A Rosa indomável

Lembranças assombrosas


Era domingo, Ellie e Chloe conversavam com Rose no salão comunal da Grifinória sobre a planfetagem do dia anterior em Hogsmeade. Só que a ruiva estava aérea, não estava prestando atenção em nada.

― Aconteceu alguma coisa Rose? Você está diferente – disse Ellie observando as olheiras da amiga.

― Hã? – disse não com a cabeça desviando do olhar delas.

― Desabafe Rose, somos suas amigas – incentivou Chloe.

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Ela suspirou, ainda fazendo não com a cabeça e começou a andar envolta da mesa que estavam sentadas.

― Passei por uma experiência espantosa – Confessou a elas olhando para a janela ao lado – Eu, eu... – suspirou derrotada olhando novamente para elas – Fui agarrada.

Ambas abriram a boca de espanto pelo que ela havia falado. Rose continuou.

― Aquele nojento do Malfoy, ontem na detenção... Me beijou a força.

Chloe olhou sorrindo para Ellie e perguntou a Rose:

― E o que você sentiu?

Rose enfiou o rosto atrás da cortina ao seu lado.

― O absoluto horror!

As amigas se olhavam trocando pequenos sorrisos, tentando não deixar que Rose percebesse.

― Não sentiu... Nem um friozinho na barriga, uma falta de ar?

Rose tirou seu rosto devagar por de trás da cortina e respondeu a pergunta de Ellie.

― Bem... Eu senti um certo arrepio – ela olhou para cima sentindo seus olhos se encherem de lágrimas – Uma vontade louca de chorar... Minha cabeça começou a ficar dormente – respirou fundo com raiva – Até achei que fosse... Fosse desmaiar.

― Rose! – exclamou ela empolgada - Se você sentiu tudo isso, pode estar gostando dele.

A garota olhou com ódio para a amiga diante das palavras que ela havia deixado escapar.

― Eu? Eu Ellie? Que absurdo! Logo você uma feminista de mão cheia me dizendo um absurdo desses. Vem me falar de... de... Amor! – chegou perto da amiga e deu um soco na mesa em frente a ela – Saiba que eu não acredito em amor, é só um sentimento inventado pelos homens para terem as mulheres a seus pés.

― É eu concordo – disse Chloe com medo que a amiga tivesse uma reação pior.

― É que você falou de um jeito que me fez lembrar quando eu saia com o Markus...

― Está enganada, não falei de jeito nenhum! Eu nunca, nunca, nunca ouviu bem? Vou me apaixonar! – gritou sentando-se numa cadeira em frente a ela – Ainda mais por aquele... Aquele Trasgo do Scorpius Malfoy.

Levantando nervosa subiu para o quarto a fim de fugir dos olhares das amigas.

― Mas é claro que elas estão erradas. – Rose deitou em sua cama.

Aquilo que Scorpius Molfoy tinha feito era assédio e se ela quisesse poderia até pedir a expulsão dele, mas Rose não queria que o garoto por mais estúpido que fosse acabasse perdendo o último ano. Em poucos meses estariam livres daquelas paredes e possivelmente de várias outras amarras. E até mesmo o Malfoy merecia se formar. Ela manteria segredo do assédio nojento que sofrera, mas não poderia tolerar mais nenhuma outra atitude que ele resolvesse ter e ela já tinha resolvido à situação.

Rose se lembrou do beijo.

Estavam discutindo como sempre e aquele garoto sem classe e postura começou a irrita-la com aquelas besteiras que falava e continuava a chamando de pétala. Odiava aquele trocadilho só por se chamar Rose. Só de lembrar sentia o arrepio se aproximando novamente de sua pele.

Quando o Malfoy a segurou pela cintura e a beijou energicamente sentiu-se de fato tonta. Estava tendo seu espaço pessoal invadido, seus lábios sendo pressionados pelos lábios dele não era o que Rose esperava. Todos deveriam achar ela uma megera por lutar tanto por seus direitos. Mas ela não era. Enquanto se lembrava do gosto, do cheiro, e do toque dos lábios do sonserino ela percebeu que muito diferente do que possam pensar o ato de beijar alguém não têm relação com o coração, e o dela batia rápido de raiva, mas com o cérebro e todos os impulsos nervosos que ele comandava fazendo com que tantos sentidos ocorressem no mesmo segundo.

