A Prima Piriguete

Carne nova


— Ai, essas primas do interior fazem merda, depois as tias mandam para cá para a gente consertar! - Gracejou Luana - Eu acho que elas ficam muito piriguetes porque lá quase não tem homem, então quando encontram um elas caem em cima!

Mas tanto Luana quanto Paulo já estavam se conformando com a ideia de que a casa tinha uma nova moradora. Luana não gostava muito de Carla, e a tinha na conta apenas de alguém que estava lá para fazer serviço. Paulo também não tinha muito assunto para conversar com ela. A mãe não encorajava intimidades: em conluio com a parentada, aplicava à risca os costumes familiares para o caso de primas que eram mandadas morar em outra casa. Tudo era controlado, do horário da escola aos serviços que tinha que fazer. A mala de roupas de Carla ficava no armário da mãe, e era a mãe que escolhia qual ela ia vestir. Sair para a balada, só com muita restrição, afinal, ela já tinha aprontado poucas e boas lá na cidade dela.

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Isso entretanto não impedia que Carla aos poucos fosse penetrando a intimidade de Paulo. Ele não podia negar que era carne nova no pedaço, e carne era o que definitivamente não lhe faltava. Sentado na sala, vendo TV ou folheando uma revista, os olhos de Paulo volta e meia buscavam o corpo de Carla, ocupada em varrer, tirar o pó dos móveis e lavar vidraças. Ela estava sempre descalça, conforme era regra na família para as adolescentes que tinham aquele castigo, e os olhos de Paulo se fixavam inicialmente nos pés dela, indo e vindo inquietos de um serviço a outro e ficando acinzentados da poeira do chão. Depois iam subindo pela batata da perna, o joelho e o topo das coxas, que ficavam bem visíveis, pois as roupas que a mãe liberava para a faxina diária eram bem curtinhas. As alcinhas da camisa volta e meia caíam sobre seus ombros enquanto ela espanava os móveis e estivava os braços. Quando ela se debruçava ou subia uma escada, revelava muitos segredos ocultos...

Mas ela também provocava. Principalmente quando Paulo estava quieto no computador e ela vinha arrumar o quarto dele, Carla sempre dizia uma gracinha ou outra, tocava-o e abraçava-o por trás de forma inesperada, mas sempre que Paulo começava a ficar safado também e queria tocá-la, ela fugia. Claramente estava brincando com ele. Piriguete! Paulo não gostava de piriguetes, estava com a cabeça em Solange, que podia ser desinibida à vontade porque tinha classe. Ela ainda não respondera ao convite que ele fizera já tinha dois dias.

Sol: oi Paulo ñ vai dar para eu ir não pq já tenho compromisso Bjs

Paulo deixou o celular de lado, mal humorado. Demorou tanto tempo lhe dando falsas esperanças só para dizer que não. Agora o que ele tinha? Carla. Mas a prima era acima de tudo bem chata. Gostosa, é verdade, mas meio oca por dentro. Só corpo. Ele já tinha até contado vantagem para os colegas: estou com uma prima gostosíssima em casa. Mas primas não impressionam muito, é um assunto meio brega, fixação de garotinho. Os colegas também contavam mil vantagens de coisas que eles diziam que faziam com as meninas, mas Paulo tinha certeza de que a maioria daqueles moleques era tão virgem quanto ele.

— Paulo, você me ajuda a convencer sua mãe a me deixar ir na festa da minha colega? Se você me ajudar, eu depois te levo para um lugar!

Paulo assentiu sem muito ânimo. Não falou nada para a mãe, mas ela acabou deixando e Carla, convencida de que Paulo intercedera, chegou na manhã de sábado lhe dando um beijo. De qualquer modo a festa seria em um clube e Paulo ia também. Foi uma festa bem chata, e Paulo só pensava em Solange, que àquela hora com certeza estava em algum lugar bem mais interessante com outros garotos. Nem reparou quando Carla sumiu de repente, só viu quando ela entrou pela porta de serviço do clube meio esbaforida e com os cabelos em desalinho.

— Paulo, não conta para a tia que eu saí não, viu?

— Ué, onde é que você estava?

— Fui em um... baile. Olha, se você não contar, da próxima vez eu te levo lá, é legal!

Paulo não pôde negar que ficou bem curioso. Solange não queria nada com ele? Dane-se! Ela não ia deixar de se divertir.