Cheguei à bendita praia. Apolo, será que pode... Iluminar e esquentar a praia um pouco menos? Como se ele fosse me ouvir. Andei pela praia procurando Ruby. A praia estava lotada, mas eu conhecia Ruby. Ela odiava agito, movimentação, aglomeração de pessoas. Eu a procurei nos lugares mais vazios da praia e só a encontrei no último lugar que eu procurei, como era de se esperar. Ela estava de costas pra mim, olhando o mar com os pés na água. Eu nem se quer pensei em surpreendê-la dessa vez, já que da última vez ela quase me cortou com sua espada. Eu estava a uns 5 metros dela. Respirei fundo.

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-Ruby? - Ela se virou e olhou pra mim.

-Ah, oi, Nico. - Ela sorriu. Incrível como o sorriso dela ficava mais radiante quando ela estava na praia. Eu fui até ela e me sentei ao seu lado.

-E aí - Eu disse olhando pra perna dela, ainda enfaixada. -Como está a perna?

-Bem melhor, na verdade. - Ela continuava sorrindo pra mim. -E você, como está?

-Estou bem. - Ficamos em silêncio vendo o mar por algum tempo.

-É lindo, não é? - Ela disse e suspirou.

-O que?

-O jeito como as ondas quebram, a cor do mar, o som das águas, os animais por aqui, o sol cintilando sobre a água... - Na verdade, eu nunca tinha prestado atenção nesses pequenos detalhes praianos. Talvez por isso eu nunca gostei da praia. Os olhos de Ruby ficavam muito intensos quando ela olhava pro mar. Eu já tinha visto o pai dela, e eu já tinha visto o mesmo olhar nos olhos dele.

-Bem... Eu nunca parei pra pensar muito nesses pequenos detalhes, sabe.

-Acho que isso é mal de filho de Poseidon. - Ela disse rindo suavemente. -Meu irmão também fala as mesmas coisas sobre a praia. - Mesmo com o sorriso dela, radiante, e o olhar intenso, eu sabia quando alguma coisa estava errada com ela.

-Ruby, você está bem mesmo?

-Essa é uma pergunta muito relativa. - Ela disse e agora parecia uma filha de Atena falando. Ela sempre complicava as respostas quando queria evitar um assunto.

-Quer falar sobre isso? - Ela balançou a cabeça. -Tudo bem... Como quiser. Mas estou aqui pra te ouvir se quiser falar.

-Ok... Obrigada, Nico.

-Ruby... Eu queria te dar uma coisa...

-Me dar? Mais do que você me deu ontem? - Então era isso. Ela se sentia culpada por que eu tinha pedido pro meu pai dar a benção dele pra ela. Eu não iria discutir sobre isso, ela é teimosa. Eu abri minha mão, olhando pra pulseira. Ela olhou pra minha mão também.

-É um presente simples, meio bobo até. Mas... Talvez você goste. - Eu estendi a mão e ela pegou a pulseira. Seus olhos brilhavam enquanto ela olhava a pulseira sobre a luz do sol.

-É linda!

-Que bom que gostou. - Eu disse sorrindo de lado, meio constrangido. -Ela tem um certo significado.

-Que significado?

-Hm... - Peguei a pulseira da mão dela delicadamente e apontei pra corrente da pulseira. -Essa parte preta, sem graça. Essa é minha vida. O coração, esse é... Bem, esse é o meu coração. E esse rubi, ele é você. Eu sei que sua pedra preferida é safira azul, mas é que rubi me lembra Ruby. Sei que soa meio estúpido... - Eu dei de ombros, ainda olhando pra pulseira, tentando não olhar pra ela. Ela olhava atenta pra pulseira conforme eu explicava. -Meu coração era preto e sem graça como a parte da corrente da pulseira até você chegar. Aí você me trouxe alegria e apesar do meu coração não ser de ouro, ele hoje em dia é um pouco melhor. O rubi... Ele não é tão grande, não ocupa tanto espaço. Não tanto quanto você ocupa no meu coração, mas é só pra você lembrar que você está no meu coração. Eu não sou muito bom com presentes.

