– O que vocês... – falou uma voz muito conhecida me trazendo um momentâneo alívio, mas notando a foto na mão do menor, a Cinderela se interrompeu, trocando bruscamente o assunto de sua fala – Que foto é essa? – perguntou ele espreitando os olhos para a fotografia. Fiz sinal para que Pedro a guardasse, mas antes que ele conseguisse, o mais velho tomou-lhe a fotografia e fitou ao menor boquiaberto – Onde você pegou isso? – perguntou ele com sua voz soando muito mais irritante e estridente do que o normal, por causa de um de seus dons.

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– Eu peguei... Do quarto do líder – respondeu Pedro hesitante e com a voz tão baixa que chegava a ser quase inaudível.

– Me entregue as outras – exigiu o mais velho, fazendo-me franzir o cenho confuso. Do que ele estava falando? A reação de Pedro não poderia ser diferente da minha – As fotos – completou Heechul revirando os olhos com desprezo.

– Mas... mas... – começou o menor gaguejando confuso.

Em outro momento, eu o deixaria discutindo com a Cinderela, mas eu estava sendo legal e queria que o mais velho desaparecesse para que eu secretamente tentasse instigar seus poderes, então simplesmente fitei a figura do pequeno ao meu lado e lhe disse:

– Não adianta, ele prevê o futuro esqueceu? E agora que ele já viu que você anda pegando fotos emprestadas, ele vai se concentrar em você, e logo de início te digo, não queria que ele se concentre em você – embora as visões de Heechul não estivessem tão boas quanto antigamente, orientei ao mais novo, recordando-me de quão irritante era ter um vidente em casa, principalmente quando esse vidente fica contra você.

– Tudo bem – respondeu Pedro se dando por vencido mais rápido do que eu esperava, enquanto metia a mão no bolso do uniforme – Mas me respondam, por que não são mais pacíficos como antigamente?

Pacíficos como antigamente? Repeti em um pensamento alto e peguei a foto que o menor me oferecia. Heechul rapidamente se pôs ao meu lado, curioso para saber do que se tratava e automaticamente abri um sorriso largo para a imagem em minhas mãos. O mais velho fez uma careta para reprimir o sorriso que lutava para se formar em seus lábios e se endireitou abraçando a foto de Siwon.

– Olhe bem para mim nessa foto, o animado é o YoungWoon, eu simplesmente queria fugir – disse o mais velho dando de ombros.

– Desde jovem ele era afeminado, olhe para esse cabelo, olhe para essa camiseta rosa, mas não posso negar que eram tempos felizes – disse me deixando abstrair pelas boas lembranças de muitos anos atrás.

– Tempos felizes? – perguntou a Cinderela arqueando uma de suas sobrancelhas para mim.

– Eu era um adolescente descobrindo super poderes, super poderes, você sabe o que é isso para uma criança? O mundo não poderia ser mais feliz para mim e eu finalmente... – me interrompi com um suspiro e balancei a cabeça negativamente, enquanto me erguia da escada – Peça para o Siwon que o ensinei o alfabeto, mas não comente nada sobre a foto, será melhor para o Pedro – disse para Heechul o olhando de cima com tom autoritário e virando-me para o mini maknae, completei antes que os deixasse – E você, não comente nada sobre a foto do Siwon com ninguém e pare de pegar as coisas dos outros sem permissão, isso é muito errado – disse com calma, mas firmeza e dei as costas seguindo em direção a auto-estrada.

– Aonde vai YoungWoon? – perguntou Heechul sério.

– Devo algo ao Pedro – respondi simplesmente com um sorriso maroto e sai correndo em direção a cidade. Minha aceleração era tão surpreendente, que em um piscar de olhos eu já corria livremente pela auto-estrada, ganhando mais e mais velocidade para chegar à zona urbana da capital.

O tempo que passei na cidade foi bem curto, apenas o tempo de comprar algumas garrafas de vodka e doces para o mini maknae. Ao retornar não me surpreendi ao encontrar todos os quatro debruçados sobre a mesa. Heechul e Leeteuk ainda discutiam sobre a empresa que de certa forma ambos comandavam e Siwon estava ensinando ao mais novo o alfabeto coreano. Apenas sorri com a cena e segui para a cozinha com a intenção de esconder os doces da Cinderela, mas a um passo da cozinha, ele mesmo me chamou.

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– O que está aprontando? – perguntou o mais velho espreitando os olhos para mim.

