CAPÍTULO 15

QUEIMA DE ARQUIVO

—Como isso é possível? – perguntou Hermione – Lucius Malfoy não estava sob vigilância severa em Azkaban, justamente para evitar que algo assim acontecesse?

—Sim, estava. – disse Borges – Mas parece que a infiltração desse grupo era maior do que todos imaginavam. Aliás, Draco, seu pai fuma ou fumava?

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—Sim, cachimbo, mas estava deixando. – disse Draco – Principalmente depois que mostrei a ele algumas imagens de lesões cancerosas de boca e garganta relacionadas ao tabagismo, que encontrei na Internet.

—Terei entendido errado? – perguntou Harry.

—Não, Harry. – disse Draco, meio sem jeito – Temos um computador em Wiltshire. Lógico que era um segredo entre ele e eu, nem mesmo minha mãe soube, até que você destruiu Voldemort. Só depois daquilo que eu contei a ela. E meu pai nunca teve muita desenvoltura com eletrodomésticos e eletroeletrônicos, como eu já havia dito. Para ele aprender a lidar com o computador, eu tive que ensiná-lo. Ele mesmo dizia que era um “analfabyte”.

—Se alguém mais soubesse... – deixei a frase na metade.

—... Voldemort, tia Bella ou qualquer Death Eater não pensaria duas vezes em me lançar uma “Avada Kedavra”, com um sorriso nos lábios. – disse Draco, completando meu raciocínio _ O computador está em uma câmara secreta, no subterrâneo da Malfoy Manor, escondido de um jeito que nem mesmo Voldemort seria capaz de descobrir.

—Faço ideia. – disse Pansy – Aliás, isso não tem relação com tipo, alguns “sumiços” seus, quando ia a Londres?

—Me pegou. – ele concordou – Eu sempre dava um jeito de driblar a vigilância dos guarda-costas e dava uma fugida até uma LAN-House bem discreta. Mas por que a pergunta, Prof. Borges?

—A causa da morte foi apontada como IAM, infarto agudo do miocárdio, mas não me convenceu. – disse o Auror – Principalmente porque tive acesso aos exames de Lucius, logo que foi encarcerado. E todos davam um bom resultado.

—Ou seja, nada que indicasse um problema cardíaco, nenhuma predisposição a infarto, não é? – perguntei – E não havia nada de estranho na cela, nada que destoasse ou não se encaixasse no quadro?

—Bom aluno. – disse Borges – Levou a sério as instruções de Análise Situacional. Sim, o cachimbo estava no chão, próximo à mão direita, ainda quente. Até aí tudo bem, pois Lucius era destro.

—E o que não se encaixava, Prof. Borges? – perguntou Rony.

—Uma secreção na boca de Lucius, que combinava com uma gota na boquilha do cachimbo. Recolhi uma amostra da boquilha, outra da boca de Lucius e coletei sangue. O que encontrei me colocou em alerta e confirmou minha suspeita de assassinato, devido a uma hipótese que Mundungus Fletcher havia levantado, a de que Lucius sabia mais do que dissera no depoimento.

—E o que o senhor encontrou? – perguntou Hermione.

Sulfato de Nicotina. Uma concentração altíssima, seguramente letal, adicionada de uma certa quantidade de Estricnina, a perfeita conjunção para uma parada cardíaca súbita, tipo um infarto fulminante.

—Mas que não seria procurada. – comentei, complementando o raciocínio do professor – Quem procuraria Nicotina no corpo de um tabagista? “Batizaram” o tabaco e só esperaram que Lucius tivesse a parada.

—Exatamente, Kadu. – disse Neville – O assassinato perfeito, exceto se a pessoa atentar para os detalhes e estabelecer uma linha de raciocínio. Uma magistral “queima de arquivo”, a não ser que... Draco, quem mais tinha acesso ao computador da Malfoy Manor, além de você?

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—Só eu e meu pai, Neville... espere aí, você acha que...