-Nico, isso é tão... Ah, cara, isso é lindo! - Ela disse com poucas lágrimas cintilando nos olhos e um grande sorriso. Ela me abraçou bem forte. Eu respirei fundo, inalando o perfume de seus cabelos, um perfume de frutas tropicais delicioso. -Muito obrigada... - Quando ela me soltou, eu peguei a pulseira e coloquei em seu pulso. Lembra quando eu disse que o cabelo de Afrodite enfeitava a presilha? A pele super clara da Ruby enfeitava a pulseira e com certeza fazia os metais e o rubi da pulseira sentirem inveja. Então eu ouvi uma voz atrás de nós. Era Percy e ele não estava sozinho.

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-Gente, está na hora da missão realmente começar. - Eu e Ruby nos levantamos e Austin olhava pra Ruby com um grande sorriso. Ela sorriu e acenou pra ele.

-Ok, vamos nessa. - Eu disse e nós 5 saímos andando da praia pra cidade.

-Ruby, sua perna está melhor? - perguntou Percy, impressionado ao vê-la andando.

-Sim. - Ela disse.

-Pra onde vamos agora, Ruby?

-Por um momento, achei que tinha esquecido essa bobagem de que eu sou a líder...

-Mas você É a líder.

-Que seja... - Ela suspirou. -Acho que devíamos procurar em bairros afastados e lugares onde os monstros vivem. Acho que foi um monstro que roubou o pote de... De...

-Pote de Verwirrung. - Eu disse.

-Verwirrung, exatamente. - Ela tentou repetir a palavra com o seu sotaque brasileiro e soou meio estranho, mas mesmo assim eu amava o sotaque dela.

-Está bem... Annabeth tem uma lista de lugares onde os monstros se escondem normalmente.

-Lá vamos nós. - Disse Annabeth.

-Lá vamos nós. - Eu concordei.

-Gente, de onde tiraram esse nome pra esse tal pote, né? - Perguntou Ruby, enquanto andávamos até o bairro com mais monstros da cidade. Como o tal pote irradiava destruição, achei que talvez eu pudesse senti-lo. Agora que Ruby tinha a benção de meu pai, talvez também sentisse isso. Eu tinha quase certeza de que o pode estava mesmo nesse tal bairro.

-Esse pote surgiu na época que a civilização ocidental era na Alemanha e Verwirrung quer dizer confusão em alemão. Logicamente porque esse pote causou muita confusão por onde passou. - Disse Annabeth.

-Obrigada, Annapédia. - Disse Ruby rindo. Ela chamava Annabeth assim, uma junção de Annabeth com Wikipédia. Annabeth odiava o apelido, então logo rolou os olhos, como sempre fazia quando Ruby a chamava assim.

Andamos muito até chegarmos ao tal bairro, um bairro pobre, abandonado, com casas velhas construídas até a metade e algumas construções pichadas, quebradas e cheias de mato.

-Pra onde agora? - Perguntou Percy.

-Pra cá. - Ruby parecia totalmente segura sobre isso. Ela parecia sentir mesmo a força de destruição vinda daquela direção, assim como eu. Andamos por uma rua estreita e pelo caminho que nós passamos, evitamos MUITOS monstros. Chegamos a uma das casas mais destruídas daquele lugar e a força era tão grande que me atraía muito mais. Agora todos pareciam sentir isso.

A casa era mais uma ruína que uma casa. Entramos facilmente, não tinha porta ali. Vimos um monstro na sala, que não tinha móveis, só uma mesa com um pote de uns 30 centímetros. Então eu soube exatamente o que era. E Ruby congelou ao olhar pro monstro. Era uma mantícora. Percy também tinha os olhos fixos naquela coisa, assim como Annabeth. Eu olhei pra Austin, que assim como eu parecia mais incomodado com o pote. Os olhos de Ruby não eram mais os mesmos pacíficos olhos verdes. Eram raivosos. Então a mantícora sentiu nossa presença.

-Ora ora, vejam só. Perseu Jackson, sentiu minha falta? - A mantícora tinha um sotaque francês muito puxado. Depois de falar essa frase, eu uma risada demoníaca de fazer até meu pai se arrepiar. -Vejo que você também sentiu saudades, filha de Atena. - Então eu reconheci aquela coisa. Não sei como eu fui tão estúpido de não reconhecê-lo antes. Estava muito distraído com o pote. Aquele era o Dr. Espinheiro. -Nico Di Angelo. O garoto do submundo. Você também? Vou ter um belo banquete hoje. - Disse ele mostrando os dentes. Eu queria arrancar um por um.