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A ruiva empurrou Scorpius para o mais longe possível e gritou com ele.

― Como se atreve a fazer isso?!... – sua raiva era visível, mas também seus olhos perdidos procurando por alguma resposta que aparentemente não existia.

― Lábios tão vermelhos merecem ser beijados. – Malfoy disse mantendo o seu tradicional charme. – Foi como beijar uma rosa.

Ele parecia tão confiante.

― Como ousa?... – Rose estava pronta para ataca-lo. E lembrando-se agora em seu quarto poderia tê-lo enfeitiçado. É uma bruxa e não uma donzela em perigo. Mas no momento nem lembrou-se da possibilidade.

― Não queira negar, posso ouvir seu coração daqui. E ver seu peito subir e descer pela respiração ofegante. – O garoto sorria.

― Meu coração está batendo, mas é de raiva! – ela gritou raivosa quase chorando de ódio – Nunca nenhum homem ousou me tocar, me beijar!

― São todos uns idiotas, pois sua boca é tão macia quanto seu nome – ele deu uma risada, não conseguia disfarçar sua vitória – Confesse que gostou do beijo.

― Parecia que tinha alguma salamandra bailando em minha boca. – Rose cuspiu. – Só sinto nojo.

― Não seja por isso, podemos tentar novamente. – Enquanto Malfoy se aproximava Rose arrancou os tênis e arremessou contra o garoto.

Agora em seu quarto gostaria de ter jogado um vaso. Seria ótimo assistir o objeto se quebrando na cabeça do garoto. Mas se tivesse se lembrado da varinha o estrago seria ainda pior.

Segurou seu travesseiro em sua cama e começou a esfregar em seus lábios tentando tirar o gosto do beijo dele de sua boca, que ainda existia em seus pensamentos.

Por fim começou a rir enquanto imaginava todos os feitiços que poderia jogar contra ele. Suas amigas espiavam pela porta do quarto. Talvez Rose estivesse enlouquecendo. Elas não sabiam, mas tinham a certeza de que Malfoy teria dias terríveis pela frente.

xx

A temível segunda-feira chegou, Lily havia evitado ver Anne durante todo domingo ficando trancada na torre da Corvinal, já que a amiga era Lufana, chorando sua tragédia pessoal e lembrando do beijo inesquecível que havia trocado com o dono dos seus sonhos, a razão de seus suspiros e sua perturbação diária.

Chegou ao grande salão para tomar seu café da manhã e a primeira pessoa que viu ao longe é claro que foi ele. Estava entregando aquele estúpido sorriso perfeito para Anne enquanto comiam juntos e não pode deixar de notar que ele acariciava o dorso da mão da garota por cima da mesa.

Suspirou e sentiu como se uma faca muito afiada estivesse cortando seu coração. Talvez tivesse imaginado o beijo que haviam trocado, talvez sua mente tão criativa tinha criado tudo aquilo, uma pegadinha a si mesma para que vivesse um pouco desse amor que só estava em sua imaginação. Seria tão mais fácil se fosse mentira.

― Você sumiu o domingo inteiro, fiquei preocupado – era Hugo ao seu lado, sempre Hugo, sempre o primeiro a conversar, o primeiro a nota-la.

― É sempre você não é? – perguntou mais a si mesma que para o primo.

― Eu o que?

― Você que sente minha falta, percebe que estou ausente e tenta me resgatar de volta – respondeu cabisbaixa. Não queria se deixar abalar tanto, mas era impossível mentir para todos.

― Você está bem?

― Eu estou péssima – Confessou – Como ele consegue agir tão naturalmente?

― Do que está falando? – Hugo perguntou preocupado.

― Sua irmã é que tem razão, garotos são todos iguais e só fazem é acabar com nós garotas.

― Lily estou ficando preocupado – ele segurou a mão da prima e a arrastou para uma ponta de uma das mesas que ficava impossível a garota observar o novo casal formado em Hogwarts.

