Arco Arcádias - A Sacerdotisa Kyoukai

Por um curto instante, Tiago havia perdido o controle de seu INT, esse único momento fez com que tivesse sua posição revelada e o deixou em um cenário completamente inesperado, pois uma garota, que estava com as vestimentas de sacerdotisa e tinha cabelos negros, mantinha uma espada na garganta do cavaleiro.

— Quem é você? – perguntou a sacerdotisa.

— Bom, acho que terei que te dar algumas respostas – disse Tiago, retirando o seu capuz e segurando a espada inimiga com o braço esquerdo.

— É um comandante da capital? Um cavaleiro Dellóscurita? Responda se quiser manter sua mão – ameaçou a sacerdotisa.

— Mão? Eu já perdi esse braço inteiro, mas se quiser tentar a sorte – disse o cavaleiro, enquanto se levantava.

— Como preciso de informações, não posso te matar. Nesse caso, terei que cortar o outro braço. – retrucou a sacerdotisa.

— Acalmem-se – disse Taunk, que adentrou na conversa para separar o embate.

— Não estou nervoso, mas acho que não posso dizer o mesmo da sua amiga – disse Tiago.

— Eu não fico nervosa! – afirmou a sacerdotisa.

— Sim, e eu sou o Batman – retrucou Tiago.

— Kyoukai, você é uma das líderes dos rebeldes, não pode agir dessa forma na frente dos convidados, pode assustá-los, e, garoto, pare com isso, você está aqui por uma razão e não conseguirá nada se continuar caçando briga– disse Taunk, buscando acalmar ambos.

— Sem problemas – disse Tiago com calma.

— Perdoe minha atitude – disse Kyoukai.

— Tudo bem, a culpa não foi sua – desculpou-se Tiago, reconhecendo que a sacerdotisa estava apenas cumprindo o seu dever.

O cavaleiro foi levado para dentro de um veículo, amarrado, vendado e colocado na sala de interrogatório dentro de uma base. Dentro da sala estavam Tiago, Taunk e a sacerdotisa.

— Bom, vamos começar com as apresentações. Meu nome é Taunk Lattuga e essa garota ao meu lado é Kyoukai Mayla – disse Taunk.

— Muito prazer, sou Tiago Dragone – apresentou-se Tiago.

— Muito prazer – disse Taunk.

— Idem – disse Kyoukai.

— Conseguiram acalmar a multidão lá fora? – perguntou Tiago.

— Sim, eles estavam assustados, mas consegui mantê-los sobre controle - respondeu Taunk.

— Entendo, é uma boa noticia – disse Tiago aliviado.

— Obrigado pela sua preocupação, mas preciso que me dê algumas respostas, ok? Quem é você? De onde veio? Como ficou sabendo da reunião? Como entrou nas ruínas? O que é este amuleto que retiramos do seu pescoço? Responda com clareza, por favor – pediu Taunk.

— Sem problemas, mas tem perguntas que eu não posso responder. Espero que entendam os meus motivos – disse Tiago.

— Sinto muito, mas não é uma opção, quero saber tudo o que perguntei – exigiu Taunk.

— Entendo. Bom, viramos três esquerdas, duas direitas e passamos por alguns camelos-urso, espécie que costuma viver longe da capital e tem cheiro muito peculiar. Com base nessas informações, consigo deduzir sua posição e avisar meus companheiros através de algum sinal que posso ter emitido antes de ser amarrado – disse Tiago, que pensou que os rebeldes não dividiriam informações com o maior inimigo do sistema em que nasceram e decidiu ameaçá-los.

— Você é bom – disse Taunk, admitindo a capacidade do cavaleiro.

— Realmente, mas se enganou em um ponto importante, não estamos em uma base rebelde, essa é uma base de Ember – disse Kyoukai com um sorriso.

- Espera... O quê? Vocês são soldados de Ember disfarçados? O que está acontecendo? Quem realmente são vocês? – questionou Tiago.

— Está perdido? Bom, como você já nos deu informações interessantes, vamos revelar o que está acontecendo – disse Kyoukai.

— Adrian, entre! – ordenou Taunk.

— Finalmente – disse o homem que adentrou pela porta.

O homem aparentava ser um viajante, ele possuía um reitsu diferente dos demais rebeldes, o pensamento de Tiago em relação a essa pessoa era “Essa homem parece ser um cavaleiro”.

— Quem é você? – perguntou Tiago.

— Sou Adrian Diaz, sou membro desse grupo rebelde e responsável por toda essa situação – respondeu o rebelde.

— Responsável por toda essa situação? – perguntou o aprendiz de Gui-gon.

— Antes de começarmos a trocar segredos, o que você quer aqui? – retrucou Diaz.

— Bom, eu não planejo enfrentar nenhum de vocês, pelo contrário, quero unir forças com a rebelião – disse Tiago.

— Unir forças? Isso explicaria o fato de que não recebemos nenhuma informação de ataque as ruínas, ou seja, você não informou seus aliados que foi capturado e também não expôs a localização da reunião para os soldados da capital – deduziu Kyoukai.

— Faz sentido, mas, se quer unir forças, por que não pode ser honesto sobre as perguntas que lhe fizemos há pouco? – questionou Taunk.

— É uma questão de precaução, porque vocês cresceram no sistema de Ember, e esse é um dos planetas fundadores do Império. – explicou o cavaleiro.

— Assim como o Adrian, você é estrangeiro! Estou certa? - concluiu Kyoukai.

— Estrangeiro? De onde ele veio? – questionou o cavaleiro.

— República de Makedo – respondeu Adrian.