Em segundos a platéia se formou. Pigarreei desconfortavelmente e dei de ombros tentando parecer o mais normal possível.

– Eu? – perguntei alongando bastante a primeira vogal – Se eu fosse aprontar algo, você não veria mesmo – disse dando de ombros novamente e segundos depois me arrependi do que disse.

Assim que completei minhas palavras, Heechul simplesmente paralisou desfazendo qualquer tipo de expressão e entrando em um de seus transes. Senti um pulsar mais forte em meu coração pelo medo de ser descoberto e escutei apenas a voz alta e em câmera lenta de Pedro gritar:

– Corre tio KangIn!

Não pensei duas vezes e sai correndo com tudo para um dos armários. A voz alta e estridente de Heechul foi ouvida mais uma vez, trazendo consigo uma ameaça. É claro que do ângulo no qual me encontrava, não era possível vê-lo, mas dizem que ele saltou sobre a mesa usando de sua telecinese, enquanto esbravejava.

– Você não vai enchê-lo de doces! - nesse momento fechei a prateleira e me virei para o inimigo que entrava furioso na cozinha – O Donghae vai se alimentar de modo saudável, nada de balas, chicletes ou bombons, pode me passar tudo – ordenou ele com sua face levemente inclinada para baixa, deixando-o, junto com seus fios bagunçados e caídos sobre o rosto, de modo muito ameaçador, mas não o suficiente para me intimidar.

– Venha pegar – respondi do modo mais insolente possível e soltei fortemente o braço direito o puxando rapidamente, fazendo-o arder em fogo.

Pedro surgiu na porta, acompanhado de um admirado ‘uau’, mas ignorei completamente sua presença. Um sorriso cínico se abriu em meus lábios diante da repugnância do mais velho, mas ele não demorou a atacar. Ele puxou o ar fortemente para os pulmões e recuou um passo com a perna direita. Formando uma espécie de círculo com as mãos, mas mantendo distante uma da outra, ele as levou para trás tomando um pequeno impulso e lançou as palmas para mim, acompanhando de um forte jato d’água. Recuei pela força da água e sentindo meu corpo enrijecer, juntei as palmas de minhas mãos sob meu peitoral e abaixei a cabeça respirando profundamente. Como eu odiava a hidrocinese e o fato de Heechul conseguir solidificar a água, mas embora eu sentisse a temperatura do meu corpo abaixar por causa do congelamento de toda a água na superfície da minha pele, não me dei por vencido. Quem sorria com presunção agora, era a Cinderela, mas antes que ele pudesse alcançar o armário projetei duas cópias que barram seu caminho.

– Inúteis... – comentou ele em meio a um suspiro alto e balançou a cabeça levemente para a esquerda.

Rapidamente me concentrei em elevar a temperatura do meu corpo o mais rápido possível. Meus braços aos poucos ganharam uma coloração avermelhada, enquanto o gelo cedia à força do fogo. Sem pensar duas vezes Heechul lançou um de seus gritos supersônicos nas minhas criações, que sendo apenas cópias sem nenhum tipo de poder, se encolheram tampando os ouvidos. Ordenei por pensamento que elas retornassem e avancei para Heechul com o punho direito preparado para golpeá-lo. Meus golpes eram verdadeiras estocadas e vinham de todos os lados possíveis, mas Heechul estava o usando o que gosto de chamar de Modo Turbo, embora eu acelerasse a sequência de golpes, sendo impossível para alguém normal detê-los, Heechul conseguia desviar-se de todas as minhas investidas usando plenamente de sua vidência e por mais que eu mudasse a sequência ele sempre previa meu golpe segundos antes e conseguia se desviar de modo anormalmente rápido, mas em um momento de raiva e frustração acendi meu punho direito e desferi um golpe em sua barriga. Ele recuou com um salto para trás, mas sem desistir, abri a palma de mim mão e lancei uma forte labareda de fogo.

Os olhos do mais velho se arregalaram tanto, que consegui por instantes desfazer suas feições coreanas herdadas diretamente de sua mãe, mas meu ataque não teve o efeito desejado. Minha tentativa vaga de tostá-lo foi frustrada por uma parede invisível. No mesmo instante voltei meus olhos semicerrados para Siwon, que assim como Pedro e Leeteuk estava de platéia, encerrando o ataque, mas percebendo o quão surpreso estava ele, passei meus olhos por outra figura que chamava a atenção. Com ambas as palmas das mãos voltadas para frente, estava Pedro. Ele fazia uma careta, enquanto o campo de força tremeluzia a minha frente. Os olhos dos outros também fixaram em Pedro, que sentindo o peso dos olhares recaírem sobre os ombros, simplesmente abaixou os braços acabando com a parede invisível.

