Elli

Páh! - Ouço um barulho alto e acordo assustada, vejo que foi Damon que fez a palhaçada.

— Vai pro inferno - digo bocejando e ele sorri.

— Elli, já está na nossa hora - diz Stefan. Levanto e pego minha bolsa.

— Não vou te dar carona, sua cota de me fazer passar vergonha já ultrapassou o limite.

— E quem foi que disse que eu quero sua carona, Damon?

— Eu te levo Elli - diz Stefan sorrindo.

— Ah, não precisa eu tenho que ir em um lugar antes - eles me encaram - Eu vou voltar pra casa, não se preocupem.

— Elli... Eu te levo, para de show.

— É sério, não quero carona. Eu preciso ir sozinha pra um lugar e não quero guarda costas. Xau.

Saio da sala e entro no elevador. Passo pela recepção e saio do prédio, vou caminhando pelo mesmo caminho que Damon fez para ir ao restaurante hoje no almoço.

Chego lá, as pessoas novamente me olham e então vou atrás do gerente gatinho mas ele me acha primeiro.

— Que bom que você veio! - diz explodindo de felicidade - Falei sobre você com o dono do restaurante, ele vai estar aqui daqui à algumas horas e quer muito te conhecer.

— Então... Quer dizer que eu poderei cantar aqui? Mas olha, eu só posso de noite.

— Ótimo, nós estávamos mesmo precisando de cantores da noite. Você pode se sentar em alguma mesa, quando Klaus chegar eu vou te chamar.

— Tá bom.

Procuro uma mesa mais afastada e me sento.

Permaneço sentada pensando na vida até que um homem alto e loiro dos olhos claros com uma barba rala se senta na mesa. Ele sorri e coloca uma garrafa de vinho em cima da mesa acompanhada de duas taças.
Penso em abrir a boca para xinga-lo mas ele se antecipa.

— Sou Klaus - diz charmoso - O gerente me disse que você é ótima como cantora, que os clientes adoraram você e nossa você tem sorte porque eu estou precisando especialmente de alguém como você para tocar aqui de noite.

— Ahr. Bem, eu topo.

— 100 dólares por noite que tocar.

— Uau! Com certeza eu vou tocar aqui.

— Ótimo - ele enche duas taças com o vinho e me entrega uma - À você.
Pego a taça e fazemos um brinde, logo tomo um gole.

— Pode ficar e jantar o que quiser, cortesia da casa - ele se levanta - Te espero amanhã. Aliás, seu rostinho é muito familiar, mas sei bem que você não é quem eu penso que é.

Imagino que ele esteja falando da tal Katherine, afinal é dela que todos falam, mas não ligo. Continuo sentada na mesa e não consigo não sorrir. Se tudo der certo eu vou juntar um dinheiro e vou para Seattle, só para avisar que estou bem, ver meu irmão e meu padrasto e talvez meus pais.

— Crianças não podem tomar vinho - Damon toma a taça da minha mão e se senta na mesa, Stefan senta ao seu lado.

— O que você está fazendo aqui? - Stefan pergunta.

— O que Vocês estão fazendo aqui?

— A gente te perdeu de vista e então eu pensei que estaria aqui.

— Damon, Stefan. Eu sei me virar sozinha, okay?

— Acontece que você não é maior de idade e está na nossa responsabilidade, não dificulta as coisas.

— Vocês não se importam comigo, vocês só querem que eu esteja viva pra casar com esse panaca. Mas fiquem tranquilos, eu sei me cuidar - levanto da mesa e saio do bar.

Vou andando pelas vielas mais escuras e vazias para que eles não me sigam, nem sei pra onde estou indo e não gosto de sentir que eu estou presa ou que eu pertenço a alguém, é como prender um passarinho em uma gailola.
Sinto que me distanciei do centro então vou para os lugares que contém mais luz. Abraço minha bolsa que vibra por conta do celular e encaro meus sapatos que fazem barulho a medida que piso no chão. Assim caminho até a praça que estive ontem, já consigo me localizar e já sei o caminho de volta pra casa.

Chego no apartamento e quando piso na escada Bonnie aparece com os braços cruzados.

— Onde esteve?

— Arrumando um trampo. E por favor, não me trate como uma criança, eu já sei me virar sozinha e já disse que vou casar com aquele estúpido.

— Você não entende né?

— Não. Não entendo nenhum pouco. Eu não quero ser motivo de preocupação pra ninguém, então por favor não me tratem como se...

— Elli! Ei, não seja egoísta! Nós queremos te ajudar.

— Não vocês não querem. Eu sei que eu só estou aqui pra suprir a falta que vocês tem dela, não sei o que aconteceu com essa tal Katherine mas foi algo que abalou vocês. Eu só estou aqui pra que vocês pensem que ainda podem ter ela com vocês, não é pra me ajudar porque ninguém, nem a pessoa mais humilde nesse mundo ajudaria tanto alguém a ponto de suportar tudo isso. Não precisa mentir pra mim e sério, se eu estiver incomodando ou atrapalhando a sua vida Bonnie, me diz. Não vai ser a primeira pessoa que se cansou de mim - olho para trás e vejo Stefan ao lado de Damon. Ótimo, eles também ouviram.

