CAPÍTULO 7

JUSTIFICATIVAS

A dor que fizera com que Whigfield soltasse a varinha não fora por acaso. Uma pressão entre o polegar e o indicador, atingindo feixes nervosos, havia feito o serviço. Causada por uma precisa pinça de MEU polegar e indicador.

—Chega de fazer besteira, Whigfield. – disse – Está querendo arrumar encrenca para a nossa Casa, antes mesmo das aulas começarem?

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—O que você fez, Gaúcho? – perguntou Whigfield, massageando o local atingido por mim – Minha mão está dormente!

—Bem, você escolhe, seu sem-noção. Te salvei de se complicar com a Diretora ou mesmo com o Ministério, evitando que enfeitiçasse um colega, só para começar. Ou então, te atingi com força mínima e te dei a chance de se mandar. Aconselho que aproveite.

—Qual é, Gaúcho? – perguntou Frakes – Você chegou à Grã-Bretanha há pouco e não faz a menor ideia de quem são Draco Malfoy e seu pai. Além de sonserino e filho de um Death Eater, estava seguindo o mesmo caminho do pai.

—Faço mais do que imagina, Frakes. – disse – Acha que eu não teria estudado os acontecimentos recentes, antes de vir para cá? Além disso, não podem culpar Draco pelas coisas que o pai dele fez.

—E as coisas que ELE fez? – perguntou Whigfield – Todos os anos perseguindo e tentando prejudicar Harry Potter? As tentativas de matar Dumbledore no seu sexto ano, que culminaram na invasão de Hogwarts por Death Eaters, que ele facilitou e na morte do Diretor? Isso tudo não conta?

—E vocês acreditam que ele fez tudo isso somente porque quis? Acham que Voldemort (e segurei o riso ao vê-los tremerem como varas verdes) não manteve a mãe dele sob ameaça? Ou que não seria possível alguém dar um fim em Lucius lá em Azkaban, caso a ordem fosse dada?

—Defendendo essa lombriga oxigenada? – perguntou Goyle – Meu pai morreu, servindo sob as ordens de Lucius Malfoy. Eu e Vincent Crabbe fomos tratados como dois retardados por anos a fio, servindo de guarda-costas desse playboyzinho mimado e agora Vince está morto. Eu deveria acertar você, junto com ele.

Como que sublinhando suas palavras, Gregory Goyle avançou para mim e tentou me atingir, com um soco de sua mão direita enorme.

—Lento. – eu disse – Lento e previsível.

Desviei do caminho do soco e dei uma leve pancada no seu cotovelo com o nó do dedo médio. O braço ficou dormente na hora.

—Peste de índio grifinório. – esbravejou Goyle – O que você fez comigo?

—Vai com calma, grandalhão. O braço vai voltar ao normal, daqui a uns trinta minutos. Bem, voltando ao mais importante, se Harry Potter, a pessoa que mais teria motivos para querer ver Draco e Lucius Malfoy fritos em um caldeirão de óleo fervente, prestou depoimento favorável a Lucius durante o seu julgamento, no Ministério, quem são vocês ou qualquer um de nós para emitir um parecer sobre isso?

—Como é que você sabe disso? – perguntou Frakes.

—Eu estava lá, no Ministério. – expliquei – Não assisti ao julgamento, mas ver Narcisa Malfoy agradecer a Harry pelo depoimento favorável e depois ver Lucius aconselhando Draco para não seguir seus passos, já me deu bases suficientes para formar o quadro. Além disso, nenhum de nós tem o poder de julgar, há gente competente para isso. Vamos dispersar ou todo mundo se complica.

O grupo foi se desfazendo, antes que a Diretora chegasse. Então, me aproximei de Draco Malfoy.

—Com licença, Malfoy. Posso ajudar em algo? – perguntei.

—Obrigado. Acreditar em mim já é o bastante. – disse ele, em nada lembrando o bruxo arrogante do qual me haviam falado – Agora me lembro, vi você de relance, lá no Ministério.

—Ao menos me permita dar um jeito no que eles fizeram com você. Não se preocupe, minha mãe era Medi-Bruxa. “Sacculum glaciem”. “Reducio edema”. “Cautherium”. “Hemostatikós”. _ conjurei um saco de gelo, desinchei o lábio de Draco e estanquei o sangramento, fechando o corte _ Deve resolver.

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—Valeu... Kapplebaum, é o seu nome, não é?

—Sim. Mas pode me chamar de “Kadu”, pois meu nome é “Carlos Eduardo”. Ou de “Gaúcho”, que é como o pessoal começou a me chamar por aqui.

Draco seguiu em direção à Sala Comunal da Sonserina e Harry se aproximou, com o resto da turma.

—Ajudou o Malfoy, sem ao menos conhecê-lo? – perguntou Rony.

—Sim, Rony. Não suporto covardia e se quatro contra um não for isso, não sei o que mais poderia ser.

—Mesmo com a fama do cara? – perguntou Neville.

—Como eu disse, ele certamente foi bastante coagido. Imaginem, ter a mãe sob constante risco de vida. Ninguém merece isso.

—Concordo com você, Kadu. – disse Harry.

—Como é?! – espantaram-se os outros.