— Makedo? A República liderada por Müller Tsukasa, o Cavaleiro Branco? Você veio de lá? – questionou Tiago, ao perceber que o maior sistema, Makedo, estava envolvido na tomada de Arcádias.

— Surpreso? – perguntou Adrian com um tom beirando o sarcasmo.

— Para falar a verdade, muito mais do que você imagina – respondeu o cavaleiro.

— Tinha certeza que diria isso. Afinal, sou um dos súditos do homem mais forte da história. – disse Adrian.

— É sim, e eu sou o Darth Vader – retrucou Tiago de forma irônica.

— O que disse? Está querendo começar uma briga? – disse Adrian enquanto se levantava.

— Não, mas se você acha que Tsukasa é o mais forte da história, provavelmente nunca saiu de Makedo – retrucou Tiago.

— Um homem capaz de liderar o maior sistema da galáxia não pode ser considerado o mais forte? – questionou Adrian.

— Não se comparado a um homem capaz de fundar o próprio sistema – retrucou Tiago.

— Está falando de Sarah Shinobu? A fundadora do sistema Taka? – questionou Adrian.

— Não estou falando dela! Aliás, você realmente ouviu o que eu disse? Ela é uma mulher– respondeu Tiago.

— Já chega desse assunto. Diga logo, quem é você? – disse Kyoukai, separando a disputa.

O cavaleiro percebeu que se um servo de Tsukasa estava em Arcádias, provavelmente seu mestre teria interesse no planeta, por isso e pelo interesse da República em criar uma relação de confiança com os rebeldes, ele decidiu responder a pergunta de forma honesta.

— Sou Tiago Dragone, Cavaleiro de Dragão da República Del Leone e tenente do batalhão 104– respondeu Tiago.

— Você é da República Del Leone? – questionou Taunk, que ficou estático, pois essa era a primeira vez encontrando um cavaleiro da República.

— Exatamente! – afirmou o cavaleiro.

— Nesse caso, sinto muito, mas provavelmente não uniremos forças. – disse Taunk.

— O quê? – questionou Tiago.

— A República está em guerra com Ember, mas o que você não sabe é que desde que nascemos, somos instruídos a nunca confiar nos cavaleiros da República Del Leone. – explicou Taunk.

— Instruídos desde crianças? Significa que as escolas do seu sistema estão colocando vocês contra pessoas que vocês não conhecem desde o inicio? – perguntou Tiago.

— Você não cresceu ouvindo que Ember era do “mal”? Provavelmente também devem ensinar isso nas escolas da República Del Leone, ou seja, os seus amigos também devem pensar da mesma forma – respondeu Taunk, que acreditava que seria impossível uma união entre a República e os rebeldes, porque ambos os lados sempre foram instruídos a odiar o outro.

— Vocês são leais a Ember? Esse planeta está cercado de escravos, que são retirados das próprias casas e acorrentados, mesmo querendo se rebelar contra o planeta, não pretendem trair o sistema? – questionou Tiago.

— O atual imperador aboliu a escravidão, mas os nobres de Ember estavam firmes em mantê-la, para não causar uma divisão, ele abdicou o controle de Arcádias e entregou aos nobres, por isso esse é o único planeta de Ember que possui escravos. – explicou Taunk.

— Entendo, mas quero que pense melhor nessa situação, o que vocês acham que vai acontecer quando o Imperador souber que os nobres foram mortos pelos rebeldes? – questionou Tiago.

— As leis são claras, qualquer um que ousar desafiar um nobre está em guerra contra o sistema e deve ser executado imediatamente pelos Lordes – respondeu Taunk.

— Mesmo sabendo disso, vocês vão se revelar e serem executados? – questionou Tiago.

— Não, por isso Adrian está aqui, ele nos garantiu segurança em Makedo – respondeu Kyoukai.

— Vocês acham que Makedo vai aceita-los? – questionou o cavaleiro, ainda insistindo na união entre a República e os rebeldes.

— Tenho minhas dúvidas, mas tenho certeza que a República não. – respondeu Taunk.

— Entendo... Mas acredita que pode tomar a capital? Tem algum plano? Equipamentos? Armas? Um exército? A maioria dos rebeldes está com medo dessa revolução, dava para perceber isso na reunião nas ruínas – disse Tiago.

— Mesmo se você tivesse isso, acredito que seja impossível, os rebeldes não aceitarão ajuda da sua República – explicou Kyoukai.

— Então deixe-me provar que vocês podem confiar na República, posso ajudá-los a conseguir uma chance de atacar a capital – propôs Tiago.

— Acha que uma chance é o bastante para suprimir o ódio acumulado por gerações? Não se esqueça, foi Caspian que iniciou essa guerra! – afirmou Taunk.

— Entendo, vocês parecem que não estão dispostos a me ouvir, mas realmente pretendo atacar a capital, no entanto, preciso de um meio para destruir a barreira que a está cercando. Os rebeldes precisam de armas e homens, eu os possuo, e vocês possuem um meio de quebrar o escudo, precisamos nos unir. Fora que essa união pode ser o primeiro passo para acabar com essa guerra, porque poderemos mostrar que independente do passado entre nossos sistemas, podemos formar uma aliança e conquistar um grande objetivo. – disse Tiago, que tentou mostrar que independente do passado, o que importava era o presente.

— Taunk, acho que devemos pensar melhor na proposta, vamos conversar sobre isso com os outros líderes, ok? – disse Kyoukai, que percebeu a força que essa aliança pode conseguir se tornar.

— Tudo bem, mas acho que a resposta será a mesma. Voltaremos logo! Adrian, fique com ele, por favor. – pediu Taunk.

— Sem problemas – disse Adrian.