— Você está certa quando diz que nós queremos você porque você é como ela. Mas você não incomoda, sabe porque? Porque todo esse seu jeito impulsivo é como o dela, e isso faz com que a gente sinta cada vez mais e mais vontade de te ter por perto! Nós não podemos te perder também Elli, você já faz parte da gente pelo pouco tempo que ficou aqui - Diz Bonnie.

— Acontece Elli, que ninguém aqui conseguiu superar. Vai me dizer que você nunca se apegou a ninguém, a ponto de querer viver pra esse alguém?

— Era meu sonho Damon, mas não, eu nunca tive ninguém fixo na minha vida, as pessoas que entraram na minha vida sempre foram passageiras e saíram deixando estragos. Não tentem fingir que eu sou ela porque eu não quero iludir vocês.

— Você tem razão, você jamais vai ser ela e nós nunca iremos tê-la novamente

— Damon sai do apartamento e fecha a porta com força.

Respiro fundo.

— Ainda precisam de mim? Sejam sinceros, não precisa ter pena porque eu já tenho meu plano B.

Meu celular toca e eu atendo.

—-------

Elli! É a April, desculpa estar te ligando a essa hora mas eu estou em uma festa com o Tyler e um amigo dele, vem pra cá! - diz gritando por conta do barulho da música.

Já estou indo, me passa o endereço por mensagem.

Okay.

—-------

Desligo o telefone e encaro eles.

— Eu vou sair - digo e eles me olham feio.

— Onde vai? - ele pergunta

— Vou pra igreja, rezar— Bonnie bufa e Stefan revira os olhos irritado.

— Faça o que você quiser da sua vida - diz Stefan saindo do apartamento.

Engulo seco, respiro fundo e olho para Bonnie que encara seus pés.
Saio do apartamento também mas desço pelas escadas, não quero ter que encontrar com nenhum dos dois.

Pego um táxi que por sorte estava passando na hora do prédio quando sai e ele me leva até o endereço da festa que April me disse. Pago o motorista e vou andando até a entrada da boate.

Assim que entro pago minha entrada e acho Tyler logo de cara.

— Elli! - sinto o cheiro de álcool sair da boca dele que me dá um selinho mas eu não me surpreendo - Vamos na April - ele me guia com a mão nas minhas costas e com a outra segurando um copo que julgo ser de alguma bebida alcoólica até que encontramos April e o carinha loiro do bar do Elijah.

— Elli! - ela me abraça - Esse é o Matt - olho pra ele que sorri.

— Nos conhecemos já April - ele me dá um beijo na bochecha.

— Ah - diz sem graça - Vamos dançar! - ela puxa nossos braços e vamos para a pista de dança que está tocando hardweel.

Começo me balançando um pouco desengonçada, nunca fui de frequentar balada. Tyler entra na minha frente e coloca a mão no meu rosto, ele tenta me beijar mas eu viro o rosto jogando charme. Ele tenta de novo mas eu viro o rosto mais uma vez e vejo de relance Damon dançar com uma loira, olho novamente e confirmo, é ele mesmo.

Sinto meu rosto esquentar, e me lembro o que Bonnie me disse sobre ele não valer nada e vejo que tem razão. Logo Tyler puxa meu rosto mais uma vez e então eu empurro ele e saio andando pela multidão dançante. Olho para o lado e vejo Stefan bebericando alguma coisa, ele também me olha mas nada diz.

Damon logo aparece ao seu lado também com uma bebida e também me encara, finjo que não os conheço e quando estou prestes a sair Matt aparece na minha frente.

— Oi Elli - diz sorrindo - Fiquei de vela lá e decidi vir atrás de você.

— Ah - dou um sorriso - Não esperava os dois juntos mas né... - dou de ombros.

— Aqui tá alto né? Vamos pra outro lugar.

— Vamos! - digo e então vou seguindo ele até a parte da boate onde a música não é alta e tem muita gente conversando. Fiquei com Matt por bastante tempo lá. Conversamos bastante apesar do barulho e de todo o resto. Foi bem legal, Matt é um bom rapaz. Eram quase três da manhã e então decidi ir embora e ele se ofereceu para me deixar em casa.

Estávamos saindo de lá e Matt estava com os braços passados no meu ombro, acabou que nós nos aproximamos em pouquíssimo tempo e também bebemos um pouco. Matt destravou a camionete dele e então, quando menos percebi, Damon e Stefan estavam passando do nosso lado.

— Ela vai começar a pagar de adolescente irresponsável irmãozinho. Deixa ela - Damon me provocou rindo da minha cara.

— Sempre soube me cuidar e vocês não tem responsabilidade nenhuma comigo, cuidem de suas vidas - entro no carro e bato a porta bufando.

— Tudo bem? - pergunta Matt com cara de "o que foi isso?"

— Sim. Vamos? - ele sorri e então faz o caminho que indico até a casa de Bonnie.