—Não diga mais nada Draco. “ABBAFFIATTO”. Pronto, agora sim, estamos seguros. – meu Feitiço, associado aos que Hermione, Borges e Harry lançaram, garantiram a privacidade de que necessitávamos – Há uma grande chance de seu pai ter deixado alguma informação importante no computador.

—E, quem sabe, com um backup em alguma outra mídia removível, tipo um disquete? – questionou Astoria Greengrass, diante das caras espantadas de todos nós – Ei, Draco não é o único que sabe algo de Informática.

—Concordo – disse – E acrescento ainda mais. Há mídias removíveis que surgiram mais recentemente e que possuem uma maior capacidade de armazenamento.

—Já as vi. – disse Hermione – Existem os cartões de memória, chamados “Micro SD” e as “flash-drives” ou “pen-drives”, não é, Kadu?

—Exatamente. – concordei – E acredito que você deverá prestar muita atenção à sua correspondência, Draco.

—Acha que podem querer interceptá-la, para saberem se meu pai não deixou nada para mim, tipo, algum dossiê ou pistas para documentos escondidos?

—Há uma grande possibilidade, Draco. – disse Borges – Mas Lucius não mandaria uma pen-drive via coruja, seria óbvio demais e fácil para que alguém interceptasse e destruísse a mídia.

—Mas poderia ocorrer o seguinte, professor. – disse Harry, com uma expressão pensativa no rosto – Lucius era muito inteligente e saberia como driblar uma vigilância. Ele podia, inclusive, já ter mandado instruções a Draco, de forma cifrada, sobre como acessar quaisquer possíveis informações. Draco, você costuma descartar frequentemente sua correspondência?

—Não, na verdade eu não descarto. Gosto de reler as cartas de minha mãe e as de amigos, já que não tenho muitos. E, desde que meu pai foi detido, ele passou a me mandar mais cartas, inclusive de Azkaban, em uma quantidade até um pouco maior que antes. Os Aurores não encontraram nada de suspeito nos textos, então permitiam a postagem. – respondeu Draco.

—Então vamos para o castelo. – disse Borges, segurando um cinto de couro, na verdade uma Chave de Portal de curta distância – Segurem-se em mim.

O professor acionou a Chave de Portal e rodopiamos para o Gabinete da Diretora. Aparecemos à frente dela, que se espantou.

—Por que vocês vieram de Chave de Portal? Bem, eu já esperava que vocês viessem rapidamente, com a notícia da morte de Lucius por infarto agudo do miocárdio. – disse ela – Mas não tanto assim.

—Julguei melhor que Draco não fosse visto entrando pela porta da frente, Diretora. – disse Borges – Ainda mais que todos nós tivemos que neutralizar alguns bruxos das Trevas, na periferia de Hogsmeade.

—O quê?! – admirou-se a Diretora – Como assim?

—Fomos atacados por um grupo de bandidos, quando estávamos retornando de Hogsmeade, Diretora. – disse Astoria – Nos viramos o melhor que pudemos, até que um deles apontou uma pistola para Kadu.

—Uma arma de fogo? – Minerva estava perplexa – Que tipo de bruxo faria isso?

—Bem, bruxos das Trevas são capazes de tudo, até mesmo apelar para armas de fogo, se elas estiverem disponíveis. – disse Borges – Mas nem chegou a utilizá-la, pois a Srta. Weasley e eu a transformamos em pó, com um Feitiço Reducto.

—Estão ficando cada vez mais atrevidos. – disse Pansy – até agora eles usavam apenas armas brancas, como alternativa a feitiços.

—Mas por que eles os atacariam? – perguntou a Diretora.

—Parece que a morte de Lucius não foi algo assim tão simples, Diretora. – disse Hermione – E o infarto foi cuidadosamente planejado.

—Merlin! Acho que teremos que chamá-lo. – disse Minerva.

—Chamar quem, Diretora? – perguntou Astoria.

—Bem, parece que teremos que partilhar o segredo com as jovens senhoritas Parkinson e Greengrass. – disse Borges, enquanto a Diretora retornava com o livro.