― Ele me beijou – disse ao primo finalmente – Ele me beijou, não fui eu que tomei a iniciativa, foi ele e me deixei levar... Não queria, não podia, mas estava nos braços dele e... Eu tentei, juro que tentei resistir, mas...

― Lily o que está falando, você não o beijou – Hugo disse dando um pequeno sorriso torto.

― Queria tanto que fosse mentira, mas não é... E agora ele está com ela ignorando completamente o beijo errado que demos e amando a verdadeira garota de sua vida.

Hugo engoliu em seco, não podia acreditar que aquilo estava acontecendo, e ainda por cima ele ser a única pessoa que enxergava as coisas da maneira certa.

― Comprei todo o estoque de doces para você na “Dedos de mel” – ele colocou uma sacola em cima da mesa – Só escove os dentes depois de comer, meus avós Granger ficariam muito decepcionados se eu ajudasse a estragar sua arcada dentária.

Hugo finalmente conseguira arrancar, nem que fosse bem de leve, um sorriso torto e triste da prima.

― Lily! – Anne apareceu atrás da amiga lhe abraçando pelas costas – Temos tanta coisa para conversar, tanta coisa que preciso lhe contar...

Lily deu um sorriso amarelo a amiga já imaginando o papo animador que teria com ela.

― Pode ser depois das aulas? – perguntou levantando-se da onde estava sentada – Preciso resolver umas coisas antes da aula começar.

― Tá bem – disse Anne meio chateada vendo a amiga distanciar-se de si, nem ao menos a encarando, nem ao menos dizendo tchau.

xx

Primeira aula do dia a Grifinória dividia com a Sonserina. Scorpius assim que viu Rose sentada sozinha no fundo da sala de Defesa contra as artes das trevas, foi logo se acomodando ao seu lado.

Rose suspirou cansada.

― Está parecendo um gnomo de jardim. Uma praga a ser combatida – ela comentou ao garoto.

― Aceito ser sua praga se você me garantir que será meu jardim. Meu jardim de rosas.

Rose suspirou lhe entregando uma careta.

― Suas cantadas estão cada vez mais patéticas.

― Já esqueceu de sábado? – perguntou a ela sorrindo pelo que estava provocando nela.

― Sábado foi um pesadelo.

― Sei que habitei seus pensamentos durante o domingo todo.

Rose tampou seus ouvidos com o dedo indicador.

― Quero te fazer uma pergunta – ele disse olhando para ela a fim que ela entendesse suas palavras – Quer namorar comigo?

Ela abriu a boca espantada e ficou sem palavras míseros segundos.

― Não namorarei você, nem se esse castelo desabar sobre nossas cabeças.

― Ah! Mas esse castelo é bem firme! Não caiu nem no meio da guerra – ele riu percebendo que as orelhas da garota estavam vermelhas – Vamos lá – ele acariciou os ombros dela – Quero te provar que não é um troféu para mim.

― O dia que namorar alguém os Testrálios serão visivelmente os mais belos animais mágicos.

― Weasley e Malfoy querem parar de conversar durante a aula! – o professor repreendeu os dois.

― Nos vemos na detenção – ele sussurrou em seu ouvido fazendo Rose se arrepiar devido a proximidade do garoto repentina. Scorpius foi sentar-se com seus colegas e ela recusou-se a olhar para os lados, imaginando o que os outros alunos estivessem comentando sobre os dois.

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xx

― Anne... Infelizmente preciso confessar algo. – Lily tremia. – Seu namorado beijou-me ontem à noite.

― Como pode fazer isso comigo? Você sempre fora minha melhor amiga.

― Não queria. Talvez eu quisesse, mas eu sinto muito.

― Você é uma amiga horrível! Nunca mais fale comigo.

― Ele te escolheu. Perdoe-me por favor.

― Nunca perdoarei tal gesto.

O reflexo no espelho zombava de uma Lily entristecida. E ela encenava uma cena muito perturbadora. Quando escutou a porta do banheiro se abrindo tentou fingir que estava apenas arrumando os cabelos e não encenando uma peça dramática de “Lily e sua vida amorosa inexistente estrelando Anne” porque nem mesmo quando se trata dela ela poderia ser a protagonista.

