sua mãe, abdicaram de suas vidas e tradições, para ficarem juntos.


– Eles se amavam. - disse ela sorridente. - Como... eles morreram?- perguntou-lhe Lûmia. Ela estava encantada por toda a vida dos pais, de como eles lutaram para ficarem juntos, dos obstáculos que atravessaram, e por um momento ela desejou ser como eles.

Gandalf a olhou calmamente. - Sabe minha senhora, em suas veias, correm sangue élfico e também sangue como o meu. Seu pai gostaria que você aprendesse sobre quem realmente é que conhecesse seu lado mágico, um lado que você ainda não descobriu que possui. - disse ele. - Eu passei muitos anos ao lado de Mewlor, para saber que há coisas sobre ele, que não gostaria que você soubesse. - disse Gandalf.


– Como coisas que eu não posso saber Mithrandir? - perguntou-lhe Lûmia.


– Coisas minha senhora, que são do passado. E como pedido de seu pai, eu ofereço um desejo dele, de que a senhora estude e aprenda magia. - disse ele.


Lûmia ficou em choque, seu pai havia deixado um ultimo desejo para ela. Ela se sentia repleta de felicidade e ao mesmo tempo medo, ela saberia que certas atitudes, fariam com que ela perdesse Thorin, coisas que ele não entenderia.


– Me perdoe Mithrandir. - disse ela, levantando-se rapidamente. - Eu, não posso, já tenho uma vida aqui, essa sou eu. - disse Lûmia, olhando para o chão.


– Tem certeza, de que essa é realmente a pessoa que quer ser?- perguntou-lhe Gandalf.

Lûmia então parou, e por um momento desejou responder ao mago, mas seguiu em direção à escadaria, pedindo licença a ele, deixando-o a só na sala de retratos.