Assim que o livro foi aberto, a figura de Snape apareceu diante das duas perplexas bruxinhas.

—Srta. Parkinson? Srta. Greengrass? Se a Diretora permitiu que tomassem conhecimento do livro, quer dizer que passaram por algum tipo de perigo.

—Com certeza, Severo. – disse Minerva – As duas quase foram mortas por “Anti-Techs”.

—Simples descontentes não chegariam a tanto. – disse Severo Snape, pensativo – A não ser que grande parte do movimento contra a Tecnomagia ou mesmo sua quase totalidade tenha sido infiltrada...

—... E esteja servindo de fachada para uma nova ascensão da Ordem das Trevas, sob uma nova liderança? – perguntou Pansy.

—Certamente. – concordou Snape – Pansy, Astoria, como vocês já estão bem envolvidas, acho importante que saibam da verdade.

—Como assim? – perguntou Astoria e Minerva respondeu.

—O que vamos lhes dizer é confidencial, mas tudo indica que poderemos confiar em vocês, pois quase perderam suas vidas apenas por estarem em companhia daqueles que sabem.

—Não se preocupe, Diretora. – eu disse e Borges concordou – Eu e o Prof. Borges estivemos sondando o Ki delas e descobrimos que Pansy Parkinson e Astoria Greengrass têm boa índole e são contra as Trevas. Podemos confiar nelas.

Ki? – perguntou Pansy – O que é isso?

—É a energia espiritual da pessoa, pessoal e individual. Através dela, podemos descobrir muitas coisas sobre alguém. – expliquei – É como uma impressão digital energética e nós nos certificamos de que podemos confiar em vocês duas, embora no seu caso, Pansy, eu já soubesse, mesmo sem sondar seu Ki.

Pansy corou levemente, enquanto todos sorriam. Então, nós as colocávamos a par dos acontecimentos, com a ajuda da memória do Prof. Snape.

—Mas é muita coisa para digerir. – disse Pansy.

—Sem dúvida. – concordou Astoria – Lord Voldemort tendo um descendente, um remanescente da Batalha de Hogwarts sendo um elemento de alto escalão em um movimento para reerguer a Ordem das Trevas...

—Sem contar que agora viramos alvos. – comentei – Bem, eu já era, pelo fato do meu pai estar trabalhando com o Ministério. Agora teremos que descobrir o fio dessa meada, para nossa própria segurança.

—Você disse que guarda suas cartas, Draco. – disse Harry – Onde?

—No meu malão. – respondeu Draco – Tenho uma bolsa com Feitiços de Ampliação Interna, na qual eu as guardo. Vamos buscá-las e verificar se meu pai codificou alguma informação.

Draco foi até a Sala Comunal da Sonserina, acompanhado de Pansy. Logo os dois retornavam com uma bolsa, da qual Draco retirou uma grande quantidade de cartas, boa parte delas da parte de Lucius, mesmo antes da morte de Dumbledore.

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Começamos a ler as cartas e constatamos que seu teor mudava, com a passagem do tempo. Antes do término do quinto ano, as cartas de Lucius Malfoy apresentavam um tom do estereótipo da arrogância Sonserina, associada ao esnobismo esperado de um Malfoy, fato notado até pelas outras vinte e sete famílias de sangue puro. Depois dos eventos da Batalha do Ministério, as cartas deixavam perceber, no início, um fundo de rancor e desejo de vingança, mas depois de alguns meses, a raiva dava lugar a um certo conformismo com a provável irreversibilidade da situação e havia uma frequência de palavras como “cautela”, “atenção”, “destino” e “consequências”.

—Interessante, mas parece haver uma conotação de advertência nas cartas do seu sexto ano – comentou Harry – Como se ele estivesse avisando que algo iria acontecer.

—Talvez fosse sobre a missão que Voldemort me obrigou a desempenhar, consertar a peça do par do Armário Sumidouro e assim franquear a entrada do grupo que invadiu Hogwarts, contornando a barreira que impedia a entrada de bruxos e criaturas das Trevas. – disse Draco.