― Hei, você está bem? – A menina colocou a mão nos ombros de Lily e se olharam pelo espelho. – Não acha que estamos ficando mais parecidas? Apesar de seus cabelos lisos acho que a cada dia nossas sardas aumentam mais.

Rose Weasley apesar de ser assustadora e mandona conseguia ser uma ótima prima, nas horas vagas em que não tentava mudar o mundo ou queimar meninos vivos. Mas Lily apenas ficou mais triste com aquelas palavras. Ela nunca pareceria com a prima, a ganhadora da lista “garota mais bonita de Hogwarts”, Lily nem tinha entrado para a lista.

― Mais sardas? – Lily tocou o rosto em pânico. Já tinha sardas suficientes.

― Estou brincando sobre as sardas, mas não sobre o resto. – Rose parecia orgulhosa. – Só falta conseguir penetrar essa cabecinha e trazer você para o lado certo.

― Do que está falando? – Lily agora ajeitava o cabelo de verdade.

― Meu esquisito irmão está te esperando do lado de fora do banheiro, ele me contou que você começou a enxergar a realidade sobre o sexo masculino, são as ervas daninhas que destroem tudo por onde passam. – Rose ganhava um brilho peculiar nos olhos quando começava a discursar contra os garotos. – Não que meu pequeno Hugo se encaixe nisso, vejo bem o quanto ele é uma pedra bruta que estou lapidando adequadamente. Quando a garota certa enxergá-lo encontrará um diamante.

― O que? – Lily questionou um pouco confusa. – Achei que era contra romances.

― E sou. – Rose disse convicta. – Contra romances com homens idiotas e imprestáveis, não é o caso de meu adorável irmão. Não quero romance em minha vida. Algumas outras pessoas claramente nasceram para isso, mas apenas e somente com o homem certo.

― Que seria? ― Lily estava começando a sentir vontade de rir.

― Hugo Weasley. – Rose respondeu naturalmente. – Weasley são bons homens. Infelizmente não podemos dizer o mesmo sobre os Potters traíras que enfeitiçam garotas. E não tente defendê-los Lily querida. São criaturas horríveis, você tem sorte de serem apenas irmãos, nunca cairá na conversa fiada deles. Agora poderia atender meu doce irmão e tirá-lo da porta do banheiro. Ele já é esquisito o suficiente.

― Não sei como consegue mudar de prima legal para louca surtada em apenas um segundo. – Lily acabou percebendo que era melhor conversar com o irmão coerente da família e deixou Rose sozinha.

Hugo estava sentado encostado na parede ao lado da porta do banheiro. Parecia rabiscar algo nas folhas em suas mãos, as guardou assim que percebeu Lily o observando.

― Finalmente...

― Olá Hugo – As amigas de Rose se aproximavam do banheiro e Lily entendia porque a prima parecia querer privacidade. – Ellie e Chloe eram as fieis escoteiras de Rose.

― Oi. – Hugo respondeu juntando as coisas. – Rose já está ai dentro.

― Obrigada. – Chloe respondeu abrindo as portas do banheiro.

Lily pode escutar Ellie comentar o quanto o ruivo estava se tornando um belo rapaz.

Quando as meninas entraram visualizaram uma Rose ansiosa que andava de um lado ao outro como se somente movimentando-se conseguisse pensar.

― Chegaram. – a ruiva parecia ter mil pensamentos ao mesmo tempo. – Eu tive uma ideia brilhante, modéstia a parte.

― Rose, você já está arrumando a biblioteca e sem sair aos fins de semana. O que está pensando em aprontar agora? – Ellie parecia realmente preocupada.

― São apenas consequências, eu não me importo com isso. – Rose disse dando de ombros. – É para um bem maior.

― Credo Rose, essa frase me dá arrepios. – Chloe disse tremendo um pouquinho. – Você sabe quem eram as pessoas que usavam isso.

― Gente, estamos em um contexto diferente. – Rose suspirou. – Não se preocupem comigo.

― Nos preocupamos sim. E se for expulsa? É o último ano. – Ellie estava certa.

― Meninas, tudo bem. – Rose percebeu que realmente estavam no limite, poucas pessoas conseguem lidar com o último ano e mudanças radicais. – O plano é seguro e não terá consequências.