—Eu jamais disse tudo a ninguém mas, naquela noite, quando Snape matou Dumbledore usando a varinha de Draco eu estava lá. Dumbledore me paralisou por baixo da Capa de Invisibilidade e eu testemunhei todo o ocorrido. O Feitiço Paralisante só perdeu o efeito depois que Dumbledore morreu. Draco foi obrigado a franquear a entrada dos Death Eaters em Hogwarts, mas quando encurralou Dumbledore na torre onde havíamos pousado as vassouras, hesitou, não conseguiu matá-lo e foi Snape quem executou tudo. Depois eu soube que o próprio Dumbledore havia determinado que ele o fizesse, pois o contato com a Horcrux sem as devidas precauções havia liberado uma maldição que o estava matando. Dumbledore não duraria muito tempo além daquela noite. E a própria Narcisa me contou que ela e Snape fizeram um Voto Perpétuo e que Bellatrix atuou como fiadora, isso eu cheguei a lhes contar, pois acabei ouvindo o próprio Snape dizer isso a Draco.

—Ou seja, se Snape não matasse Dumbledore... – eu comentei.

—... Ele certamente acabaria morrendo, devido à maldição que protegia a Horcrux, pois ela já estava adiantada e logo se espalharia pelo resto do corpo dele, mesmo com o Feitiço de Contenção que Snape colocou, para protegê-lo da progressão da Maldição da Horcrux. – disse Hermione, com um ar pensativo – E Snape também acabaria morrendo, por quebrar o Voto Perpétuo.

—Mudando de assunto, Kadu, você incapacitou Whigfield e Goyle com a maior facilidade. - disse Gina – Como você fez isso?

—Treinamento, Gina. Defesa Pessoal, que aprendemos lá no Brasil. Tudo consiste em saber onde acertar e como acertar. Atingir os pontos sensíveis é uma técnica chamada “ATEMI”. Os golpes com os nós dos dedos têm o nome de “NUKITE” e os executados com as pontas dos dedos chamam-se “CHIN-NA”. Atingindo os feixes neurotendíneos, o membro fica dormente por algum tempo, o suficiente para executar outro ataque. Posso ensinar Defesa Pessoal para vocês, se quiserem, pois acho que será bom aprenderem algo que não é de uso tão comum aos bruxos.

—Como assim, Kadu? – perguntou Luna.

—Nesses últimos dias, lá em Londres, travei conhecimento com alguns ativistas anti-Tecnomagia. A maioria é pacífica, mas alguns podem ser bem radicais e eu não gostaria que vocês não pudessem se defender, caso algum daqueles malucos atacasse um de nós, para tentar atingir nossas famílias.

—Tipo Grover Witham, por exemplo? – ouviu-se uma voz.

—Boa noite, Diretora McGonnagall. – disse Hermione – Quem é esse tal Witham?

—Um Death Eater, que entrou para um dos grupos ativistas mais radicais. O Sr. Kapplebaum já teve contato com ele. Inclusive, ajudou os Aurores no interrogatório. – disse a Diretora.

—Mais técnicas orientais? – perguntou Harry.

—Sim. – confirmei – Ele tinha uma contraindicação ao Veritaserum e eu precisei usar algumas técnicas de controle mental.

Kobudera? – perguntou Hermione – Já li sobre isso.

—E um pouco de Saiminjutsu, também. Não gosto muito de utilizar essas técnicas de invadir e dominar a mente de alguém, mas foi necessário, não havia outro jeito de obter a confissão de Witham. – expliquei, meio sem jeito.

—Realmente, parece algo meio assustador. – disse Rony.

—Embora a guerra contra a Ordem das Trevas tenha terminado, ainda existem perigos, meus jovens. – disse a Diretora – Muitos dos ativistas anti-Tecnomagia podem ser radicais e representar ameaça, como o senhor disse, Sr. Kapplebaum. Bem, agora vão para a Sala Comunal. Amanhã iniciaremos mais um ano letivo.

Na Sala Comunal ainda pudemos relaxar um pouco, sentados nas confortáveis poltronas em frente à lareira e nos conhecermos um pouco mais.

—Então, Kadu, você é de ascendência judaica? E é dos mais ortodoxos, tipo vários que eu já vi de preto, em Londres?

—Não somos dos mais ortodoxos, às vezes nos esquecemos um pouco do Shabbat, mas eu já não gostava muito de carne de porco, mesmo (todos riram). Tive meu Bar-Mitzvah aos treze anos, como qualquer rapaz judeu comum, aliás foram dias bem tristes, pois perdi minha mãe em um atentado terrorista. Ela era Medi-Bruxa e estava atendendo as vítimas da primeira explosão, quando um segundo carro-bomba explodiu.

—Merlin! Acho que eu li alguma coisa nos jornais, fora o que Goldstein me contou! _ disse Hermione.

—Anthony Goldstein? Me falaram dele, naquela época. Alguns parentes dele residem em Tel-Aviv e me disseram que ele estudava em Hogwarts.

—Se foi quando você estava com treze anos, deve ter sido no ano do Torneio Tribruxo, quando Voldemort retornou. _ disse Harry _ Parece que foi há tanto tempo...

—Ele está na Corvinal. _ disse Neville _ Amanhã, na hora do café, poderemos encontrá-lo.

—Legal. – disse – Bem, o sono está pegando. Melhor irmos dormir, para estarmos bem descansados amanhã.

—Boa ideia. – disse Rony, disfarçando um bocejo – Até amanhã.

Depois de escovar os dentes, me deitei e cerrei as cortinas de veludo vermelho (“O ano que tinha tudo para ser tranquilo, parece que vai ser meio agitado. Só até agora, já foram dois atentados e um deles era direcionado especificamente para mim”, pensei).

Mas não existe vitória sem desafio. A Tecnomagia chegou para ficar e caberia a pessoas como meu pai e eu ajudar a Bruxidade a conviver com ela, sem traumas.