– Como você conseguiu? – perguntou o líder sem tirar os olhos da face do menor.

– Eu só queria proteger o Heechul – respondeu o garoto com a voz baixa e controlada.

O afeminado soltou um som semelhante ao ronronar de um gato e abraçou ao menor da forma mais maternal que eu conseguia imaginar.

– Obrigado Donghae – disse ele permanecendo abraçado ao mini maknae por um longo tempo. Notei que timidamente os braços do menor contornaram a cintura de Heechul, sendo impossível não revirar os olhos – Mas não se preocupe comigo – disse a Cinderela soltando-se do menor – Se preocupe em aprender coreano tudo bem? – completou ele abrindo um largo sorriso e afagando os cabelos bagunçados de Pedro.

– Ahn... Tudo bem.

– Agora que a briga acabou podemos voltar para a mesa? Não quero minha casa queimada ou inundada – finalmente o líder se pronunciou. Desconfio que ele não o tenha feito antes, por estar entediado.

– Mas ele comprou um monte de doces para o Donghae – protestou Heechul batendo o pé do piso como uma criança mimada que ele realmente o era.

– Nós só vamos comer de sobremesa, não é verdade tio KangIn? – falou o mais novo fazendo a careta mais fofa de bebê anjo. Apenas não concordei meramente por vingança, se ele se importava com o Heechul, que se resolvesse com ele sozinho.

– Coma a hora que bem entender – respondi dando de ombros e passei por Heechul o empurrando com o ombro. A Cinderela soltou um resmungo baixo, mas não fiquei no térreo para ouvi-lo.

P.O.V - KangIn off


P.O.V - LeeTeuk on

– Qual é o seu problema com as pessoas? – perguntei ao mais novo franzindo o cenho e dei as costas, voltando para a mesa.

Siwon chamou ao mais novo com um gesto de mão, mas ele balançou a cabeça negativamente e saiu correndo atrás de KangIn. Revirar os olhos e bufar foi a menor reação de Heechul ao notar quão dividido o menor estava. O placar devia estar dois a um para KangIn. Voltei para mesa me espreguiçando e sem resistir ao cansaço, cruzei meus braços sobre a madeira e apoiei minha cabeça.

– LeeTeuk hyung – chamou Siwon pedindo um pouco de atenção, enquanto Heechul terminava de arrumar a bagunça que ele e KangIn haviam feito. Apenas grunhi para o dongsaeng, pedindo de modo incompreensivo que ele continuasse – Você não acha que ultimamente andamos parados demais?

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– Parados? – perguntei sem me mover.

– Você sabe, salvar pessoas, salvar incomuns que estão sendo extorquidos, acabar com o mal do mundo e coisas desse tipo.

– Considere-se um pai, as coisas se tornam entediantes e cansativas depois disso – retruquei fazendo uma referência clara ao Pedro, que a propósito, dava muito trabalho, mas não sei se referir a nós quatro como pais do mais novo soava positivo. Ainda mais pensando na possibilidade, de que um dia ele teria a mesma aparência que a nossa, isso se não ficasse com ar de mais velho.

Mas havia algo de diferente em Siwon. Ele não tocará naquele assunto simplesmente por preocupação ou tédio, eu sentia a aflição vibrar por cada fibra de seu corpo. Ele estava incomodado com algo e absorvendo um pouco mais de si em meu simples ato de não me mover, eu conseguia ler o motivo de sua aflição. Ergui minha cabeça apenas o suficiente para ver a face de Siwon e comecei:

– Mais cedo ou mais tarde, vamos descobrir quem... – mas o grito estridente de Heechul, gritando um curto e alto ‘não’, me tirou completamente de minha fala. Passei os olhos para a cozinha e novamente para Siwon que já se levantava da cadeira.

Sem escolhas, segui o mais novo e me deparei com Heechul paralisado e cobrindo a boca com ambas as mãos, enquanto o olhar vagava perdido pelo piso.

– Hyung, você está bem? – perguntou Siwon contornando o corpo de Heechul com os braços em uma tentativa de lhe passar um pouco de segurança, mas eu sentia em seu olhar perdido e assustado, que ele havia visto algo de muito ruim.

– O que aconteceu? – perguntou Pedro entrando ofegante na cozinha, sendo seguido de perto por KangIn.