—Lembro de ter ouvido uma conversa entre você e o Prof. Snape, na qual mencionavam um Voto Perpétuo. – comentou Harry;

—É verdade, Sr. Potter. – disse Snape – Eu o fiz com Narcisa, assumindo o compromisso de proteger Draco e, se ele não conseguisse cumprir a missão de matar Dumbledore, eu o faria. Só que ninguém sabia que Dumbledore já havia me dado ordens para matá-lo, a fim de evitar que a Varinha das Varinhas acabasse por escolher Voldemort.

—Sim, o senhor o matou com a minha varinha, que depois foi conquistada por Harry, na Malfoy Manor. – recordou-se Draco – Agora nos resta descobrir que tipo de cifra meu pai pode ter ocultado nas cartas.

—Bem, há algumas cartas do ano passado, datadas de depois do Sr. Malfoy ter sido retirado de Azkaban. – disse Hermione.

—Talvez porque houve períodos nos quais Draco se ausentou de Hogwarts e foi para casa. – comentou Gina – Não haveria muitos motivos para correspondência, até para não chamar a atenção de Voldemort.

—Pode ser. – disse Luna, pensativa – Mas, e se Lucius Malfoy ocultou a cifra em outro objeto?

—Quer dizer, um acessório? – perguntou Neville.

—Mas que cabeça a minha! – exclamou Draco – Meu pai me deu este relógio e esta caneta-tinteiro de presente, antes de eu retornar para Hogwarts. Isso foi logo depois de vocês fugirem da Malfoy Manor. E ele disse algo que na hora pareceu meio sem sentido, mas que agora estou começando a entender.

—E o que foi, Sr. Malfoy? – perguntou Borges.

—Ele disse “A maior parte das pessoas nada vê, mas quem tem olhos para ver, perceberá mais do que o passar das horas”.

—Muito interessante. – disse Borges – Me deixe ver o relógio.

Draco tirou o relógio do pulso, um Rolex GMT automático com pulseira de aço e Borges começou a examiná-lo. Ao verificar o fundo, o loiro chamou a atenção para um detalhe.

—Professor Borges, Parece haver um glifo na pulseira, perto do fecho.

—Eu não vejo nada. Isso significa que pode ser...

—... Um Feitiço “Somente Para os Seus Olhos”? – arrisquei um palpite.

—Exato. Se só você vê o glifo, Draco, deve ser isso. Aperte-o.

Draco apertou de leve o glifo, que estava em uma posição na qual não seria apertado acidentalmente. Em um instante, a lente se destacou e a caneta no seu bolso começou a vibrar.

—Gente, ela está me perguntando a palavra-chave.

—Parece que também tem um “Somente Para os Seus Ouvidos” A palavra-chave vai permitir que se use a lente para decifrar o código. – disse Borges.

—Só que eu não faço ideia de qual seja a palavra. – disse Draco.

—Me deixe ver sua caneta, Draco. – disse Hermione, enquanto o loiro tirava a caneta do bolso e passava para ela.

Ao ver o modelo da caneta, Hermione arregalou os olhos. Era um exemplar do primeiro modelo criado por George Safford Parker, em 1888. Mas aquilo ainda não era tudo, no corpo da caneta, estava gravado o nome do seu proprietário original.

JULES VERNE.

Aquilo acendeu uma luz na mente da jovem bruxa e ela sorriu.

—Alguma ideia, Mione? – perguntou Rony.

—Sim, Rony. – disse ela – Draco, eu sei qual a palavra-chave.

—E qual é, Hermione?

—Bem, veja o nome do primeiro proprietário da caneta.

—Merlin! – exclamou o loiro – Se é uma cifra e a caneta pertenceu a Jules Verne, a palavra-chave só pode ser...

SAKNUSSEM!— todos exclamamos, ao mesmo tempo, enquanto a lente do Rolex brilhava, confirmando a descoberta.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.