― Fala logo...

― Vocês vão ajudar Nancy. – Rose decretou.

― O que? – As meninas não podiam acreditar naquilo.

― Vão ser meus olhos naquelas reuniões. Infiltradas. Ela jamais permitiria que eu entrasse ou fizesse parte de seus planos. Não gosto de ficar chantageando Alvo, mas preciso saber o que pretendem fazer.

― Você quer usar a gente? – Chloe estava um pouco magoada.

― Não usar. Quero que façam o que eu nunca poderei. Entrei para o clube deles, saibam o que querem. E me ajudem a mudar toda essa organização ultrapassada que Hogwarts insiste em usar. – Rose juntou as mãos. – Por favor! Pela causa.

Talvez se no momento em que convenceu as amigas Rose soubesse o que poderia acontecer tivesse mudado de ideia. Por mais que a causa fosse importante para ela, será que justificaria sacrificar pessoas? Em breve a garota descobriria.

xx

― Segunda vez que te vejo escrevendo – disse Lily sentando-se ao lado do primo no corredor do banheiro feminino. – Está pensando em escrever um livro ou...

― Gosto de escrever cartas de vez em quando – ele confessou.

― Você escreve? Não sabia.

― Há muitas coisas que você não sabe – disse virando seu rosto para ela. Notou os olhos vermelhos dela, sua feição triste, não conseguiu se controlar e acariciou a bochecha dela com seu polegar – Sei, por exemplo, que sua tristeza é errada. E que esse nariz vermelho fica uma gracinha em você.

Lily suspirou e tirou a mão dele de seu rosto gentilmente.

― Você não pode saber disso. – Lily suspirou. ― Nunca se apaixonou.

― Quem disse que não estou apaixonado? – ele lhe deu um sorriso torto.

Pela primeira vez ela o encarou na conversa.

― Sério? Por quem?

― Pela garota mais bonita desse castelo, não só fisicamente, mas por dentro, o coração dela é o mais generoso, o mais belo de qualquer garota que já passou por mim.

Ela abriu um sorriso sincero a ele pela primeira vez. Pressionou seus dedos no ombro dele lhe dando um leve beliscão.

― Nunca te vi romântico assim, é claro eu só falo de mim, nunca pergunto sobre você.

― Gosto de falar sobre você – ele deu de ombros desviando do olhar dela. – e não sou muito de falar sobre mim.

― Precisa falar que gosta dela, alguém tem que ser feliz em um relacionamento, sua irmã acabou de falar que está te lapidando para uma garota sortuda e uma das amigas dela constatou que você está se tornando um belo rapaz – ela segurou firme as duas mãos dele – Precisa se confessar.

― Seria perfeito se não fosse um problema.

A prima lhe interrogou por sua feição.

― Ela é apaixonada por outro.

— Ah não... – Lily suspirou chateada – A mesma tragédia que vivo. E se você começasse a se corresponder por cartas com ela, como um admirador secreto? Talvez ela esqueça esse outro cara.

― De certa forma já faço isso, mas ela só pensa no outro.

Lily balançou negativamente sua cabeça e enrugou sua testa tentando pensar em outra solução.

― Eu preciso te confessar uma coisa – Hugo disse corajosamente –Eu beijei ela.

A prima arregalou os olhos e lhe entregou um sorriso sincero.

― Só que ela só pensou no outro enquanto me beijava.

Lily automaticamente se mostrou triste novamente.

― Ah Hugo – ela lhe abraçou – Eu sinto muito.

― Tudo bem, o importante é que consigo ficar perto dela. Pra mim já é o suficiente.

Lily saiu do abraço o encarou bagunçando os cabelos dele.

― Rose tem razão, ela está te lapidando perfeitamente.

Estar tão perto dela lhe aquecia o coração, mas ao mesmo tempo fazia se sentir culpado por tudo.

― Vamos jantar – ela segurou sua mão e o puxou para se levantar do chão. Fazendo-o esquecer momentaneamente do turbilhão de problemas em que estava se metendo. – E depois até te dou um dos doces que você comprou pra mim.