Heechul moveu os olhos para face de Pedro e voltou para o chão negando sutilmente com a cabeça.

– Está tudo bem – disse ele se afastando calmamente de Siwon – Tenho que voltar cedo para o meu apartamento, então vou começar o jantar. Vamos, saiam todos – completou ele empurrando Siwon em direção a entrada.

Não me atrevi a me mover, simplesmente esperei que ele parasse ao meu lado tentando me tirar do local, para pergunta-lhe diretamente o que estava acontecendo.

– Nada Leeteuk, agora saia – foi tudo o que ele respondeu endurecendo mais ainda seu tom de voz.

Ainda sem acreditar em suas palavras, espreitei os olhos para ele e segui para a sala. Cansado de ler e assinar papeladas relacionadas ao hospital, apenas me afundei no sofá e pressionei o botão de ligar com a força da mente. Siwon que momentaneamente havia voltado para a mesa, caminhou até o sofá e tocou meus ombros se inclinando levemente para mim.

– Eu vou encontrar a Lee Chae-rin – anunciou ele arrancando todo o ar de meus pulmões.

– O que? – perguntei ao mais novo que dava lentos passos para trás, mantendo sua face homogênea.

– Eu não vou ficar aqui parado, esperando que aquele grupo patético nos ataque novamente, eu vou atrás deles – afirmou ele cerrando os punhos com força, finalmente ele demonstrava algo, e era ressentimento e raiva.

– Choi Siwon! – falei repreendendo-o, mas tudo que ele fez foi dar as costas e caminhar para a porta – Você não pode! – esbravejei saltando do sofá, mas ele continuava a me ignorar – Siwon! – chamei uma última vez antes que ele simplesmente esticasse a palma da mão esquerda para mim, me paralisando no mesmo lugar.

– Eu não vou ficar parado – falou o mais novo cerrando a mandíbula com força.

Semicerrei meus olhos para ele exibindo uma carranca irritada, mas ele me manteve em sua telecinese respirando pesadamente enquanto me encarava de volta. Seus olhos se moveram rapidamente para a direita, como se captasse algo no ar e simplesmente me soltou, voltando a caminhar em direção ao carro de Heechul. Se Heechul soubesse daquilo, mas não me movi com esperança que ele fosse desistir, mas tudo que Siwon fez, foi tocar a porta do carro, o destrancando com a telecinese e entrou no veículo. Com seu poder de manipular eletrônicos e a tecnologia em geral, ele apenas tocou o volante com a mão espalmada e o motor rugiu.

– Siwon! – gritei irritado, antes que ele saísse cantando pneu.

Como maknaes eram inconsequentes, pensei bufando baixinho, mas devo concordar que todo aquele período de ócio por qual passávamos, mexia com as nossas cabeças. Contrariado e irritado, deixei a varanda, dobrei meus joelhos e dei impulso para cima, ganhando o céu com velocidade gigantesca. Era perigoso demais deixar Siwon sozinho, mas foi então que notei o céu fechar. As nuvens negras e densas, carregadas de chuva, encobriam sutilmente a cidade e o campo. Estávamos no verão, era muito comum chover, mas logo quando eu seguia Siwon? Sem pensar desistir, continuei a segui-lo por cima das nuvens, mas em dado momento, eu parei completamente perdido. O som alto de um trovão quase explodiu meus tímpanos, me obrigando a voltar para o solo, mas o mais novo havia desaparecido.

A cinco minutos da cidade, voltei a voar baixo, mas não havia sinal de Siwon. A chuva rapidamente começou a cair, molhando-me por inteiro em questão de segundos, mas não me importei, apenas continuei a caminhar a procura de Siwon. Sendo um dia de semana comum, as ruas estavam movimentas por carros, motos e veículos públicos e em um dos cruzamentos, escutei uma voz baixa e feminina chamar por meu nome.

– Park Jung-su... – chamou aquela voz doce e misteriosa que assolava meus ouvidos em meio a uma cantiga antiga.

Girei nos calcanhares intrigado, a tempo de ver o sorriso malicioso de uma jovem que estava inteiramente coberta por um sobretudo com capuz negro. Ela voltou a esconder o rosto no tecido e entrou em uma espécie de corredor. Sem pensar duas vezes, corri em sua direção, entrando por sequência no beco escuro e sem saída, mas a surpresa foi tanta, que recuei alguns passos balbuciando o nome daquela que me sorria.

– Taeyeon...



"eram tempos felizes..."

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